Holocausto / Shoah

30-03-2008
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O jornal Público (19/06/07) traz no suplemento P2 duas páginas sobre um assunto que já tinha sido noticiado

aqui

e que reproduzidos de seguida. As fotografias são da autoria de Gleb Garanich/Reuters.

Foi descoberta na Ucrânia uma vala comum com os restos de milhares de judeus, mortos pelos nazis na II Guerra. As autoridades judaicas querem fazer ali um monumento.O SEGREDO QUE SE ESCONDIA NO PRADOAs pessoas que vivem em Gvozdavka-1 (a cerca de 300 km a sul de Kiev) sabem que houve ali um campo de concentração durante a II Guerra, onde foram mortas pelo menos 5000 pessoas. Mas só em Abril surgiram provas indesmentíveis, quando a escavação para instalar tubagens de gás pôs a descoberto uma grande quantidade de ossos num prado onde os habitantes costumam apascentar as vacas.«ATIRÁVAMOS-LHE BATATAS E PÃO»Alguns dos judeus levados para aquele campo de concentração foram executados, outros morreram de fome e doença. «Eles punham a mão através da rede que cercava o campo, implorando comida. Atirávamos-lhes batatas e pão», recorda Olga Tomachenko, que hoje tem 78 anos. Só em Gvozdavka-1 pode haver mais quatro valas comuns de vítimas dos nazis e pensa-se que existem outras 700 na Ucrânia.DEVOLVER DIGNIDADE ÀS VÍTIMASA descoberta levou a Gvozdavka-1 muitos rabis. Remexiam o campo, em busca de ossos de vítimas do Holocausto, para os voltar a enterrar, cuidadosamente, dizendo uma oração. Vestidos com grossas casacas pretas tradicionais e chapéus de aba larga, tentam recuperar a dignidade das vítimas. «O que vi aqui vai ficar comigo para o resto da vida», disse à Reuters o rabi Shlomo Baksht.DEIXAR OS MORTOS EM PAZSeis milhões de judeus foram mortos pelos nazis durante a II Guerra Mundial. Mas nem todos foram cremados: os restos de milhões dessas vítimas do Holocausto enterrados em campas rasas na Europa de Leste e são revelados quando se fazem escavações. No caso de Gvozdavka-1, as autoridades judaicas não querem desenterrar as vítimas e tentar identificá-las – o que até seria possível, pois há registos, em arquivos israelitas e em Moscovo, das pessoas que para lá foram enviadas para morrer.«Queremos resguardar o local. Estes judeus são santos, deixá-los estar onde estão» disse Yakov Ruza, rabi do Instituto de Medicina Forense L. Greenberg, em Israel, Para os historiadores estas descobertas revelam o assassinato sistemático feito pela brigada Einsatzgruppe C. «Todas as cidades mais importantes da Ucrânia tinham um ghetto e valas comuns», disse à Reuters o historiador Viktor Korol.

O jornal Público (19/06/07) traz no suplemento P2 duas páginas sobre um assunto que já tinha sido noticiado

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e que reproduzidos de seguida. As fotografias são da autoria de Gleb Garanich/Reuters.

Foi descoberta na Ucrânia uma vala comum com os restos de milhares de judeus, mortos pelos nazis na II Guerra. As autoridades judaicas querem fazer ali um monumento.O SEGREDO QUE SE ESCONDIA NO PRADOAs pessoas que vivem em Gvozdavka-1 (a cerca de 300 km a sul de Kiev) sabem que houve ali um campo de concentração durante a II Guerra, onde foram mortas pelo menos 5000 pessoas. Mas só em Abril surgiram provas indesmentíveis, quando a escavação para instalar tubagens de gás pôs a descoberto uma grande quantidade de ossos num prado onde os habitantes costumam apascentar as vacas.«ATIRÁVAMOS-LHE BATATAS E PÃO»Alguns dos judeus levados para aquele campo de concentração foram executados, outros morreram de fome e doença. «Eles punham a mão através da rede que cercava o campo, implorando comida. Atirávamos-lhes batatas e pão», recorda Olga Tomachenko, que hoje tem 78 anos. Só em Gvozdavka-1 pode haver mais quatro valas comuns de vítimas dos nazis e pensa-se que existem outras 700 na Ucrânia.DEVOLVER DIGNIDADE ÀS VÍTIMASA descoberta levou a Gvozdavka-1 muitos rabis. Remexiam o campo, em busca de ossos de vítimas do Holocausto, para os voltar a enterrar, cuidadosamente, dizendo uma oração. Vestidos com grossas casacas pretas tradicionais e chapéus de aba larga, tentam recuperar a dignidade das vítimas. «O que vi aqui vai ficar comigo para o resto da vida», disse à Reuters o rabi Shlomo Baksht.DEIXAR OS MORTOS EM PAZSeis milhões de judeus foram mortos pelos nazis durante a II Guerra Mundial. Mas nem todos foram cremados: os restos de milhões dessas vítimas do Holocausto enterrados em campas rasas na Europa de Leste e são revelados quando se fazem escavações. No caso de Gvozdavka-1, as autoridades judaicas não querem desenterrar as vítimas e tentar identificá-las – o que até seria possível, pois há registos, em arquivos israelitas e em Moscovo, das pessoas que para lá foram enviadas para morrer.«Queremos resguardar o local. Estes judeus são santos, deixá-los estar onde estão» disse Yakov Ruza, rabi do Instituto de Medicina Forense L. Greenberg, em Israel, Para os historiadores estas descobertas revelam o assassinato sistemático feito pela brigada Einsatzgruppe C. «Todas as cidades mais importantes da Ucrânia tinham um ghetto e valas comuns», disse à Reuters o historiador Viktor Korol.

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