ABRIL DE NOVO: PREC: Cronologia do Ano de 1975

05-10-2009
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15 de Maio de 1975 – Nota da Comissão Política do Comité Central do PCP sobre «as disposições aprovadas pelo Conselho de Ministros restrito» de 13 de Maio, saudando «novas nacionalizações que abarcam três importantes ramos da economia nacional, sobre a elevação do salário mínimo e as outras actualizações salariais» e algumas «medidas de austeridade», enquanto «exorta a classe operária, os trabalhadores, as massas populares, a manterem activa vigilância sobre todas as manobras contra-revolucionárias».15 de Maio de 1975 – A Comissão Coordenadora dos Trabalhadores do jornal REPÚBLICA protesta contra a cobertura da visita à China Popular duma delegação do PCP (m-l) (facção Vilar), importância dada pela redacção do jornal e que foi considerada como «excessiva» pelos gráficos e demais trabalhadores, que consideram como um gesto «político-partidário provocatório».15 de Maio de 1975 – A imprensa transcreve as declarações de Álvaro Cunhal ao jornal soviético PRAVDA, que afirma que «a revolução é invencível».15 de Maio de 1975 – José Manuel Tengarrinha declara numa conferência de imprensa do MDP/CDE que «as reivindicações irrealistas» dividem os trabalhadores e servem a reacção.15 de Maio de 1975 – Fernando dos Santos Gonçalves, antigo operacional da Acção Revolucionária Armada (ARA), que se encontrava detido há um mês, foi libertado pelo tribunal do Barreiro. Era acusado de ter sido condenado à revelia a 15 anos de prisão por acto contra a ditadura, por participação no assalto a uma agência local do Banco Totta Aliança. Foi considerado amnistiado por força do Decreto-Lei n.º 173/74.15 de Maio de 1975 – Militantes do MRPP, entre os quais 4 furriéis milicianos do RALIS, sequestram numa casa no Restelo, Lisboa, e espancam o ex-sargento fuzileiro José Coelho da Silva durante um «interrogatório irregular», acusado de conspiração e de pertencer ao ELP.15 de Maio de 1975 – General Morais e Silva tomou posse como Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, perante o presidente Costa Gomes, dizendo que a Força Aérea está «identificada com o processo revolucionário em curso». Assumiu também, por inerência, as funções de conselheiro do Conselho da Revolução.15 de Maio de 1975 – Comunicado da 5.ª Divisão definindo que o «projecto de Aliança Povo-MFA não visa a subalternização dos partidos políticos».15 de Maio de 1975 – Decreto n.º 231/75 que nomeia os subsecretários de Estado: do Orçamento, Alberto dos Santos Ramalheira; do Tesouro, Amândio Dias Camelo.15 de Maio de 1975 – Major Ernesto Melo Antunes chegou a Lisboa depois duma visita de urgência a Angola.15 de Maio de 1975 – Andrei Andreyevich Gromyko, ministro dos Negócios Estrangeiros soviético, afirma que «só o povo de Portugal tem o direito de decidir o seu futuro».16 de Maio de 1975 – Os pescadores de Peniche terminam a sua em greve, depois de dois meses de luta.16 de Maio de 1975 – Trabalhadores rurais desempregados ocupam terras em Montargil, Alentejo.16 de Maio de 1975 – Reunião do Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas do Distrito de Beja onde se faz o balanço da luta contra o desemprego, e os delegados dão conta da insatisfação dos trabalhadores que desejam avançar para a ocupação de terras.16 de Maio de 1975 – Nas colunas do jornal O SÉCULO aparece pela primeira vez a referência aos recém-criados CDR – Comités de Defesa da Revolução, afectos ao PCP e MDP.16 de Maio de 1975 – Decreto-Lei n.º 232/75 sobre a ocupação de casas.16 de Maio de 1975 – Surge o primeiro número de CASAVAGA: Jornal de Combate ao Problema da Habitação, dirigido por A. M. Mathiotte.16 de Maio de 1975 – Sai o primeiro número do jornal católico NOVA TERRA – Semanário de Opinião e Informação, sob direcção de Maria de Lurdes Belchior e propriedade do Patriarcado de Lisboa.16 de Maio de 1975 – O jornal REPÚBLICA publica o chamado “documento Veloso”, uma lista provisória de eventuais saneamentos a realizar na RTP, cuja autoria é atribuída à célula do PCP e a Manuel Jorge Veloso, crítico de jazz.16 de Maio de 1975 – A Comissão Coordenadora dos Trabalhadores do REPÚBLICA, representando os gráficos e trabalhadores dos serviços administrativos e comerciais, protesta em comunicado contra a posição da redacção do jornal acerca dos trabalhadores da RTP e do chamado “documento Veloso”.16 de Maio de 1975 – Manifestação de solidariedade ao povo angolano, entre o Rossio e a Fonte Luminosa, Lisboa, convocada pelo CIDAC, Casa dos Estudantes das Colónias e Associação dos Deficientes das Forças Armadas, com o apoio da