O valor das ideias: Sinais positivos da Economia Americana e Recuperação Prevista para Setembro de 2009

30-09-2009
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De acordo com os números divulgados esta Sexta pelo Wall Street Journal, as previsões para a economia americana apontam já para uma inversão de tendência em Setembro deste ano, devendo o terceiro trimestre de 2009 marcar o regresso ao crescimento económico, ainda que nuns modestos 0,4% de variação anualizada do PIB. No último trimestre de 2008, a economia terá tido a maior travagem deste ciclo, -6.3%, enquanto no 1º trimestre deste ano os números conhecidos permitem estimar uma desaceleração da descida anualizada para 5%. O segundo trimestre de 2008 deverá ainda ser marcado por uma contracção anualizada de 1.8%.Estas previsões vêm na sequência de números crescentemente optimistas que têm surgido nas últimas semanas, o que leva mesmo o painel do Wall Street Journal a antecipar a inversão do ciclo para Setembro, pondo fim a uma sequência de previsões em que a inversão de tendência era sucessivamente revista para mais tarde. A crise estará, de acordo com o forecast survey, debelada no final do ano, apontando-se para um crescimento já sólido, 1,9% em termos anualizados, no último trimestre.A nível da inflação (aferida pelo IPC) aponta-se para os -1,1% no primeiro semestre deste ano e 1,1% no segundo semestre. A previsão a nível da evolução do desemprego é consistente com a normal flutuação dos ciclos económicos, com um desfasamentos de alguns meses em relação à recuperação do PIB. Assim, a inversão no mercado de trabalho nos EUA deverá ocorrer na primeira metade 2010 com a taxa de desemprego a inverter una tendência que atingirá um máximo de 9,5%, no segundo semestre deste ano. Já há assim, dado que se estima uma perda de postos de trabalho de 2,6 milhões nos próximos 12 meses, indícios uma travagem, face a uma destruição de 4,8 milhões de empregos no último ano.Os economistas integrantes do painel do WSJ apontam para um conjunto de causas que conferem um realismo crescente a este cenário. Desde logo, a forte quebra da produção e de stocks no final de 2008, leva a que se esteja a chegar a um ponto em que a própria subsistência requer um aumento do output. Por outro lado, nos próximos 2 meses é consensual que a economia começará a sentir em força o pacote de estímulos aprovado pelo Senado em Fevereiro, bem como os efeitos da política monetária expansionista que tem sido conduzida pela Reserva Federal. 90% dos economistas esperam que as linhas de crédito criadas comecem a produzir efeitos rapidamente, potenciando, conjuntamente com o plano de compra de activos tóxicos pelo Tesouro, uma revitalização do sector financeiro.O principal factor de risco apontado para estas previsões foi a aptidão com que o crédito será disponibilizado e a rapidez com que as famílias se vão dispor a voltar a consumir. O que reforça a tese que temos defendido de que a poupança é inimiga da crise. O colapso de uma grande instituição financeira, como sucedeu com o Lehman Brothers, por exemplo, seria o pior que poderia acontecer à economia americana neste momento, fazendo regressar os receios ao mercado interbancário. O que reforça a tese de que deixar falir o Lehman foi o maior erro de política económica da Administração Bush.Estas projecções foram feitas ainda antes de serem conhecidos alguns números que reforçariam o seu optimismo. Na passada quinta foi noticiado que as exportações da economia americana registaram um aumento em Março, depois de meses consecutivos de declínio. E nas primeiras semanas de Abril, os valores referentes a novos pedidos de subsídio de desemprego desceram mais do que em qualquer semana desde o início do ano. Há também uma melhoria no indicador de confiança empresarial e indícios de uma revitalização do mercado obrigacionista. E as notícias avançadas, de forma antecipada face ao calendário previsto, por um dos gigantes da banca americana, o Wells Fargo, surpreenderam mesmo os analistas mais optimista ao revelaram um lucro esperado na casa dos 3 mil milhões de dólares no primeiro trimestre. Embora se saiba que ainda tenha crédito malparado, os resultados do Wells Fargo causaram grande optimismo no mercado bolsista, por serem as primeiras boas notícias da convalescente banca americana em meses. Recorde-se que o Wells Fargo foi um dos recipientes de ajuda ao abrigo do plano TARP.Em síntese, e embora seja muito cedo para festejos, e previsões sejam apenas isso mesmo, a economia americana começa a dar sinais claros de estar no caminho da recuperação. O risco continua a vir dos anos da falta de regulação em que se permitiu o acumular descontrolado de activos tóxicos, que alguns casos nem registo tinham, dado serem transacções processadas over the counter. Esses activos podem causar surpresas desagradáveis a qualquer momento numa instituição de dimensões apreciáveis, mas a Administração Obama já sinalizou ter aprendido as lições do Lehman Brothers. Descontando esse factor, os sinais que vêm da economia real, dos mercados financeiros, e, mais em surdina, do mercado de trabalho dão nota de que se está no bom caminho. O que em parceria com a recuperação em marcha na China, pode provocar um efeito de ajuda mútuo. E dadas as receitas seguidas em ambos os casos, como já tínhamos dado nota em post anterior, o Keynesianismo parece estar a ganhar o jogo face aos defensores do satus quo anterior, da mesma forma que a nova Administração parece somar pontos face aos que duvidassem da sua competência na gestão da economia, e aos mais assustadiços com a dívida pública.


