O Comércio do Porto

20-05-2005
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Álvaro Castello-Branco

Líder da Distrital do Porto do CDS/PP e subscritor da moção "Portugal, já" "Telmo Correia tem todas as condições para ser um excelente líder do partido" SERVIÇOS Imprimir esta página Contactar Anterior Voltar Seguinte

GUILHERME SOARES

Álvaro Castello-Branco é o responsável máximo pelo CDS/PP no distrito do Porto, deputado à Assembleia da República, presidente da Assembleia Municipal do Porto e coordenador autárquico nacional do partido. Ele e o líder da Distrital de Braga, Nuno Melo, são os rostos da moção "Portugal, já", que congrega apoios de 13 das 18 distritais do CDS/PP.

- Que expectativas tem para o congresso do CDS/PP do próximo fim-de-semana?

- Tenho grandes expectativas. Desejo que seja um amplo espaço de debate porque o momento é muito importante para o futuro do partido. Abre-se agora um novo ciclo no CDS, que tem que discutir e debater aquilo que quer ser nos próximos anos. Desejo que no fim do congresso o partido se volte novamente a unir em torno do objectivo comum de todos: o crescimento do CDS.

- A moção que leva a congresso, juntamente com Nuno Melo e outros, defende que o novo líder do CDS deva sair do grupo parlamentar, o que exclui desde logo muita gente. Dos doze deputados do PP, os "candidatáveis" são Nuno Melo e Telmo Correia. Nuno Melo avança?

- Estamos a terminar um ciclo de debate de ideias em que não se nos afigurou como essencial apresentar um candidato à liderança do partido em nome da moção. Nuno Melo já disse recentemente que Telmo Correia seria o presidente ideal para o CDS/PP...

-Mas traçaram um perfil...

- Sim, traçámos um perfil: uma pessoa que tenha dimensão de Estado, de reconhecido valor público, que seja também reconhecida internamente e com capacidade de unir o partido e, obviamente, que tenha a vontade de ser candidato e seja preferencialmente oriundo do grupo parlamentar. Porquê? Porque dadas as actuais circunstâncias políticas, de um Governo com maioria absoluta do PS e em que nós estamos na oposição, entendemos que os debates com o primeiro-ministro que vão acontecer e o que de mais importante se vier a passar vai ser na Assembleia da República [AR]. Entendemos que o presidente do CDS/PP deve estar na primeira linha desse combate. Quem deve debater directamente com o PM na AR deve ser o líder do partido.

- O que restringe a...

- A 12. Claro que se nenhuma dessas 12 pessoas entender ser candidato terá de ser outra. Mas o CDS é um partido onde o poder não cai na rua. Estamos perfeitamente descansados e achamos que ainda antes do congresso estará sempre a tempo de aparecer um candidato que esta moção poderá apoiar.

- O que acha de uma possível candidatura do eurodeputado Ribeiro e Castro?

- Ribeiro e Castro é uma pessoa de enormes qualidades, com um historial no partido de grande qualidade e uma pessoa fundamental para o futuro do CDS. Mas o facto de não ser deputado não é o ideal para a liderança do partido. Fala-se muito de nomes e eu digo-lhe que se Telmo Correia decidir avançar terá o meu apoio e o desta moção. Ele tem todas as condições para ser um excelente líder do partido. É opinião corrente no partido e não só nossa.

- Não acha que Telmo Correia, se quisésse ser líder do CDS/PP, já devia ter avançado?

- Não. Recordo a história da anterior liderança em que Paulo Portas, quando foi candidato em Braga, apresentou a sua candidatura no primeiro dia desse congresso.

- Eram contextos diferentes...

- Não, não eram. Aliás, Nobre Guedes teve para ser o candidato porque era o único subscritor da moção que ganhou o congresso. A única certeza que havia é que essa moção teria um candidato, da mesma maneira que lhe digo que a nossa terá certamente um candidato.

- Outra moção que vai a congresso levada por alguns militantes do Porto defende a extinção das estruturas distritais do partido. Qual é a sua opinião?

- Não concordamos minimamente com isso. Entendemos que o partido, como todos os partidos políticos o fazem, deve assentar em estruturas distritais porque isso corresponde à actual divisão administrativa do país.

Margem de crescimento ao centro

- Nobre Guedes defendia há dias a necessidade do CDS/PP ganhar espaço em áreas como o Ambiente ou a Cultura, tidas como bandeiras tradicionalmente agitadas pela Esquerda? Concorda com esta ideia?

- Não acho que sejam áreas que pertençam à Esquerda. Penso, contudo, que a Direita deve fazer um combate cultural à Esquerda e o CDS tem aí um papel preponderante. Dando-lhe um exemplo: Paulo Portas lutou pela dignificação das forças armadas portuguesas enquanto que a Esquerda acha que nem devem existir. Que o CDS que sair deste congresso tenha a capacidade de fazer essa luta.