FRETILIN, MPLA, PAIGG, CRTSM, FSP, LCI, LUAR, PRP-BR, Pró-UNEP e Junta de Coordenação Revolucionária da América Latina.17 de Maio de 1975 – Manifestação dos moradores convocada pela Inter-Comissões de Bairros de Lata, Bairros Pobres e Comissões de Moradores de Lisboa e Arredores, para exigir o direito à habitação e pela revogação do decreto anti-ocupação, sob o lema “casas sim, barracas não”, com concentração na Rotunda do Marquês de Pombal, seguido de desfile até à Câmara Municipal e ao Palácio de S. Bento. Contou com a presença de 10.000 moradores em representação de 50 bairros de barracas.17 de Maio de 1975 – Manifestação das comissões de moradores do Porto pela revogação imediata da “lei das ocupações”, exigindo a reorganização da gestão camarária, legalização das Associações de Moradores e a nacionalização dos solos urbanos. Foi apoiada pelo MES, OCMLP, UDP e Grupo 1.º de Maio.17 de Maio de 1975 – Festa de homenagem a Catarina Eufémia em Baleizão, com a presença do secretário-geral Álvaro Cunhal, de destacados dirigentes do PCP e representantes das Forças Armadas.17 de Maio de 1975 – Heduíno Vilar, secretário-geral do PCP (m-l), em conferência de imprensa, reafirma o apoio «às liberdades democráticas».17 de Maio de 1975 – Major José Costa Martins, ministro do Trabalho e conselheiro do Conselho da Revolução, garante «que Portugal cumprirá e respeitará todos os seus compromissos» na NATO, no rescaldo da sua visita aos Estados Unidos.17 de Maio de 1975 – Major Aventino Teixeira, administrador de O SÉCULO, advoga que os grupos económicos «em fuga» devem «suportar os prejuízos acumulados» pela imprensa.17 de Maio de 1975 – Francisco Pinto Balsemão, director do EXPRESSO, critica os partidos da coligação governamental, na medida em que «ficámos sem saber que socialismo querem Mário Soares, Magalhães Mota ou Álvaro Cunhal, ou Pereira de Moura».17 de Maio de 1975 – Prof. Santos Oliveira, ex-secretário-geral adjunto do PPD, demitiu-se por divergências ideológicas de fundo.17 de Maio de 1975 – Otelo Saraiva de Carvalho, brigadeiro graduado e governador militar de Lisboa, declara que «a dinâmica da revolução ultrapassará os partidos», pois as lutas partidárias «provocam um divisionismo entre as massas trabalhadoras».17 de Maio de 1975 – Brigadeiro Vasco Gonçalves visita a Sorefame, onde afirma que «só há duas posições, ou estamos na revolução ou estamos contra a revolução […] Não há meio caminho».17 de Maio de 1975 – João Gomes Cravinho, ministro da Indústria e Tecnologia, saúda os trabalhadores da Sorefame, dizendo que eles «estão na vanguarda da batalha da produção».17 de Maio de 1975 – Conferência de imprensa do MRPP para denunciar que o comandante Alpoim Calvão prepara um exército em Espanha para destabilizar o regime, dados apurados depois do interrogatório dum antigo fuzileiro.17 de Maio de 1975 – Principia no distrito de Bragança a “Campanha Maio-Nordeste”, de dinamização cultural e acção cívica, empreendida pela 5.ª Divisão, a qual será suspensa em Outubro.17 de Maio de 1975 – Vice-almirante Rosa Coutinho afirma que «as nacionalizações deviam ser feitas porque o poder económico deve ser controlado pelo poder político» e «a criação de comissões de trabalhadores deve ser apoiada».17 de Maio de 1975 – General António Silva Cardoso, alto-comissário em Angola, aponta as razões para a situação que se vive naquele território, no facto dos movimentos sobreporem «os interesses partidários ao interesse maior de Angola», a «imaturidade de certos responsáveis políticos e militares», a «corrida às armas» e «a interferência de forças estranhas».18 de Maio de 1975 – Os trabalhadores da EFACEC/INEL mantêm a ocupação da empresa e o sequestro dum director comercial para garantir a reintegração duma servente de limpeza e a satisfação doutras reivindicações.18 de Maio de 1975 – O MRPP detém e espanca o alferes comando Marcelino da Mata, sob acusação de conspirar com o comandante Alpoim Calvão e de ligações ao ELP, sendo depois entregue ao RAL 1.18 de Maio de 1975 – O MRPP sequestra e espanca em Coimbra o primeiro-cabo reformado Maximino dos Santos, mutilado de guerra e antigo combatente em Moçambique.18 de Maio de 1975 – Durante agitações de rua em Lisboa, Amadora e Santarém, o MRPP acusa Jaime Neves e Salgueiro Maia de envolvimento no 11 de Março e de ligações ao ELP.18 de Maio de 1975 – Capitão Carlos Matos Gomes, do Regimento de Comandos da Amadora, declara que não há «o menor indício de culpa do coronel Jaime Neves», rebatendo as acusações do MRPP.18 de Maio de 1975 – Incidentes entre elementos do MRPP e militares do RALIS, quando aqueles cercam o regimento para exigir um julgamento popular