mind this gap

04-07-2009
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Liliana Gaspar, Licenciada em Português e Francês, DublinOlá a todos os portugueses e um olá muito especial aos que vivem em Dublin!Sou uma "recém-chegada" a esta cidade e vim para cá após uma decisão súbita mas relativamente fácil de tomar, dado o Caos em que andava a minha vida.Depois de muitas peripécias em Portugal, que me levaram a ficar desempregada e com problemas finanaceiros, além de outros azares a nível pessoal, vim passar cinco dias de férias em Dublin e decidi mudar-me porque as perspectivas eram muito melhores.De facto desde 26 de Agosto a 14 Setembro 2007, em cerca 15 dias apenas:1) Arranjei, apesar de a muito custo, um quarto onde viver. Embora seja fora do centro da cidade, vivo com pessoas fantásticas, o sítio é lindo e o quarto é barato (340 euros por mês, já com as "bills", como eles dizem). Comecei há 10 dias a dar aulas de português a um simpático casal que vai viver para Portugal (in the Allgarve, of course) daqui a um ano (sim, sou professora mas sabem que em Portugal as mães são menos).2) Faço traduções pontualmente para ganhar mais uns trocos.3) Dia 17 de Setembro vou começar a trabalhar como Consultora RH numa agência de recrutamento no centro de Dublin (pois, para além da Licenciatura em Português e Francês, ainda tentei uma mudança de carreira e gastei 3000 euros numa Pós-Graduação em Recrutamento e Selecção em terras lusas, só que na nossa simpática nação os estagiários RH têm de trabalhar de graça e eu tinha "portuguese bills").Identifiquei-me com este Blog porque, entre as várias coisas que vivi nos últimos tempos, uma das minha grandes frustrações foi ter qualificações e experiência de trabalho, para não falar das boas capacidades reconhecidas por pessoas com quem tenho trabalhado, e simplesmente acabar por trabalhar em empregos precários, sentir que no nosso mercado de trabalho actual as pessoas são carne para canhão e que o que interessa mesmo é que as pessoas trabalhem o mais possível pelo mínimo salário possível, sujeitas a ficar sem nada de um momento para o outro, ficando impotentes até mesmo para se fazerem valer dos seus direitos.E assim todos vamos ficando a perder: os produtos e serviços prestados perdem qualidade, as pessoas perdem poder económico e qualidade de vida, a economia perde estabilidade e, no final da história, o país perde muitas das pessoas que tanto podiam fazer por ele. Porque são lutadoras e não se resignam, ou porque se esgotam todas as alternativas, ou simplesmente porque não vêem como evoluir mais.Concordo, naturalmente, com aqueles que afirmam que na verdade somos "cidadãos do mundo" e descobri, até, que viver em outros países nos dá a dimensão de nós próprios, do quanto somos pequenos, de tudo o que temos para aprender, para viver, para sentir. De tudo quanto existe para além daquele mundinho em que vivíamos. E dá-nos também a dimensão da nossa grandeza, do quanto somos capazes de conseguir se nos quisermos levantar após cada queda, cada vez mais fortes, sempre.No entanto, lamento que a emigração aconteça em muitos casos não por opção mas por necessidade, e que como consequência se empobreça aquele que, afinal, é o país que trago no coração. Numa imagem, sinto-me como se tivesse ficado à porta de uma casa que supostamente era a minha, à espera de entrar, e tivesse acabado por ter de desistir e ir bater a outra porta, a de uma casa emprestada, mas onde me receberam, valorizando quem sou e o que tenho para dar.Estou disponível e gostaria muito de conversar com outras pessoas, sobretudo se estiverem em Dublin, porque de facto é dificílimo encontrar portugueses por aqui. O meu email é gaspar.liliana@gmail.com e é adicionável (sim, a palavra existe) ao messenger.Muita sorte e felicidade a todos os leitores,Liliana16 Setembro 2007


Liliana Gaspar, Licenciada em Português e Francês, DublinOlá a todos os portugueses e um olá muito especial aos que vivem em Dublin!Sou uma "recém-chegada" a esta cidade e vim para cá após uma decisão súbita mas relativamente fácil de tomar, dado o Caos em que andava a minha vida.Depois de muitas peripécias em Portugal, que me levaram a ficar desempregada e com problemas finanaceiros, além de outros azares a nível pessoal, vim passar cinco dias de férias em Dublin e decidi mudar-me porque as perspectivas eram muito melhores.De facto desde 26 de Agosto a 14 Setembro 2007, em cerca 15 dias apenas:1) Arranjei, apesar de a muito custo, um quarto onde viver. Embora seja fora do centro da cidade, vivo com pessoas fantásticas, o sítio é lindo e o quarto é barato (340 euros por mês, já com as "bills", como eles dizem). Comecei há 10 dias a dar aulas de português a um simpático casal que vai viver para Portugal (in the Allgarve, of course) daqui a um ano (sim, sou professora mas sabem que em Portugal as mães são menos).2) Faço traduções pontualmente para ganhar mais uns trocos.3) Dia 17 de Setembro vou começar a trabalhar como Consultora RH numa agência de recrutamento no centro de Dublin (pois, para além da Licenciatura em Português e Francês, ainda tentei uma mudança de carreira e gastei 3000 euros numa Pós-Graduação em Recrutamento e Selecção em terras lusas, só que na nossa simpática nação os estagiários RH têm de trabalhar de graça e eu tinha "portuguese bills").Identifiquei-me com este Blog porque, entre as várias coisas que vivi nos últimos tempos, uma das minha grandes frustrações foi ter qualificações e experiência de trabalho, para não falar das boas capacidades reconhecidas por pessoas com quem tenho trabalhado, e simplesmente acabar por trabalhar em empregos precários, sentir que no nosso mercado de trabalho actual as pessoas são carne para canhão e que o que interessa mesmo é que as pessoas trabalhem o mais possível pelo mínimo salário possível, sujeitas a ficar sem nada de um momento para o outro, ficando impotentes até mesmo para se fazerem valer dos seus direitos.E assim todos vamos ficando a perder: os produtos e serviços prestados perdem qualidade, as pessoas perdem poder económico e qualidade de vida, a economia perde estabilidade e, no final da história, o país perde muitas das pessoas que tanto podiam fazer por ele. Porque são lutadoras e não se resignam, ou porque se esgotam todas as alternativas, ou simplesmente porque não vêem como evoluir mais.Concordo, naturalmente, com aqueles que afirmam que na verdade somos "cidadãos do mundo" e descobri, até, que viver em outros países nos dá a dimensão de nós próprios, do quanto somos pequenos, de tudo o que temos para aprender, para viver, para sentir. De tudo quanto existe para além daquele mundinho em que vivíamos. E dá-nos também a dimensão da nossa grandeza, do quanto somos capazes de conseguir se nos quisermos levantar após cada queda, cada vez mais fortes, sempre.No entanto, lamento que a emigração aconteça em muitos casos não por opção mas por necessidade, e que como consequência se empobreça aquele que, afinal, é o país que trago no coração. Numa imagem, sinto-me como se tivesse ficado à porta de uma casa que supostamente era a minha, à espera de entrar, e tivesse acabado por ter de desistir e ir bater a outra porta, a de uma casa emprestada, mas onde me receberam, valorizando quem sou e o que tenho para dar.Estou disponível e gostaria muito de conversar com outras pessoas, sobretudo se estiverem em Dublin, porque de facto é dificílimo encontrar portugueses por aqui. O meu email é gaspar.liliana@gmail.com e é adicionável (sim, a palavra existe) ao messenger.Muita sorte e felicidade a todos os leitores,Liliana16 Setembro 2007

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