Nos últimos meses o estado da Avenida Dr. Lourenço Peixinho e o seu futuro foram trazidos novamente para a primeira linha das preocupações dos Aveirenses, fruto principalmente do trabalho efectuado pela Associação Comercial, pela Câmara Municipal e também de um movimento de cidadania reunido em torno do blog Amigos d’Avenida.A realidade que todos nós constatamos é a de que a Avenida regrediu nos últimos 20 anos, tendo passado do verdadeiro centro da cidade, para uma artéria onde vamos ocasionalmente a um banco ou a um dos ainda resistentes estabelecimentos comerciais.É pois necessário não só repensar a Avenida mas também decidir e passar à acção.Mas o repensar da Avenida, ou pelo menos daquilo que eu tenho lido ou ouvido sobre o assunto, está, na minha opinião, a esquecer que a cidade mudou bastante e os cidadãos ainda mais.Recuemos no tempo 20 anos. O que era a Avenida e Aveiro nessa altura?Era onde se ia ao café (à semana e ao fim-de-semana, depois do almoço ou depois do jantar). Trianon, Tangará, Zig-Zag, Tico-Tico, Maravilhas, Bolinão ou Gelataria Recolecta eram alguns dos locais que, habitualmente estavam cheios. Quem não se lembra das esperas ao sábado, depois de almoço, para arranjar mesa no Zig-Zag? Ou de estar a jogar matraquilhos no Maravilhas à espera que vagasse uma mesa de bilhar?Era também na Avenida o único sítio onde se ia ao banco, pois não havia balcões bancários espalhados pela cidade.E era também na Avenida que se ia ao cinema (Aveirense, Avenida, Oita, Estúdio 2002) e, após o encerramento do Avenida enquanto cinema, podia-se ir ao bingo.Mas Aveiro tinha outros pontos de encontro menos próximos do centro, normalmente cafés, mas onde também se encontravam regularmente vários grupos. Falo dos cafés com bilhares Taco, Ramona e Convívio ou também do Palácio que era o ponto de encontro não só das pessoas cuja vida profissional se passava junto ao Tribunal, mas também dos estudantes universitários que nele faziam uma das suas bases.A população era menor, mas estes espaços estavam todos normalmente cheios.Mas havia mais.Esgueira e Beira-Mar na 1ª divisão de basquetebol, São Bernardo e Beira-Mar na 1ª divisão de andebol, Beira-Mar na 1ª divisão de futebol, com pavilhões regularmente cheios e os estádio bem composto. E o torneio de futebol de salão do Beira-Mar? Cerca de 2 meses de duração com 5 jogos diários e normalmente bastante gente a assistir.Os Aveirenses, 20 anos atrás, iam. Saiam de casa, conviviam, iam ao cinema, ao café ou a espectáculos desportivos. Liam também mais jornais locais, como o Litoral, o Jornal de Aveiro ou o Correio do Vouga (3 semanários), o Diário de Aveiro, nascido nessa época, sem esquecer que os jornais diários do Porto tinham todos delegação em Aveiro.Aproveito para recomendar, a quem quiser relembrar esse passado recente, para visitar o site de um projecto da Aveiro Digital que tem disponíveis em formato digital, milhares de jornais locais e regionais. Trata-se do projecto bibRia, disponível em http://bibria.cm-aveiro.pt/Forms/Highlights.aspx.O verbo ir, hoje, tomou direcções diferentes. Perdeu-se o espírito de tertúlia, perdeu-se o hábito de sair de casa para conviver e, naturalmente, também a envolvente destes espaços que tinham uma frequência regular de pessoas, se ressentiu. É o que sucede na Avenida.E, na minha opinião, a culpa não se pode encontrar apenas nos novos espaços comerciais da periferia que vieram naturalmente mudar a forma de vida dos aveirenses.É necessário questionar e compreender os novos hábitos das pessoas para que se possam adaptar a esses novos hábitos, novas realidades culturais, comerciais, residenciais e de mobilidade. Quando soubermos aquilo que os Aveirenses anseiam então podemos partir de uma forma mais segura para fazer uma Avenida para o século XXI.