dos detidos que eles tinham entregue, havendo disparos e granadas de gás.18 de Maio de 1975 – Manifestação do MRPP junto da embaixada do Estados Unidos a fim de reclamar a expulsão do embaixador Franck Carlucci.18 de Maio de 1975 – O PS reelegeu o seu Secretariado, cooptando Alberto Arons de Carvalho e António Aires Rodrigues para as vagas existentes e indigitando Henrique de Barros como candidato do partido à presidência da Assembleia Constituinte e José Magalhães Godinho como líder parlamentar.18 de Maio de 1975 – Comunicado do PS sobre “O financiamento pelo Estado de órgãos de informação e a respectiva linha editorial”.18 de Maio de 1975 – D. António Ferreira Gomes, bispo do Porto, no fim da assembleia geral do Conselho de Leigos, afirma que «o povo português não é cegamente comunista nem anticomunista».19 de Maio de 1975 – A Comissão Coordenadora dos Trabalhadores e os tipógrafos do REPÚBLICA, afectos a grupos de extrema-esquerda revolucionária, decidem (11h40) «suspender do exercício das suas funções» o director Raul Rego, o director-adjunto Vítor Direito e o chefe de redacção João Gomes, que acusam de ter transformado o jornal num órgão oficial do PS e de dizer «meias verdades», ocupam as instalações, promovem a edição do jornal à revelia da redacção, elegem como director interino o «camarada Álvaro Belo Marques» e assinam o editorial “Estimado Leitor”.19 de Maio de 1975 – A Comissão Coordenadora dos Trabalhadores do REPÚBLICA, em nota, refere que nos últimos meses 14 jornalistas abandonaram o jornal «por se sentirem impotentes, limitados nos seus desejos profissionais» e que o vespertino estava «ao serviço dum partido».19 de Maio de 1975 – Os ministros do PS suspendem a participação no Governo Provisório, em protesto por causa do jornal REPÚBLICA.19 de Maio de 1975 – O PS, em nome duma “Comissão de Leitores da REPÚBLICA”, promove à tarde (18 horas), uma manifestação frente à sede do jornal. Palavras de ordem: “República é do Povo, não é de Moscovo”, “Rego amigo, o povo está contigo” e “este jornal não é de Cunhal”.19 de Maio de 1975 – Oficiais do COPCON e da Polícia Militar entram (19h30) nas instalações do REPÚBLICA, para manter a segurança interna e guardar o exterior.19 de Maio de 1975 – João Gomes, chefe de redacção do REPÚBLICA, reúne-se (20h25) com oficiais do COPCON para apresentar a versão e acusar a Comissão Coordenadora dos Trabalhadores de haver posto a direcção do jornal perante uma situação de «facto político».19 de Maio de 1975 – Mário Soares, Francisco Salgado Zenha, Mário Sottomayor Cardia e Manuel Alegre juntam-se (20h30) à manifestação socialista contra os trabalhadores do jornal REPÚBLICA.19 de Maio de 1975 – O edifício do jornal REPÚBLICA é apedrejado (20h45) pelos manifestantes, que gritam “morte à CIA e ao KGB”.19 de Maio de 1975 – Á noite (cerca das 22 horas), Mário Soares, acompanhado pelo major Fernando Lobato de Faria, tenta entrar nas dependências do jornal REPÚBLICA, no que é impedido pelos trabalhadores que lhe dizem: «Isto não é a sede do PS. Tu e o teu colega Cunhal devem pôr os olhos na força dos trabalhadores. Não hão-de continuar a brincar com o Povo». Outra frase dum tipógrafo: «Não me digam que lá fora está o povo. Quem ali está é o PS e os seus interesses neste jornal».19 de Maio de 1975 – Raul Rego pede (23h35) ao major Lobato de Faria, do Regimento de Comandos, para selar as portas do edifício do jornal, se o litígio não se solucionar.19 de Maio de 1975 – O COPCON acusa o MRPP de tentar dividir o MFA, a propósito da prisão de um ex-militar que aquele movimento fez e da sua posterior entrega à guarda do RAL 1.19 de Maio de 1975 – Assembleia do MFA no Alfeite para analisar os resultados eleitorais, a situação político-social e a situação política em Angola. Nessa assembleia, Mário da Silva Murteira, ministro do Planeamento e Coordenação Económica, faz uma comunicação sobre economia, defendendo a necessidade dum programa de emergência e de um Plano Económico de Transição.19 de Maio de 1975 – A Assembleia do MFA aprecia o relatório sobre os incidentes do 1.º de Maio. Esse relatório concluía que o PS tentara impedir a presença do MES e da FSP na tribuna, por os considerar partidos minoritários, e que o PS convocara uma concentração separada do local indicado pela Intersindical e que seguira trajecto diferente, ambas convergindo para o Estádio 1.