A Conspiração dos Sapientes: Encapotamento

20-07-2009
marcar artigo


Estou em altura de exames e, dado o uso e abuso da capacidade intelectual, vejo esgotarem-se, dentro de mim, todas e quaisquer capacidades de escrever coisas decentes e interessantes. Se fizesse um esforço, talvez conseguisse, mas o estado de dormência é tal que após sete ou oito cansativas horas de estudo, encontro-me extenuado e pretensioso. Pretensioso? Sim, pretensioso. Tenho a mania que sei tudo. A matéria é esta. A solução é aquela. E não me fico pelo objecto de estudo. Vou mais além. Capitais do Mundo? Venham elas! Governar? Mas que sabem os políticos de governar. É verdade, caros senhores. Como podeis constatar, muitas horas de estudo transformam-me num Chiquinho Anacleto. Isto só pode significar uma coisa: estudei mal e porcamente. Não se trata de uma brincadeira. Pelo contrário, afirmo a mais pura das verdades. Se tanto estudo me transformou num Anacleto, incapaz de expressar ideias próprias, consubstanciadas, carregadas de factos; se períodos intermináveis de marranço acabam comigo papagueando tudo aquilo que li nos livrinhos, sejam eles vermelhos ou doutras cores, importa parar. Sob pena de me tornar um pseudo-intelectual, aborrecido e, terror absoluto, socialista com pendor comuna. Não quero nem pensar. Urge encontrar uma solução. Onde está ela? Obviamente. No excesso de estudo. Há que estudar menos. Ou melhor, há que decorar menos. Como dizia um presidente, "não queremos mais papagaios". Eu subscrevo! Nada de ideias feitas! Nada de jargões! Às armas, às armas, abolamos o estudo, a escola, os professores. Está tudo mal e a culpa é de quem? Pois claro, do Governo! A culpa é, caríssimos, do Governo. Esperem, esperem... isto faz-me lembrar alguém... vejo uma sombra, semelhante à de um ser anacrónico, parado no tempo, imaginando uma época em que nem sequer viveu. Afirma chamar-se Drago. Ana Drago. Pois é. A falta de estudo também faz isto. Resta-me então pendurar-me nas arcadas do Parlamento a dizer baboseiras. Sim, porque eu, meus amigos, sou um [palavra censurada - conteúdo proibido a menores influenciáveis e a maiores comunistas] encapotado!


Estou em altura de exames e, dado o uso e abuso da capacidade intelectual, vejo esgotarem-se, dentro de mim, todas e quaisquer capacidades de escrever coisas decentes e interessantes. Se fizesse um esforço, talvez conseguisse, mas o estado de dormência é tal que após sete ou oito cansativas horas de estudo, encontro-me extenuado e pretensioso. Pretensioso? Sim, pretensioso. Tenho a mania que sei tudo. A matéria é esta. A solução é aquela. E não me fico pelo objecto de estudo. Vou mais além. Capitais do Mundo? Venham elas! Governar? Mas que sabem os políticos de governar. É verdade, caros senhores. Como podeis constatar, muitas horas de estudo transformam-me num Chiquinho Anacleto. Isto só pode significar uma coisa: estudei mal e porcamente. Não se trata de uma brincadeira. Pelo contrário, afirmo a mais pura das verdades. Se tanto estudo me transformou num Anacleto, incapaz de expressar ideias próprias, consubstanciadas, carregadas de factos; se períodos intermináveis de marranço acabam comigo papagueando tudo aquilo que li nos livrinhos, sejam eles vermelhos ou doutras cores, importa parar. Sob pena de me tornar um pseudo-intelectual, aborrecido e, terror absoluto, socialista com pendor comuna. Não quero nem pensar. Urge encontrar uma solução. Onde está ela? Obviamente. No excesso de estudo. Há que estudar menos. Ou melhor, há que decorar menos. Como dizia um presidente, "não queremos mais papagaios". Eu subscrevo! Nada de ideias feitas! Nada de jargões! Às armas, às armas, abolamos o estudo, a escola, os professores. Está tudo mal e a culpa é de quem? Pois claro, do Governo! A culpa é, caríssimos, do Governo. Esperem, esperem... isto faz-me lembrar alguém... vejo uma sombra, semelhante à de um ser anacrónico, parado no tempo, imaginando uma época em que nem sequer viveu. Afirma chamar-se Drago. Ana Drago. Pois é. A falta de estudo também faz isto. Resta-me então pendurar-me nas arcadas do Parlamento a dizer baboseiras. Sim, porque eu, meus amigos, sou um [palavra censurada - conteúdo proibido a menores influenciáveis e a maiores comunistas] encapotado!

marcar artigo