- Julgo que ele terá destacado o Ambiente e a Cultura como áreas onde o CDS pode e deve apostar para aglutinar potenciais eleitores. Para o crescimento desejado,o CDS deve apostar em "virar-se" para que lado?

- Bem, o CDS é o partido da Direita em Portugal, sobre isso não há qualquer tipo de dúvidas, até porque o novo líder do PSD [Marques Mendes] já disse que sua aposta é ganhar o centro-esquerda. À Direita julgo que não teremos mais margem de progressão, pelo que a nossa margem de crescimento está ao centro. O CDS só pode evoluir se procurar o centro-direita. Deve centrar atenções nas classes média e média baixa e na classe rural, que perdemos nas últimas eleições legislativas.

Rui Moreira pelo CDS? "Disponíveis para conversar"

- Qual é o objectivo do CDS para as autárquicas de Outubro?

- Aumentar o número de autarcas que detém. Temos um muito curto espaço de tempo para prepará-las e é fundamental que todo o partido esteja unido e mobilizado. Todos, desde o militante mais anónimo até ao dirigente mais destacado, devem estar disponíveis se forem desafiados para protagonizarem esse combate.

- Está disponível? Para continuar na Assembleia Municipal do Porto?

- Sempre estive, onde o partido entender, mas não lhe posso dizer, neste momento, onde.

- Coligações com o PSD?

- Onde seja necessário construir uma solução para ganhar, o CDS deve estar disponível para incluir nas suas listas independentes assim como fazer entendimentos com outras forças políticas, movimentos e associações da sociedade civil, desde que esses projectos acautelem os nossos principais valores e princípios.

- Seria absurdo Rui Moreira [líder da Associação Comercial do Porto] integrar, como independente, uma lista própria do CDS para a Câmara do Porto?

- Tenho uma excelente relação com ele, mas isso passa em primeiro lugar pela Concelhia do Porto e, depois, por saber se Rui Moreira entende que podia participar num projecto do CDS.

- Uma questão de se sentarem à mesa e de discutirem?

- Estamos sempre disponíveis para conversar com toda a gente.

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O Comércio do Porto é um produto da Editorial Prensa Ibérica.

Fica expressamente proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos oferecidos através deste meio, salvo autorização expressa de O Comércio do Porto

Álvaro Castello-Branco

Líder da Distrital do Porto do CDS/PP e subscritor da moção "Portugal, já" "Telmo Correia tem todas as condições para ser um excelente líder do partido" SERVIÇOS Imprimir esta página Contactar Anterior Voltar Seguinte

GUILHERME SOARES

Álvaro Castello-Branco é o responsável máximo pelo CDS/PP no distrito do Porto, deputado à Assembleia da República, presidente da Assembleia Municipal do Porto e coordenador autárquico nacional do partido. Ele e o líder da Distrital de Braga, Nuno Melo, são os rostos da moção "Portugal, já", que congrega apoios de 13 das 18 distritais do CDS/PP.

- Que expectativas tem para o congresso do CDS/PP do próximo fim-de-semana?

- Tenho grandes expectativas. Desejo que seja um amplo espaço de debate porque o momento é muito importante para o futuro do partido. Abre-se agora um novo ciclo no CDS, que tem que discutir e debater aquilo que quer ser nos próximos anos. Desejo que no fim do congresso o partido se volte novamente a unir em torno do objectivo comum de todos: o crescimento do CDS.

- A moção que leva a congresso, juntamente com Nuno Melo e outros, defende que o novo líder do CDS deva sair do grupo parlamentar, o que exclui desde logo muita gente. Dos doze deputados do PP, os "candidatáveis" são Nuno Melo e Telmo Correia. Nuno Melo avança?

- Estamos a terminar um ciclo de debate de ideias em que não se nos afigurou como essencial apresentar um candidato à liderança do partido em nome da moção. Nuno Melo já disse recentemente que Telmo Correia seria o presidente ideal para o CDS/PP...

-Mas traçaram um perfil...

- Sim, traçámos um perfil: uma pessoa que tenha dimensão de Estado, de reconhecido valor público, que seja também reconhecida internamente e com capacidade de unir o partido e, obviamente, que tenha a vontade de ser candidato e seja preferencialmente oriundo do grupo parlamentar. Porquê? Porque dadas as actuais circunstâncias políticas, de um Governo com maioria absoluta do PS e em que nós estamos na oposição, entendemos que os debates com o primeiro-ministro que vão acontecer e o que de mais importante se vier a passar vai ser na Assembleia da República [AR]. Entendemos que o presidente do CDS/PP deve estar na primeira linha desse combate. Quem deve debater directamente com o PM na AR deve ser o líder do partido.