º de Maio, onde a Intersindical chegara primeiro. A delegação do PS, com Mário Soares à cabeça, entrara no estádio na ocasião em que tomava a palavra o primeiro-ministro Vasco Gonçalves, tendo os manifestantes socialistas assobiado e vaiado, assim como durante o discurso de Costa Gomes. Quando o Presidente da República falava, Mário Soares foi impedido de entrar na tribuna por um dirigente da Intersindical, acusando-o de atitudes divisionistas.19 de Maio de 1975 – A Comissão Política do Conselho da Revolução apresenta na Assembleia do MFA uma exposição «extraindo das eleições as consequências que interessam» em relação ao «processo revolucionário em curso» e analisando o papel dos partidos, as suas estratégias, as pressões que exercem sobre o MFA e o «risco de divisão das massas populares» que alguns partidos causam «criando um clima pernicioso de disputa partidária, tipo Benfica-Sporting». Nessa exposição foram analisados e criticadas as tácticas dos partidos, em especial o PS, o PPD, o PCP e o MDP/CDE, não havendo qualquer referência ao CDS e à esquerda revolucionária.19 de Maio de 1975 – Coronel João Varela Gomes, durante a Assembleia do MFA, propõe a ilegalização do MRPP.19 de Maio de 1975 – Por despacho do ministro da Agricultura é criado o Conselho Regional de Reforma Agrária de Beja, que engloba os diversos organismos do Ministério da Agricultura e Pescas que existiam no distrito, com a função de orientar e executar as determinações governamentais para a reforma agrária.20 de Maio de 1975 – Tentativa de conversação (entre a 1h e 1h30 da manhã) entre elementos da Comissão Coordenador dos Trabalhadores (Joaquim Dias, Júlio Moreira, Delmar, Serrano, Vladimiro) e da Administração e redacção (Gustavo Caratão Soromenho, Raul D’Assunção Rego, Vítor Direito e João Gomes), servindo de medianeiro o major Lobato de Faria.20 de Maio de 1975 – Capitão-de-fragata Jorge Correia Jesuíno, ministro da Comunicação Social, e o director-geral da Informação, comandante Rui Freire Montez, chegam (2h10) ao jornal REPÚBLICA, depois de terminada a Assembleia do MFA.20 de Maio de 1975 – Às 2h20 da madrugada principia a reunião presidida pelo ministro Correia Jesuíno para encontrar uma solução de consenso entre os trabalhadores e a administração do REPÚBLICA, e resolver «da melhor maneira este grave problema». O ministro declara que ao «Governo Provisório não compete, em casos destes, tomar quaisquer medidas administrativas. Nem quer. Isso era no tempo da outra senhora». E de seguida defende que «A "República" é propriedade dos seus accionistas […] representados pela Administração. É esta quem detêm o suporte legal da empresa». Para além do ministro, intervieram Júlio Moreira, Delmar, Joaquim Dias (da CCT), João Gomes (chefe de redacção), Gustavo Soromenho (administrador delegado), Raul Rego (director), Jaime Matos da Gama (redacção) e comandante Rui Montez.20 de Maio de 1975 – Os elementos da Comissão Coordenadora dos Trabalhadores do REPÚBLICA, depois de considerarem que os «trabalhadores da produção deste jornal não colaboraram nessa luta que se travou entre PS e PC», a «luta que tem por objectivo transformar» o jornal num órgão «não partidário, objectivo, independente de partidos» e «ao serviço de todo o povo português antifascista e patriota», denunciando a instrumentalização do PS na redacção e visto que a «origem deste problema é a independência do jornal», decidem (4h40) «não ceder nem um palmo nas suas posições».20 de Maio de 1975 – Às 5 horas da manhã termina oficialmente a reunião, sendo definitivamente afastada qualquer hipótese de solução do conflito de maneira amigável. O edifício do vespertino REPÚBLICA é depois evacuado, encerrado e selado pelas forças militares.20 de Maio de 1975 – A UDP defende, em comunicado, a luta dos trabalhadores do jornal REPÚBLICA.20 de Maio de 1975 – Nota de imprensa do Ministério da Comunicação Social sobre o «conflito» no jornal REPÚBLICA, explicando que o «Governo não tem, de acordo com a lei vigente, competência para aplicar medidas administrativas a órgãos de informação», o qual devia «ser resolvido por via judicial», enquanto reprova «as manipulações partidárias de que este conflito foi pretexto e que se inscrevem em manobras divisionistas», cujo «único fim» parece «consistir em sabotar a própria marcha da revolução portuguesa», lamentando que «as palavras de ordem dos manifestantes, partidariamente controlados, fossem nitidamente ofensivas» para «as entidades oficiais que tentaram, por todos os meios, a mediação entre as partes em litígio».20 de Maio de 1975 – Mário Soares e Salgado Zenha são recebidos pelo presidente Costa Gomes, a quem comunicam que o PS não comparecerá ao Conselho de Ministros «enquanto não estiver solucionado o caso» REPÚBLICA.20 de Maio de 1975 – Manifestação do MRPP contra o fascismo, a propósito das prisões que este movimento efectuou recentemente.20 de Maio de 1975 – Capitão Vasco Correia Lourenço garante ao JORNAL DO COMÉRCIO que o MFA não quer acabar com os partidos.20 de Maio de 1975 – O Ministério da Educação e Cultura, através do ministro, major eng.