Director do Teatro Art”Imagem acusa Câmara do Porto de o ter “perseguido” e “enganado”

07-10-2009
marcar artigo

Companhia diz-se alvo de um processo “pidesco”. José Leitão frisa que Álvaro Castello-Branco tinha obrigação de conhecer o processo

O Teatro Art”Imagem desmentiu ontem as declarações do vice-presidente da Câmara do Porto, Álvaro Castello-Branco, e denunciou que a companhia tem sido alvo de um processo “pidesco” movido pela autarquia. José Leitão, o director da companhia, diz ter sido “ludibriado”, “perseguido” e “enganado” pela edilidade.

Esta terça-feira, o autarca justificou, em reunião pública do executivo, a abstenção na votação para atribuição de um subsídio àquela companhia, alegando que “a Câmara do Porto não pode tentar dar dinheiro a uma entidade que não o quer”. Rui Rio acabou por votar favoravelmente a proposta, que acabou chumbada pelos votos do PS e da CDU, beneficiando da abstenção de Castello-Branco e Gonçalo Pimentel, ambos do CDS/PP.

“Nós nunca dissemos que não queríamos o subsídio, muito pelo contrário, estamos à espera dele. O que sempre frisámos é que queríamos retirar do protocolo a cláusula que nos proibia de criticar a autarquia”, esclareceu José Leitão, director do Art”Imagem.

Na origem deste caso está a celebração de um protocolo para subsidiar o festival internacional de teatro Fazer a Festa, realizado pelo grupo Art”Imagem. José Leitão esclarece que a câmara se comprometeu em Fevereiro a apoiar com 20 mil euros o evento. “Nunca pensámos que iriam colocar a famigerada cláusula três, que nos proíbe de criticar a câmara”, explica Leitão.

Em Julho deste ano, José Leitão recebeu o protocolo da autarquia, que, na cláusula terceira, impõe: “Revelar nos momentos adequados o apoio prestado pelo município, e abster-se de publicamente expressar críticas que ponham em causa o bom-nome do município do Porto, enquanto entidade co-financiadora”. Por não concordar com essa condição, José Leitão iniciou uma intensa troca de correspondência com a autarquia, frisando que assinava o protocolo desde que “essa clásula fosse excluída”. “Muitas das cartas que enviámos à câmara foram dirigidas ao vice-presidente, portanto, ele não pode dizer que nós não queremos o dinheiro. Ou não leu o que lhe escrevemos ou está à faltar à verdade”, sublinha.

Assinar um texto escrito pela própria câmara

Já no dia 20 deste mês, José Leitão diz ter sido contactado pelo director dos Serviços Culturais da câmara. “Ele disse-me que tinha um novo texto para o tal artigo terceiro. Só que em vez de “abster-se de publicamente expressar críticas” estava “abster-se de proferir afirmações””, contou o director do Art”Imagem.

Depois vêm os pormenores do que Leitão classifica como processo “pidesco” e “persecutório”. Matos Fernandes, o director dos Serviços Culturais, pediu então que a companhia, depois de assinar o protocolo, assinasse um texto escrito pela própria autarquia: “Junto remetemos o protocolo que assinamos de livre vontade, com todo o seu clausulado, uma vez que sabemos que a assinatura do mesmo se restringe à matéria constante do protocolo e não nos impede de poder criticar a Câmara do Porto noutros campos, como aliás o fizemos junto ao Rivoli”.

“Isto é vergonhoso. Eu não tenho dúvidas de que Rui Rio é o autor desse texto. Eles queriam que nós o assinássemos como se tivesse sido escrito por nós”, enfatiza. Leitão contesta ainda que a autarquia o persiga. “O que é que a câmara tem que ver se eu falo junto ao Rivoli ou não? Voltámos ao tempo da PIDE? Por acaso eu até só li um texto de Jorge Silva Melo”, esclareceu.

O director da companhia que há cerca de 25 anos realiza o festival Fazer a Festa diz que o director dos Serviços Culturais foi ainda mais longe. “Esta segunda-feira, na véspera da reunião de câmara, ligou-me a dizer que falava em nome do vereador da Cultura. E disse-me que o nosso protocolo não iria ser discutido no dia seguinte. O pior é que no dia seguinte, na terça, o protocolo até foi votado”, ilustrou.

José Leitão frisa que, ao longo do processo, o vereador da Cultura, Fernando Almeida, nunca dialogou com a companhia, chegando, inclusivamente, a não responder a pedidos de entrevista. “Nós precisamos daquela verba. Já realizámos o festival e temos de pagar a actores e fornecedores. A autarquia garantiu-nos aquela verba em Fevereiro. Bem, daqui a nada acaba o ano”, afirmou.

O PÚBLICO confrontou a autarquia com estas declarações, mas o gabinete de imprensa da Câmara do Porto limitou-se a declarar que “quem chumbou a proposta de protocolo foram os vereadores da CDU e do PS”.