- O que restringe a...

- A 12. Claro que se nenhuma dessas 12 pessoas entender ser candidato terá de ser outra. Mas o CDS é um partido onde o poder não cai na rua. Estamos perfeitamente descansados e achamos que ainda antes do congresso estará sempre a tempo de aparecer um candidato que esta moção poderá apoiar.

- O que acha de uma possível candidatura do eurodeputado Ribeiro e Castro?

- Ribeiro e Castro é uma pessoa de enormes qualidades, com um historial no partido de grande qualidade e uma pessoa fundamental para o futuro do CDS. Mas o facto de não ser deputado não é o ideal para a liderança do partido. Fala-se muito de nomes e eu digo-lhe que se Telmo Correia decidir avançar terá o meu apoio e o desta moção. Ele tem todas as condições para ser um excelente líder do partido. É opinião corrente no partido e não só nossa.

- Não acha que Telmo Correia, se quisésse ser líder do CDS/PP, já devia ter avançado?

- Não. Recordo a história da anterior liderança em que Paulo Portas, quando foi candidato em Braga, apresentou a sua candidatura no primeiro dia desse congresso.

- Eram contextos diferentes...

- Não, não eram. Aliás, Nobre Guedes teve para ser o candidato porque era o único subscritor da moção que ganhou o congresso. A única certeza que havia é que essa moção teria um candidato, da mesma maneira que lhe digo que a nossa terá certamente um candidato.

- Outra moção que vai a congresso levada por alguns militantes do Porto defende a extinção das estruturas distritais do partido. Qual é a sua opinião?

- Não concordamos minimamente com isso. Entendemos que o partido, como todos os partidos políticos o fazem, deve assentar em estruturas distritais porque isso corresponde à actual divisão administrativa do país.

Margem de crescimento ao centro

- Nobre Guedes defendia há dias a necessidade do CDS/PP ganhar espaço em áreas como o Ambiente ou a Cultura, tidas como bandeiras tradicionalmente agitadas pela Esquerda? Concorda com esta ideia?

- Não acho que sejam áreas que pertençam à Esquerda. Penso, contudo, que a Direita deve fazer um combate cultural à Esquerda e o CDS tem aí um papel preponderante. Dando-lhe um exemplo: Paulo Portas lutou pela dignificação das forças armadas portuguesas enquanto que a Esquerda acha que nem devem existir. Que o CDS que sair deste congresso tenha a capacidade de fazer essa luta.

- Julgo que ele terá destacado o Ambiente e a Cultura como áreas onde o CDS pode e deve apostar para aglutinar potenciais eleitores. Para o crescimento desejado,o CDS deve apostar em "virar-se" para que lado?

- Bem, o CDS é o partido da Direita em Portugal, sobre isso não há qualquer tipo de dúvidas, até porque o novo líder do PSD [Marques Mendes] já disse que sua aposta é ganhar o centro-esquerda. À Direita julgo que não teremos mais margem de progressão, pelo que a nossa margem de crescimento está ao centro. O CDS só pode evoluir se procurar o centro-direita. Deve centrar atenções nas classes média e média baixa e na classe rural, que perdemos nas últimas eleições legislativas.

Rui Moreira pelo CDS? "Disponíveis para conversar"

- Qual é o objectivo do CDS para as autárquicas de Outubro?

- Aumentar o número de autarcas que detém. Temos um muito curto espaço de tempo para prepará-las e é fundamental que todo o partido esteja unido e mobilizado. Todos, desde o militante mais anónimo até ao dirigente mais destacado, devem estar disponíveis se forem desafiados para protagonizarem esse combate.

- Está disponível? Para continuar na Assembleia Municipal do Porto?

- Sempre estive, onde o partido entender, mas não lhe posso dizer, neste momento, onde.

- Coligações com o PSD?

- Onde seja necessário construir uma solução para ganhar, o CDS deve estar disponível para incluir nas suas listas independentes assim como fazer entendimentos com outras forças políticas, movimentos e associações da sociedade civil, desde que esses projectos acautelem os nossos principais valores e princípios.

- Seria absurdo Rui Moreira [líder da Associação Comercial do Porto] integrar, como independente, uma lista própria do CDS para a Câmara do Porto?

- Tenho uma excelente relação com ele, mas isso passa em primeiro lugar pela Concelhia do Porto e, depois, por saber se Rui Moreira entende que podia participar num projecto do CDS.

- Uma questão de se sentarem à mesa e de discutirem?

- Estamos sempre disponíveis para conversar com toda a gente.

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