º José Emílio da Silva, e dos secretários de Estado capitão Armando Fonseca de Almeida e Rui Grácio, manda encerrar o Liceu D. Amélia, em Lisboa.20 de Maio de 1975 – Manuel Saramago de Brito, engenheiro agrónomo, toma posse como director do Conselho Regional de Reforma Agrária de Beja, sendo subdirector Marcelino Sobral.20 de Maio de 1975 – Reunião do Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas do Distrito de Beja, onde se defende uma reforma agrária «feita com ordem e sob controle do Conselho Regional da Reforma Agrária».21 de Maio de 1975 – Os trabalhadores do jornal REPÚBLICA reúnem-se no Instituto Superior Técnico em plenário geral e mais tarde são recebidos no Ministério do Trabalho.21 de Maio de 1975 – O PRP-BR defende a luta dos trabalhadores do jornal REPÚBLICA, reafirmando que as «lutas de galo entre o PS e o PC que nada têm a ver com os interesses dos trabalhadores portugueses».21 de Maio de 1975 – O PCP afirma nada ter a ver com a ocupação do jornal REPÚBLICA, mas não condena de forma explicita a atitude dos trabalhadores. Álvaro Cunhal dirá que o PCP «não está com certeza do lado dos que gritam “Abaixo o MFA”».21 de Maio de 1975 – O MDP/CDE, em comunicado intitulado “UNIDADE – TRABALHO – SERENIDADE”, refere que «o PS está a desenvolver uma perigosa campanha procurando perturbar a opinião pública e agravar a clima político do País».21 de Maio de 1975 – Os redactores do jornal REPÚBLICA emitem um comunicado e protestam por telegrama junto do Ministério da Comunicação Social sobre a «manipulação dos acontecimentos» que alegam ter sido feita pelo DIÁRIO DE NOTÍCIAS e pelo O SÉCULO.21 de Maio de 1975 – O POVO LIVRE reproduz o comunicado do PPD intitulado “Quem quer calar a Imprensa Livre?”, defendendo a Administração e redacção do jornal REPÚBLICA.21 de Maio de 1975 – Comunicado do PPM afirma que «o caso do REPÚBLICA é um atentado que visa suprimir uma das liberdades fundamentais conquistadas», defendendo que a «unidade necessária à construção do socialismo no nosso País terá de passar pela convergência de todos num projecto comum».21 de Maio de 1975 – O CDS manifesta a sua profunda preocupação sobre o Caso REPÚBLICA, afirmando que «o dilema agora é: socialismo sim, mas com ou sem liberdades democráticas».21 de Maio de 1975 – Conselho da Revolução emite um comunicado especial acerca do Caso REPÚBLICA, em que afirma que «não pode deixar de estranhar a atitude assumida pelas forças partidárias, convocando inclusivamente manifestações de protesto e desagrado, quando o problema se acha em curso de solução legal, a única aliás, consentânea com a ordem democrática que se pretende ver consagrada no País».21 de Maio de 1975 – Sessão de esclarecimento na Lisnave para formação do Conselho Revolucionário de Trabalhadores na empresa.21 de Maio de 1975 – Durante um agitado plenário para impedir a suspensão e o despedimento de 9 trabalhadores da Plastiguel, freguesia de Colmeias (Leiria), que a entidade patronal saneara na véspera, o MFA foi chamado a intervir.21 de Maio de 1975 – O Comité Orientador da Comuna Che Guevara, instalada no antigo complexo turístico do Muxito, em Vale de Gatos, Amora, faz o balanço de dois meses de actividade da creche, parques infantis, centros de apoio à 3.ª idade, centro cultural e ocupação dos tempos livres. Abrange uma área de 35 hectares e ocupa 30 trabalhadores e cooperantes.21 de Maio de 1975 – Resolução do Conselho Político do MES intitulada “Tarefas dos Revolucionários: Construir a unidade das massas populares!”, visando «contribuir para a organização do poder popular», «marginalizar os partidos burgueses», «criar o exército popular», «erguer o controlo operário, derrotar a contra-revolução no terreno económico», dizendo «não à democracia burguesa, sim ao poder popular» para seguir «em frente pela revolução socialista».21 de Maio de 1975 – Registam-se incidentes e agressões físicas entre militantes do MRPP e simpatizantes da LUAR, do MES e dirigentes da Associação de Estudantes do Liceu Nacional de Faro.21 de Maio de 1975 – Álvaro Cunhal declara que os comunistas não querem «controlar os jornais de outros partidos», assim como «não comemos criancinhas nem damos injecções detrás das orelhas».21 de Maio de 1975 – Marcelo Rebelo de Sousa, antigo membro da comissão que redigiu a Lei de Imprensa, diz que as hipóteses de ocorrer algo como o “caso REPÚBLICA” nunca foram consideradas pela comissão de redacção, pois pensava ser «impossível» trabalhadores