De acordo com os números divulgados esta Sexta pelo Wall Street Journal, as previsões para a economia americana apontam já para uma inversão de tendência em Setembro deste ano, devendo o terceiro trimestre de 2009 marcar o regresso ao crescimento económico, ainda que nuns modestos 0,4% de variação anualizada do PIB. No último trimestre de 2008, a economia terá tido a maior travagem deste ciclo, -6.3%, enquanto no 1º trimestre deste ano os números conhecidos permitem estimar uma desaceleração da descida anualizada para 5%. O segundo trimestre de 2008 deverá ainda ser marcado por uma contracção anualizada de 1.8%.Estas previsões vêm na sequência de números crescentemente optimistas que têm surgido nas últimas semanas, o que leva mesmo o painel do Wall Street Journal a antecipar a inversão do ciclo para Setembro, pondo fim a uma sequência de previsões em que a inversão de tendência era sucessivamente revista para mais tarde. A crise estará, de acordo com o forecast survey, debelada no final do ano, apontando-se para um crescimento já sólido, 1,9% em termos anualizados, no último trimestre.A nível da inflação (aferida pelo IPC) aponta-se para os -1,1% no primeiro semestre deste ano e 1,1% no segundo semestre. A previsão a nível da evolução do desemprego é consistente com a normal flutuação dos ciclos económicos, com um desfasamentos de alguns meses em relação à recuperação do PIB. Assim, a inversão no mercado de trabalho nos EUA deverá ocorrer na primeira metade 2010 com a taxa de desemprego a inverter una tendência que atingirá um máximo de 9,5%, no segundo semestre deste ano. Já há assim, dado que se estima uma perda de postos de trabalho de 2,6 milhões nos próximos 12 meses, indícios uma travagem, face a uma destruição de 4,8 milhões de empregos no último ano.Os economistas integrantes do painel do WSJ apontam para um conjunto de causas que conferem um realismo crescente a este cenário. Desde logo, a forte quebra da produção e de stocks no final de 2008, leva a que se esteja a chegar a um ponto em que a própria subsistência requer um aumento do output. Por outro lado, nos próximos 2 meses é consensual que a economia começará a sentir em força o pacote de estímulos aprovado pelo Senado em Fevereiro, bem como os efeitos da política monetária expansionista que tem sido conduzida pela Reserva Federal. 90% dos economistas esperam que as linhas de crédito criadas comecem a produzir efeitos rapidamente, potenciando, conjuntamente com o plano de compra de activos tóxicos pelo Tesouro, uma revitalização do sector financeiro.O principal factor de risco apontado para estas previsões foi a aptidão com que o crédito será disponibilizado e a rapidez com que as famílias se vão dispor a voltar a consumir. O que reforça a tese que temos defendido de que a poupança é inimiga da crise. O colapso de uma grande instituição financeira, como sucedeu com o Lehman Brothers, por exemplo, seria o pior que poderia acontecer à economia americana neste momento, fazendo regressar os receios ao mercado interbancário. O que reforça a tese de que deixar falir o Lehman foi o maior erro de política económica da Administração Bush.Estas projecções foram feitas ainda antes de serem conhecidos alguns números que reforçariam o seu optimismo. Na passada quinta foi noticiado que as exportações da economia americana registaram um aumento em Março, depois de meses consecutivos de declínio. E nas primeiras semanas de Abril, os valores referentes a novos pedidos de subsídio de desemprego desceram mais do que em qualquer semana desde o início do ano. Há também uma melhoria no indicador de confiança empresarial e indícios de uma revitalização do mercado obrigacionista. E as notícias avançadas, de forma antecipada face ao calendário previsto, por um dos gigantes da banca americana, o Wells Fargo, surpreenderam mesmo os analistas mais optimista ao revelaram um lucro esperado na casa dos 3 mil milhões de dólares no primeiro trimestre. Embora se saiba que ainda tenha crédito malparado, os resultados do Wells Fargo causaram grande optimismo no mercado bolsista, por serem as primeiras boas notícias da convalescente banca americana em meses. Recorde-se que o Wells Fargo foi um dos recipientes de ajuda ao abrigo do plano TARP.Em síntese, e embora seja muito cedo para festejos, e previsões sejam apenas isso mesmo, a economia americana começa a dar sinais claros de estar no caminho da recuperação. O risco continua a vir dos anos da falta de regulação em que se permitiu o acumular descontrolado de activos tóxicos, que alguns casos nem registo tinham, dado serem transacções processadas over the counter. Esses activos podem causar surpresas desagradáveis a qualquer momento numa instituição de dimensões apreciáveis, mas a Administração Obama já sinalizou ter aprendido as lições do Lehman Brothers. Descontando esse factor, os sinais que vêm da economia real, dos mercados financeiros, e, mais em surdina, do mercado de trabalho dão nota de que se está no bom caminho. O que em parceria com a recuperação em marcha na China, pode provocar um efeito de ajuda mútuo. E dadas as receitas seguidas em ambos os casos, como já tínhamos dado nota em post anterior, o Keynesianismo parece estar a ganhar o jogo face aos defensores do satus quo anterior, da mesma forma que a nova Administração parece somar pontos face aos que duvidassem da sua competência na gestão da economia, e aos mais assustadiços com a dívida pública.

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