Professoras Desesperadas: Ministra da Educação reprova no Parlamento

02-10-2009
marcar artigo

A saída do debate de urgência agendado pelo PSD para debater “as falhas e erros cometidos pelo Ministério da Educação na realização dos exames nacionais”, a ministra da Educação não conteve o desabafo: “Estou tão cansada...”, disse à saída do hemiciclo, onde durante duas horas esteve sob o fogo cerrado da oposição.

Maria de Lurdes Rodrigues foi atacada por toda a oposição, que a acusou de ser “incompetente” e “incapaz de ter um pequeno gesto de humildade, mantendo-se no pedestal de arrogância sem pedir desculpas aos que sofreram com a sua decisão”, disse o deputado Pedro Duarte, do PSD.

Os deputados queriam ouvir a ministra explicar os motivos da excepção criada para os alunos que fizeram na 1.ª fase os exames de Química e Física e que lhes permitiu repetir as provas e concorrer ao Ensino Superior com a melhor média.

A primeira intervenção da ministra desiludiu-os. Maria de Lurdes Rodrigues afirmou que era “ainda cedo para fazer um balanço”, mas sublinhou que “genericamente os exames correram bem”. Seguiram-se explicações várias sobre números e médias que levaram a bancada social-democrata a gritar: “Vamos ao que interessa!” O burburinho dos protestos levou a ministra ao desespero: “Não me deixam falar, peço desculpa mas não me deixam falar.”

Uma das vozes mais violentas foi a da deputada do PCP Luísa Mesquita. Interrogou a ministra sobre as razões que a levaram a “salvaguardar” as notas dos alunos de Química e Física em detrimento dos restantes: “Porque é que ignorou a Matemática, a História, porque é que ignorou os alunos que não tinham um lóbi para bater à porta do seu gabinete e pedir para que subisse as notas?” Depois, das acusações seguiu ao ataque: “Quem sofre com a sua decisão são os professores, pais e alunos, não é a senhora ministra que é incompetente e que, em nome de uma maioria absoluta, nós temos de suportar.”

Maria de Lurdes Rodrigues tentou explicar que havia quatro disciplinas com programas novos (Química Física, Biologia e Geologia) que poderiam desencadear maus resultados no final do ano.

“As alternativas eram chegar a Janeiro e acabar com os exames ou deixar chegar o resultado dos exames e fazer uma avaliação de impacto dos resultados e foi isso que fizemos”, garantiu. Feitas as contas, a ministra entendeu que “em relação à Biologia e Geologia os resultados foram ao encontro da evolução histórica das disciplinas” e do posicionamento que ocupavam nos anos anteriores.

“Houve uma inconstância, sobretudo na Química”, o que colocou “em situação de desvantagem os alunos que fizeram a prova”. “Eu pediria desculpa às famílias se não tivesse feito nada!” argumentou a ministra, acrescentando que “não podia ignorar que havia um segmento de 30 mil alunos em desvantagem”. À saída do Parlamento, Maria de Lurdes Rodrigues destacou que “não houve um único aluno que fosse objectivamente prejudicado com a medida”.

APONTAMENTOS

ERROS DA HISTÓRIA?

O deputado CDS, Diogo Feio, perguntou à ministra se não considerava a pergunta do exame de História, que incluía o regime comunista soviético no lote das ditaduras europeias, um erro grave. O ex-ministro Paulo Portas insurgiu-se gritando que aquela definição “era um crime”. A ministra da Educação perguntou ao deputado se no tempo em que estava no ministério também controlava o conteúdos dos exames.

SANTOS SILVA ATACA

Face às duras investidas de toda a oposição, o ministro dos Assuntos Parlamentos sentiu-se na obrigação de sair em defesa de Maria de Lurdes Rodrigues. “A melhor resposta a esta decisão da ministra foram os 20 mil alunos que ontem, com toda a tranquilidade, fizeram novamente o exame de Química da 2.ª fase”, afirmou em tom exaltado.

O QUE SE DISSE

- "A ministra não tem dignidade intelectual para reconhecer os erros." Luísa Mesquita, PCP

- Não havia tanta trapalhada desde o Governo do dr. Santana Lopes." idem

- "Reconheça o erro, peça desculpa e diga que vai apurar responsabilidades." Pedro Duarte, PSD

- "Hoje, a sua sorte neste Parlamento é que tem 1.ª, 2.ª, 3.ª e 4.ª chamadas. E nesta primeira chamada foi redondamente chumbada." Emídio Guerreiro, PSD

- "Olhar para as situações destes alunos em desigualdade é uma das decisões mais nobres da política. Mais fácil teria sido ignorar." Maria de Lurdes Rodrigues, ministra

- "Eu nunca li nem lerei nenhuma prova de exame antes da sua realização." idem

- "Em que país vive a senhora ministra? Não vê o pandemónio em que está este País? Exceptuando a claque do PS, não se sente isolada?" Agostinho Branquinho, PSD

- "Não vale a pena estar com sentimentos de vítima." Alda Macedo, BE

- "Foi preciso o ministro dos Assuntos Parlamentares sair aos gritos em socorro de uma ministra que manifestou insegurança, nervosismo e incapacidade para dar explicações cabais aos portugueses."Pedro Duarte, PSD

PROFESSORES

- Dizem que há erros de formulação nas provas

- Atribuem os maus resultados à rigidez dos critérios

ALUNOS

- Sentem-se discriminados

- Dizem que as provas são extensas e difíceis

PAIS

- Suspeitam de favorecimento na repetição de exames

- Acusam-na de criar instabilidade na segunda fase

PARTIDOS

- Acusam ministra de incompetência

- Querem encontrar culpados

A saída do debate de urgência agendado pelo PSD para debater “as falhas e erros cometidos pelo Ministério da Educação na realização dos exames nacionais”, a ministra da Educação não conteve o desabafo: “Estou tão cansada...”, disse à saída do hemiciclo, onde durante duas horas esteve sob o fogo cerrado da oposição.

Maria de Lurdes Rodrigues foi atacada por toda a oposição, que a acusou de ser “incompetente” e “incapaz de ter um pequeno gesto de humildade, mantendo-se no pedestal de arrogância sem pedir desculpas aos que sofreram com a sua decisão”, disse o deputado Pedro Duarte, do PSD.

Os deputados queriam ouvir a ministra explicar os motivos da excepção criada para os alunos que fizeram na 1.ª fase os exames de Química e Física e que lhes permitiu repetir as provas e concorrer ao Ensino Superior com a melhor média.

A primeira intervenção da ministra desiludiu-os. Maria de Lurdes Rodrigues afirmou que era “ainda cedo para fazer um balanço”, mas sublinhou que “genericamente os exames correram bem”. Seguiram-se explicações várias sobre números e médias que levaram a bancada social-democrata a gritar: “Vamos ao que interessa!” O burburinho dos protestos levou a ministra ao desespero: “Não me deixam falar, peço desculpa mas não me deixam falar.”

Uma das vozes mais violentas foi a da deputada do PCP Luísa Mesquita. Interrogou a ministra sobre as razões que a levaram a “salvaguardar” as notas dos alunos de Química e Física em detrimento dos restantes: “Porque é que ignorou a Matemática, a História, porque é que ignorou os alunos que não tinham um lóbi para bater à porta do seu gabinete e pedir para que subisse as notas?” Depois, das acusações seguiu ao ataque: “Quem sofre com a sua decisão são os professores, pais e alunos, não é a senhora ministra que é incompetente e que, em nome de uma maioria absoluta, nós temos de suportar.”

Maria de Lurdes Rodrigues tentou explicar que havia quatro disciplinas com programas novos (Química Física, Biologia e Geologia) que poderiam desencadear maus resultados no final do ano.

“As alternativas eram chegar a Janeiro e acabar com os exames ou deixar chegar o resultado dos exames e fazer uma avaliação de impacto dos resultados e foi isso que fizemos”, garantiu. Feitas as contas, a ministra entendeu que “em relação à Biologia e Geologia os resultados foram ao encontro da evolução histórica das disciplinas” e do posicionamento que ocupavam nos anos anteriores.

“Houve uma inconstância, sobretudo na Química”, o que colocou “em situação de desvantagem os alunos que fizeram a prova”. “Eu pediria desculpa às famílias se não tivesse feito nada!” argumentou a ministra, acrescentando que “não podia ignorar que havia um segmento de 30 mil alunos em desvantagem”. À saída do Parlamento, Maria de Lurdes Rodrigues destacou que “não houve um único aluno que fosse objectivamente prejudicado com a medida”.

APONTAMENTOS

ERROS DA HISTÓRIA?

O deputado CDS, Diogo Feio, perguntou à ministra se não considerava a pergunta do exame de História, que incluía o regime comunista soviético no lote das ditaduras europeias, um erro grave. O ex-ministro Paulo Portas insurgiu-se gritando que aquela definição “era um crime”. A ministra da Educação perguntou ao deputado se no tempo em que estava no ministério também controlava o conteúdos dos exames.

SANTOS SILVA ATACA

Face às duras investidas de toda a oposição, o ministro dos Assuntos Parlamentos sentiu-se na obrigação de sair em defesa de Maria de Lurdes Rodrigues. “A melhor resposta a esta decisão da ministra foram os 20 mil alunos que ontem, com toda a tranquilidade, fizeram novamente o exame de Química da 2.ª fase”, afirmou em tom exaltado.

O QUE SE DISSE

- "A ministra não tem dignidade intelectual para reconhecer os erros." Luísa Mesquita, PCP

- Não havia tanta trapalhada desde o Governo do dr. Santana Lopes." idem

- "Reconheça o erro, peça desculpa e diga que vai apurar responsabilidades." Pedro Duarte, PSD

- "Hoje, a sua sorte neste Parlamento é que tem 1.ª, 2.ª, 3.ª e 4.ª chamadas. E nesta primeira chamada foi redondamente chumbada." Emídio Guerreiro, PSD

- "Olhar para as situações destes alunos em desigualdade é uma das decisões mais nobres da política. Mais fácil teria sido ignorar." Maria de Lurdes Rodrigues, ministra

- "Eu nunca li nem lerei nenhuma prova de exame antes da sua realização." idem

- "Em que país vive a senhora ministra? Não vê o pandemónio em que está este País? Exceptuando a claque do PS, não se sente isolada?" Agostinho Branquinho, PSD

- "Não vale a pena estar com sentimentos de vítima." Alda Macedo, BE

- "Foi preciso o ministro dos Assuntos Parlamentares sair aos gritos em socorro de uma ministra que manifestou insegurança, nervosismo e incapacidade para dar explicações cabais aos portugueses."Pedro Duarte, PSD

PROFESSORES

- Dizem que há erros de formulação nas provas

- Atribuem os maus resultados à rigidez dos critérios

ALUNOS

- Sentem-se discriminados

- Dizem que as provas são extensas e difíceis

PAIS

- Suspeitam de favorecimento na repetição de exames

- Acusam-na de criar instabilidade na segunda fase

PARTIDOS

- Acusam ministra de incompetência

- Querem encontrar culpados

marcar artigo