não jornalistas poderem «intervir na direcção ideológica de um jornal».21 de Maio de 1975 – O Ministério da Educação manda encerrar o Liceu Rainha D. Amélia, em Lisboa, por causa duma «estéril luta de grupúsculos» e uma «escalada de recusa de qualquer autoridade», até «se criarem condições para o seu normal funcionamento».21 de Maio de 1975 – O Conselho de Ministros determina a equiparação a bacharéis dos diplomados pelos institutos comerciais e a intervenção do Estado nas empresas Pão de Açúcar, Nutripol e Supermercados A. C. Santos.21 de Maio de 1975 – O Conselho da Revolução determina que os comandantes das regiões militares do continente passam a fazer parte do Conselho da Revolução.21 de Maio de 1975 – Manuel Franco Charais é nomeado novo comandante da Região Militar do Centro e graduado em brigadeiro pelo Conselho da Revolução.21 de Maio de 1975 – Pedro Pezarat Correia é nomeado novo comandante militar da região Sul e graduado no posto de brigadeiro pelo Conselho da Revolução.21 de Maio de 1975 – Duarte Pinto Soares, general graduado, é nomeado novo comandante da Academia Militar.


15 de Maio de 1975 – Nota da Comissão Política do Comité Central do PCP sobre «as disposições aprovadas pelo Conselho de Ministros restrito» de 13 de Maio, saudando «novas nacionalizações que abarcam três importantes ramos da economia nacional, sobre a elevação do salário mínimo e as outras actualizações salariais» e algumas «medidas de austeridade», enquanto «exorta a classe operária, os trabalhadores, as massas populares, a manterem activa vigilância sobre todas as manobras contra-revolucionárias».15 de Maio de 1975 – A Comissão Coordenadora dos Trabalhadores do jornal REPÚBLICA protesta contra a cobertura da visita à China Popular duma delegação do PCP (m-l) (facção Vilar), importância dada pela redacção do jornal e que foi considerada como «excessiva» pelos gráficos e demais trabalhadores, que consideram como um gesto «político-partidário provocatório».15 de Maio de 1975 – A imprensa transcreve as declarações de Álvaro Cunhal ao jornal soviético PRAVDA, que afirma que «a revolução é invencível».15 de Maio de 1975 – José Manuel Tengarrinha declara numa conferência de imprensa do MDP/CDE que «as reivindicações irrealistas» dividem os trabalhadores e servem a reacção.15 de Maio de 1975 – Fernando dos Santos Gonçalves, antigo operacional da Acção Revolucionária Armada (ARA), que se encontrava detido há um mês, foi libertado pelo tribunal do Barreiro. Era acusado de ter sido condenado à revelia a 15 anos de prisão por acto contra a ditadura, por participação no assalto a uma agência local do Banco Totta Aliança. Foi considerado amnistiado por força do Decreto-Lei n.º 173/74.15 de Maio de 1975 – Militantes do MRPP, entre os quais 4 furriéis milicianos do RALIS, sequestram numa casa no Restelo, Lisboa, e espancam o ex-sargento fuzileiro José Coelho da Silva durante um «interrogatório irregular», acusado de conspiração e de pertencer ao ELP.15 de Maio de 1975 – General Morais e Silva tomou posse como Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, perante o presidente Costa Gomes, dizendo que a Força Aérea está «identificada com o processo revolucionário em curso». Assumiu também, por inerência, as funções de conselheiro do Conselho da Revolução.15 de Maio de 1975 – Comunicado da 5.ª Divisão definindo que o «projecto de Aliança Povo-MFA não visa a subalternização dos partidos políticos».15 de Maio de 1975 – Decreto n.º 231/75 que nomeia os subsecretários de Estado: do Orçamento, Alberto dos Santos Ramalheira; do Tesouro, Amândio Dias Camelo.15 de Maio de 1975 – Major Ernesto Melo Antunes chegou a Lisboa depois duma visita de urgência a Angola.15 de Maio de 1975 – Andrei Andreyevich Gromyko, ministro dos Negócios Estrangeiros soviético, afirma que «só o povo de Portugal tem o direito de decidir o seu futuro».16 de Maio de 1975 – Os pescadores de Peniche terminam a sua em greve, depois de dois meses de luta.16 de Maio de 1975 – Trabalhadores rurais desempregados ocupam terras em Montargil, Alentejo.16 de Maio de 1975 – Reunião do Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas do Distrito de Beja onde se faz o balanço da luta contra o desemprego, e os delegados dão conta da insatisfação dos trabalhadores que desejam avançar para a ocupação de terras.16 de Maio de 1975 – Nas colunas do jornal O SÉCULO aparece pela primeira vez a referência aos recém-criados CDR – Comités de Defesa da Revolução, afectos ao PCP e MDP.16 de Maio de 1975 – Decreto-Lei n.