O valor das ideias: Manuela Ferreira Leite: as pessoas normais e os leprosos

29-09-2009
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Quando ouço Manuel Ferreira Leite dizer coisas como "Eu acredito efectivamente, como toda a gente normal acredita, que é preciso mudar de políticas", já nem me vem à cabeça a natural contradição entre o rasgo, o não rasgo e o vou pensar se rasgo. Ocorre-me antes que a frase é meramente insultuosa. Quem não concordar com a senhora é anormal. Ponto. O que é muito a linha argumentativa que vem na tradição demagógica da ala populista do PSD. Não é um argumento social democrata, vocacionado para a justiça social e a ajuda de emergência neste tempo de crise. Não é sequer um argumento liberal, porque o individualismo não se pode preocupar com a normalidade. Nas correntes de pensamento de direita é irrefutavelmente um argumento populista: o que um eleitor normal, mediano, pensa. E o populismo, de direita ou de esquerda não é das mais racionais formas de pensamento político.Manuela confessa funcionar por feeling. Como uma vez confessou o Guerreiro Menino, acabando por se perceber que ela o considere um "exemplo democrático". Manuela quer o que os portugueses normais querem, e por isso importa vender essa agenda da normalidade: obras públicas? Não. Até já temos combóios a ligar o país, e não temos dinheiro para isso. As pessoas normais como a Dra. Manuela não se endividam, para ter um ganho futuro, para combater um mal presente. Não, as pessoas normais vivem com o que têm. E dão graças no fim do dia. As pessoas normais em que a Dra. Manuela pensa não estão preocupadas com os seus vizinhos, e amigos. Não têm qualquer solidariedade com os idosos ou os desempregados. As pessoas devem é fazer por preservar os seus empregos, e como sugeriu o Professor Cavaco a respeito da AutoEuropa, aceitar os sacrifícios que isso implica, nem que seja abdicar ainda mais do convívio com a família e ir trabalhar ao Sábado. Sem horas extra. As pessoas normais repudiam essas coisas estranhas da banda larga e dos genéricos. Haverá alguém que se preocupe mais com elas do que o Senhor Doutor que conhecem há anos? Não. Se o médico acha que não se deve substituir medicamentos de marca por genéricos as pessoas não têm nada que perguntar porquê. Até era um desrespeito. As pessoas normais, segundo a Dra. Manuela, querem aceitar a gravidez indesejada como uma fatalidade. Acham que gastar dinheiro com educação sim, mas com cultura não. Porque as duas coisas são obviamente distintas. As pessoas normais não acreditam no "todos diferentes, todos iguais", mas antes no todos iguais e iguais a nós. Sim, porque o resto são modernices sem peso na sociedade portuguesa.Em suma, a Dra. Manuela tem razão. Se for normal vote nela. Se tiver saudades de um Portugal intolerante, bafiento, Salazaista, do pobres mas honrados. Ao fim e ao cabo a única coisa que o PSD nos dá como programa neste momento é este retrocesso social: a agenda do conservadorismo atávico e do Status Quo. Se for nomal, vote neles.Nós, os outros, temos lepra. E já se sabe que ninguém quer nada com leprosos.


Quando ouço Manuel Ferreira Leite dizer coisas como "Eu acredito efectivamente, como toda a gente normal acredita, que é preciso mudar de políticas", já nem me vem à cabeça a natural contradição entre o rasgo, o não rasgo e o vou pensar se rasgo. Ocorre-me antes que a frase é meramente insultuosa. Quem não concordar com a senhora é anormal. Ponto. O que é muito a linha argumentativa que vem na tradição demagógica da ala populista do PSD. Não é um argumento social democrata, vocacionado para a justiça social e a ajuda de emergência neste tempo de crise. Não é sequer um argumento liberal, porque o individualismo não se pode preocupar com a normalidade. Nas correntes de pensamento de direita é irrefutavelmente um argumento populista: o que um eleitor normal, mediano, pensa. E o populismo, de direita ou de esquerda não é das mais racionais formas de pensamento político.Manuela confessa funcionar por feeling. Como uma vez confessou o Guerreiro Menino, acabando por se perceber que ela o considere um "exemplo democrático". Manuela quer o que os portugueses normais querem, e por isso importa vender essa agenda da normalidade: obras públicas? Não. Até já temos combóios a ligar o país, e não temos dinheiro para isso. As pessoas normais como a Dra. Manuela não se endividam, para ter um ganho futuro, para combater um mal presente. Não, as pessoas normais vivem com o que têm. E dão graças no fim do dia. As pessoas normais em que a Dra. Manuela pensa não estão preocupadas com os seus vizinhos, e amigos. Não têm qualquer solidariedade com os idosos ou os desempregados. As pessoas devem é fazer por preservar os seus empregos, e como sugeriu o Professor Cavaco a respeito da AutoEuropa, aceitar os sacrifícios que isso implica, nem que seja abdicar ainda mais do convívio com a família e ir trabalhar ao Sábado. Sem horas extra. As pessoas normais repudiam essas coisas estranhas da banda larga e dos genéricos. Haverá alguém que se preocupe mais com elas do que o Senhor Doutor que conhecem há anos? Não. Se o médico acha que não se deve substituir medicamentos de marca por genéricos as pessoas não têm nada que perguntar porquê. Até era um desrespeito. As pessoas normais, segundo a Dra. Manuela, querem aceitar a gravidez indesejada como uma fatalidade. Acham que gastar dinheiro com educação sim, mas com cultura não. Porque as duas coisas são obviamente distintas. As pessoas normais não acreditam no "todos diferentes, todos iguais", mas antes no todos iguais e iguais a nós. Sim, porque o resto são modernices sem peso na sociedade portuguesa.Em suma, a Dra. Manuela tem razão. Se for normal vote nela. Se tiver saudades de um Portugal intolerante, bafiento, Salazaista, do pobres mas honrados. Ao fim e ao cabo a única coisa que o PSD nos dá como programa neste momento é este retrocesso social: a agenda do conservadorismo atávico e do Status Quo. Se for nomal, vote neles.Nós, os outros, temos lepra. E já se sabe que ninguém quer nada com leprosos.

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