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Nos últimos meses o estado da Avenida Dr. Lourenço Peixinho e o seu futuro foram trazidos novamente para a primeira linha das preocupações dos Aveirenses, fruto principalmente do trabalho efectuado pela Associação Comercial, pela Câmara Municipal e também de um movimento de cidadania reunido em torno do blog Amigos d’Avenida.A realidade que todos nós constatamos é a de que a Avenida regrediu nos últimos 20 anos, tendo passado do verdadeiro centro da cidade, para uma artéria onde vamos ocasionalmente a um banco ou a um dos ainda resistentes estabelecimentos comerciais.É pois necessário não só repensar a Avenida mas também decidir e passar à acção.Mas o repensar da Avenida, ou pelo menos daquilo que eu tenho lido ou ouvido sobre o assunto, está, na minha opinião, a esquecer que a cidade mudou bastante e os cidadãos ainda mais.Recuemos no tempo 20 anos. O que era a Avenida e Aveiro nessa altura?Era onde se ia ao café (à semana e ao fim-de-semana, depois do almoço ou depois do jantar). Trianon, Tangará, Zig-Zag, Tico-Tico, Maravilhas, Bolinão ou Gelataria Recolecta eram alguns dos locais que, habitualmente estavam cheios. Quem não se lembra das esperas ao sábado, depois de almoço, para arranjar mesa no Zig-Zag? Ou de estar a jogar matraquilhos no Maravilhas à espera que vagasse uma mesa de bilhar?Era também na Avenida o único sítio onde se ia ao banco, pois não havia balcões bancários espalhados pela cidade.E era também na Avenida que se ia ao cinema (Aveirense, Avenida, Oita, Estúdio 2002) e, após o encerramento do Avenida enquanto cinema, podia-se ir ao bingo.Mas Aveiro tinha outros pontos de encontro menos próximos do centro, normalmente cafés, mas onde também se encontravam regularmente vários grupos. Falo dos cafés com bilhares Taco, Ramona e Convívio ou também do Palácio que era o ponto de encontro não só das pessoas cuja vida profissional se passava junto ao Tribunal, mas também dos estudantes universitários que nele faziam uma das suas bases.A população era menor, mas estes espaços estavam todos normalmente cheios.Mas havia mais.Esgueira e Beira-Mar na 1ª divisão de basquetebol, São Bernardo e Beira-Mar na 1ª divisão de andebol, Beira-Mar na 1ª divisão de futebol, com pavilhões regularmente cheios e os estádio bem composto. E o torneio de futebol de salão do Beira-Mar? Cerca de 2 meses de duração com 5 jogos diários e normalmente bastante gente a assistir.Os Aveirenses, 20 anos atrás, iam. Saiam de casa, conviviam, iam ao cinema, ao café ou a espectáculos desportivos. Liam também mais jornais locais, como o Litoral, o Jornal de Aveiro ou o Correio do Vouga (3 semanários), o Diário de Aveiro, nascido nessa época, sem esquecer que os jornais diários do Porto tinham todos delegação em Aveiro.Aproveito para recomendar, a quem quiser relembrar esse passado recente, para visitar o site de um projecto da Aveiro Digital que tem disponíveis em formato digital, milhares de jornais locais e regionais. Trata-se do projecto bibRia, disponível em http://bibria.cm-aveiro.pt/Forms/Highlights.aspx.O verbo ir, hoje, tomou direcções diferentes. Perdeu-se o espírito de tertúlia, perdeu-se o hábito de sair de casa para conviver e, naturalmente, também a envolvente destes espaços que tinham uma frequência regular de pessoas, se ressentiu. É o que sucede na Avenida.E, na minha opinião, a culpa não se pode encontrar apenas nos novos espaços comerciais da periferia que vieram naturalmente mudar a forma de vida dos aveirenses.É necessário questionar e compreender os novos hábitos das pessoas para que se possam adaptar a esses novos hábitos, novas realidades culturais, comerciais, residenciais e de mobilidade. Quando soubermos aquilo que os Aveirenses anseiam então podemos partir de uma forma mais segura para fazer uma Avenida para o século XXI.