º 232/75 sobre a ocupação de casas.16 de Maio de 1975 – Surge o primeiro número de CASAVAGA: Jornal de Combate ao Problema da Habitação, dirigido por A. M. Mathiotte.16 de Maio de 1975 – Sai o primeiro número do jornal católico NOVA TERRA – Semanário de Opinião e Informação, sob direcção de Maria de Lurdes Belchior e propriedade do Patriarcado de Lisboa.16 de Maio de 1975 – O jornal REPÚBLICA publica o chamado “documento Veloso”, uma lista provisória de eventuais saneamentos a realizar na RTP, cuja autoria é atribuída à célula do PCP e a Manuel Jorge Veloso, crítico de jazz.16 de Maio de 1975 – A Comissão Coordenadora dos Trabalhadores do REPÚBLICA, representando os gráficos e trabalhadores dos serviços administrativos e comerciais, protesta em comunicado contra a posição da redacção do jornal acerca dos trabalhadores da RTP e do chamado “documento Veloso”.16 de Maio de 1975 – Manifestação de solidariedade ao povo angolano, entre o Rossio e a Fonte Luminosa, Lisboa, convocada pelo CIDAC, Casa dos Estudantes das Colónias e Associação dos Deficientes das Forças Armadas, com o apoio da FRETILIN, MPLA, PAIGG, CRTSM, FSP, LCI, LUAR, PRP-BR, Pró-UNEP e Junta de Coordenação Revolucionária da América Latina.17 de Maio de 1975 – Manifestação dos moradores convocada pela Inter-Comissões de Bairros de Lata, Bairros Pobres e Comissões de Moradores de Lisboa e Arredores, para exigir o direito à habitação e pela revogação do decreto anti-ocupação, sob o lema “casas sim, barracas não”, com concentração na Rotunda do Marquês de Pombal, seguido de desfile até à Câmara Municipal e ao Palácio de S. Bento. Contou com a presença de 10.000 moradores em representação de 50 bairros de barracas.17 de Maio de 1975 – Manifestação das comissões de moradores do Porto pela revogação imediata da “lei das ocupações”, exigindo a reorganização da gestão camarária, legalização das Associações de Moradores e a nacionalização dos solos urbanos. Foi apoiada pelo MES, OCMLP, UDP e Grupo 1.º de Maio.17 de Maio de 1975 – Festa de homenagem a Catarina Eufémia em Baleizão, com a presença do secretário-geral Álvaro Cunhal, de destacados dirigentes do PCP e representantes das Forças Armadas.17 de Maio de 1975 – Heduíno Vilar, secretário-geral do PCP (m-l), em conferência de imprensa, reafirma o apoio «às liberdades democráticas».17 de Maio de 1975 – Major José Costa Martins, ministro do Trabalho e conselheiro do Conselho da Revolução, garante «que Portugal cumprirá e respeitará todos os seus compromissos» na NATO, no rescaldo da sua visita aos Estados Unidos.17 de Maio de 1975 – Major Aventino Teixeira, administrador de O SÉCULO, advoga que os grupos económicos «em fuga» devem «suportar os prejuízos acumulados» pela imprensa.17 de Maio de 1975 – Francisco Pinto Balsemão, director do EXPRESSO, critica os partidos da coligação governamental, na medida em que «ficámos sem saber que socialismo querem Mário Soares, Magalhães Mota ou Álvaro Cunhal, ou Pereira de Moura».17 de Maio de 1975 – Prof. Santos Oliveira, ex-secretário-geral adjunto do PPD, demitiu-se por divergências ideológicas de fundo.17 de Maio de 1975 – Otelo Saraiva de Carvalho, brigadeiro graduado e governador militar de Lisboa, declara que «a dinâmica da revolução ultrapassará os partidos», pois as lutas partidárias «provocam um divisionismo entre as massas trabalhadoras».17 de Maio de 1975 – Brigadeiro Vasco Gonçalves visita a Sorefame, onde afirma que «só há duas posições, ou estamos na revolução ou estamos contra a revolução […] Não há meio caminho».17 de Maio de 1975 – João Gomes Cravinho, ministro da Indústria e Tecnologia, saúda os trabalhadores da Sorefame, dizendo que eles «estão na vanguarda da batalha da produção».17 de Maio de 1975 – Conferência de imprensa do MRPP para denunciar que o comandante Alpoim Calvão prepara um exército em Espanha para destabilizar o regime, dados apurados depois do interrogatório dum antigo fuzileiro.17 de Maio de 1975 – Principia no distrito de Bragança a “Campanha Maio-Nordeste”, de dinamização cultural e acção cívica, empreendida pela 5.ª Divisão, a qual será suspensa em Outubro.17 de Maio de 1975 – Vice-almirante Rosa Coutinho afirma que «as nacionalizações deviam ser feitas porque o poder económico deve ser controlado pelo poder político» e «a criação de comissões de trabalhadores deve ser apoiada».17 de Maio de 1975 – General António Silva Cardoso, alto-comissário em Angola, aponta as razões para a situação que se vive naquele território, no facto dos movimentos sobreporem «os interesses partidários ao interesse maior de Angola», a «imaturidade de certos responsáveis políticos e militares», a «corrida às armas» e «a interferência de forças estranhas».18 de Maio de 1975 – Os trabalhadores da EFACEC/INEL mantêm a ocupação da empresa e o sequestro dum director comercial para garantir a reintegração duma servente de limpeza e a satisfação doutras reivindicações.18 de Maio de 1975 – O MRPP detém e espanca o alferes comando Marcelino da Mata, sob acusação de conspirar com o comandante Alpoim Calvão e de ligações ao ELP, sendo depois entregue ao RAL 1.18 de Maio de 1975 – O MRPP sequestra e espanca em Coimbra o primeiro-cabo reformado Maximino dos Santos, mutilado de guerra e antigo combatente em Moçambique.18 de Maio de 1975 – Durante agitações de rua em Lisboa, Amadora e Santarém, o MRPP acusa Jaime Neves e Salgueiro Maia de envolvimento no 11 de Março e de ligações ao ELP.18 de Maio de 1975 – Capitão Carlos Matos Gomes, do Regimento de Comandos da Amadora, declara que não há «o menor indício de culpa do coronel Jaime Neves», rebatendo as acusações do MRPP.18 de Maio de 1975 – Incidentes entre elementos do MRPP e militares do RALIS, quando aqueles cercam o regimento para exigir um julgamento popular dos detidos que eles tinham entregue, havendo disparos e granadas de gás.18 de Maio de 1975 – Manifestação do MRPP junto da embaixada do Estados Unidos a fim de reclamar a expulsão do embaixador Franck Carlucci.18 de Maio de 1975 – O PS reelegeu o seu Secretariado, cooptando Alberto Arons de Carvalho e António Aires Rodrigues para as vagas existentes e indigitando Henrique de Barros como candidato do partido à presidência da Assembleia Constituinte e José Magalhães Godinho como líder parlamentar.18 de Maio de 1975 – Comunicado do PS sobre “O financiamento pelo Estado de órgãos de informação e a respectiva linha editorial”.18 de Maio de 1975 – D. António Ferreira Gomes, bispo do Porto, no fim da assembleia geral do Conselho de Leigos, afirma que «o povo português não é cegamente comunista nem anticomunista».19 de Maio de 1975 – A Comissão Coordenadora dos Trabalhadores e os tipógrafos do REPÚBLICA, afectos a grupos de extrema-esquerda revolucionária, decidem (11h40) «suspender do exercício das suas funções» o director Raul Rego, o director-adjunto Vítor Direito e o chefe de redacção João Gomes, que acusam de ter transformado o jornal num órgão oficial do PS e de dizer «meias verdades», ocupam as instalações, promovem a edição do jornal à revelia da redacção, elegem como director interino o «camarada Álvaro Belo Marques» e assinam o editorial “Estimado Leitor”.19 de Maio de 1975 – A Comissão Coordenadora dos Trabalhadores do REPÚBLICA, em nota, refere que nos últimos meses 14 jornalistas abandonaram o jornal «por se sentirem impotentes, limitados nos seus desejos profissionais» e que o vespertino estava «ao serviço dum partido».19 de Maio de 1975 – Os ministros do PS suspendem a participação no Governo Provisório, em protesto por causa do jornal REPÚBLICA.19 de Maio de 1975 – O PS, em nome duma “Comissão de Leitores da REPÚBLICA”, promove à tarde (18 horas), uma manifestação frente à sede do jornal. Palavras de ordem: “República é do Povo, não é de Moscovo”, “Rego amigo, o povo está contigo” e “este jornal não é de Cunhal”.19 de Maio de 1975 – Oficiais do COPCON e da Polícia Militar entram (19h30) nas instalações do REPÚBLICA, para manter a segurança interna e guardar o exterior.19 de Maio de 1975 – João Gomes, chefe de redacção do REPÚBLICA, reúne-se (20h25) com oficiais do COPCON para apresentar a versão e acusar a Comissão Coordenadora dos Trabalhadores de haver posto a direcção do jornal perante uma situação de «facto político».19 de Maio de 1975 – Mário Soares, Francisco Salgado Zenha, Mário Sottomayor Cardia e Manuel Alegre juntam-se (20h30) à manifestação socialista contra os trabalhadores do jornal REPÚBLICA.19 de Maio de 1975 – O edifício do jornal REPÚBLICA é apedrejado (20h45) pelos manifestantes, que gritam “morte à CIA e ao KGB”.19 de Maio de 1975 – Á noite (cerca das 22 horas), Mário Soares, acompanhado pelo major Fernando Lobato de Faria, tenta entrar nas dependências do jornal REPÚBLICA, no que é impedido pelos trabalhadores que lhe dizem: «Isto não é a sede do PS. Tu e o teu colega Cunhal devem pôr os olhos na força dos trabalhadores. Não hão-de continuar a brincar com o Povo». Outra frase dum tipógrafo: «Não me digam que lá fora está o povo. Quem ali está é o PS e os seus interesses neste jornal».19 de Maio de 1975 – Raul Rego pede (23h35) ao major Lobato de Faria, do Regimento de Comandos, para selar as portas do edifício do jornal, se o litígio não se solucionar.19 de Maio de 1975 – O COPCON acusa o MRPP de tentar dividir o MFA, a propósito da prisão de um ex-militar que aquele movimento fez e da sua posterior entrega à guarda do RAL 1.19 de Maio de 1975 – