mind this gap

04-07-2009
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Tiago, Arquitecto Sócio - Gerente de Empresa de Arquitectura. Paris Foram 12 anos.12 anos duros a trabalhar em Lisboa como Arquitecto, mas que considero um caminho e uma escola que me permitiu estar onde estou hoje.Sempre fui, e sou, uma pessoa que acaba por condicionar a vida ao trabalho e não o inverso. Sou assim e talvez por isso, por fazer aquilo que gosto e ser alguém dedicado - porque não me chateia - e que rapidamente ascendeu às metas pretendidas. Construí muita coisa, desenhei muita outra, e sonhei ainda mais.No entanto, e com o espírito aventureiro que sempre tive decidi começar a olhar la para fora, no dia em o desrespeito por aqueles que estão à nossa volta tomou proporções drásticas.….. Epa e que grande mundo se abriu de repente….A partir desse dia toda a realidade que me estava próxima começou-me a incomodar :Os berros do « patrão » ; a facilidade que se descarta alguém que trabalhou anos e anos ao nosso lado – só porque « já não é rentável » ; as invejas mesquinhas dos colegas que resultavam em atitudes dantescas na relação profissional e pessoal ; …. Creio que todos conhecem a realidade do mundo do trabalho em Portugal, e ainda mais na área da Arquitectura onde quase todos os profissionais estão a recibos verdes, ou com estatuto de trabalho precário, que resulta num quase pavor de perder o trabalho. Pois todos contraímos empréstimos para a compra da casa e do carro, e temos de os pagar.E « eles » os patrões a fazerem-se valer disso.Dia 3/9/2007 sai' de Portugal. Troquei Lisboa, os amigos, uma casa grande, o meu carro, os meus copos junto ao Tejo, por Paris – uma casa minúscula, um passe para os transportes públicos, um ordenado quase igual ao que tinha, um tempo miserável, quase sempre cinzento, um francês que falo mais ou menos e que escrevo ainda pior …. mas um « emprego ».E aqui vi e vivi aquilo que nunca pensei :Não são os trabalhadores que têm medo dos « patrões », é o inverso; não são os trabalhadores que têm de ir horas e horas para se inscreverem na Segurança social, ou nos diversos organismos oficiais – é a empresa que faz isso tudo. Não são os trabalhadores que assumem as « dores » da empresa, são os « patrões ».Acredito que é devido à permanente contestação social dos franceses, que os levam a ter os direitos que em Portugal « ouvimos falar ». Trabalha-se 35 horas por semana (façam as contas) e eventualmente, e muito bem pagas, 39 Horas. Direito a férias é mais que assumido; Direito e obrigação a formação (anualmente); Direito a subsidio para almoço, Direito a …. Direito a ….Sim em Portugal a legislação de trabalho é talvez uma das mais duras da Europa – se fosse aplicada.Aqui hà 2 tipos de contratos ou CDD – contrato a tempo determinado (que se tem de justificar junto do trbunal do trabalho o porquê da sua aplicação) e CDI – contrato a tempo indeterminado (que para despedir là vêm as indeminizações).Tambem ha' os honoràrios ou o freelance, mas é impensavel colocar alguém dentro destes moldes a trabalhar na empresa – é que o contrôle dos serviços governamentais existe !(Mas como qualquer pais que tem uma viragem no sistema politico, começam a ser equacionados estes valores - o Sarcozi prepara-se para mexer nestes direitos… la vêm as greves….)E' por estas razões que o mercado aqui é muito mais rotativo do que em Lx, pois é o trabalhador que esta sempre a procura de melhor e não o inverso. Por « ironias diversas do destino » acabei como socio e Gerente da empresa, e passei de um Salariado (aquilo que vim a procura em Paris, pela estabilidade, tranquilidade, etc) a « patrão ».Vivi e vivo essas duas realidades num pais onde os direitos e garantias estão de facto ao lado do Trabalhador.Curioso, trabalho quase o mesmo, senão um pouco menos que trabalhava em Lisboa, e ao fim de um ano jà sou socio e acabei por ficar gerente, por me ter começado a envolver no controle financeiro da empresa.E passado um ano o meu conselho é para aqueles que perguntam: SIM, VALE A PENA ! arq-tcf@hotmail.com


Tiago, Arquitecto Sócio - Gerente de Empresa de Arquitectura. Paris Foram 12 anos.12 anos duros a trabalhar em Lisboa como Arquitecto, mas que considero um caminho e uma escola que me permitiu estar onde estou hoje.Sempre fui, e sou, uma pessoa que acaba por condicionar a vida ao trabalho e não o inverso. Sou assim e talvez por isso, por fazer aquilo que gosto e ser alguém dedicado - porque não me chateia - e que rapidamente ascendeu às metas pretendidas. Construí muita coisa, desenhei muita outra, e sonhei ainda mais.No entanto, e com o espírito aventureiro que sempre tive decidi começar a olhar la para fora, no dia em o desrespeito por aqueles que estão à nossa volta tomou proporções drásticas.….. Epa e que grande mundo se abriu de repente….A partir desse dia toda a realidade que me estava próxima começou-me a incomodar :Os berros do « patrão » ; a facilidade que se descarta alguém que trabalhou anos e anos ao nosso lado – só porque « já não é rentável » ; as invejas mesquinhas dos colegas que resultavam em atitudes dantescas na relação profissional e pessoal ; …. Creio que todos conhecem a realidade do mundo do trabalho em Portugal, e ainda mais na área da Arquitectura onde quase todos os profissionais estão a recibos verdes, ou com estatuto de trabalho precário, que resulta num quase pavor de perder o trabalho. Pois todos contraímos empréstimos para a compra da casa e do carro, e temos de os pagar.E « eles » os patrões a fazerem-se valer disso.Dia 3/9/2007 sai' de Portugal. Troquei Lisboa, os amigos, uma casa grande, o meu carro, os meus copos junto ao Tejo, por Paris – uma casa minúscula, um passe para os transportes públicos, um ordenado quase igual ao que tinha, um tempo miserável, quase sempre cinzento, um francês que falo mais ou menos e que escrevo ainda pior …. mas um « emprego ».E aqui vi e vivi aquilo que nunca pensei :Não são os trabalhadores que têm medo dos « patrões », é o inverso; não são os trabalhadores que têm de ir horas e horas para se inscreverem na Segurança social, ou nos diversos organismos oficiais – é a empresa que faz isso tudo. Não são os trabalhadores que assumem as « dores » da empresa, são os « patrões ».Acredito que é devido à permanente contestação social dos franceses, que os levam a ter os direitos que em Portugal « ouvimos falar ». Trabalha-se 35 horas por semana (façam as contas) e eventualmente, e muito bem pagas, 39 Horas. Direito a férias é mais que assumido; Direito e obrigação a formação (anualmente); Direito a subsidio para almoço, Direito a …. Direito a ….Sim em Portugal a legislação de trabalho é talvez uma das mais duras da Europa – se fosse aplicada.Aqui hà 2 tipos de contratos ou CDD – contrato a tempo determinado (que se tem de justificar junto do trbunal do trabalho o porquê da sua aplicação) e CDI – contrato a tempo indeterminado (que para despedir là vêm as indeminizações).Tambem ha' os honoràrios ou o freelance, mas é impensavel colocar alguém dentro destes moldes a trabalhar na empresa – é que o contrôle dos serviços governamentais existe !(Mas como qualquer pais que tem uma viragem no sistema politico, começam a ser equacionados estes valores - o Sarcozi prepara-se para mexer nestes direitos… la vêm as greves….)E' por estas razões que o mercado aqui é muito mais rotativo do que em Lx, pois é o trabalhador que esta sempre a procura de melhor e não o inverso. Por « ironias diversas do destino » acabei como socio e Gerente da empresa, e passei de um Salariado (aquilo que vim a procura em Paris, pela estabilidade, tranquilidade, etc) a « patrão ».Vivi e vivo essas duas realidades num pais onde os direitos e garantias estão de facto ao lado do Trabalhador.Curioso, trabalho quase o mesmo, senão um pouco menos que trabalhava em Lisboa, e ao fim de um ano jà sou socio e acabei por ficar gerente, por me ter começado a envolver no controle financeiro da empresa.E passado um ano o meu conselho é para aqueles que perguntam: SIM, VALE A PENA ! arq-tcf@hotmail.com

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