Público

Companhia diz-se alvo de um processo “pidesco”. José Leitão frisa que Álvaro Castello-Branco tinha obrigação de conhecer o processo

O Teatro Art”Imagem desmentiu ontem as declarações do vice-presidente da Câmara do Porto, Álvaro Castello-Branco, e denunciou que a companhia tem sido alvo de um processo “pidesco” movido pela autarquia. José Leitão, o director da companhia, diz ter sido “ludibriado”, “perseguido” e “enganado” pela edilidade.

Esta terça-feira, o autarca justificou, em reunião pública do executivo, a abstenção na votação para atribuição de um subsídio àquela companhia, alegando que “a Câmara do Porto não pode tentar dar dinheiro a uma entidade que não o quer”. Rui Rio acabou por votar favoravelmente a proposta, que acabou chumbada pelos votos do PS e da CDU, beneficiando da abstenção de Castello-Branco e Gonçalo Pimentel, ambos do CDS/PP.

“Nós nunca dissemos que não queríamos o subsídio, muito pelo contrário, estamos à espera dele. O que sempre frisámos é que queríamos retirar do protocolo a cláusula que nos proibia de criticar a autarquia”, esclareceu José Leitão, director do Art”Imagem.

Na origem deste caso está a celebração de um protocolo para subsidiar o festival internacional de teatro Fazer a Festa, realizado pelo grupo Art”Imagem. José Leitão esclarece que a câmara se comprometeu em Fevereiro a apoiar com 20 mil euros o evento. “Nunca pensámos que iriam colocar a famigerada cláusula três, que nos proíbe de criticar a câmara”, explica Leitão.

Em Julho deste ano, José Leitão recebeu o protocolo da autarquia, que, na cláusula terceira, impõe: “Revelar nos momentos adequados o apoio prestado pelo município, e abster-se de publicamente expressar críticas que ponham em causa o bom-nome do município do Porto, enquanto entidade co-financiadora”. Por não concordar com essa condição, José Leitão iniciou uma intensa troca de correspondência com a autarquia, frisando que assinava o protocolo desde que “essa clásula fosse excluída”. “Muitas das cartas que enviámos à câmara foram dirigidas ao vice-presidente, portanto, ele não pode dizer que nós não queremos o dinheiro. Ou não leu o que lhe escrevemos ou está à faltar à verdade”, sublinha.

Assinar um texto escrito pela própria câmara

Já no dia 20 deste mês, José Leitão diz ter sido contactado pelo director dos Serviços Culturais da câmara. “Ele disse-me que tinha um novo texto para o tal artigo terceiro. Só que em vez de “abster-se de publicamente expressar críticas” estava “abster-se de proferir afirmações””, contou o director do Art”Imagem.

Depois vêm os pormenores do que Leitão classifica como processo “pidesco” e “persecutório”. Matos Fernandes, o director dos Serviços Culturais, pediu então que a companhia, depois de assinar o protocolo, assinasse um texto escrito pela própria autarquia: “Junto remetemos o protocolo que assinamos de livre vontade, com todo o seu clausulado, uma vez que sabemos que a assinatura do mesmo se restringe à matéria constante do protocolo e não nos impede de poder criticar a Câmara do Porto noutros campos, como aliás o fizemos junto ao Rivoli”.

“Isto é vergonhoso. Eu não tenho dúvidas de que Rui Rio é o autor desse texto. Eles queriam que nós o assinássemos como se tivesse sido escrito por nós”, enfatiza. Leitão contesta ainda que a autarquia o persiga. “O que é que a câmara tem que ver se eu falo junto ao Rivoli ou não? Voltámos ao tempo da PIDE? Por acaso eu até só li um texto de Jorge Silva Melo”, esclareceu.

O director da companhia que há cerca de 25 anos realiza o festival Fazer a Festa diz que o director dos Serviços Culturais foi ainda mais longe. “Esta segunda-feira, na véspera da reunião de câmara, ligou-me a dizer que falava em nome do vereador da Cultura. E disse-me que o nosso protocolo não iria ser discutido no dia seguinte. O pior é que no dia seguinte, na terça, o protocolo até foi votado”, ilustrou.

José Leitão frisa que, ao longo do processo, o vereador da Cultura, Fernando Almeida, nunca dialogou com a companhia, chegando, inclusivamente, a não responder a pedidos de entrevista. “Nós precisamos daquela verba. Já realizámos o festival e temos de pagar a actores e fornecedores. A autarquia garantiu-nos aquela verba em Fevereiro. Bem, daqui a nada acaba o ano”, afirmou.

O PÚBLICO confrontou a autarquia com estas declarações, mas o gabinete de imprensa da Câmara do Porto limitou-se a declarar que “quem chumbou a proposta de protocolo foram os vereadores da CDU e do PS”.

Público

marcar artigo