Anabela Magalhães: Praça Djmaa el Fna

13-07-2009
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Praça Djemaa el Fna - Marrakech - Marrocos Fotografias de Anabela e Artur Matias de Magalhãesجامع الفناء / Praça Djmaa el FnaA praça Djemaa el Fna é um caso único em todo o mundo. Por isso, e graças à actuação de Guan Goytisolo, escritor espanhol radicado em Marrakech, foi considerada, em 2001, pela Unesco, Património Oral da Humanidade. Situada à entrada da medina ou, por outras palavras, do casco velho da cidade de Marrakech, a praça Djemaa el Fna funciona como um verdadeiro coração da cidade que pulsa frenética e ininterruptamente ao longo das quatro estações do ano. Com frio de rachar ou com calor de esborrachar, a Praça dos Mortos, lugar de execuções públicas até ao século XIX, continua a ter a sua clientela, agora mais viva, variada e internacional do que nunca!Ao longo do dia a abordagem à praça nunca é igual. É durante o dia que nos apercebemos da verdadeira escala da praça, que é enorme, e é também durante o dia que a Praça se mantém mais calma, com os habituais vendedores de sumo de laranja, os encantadores de serpentes e os aguadeiros. À medida que a noite se aproxima a oferta vai variando e aumentando. Instalam-se curandeiros, acrobatas, adivinhos, contadores de histórias, escribas, dançarinos, músicos, dentistas de alicate em punho e com pilhas de dentes extraídos no chão, pescadores de garrafas... e tudo o mais que for parar à praça. À medida que a noite cai, o movimento das pessoas, pelas várias artérias que aí desembocam, faz-se sempre em direcção à praça, num constante fluir de almas e de vultos onde se misturam as vestes ocidentais dos turistas e dos marroquinos e as vestes tradicionais dos marroquinos e dos turistas numa amálgama difícil de destrinçar.Conheço a praça intimamente. A praça Djmaa el Fna fez quase sempre parte do meu roteiro marroquino. Já lhe conheci vários pavimentos, já a visitei sem bancas de comida, já lhe conheci vários modelos de carrinhos de vendedores de sumo de laranja, já a visitei com frio e com calor extremo, com mais ou menos gente, com mais ou menos turistas... a praça continua a conseguir espantar-me como da primeira vez em que a vi e olhei aqueles vendedores de frutos secos com os ditos impecavelmente expostos, as pilhas de laranjas geometricamente empilhadas, a limpeza da praça no fim de mais uma noite de trabalho/lazer, os vultos na noite, o movimento frenético, a música, o ressoar dos tambores... "El Fna é um desses sítios no Mundo de onde não apetece sair e onde apetece sempre voltar. Um sítio onde há serpentes, berros, comércio vário, turistas apardalados, movimento, e muita, muita vida. Um sítio onde há calor, muito calor, o que vem do corpo e o que é próprio do terreno. Que Ala seja, pois, louvado."Juan Goytisolo


Praça Djemaa el Fna - Marrakech - Marrocos Fotografias de Anabela e Artur Matias de Magalhãesجامع الفناء / Praça Djmaa el FnaA praça Djemaa el Fna é um caso único em todo o mundo. Por isso, e graças à actuação de Guan Goytisolo, escritor espanhol radicado em Marrakech, foi considerada, em 2001, pela Unesco, Património Oral da Humanidade. Situada à entrada da medina ou, por outras palavras, do casco velho da cidade de Marrakech, a praça Djemaa el Fna funciona como um verdadeiro coração da cidade que pulsa frenética e ininterruptamente ao longo das quatro estações do ano. Com frio de rachar ou com calor de esborrachar, a Praça dos Mortos, lugar de execuções públicas até ao século XIX, continua a ter a sua clientela, agora mais viva, variada e internacional do que nunca!Ao longo do dia a abordagem à praça nunca é igual. É durante o dia que nos apercebemos da verdadeira escala da praça, que é enorme, e é também durante o dia que a Praça se mantém mais calma, com os habituais vendedores de sumo de laranja, os encantadores de serpentes e os aguadeiros. À medida que a noite se aproxima a oferta vai variando e aumentando. Instalam-se curandeiros, acrobatas, adivinhos, contadores de histórias, escribas, dançarinos, músicos, dentistas de alicate em punho e com pilhas de dentes extraídos no chão, pescadores de garrafas... e tudo o mais que for parar à praça. À medida que a noite cai, o movimento das pessoas, pelas várias artérias que aí desembocam, faz-se sempre em direcção à praça, num constante fluir de almas e de vultos onde se misturam as vestes ocidentais dos turistas e dos marroquinos e as vestes tradicionais dos marroquinos e dos turistas numa amálgama difícil de destrinçar.Conheço a praça intimamente. A praça Djmaa el Fna fez quase sempre parte do meu roteiro marroquino. Já lhe conheci vários pavimentos, já a visitei sem bancas de comida, já lhe conheci vários modelos de carrinhos de vendedores de sumo de laranja, já a visitei com frio e com calor extremo, com mais ou menos gente, com mais ou menos turistas... a praça continua a conseguir espantar-me como da primeira vez em que a vi e olhei aqueles vendedores de frutos secos com os ditos impecavelmente expostos, as pilhas de laranjas geometricamente empilhadas, a limpeza da praça no fim de mais uma noite de trabalho/lazer, os vultos na noite, o movimento frenético, a música, o ressoar dos tambores... "El Fna é um desses sítios no Mundo de onde não apetece sair e onde apetece sempre voltar. Um sítio onde há serpentes, berros, comércio vário, turistas apardalados, movimento, e muita, muita vida. Um sítio onde há calor, muito calor, o que vem do corpo e o que é próprio do terreno. Que Ala seja, pois, louvado."Juan Goytisolo

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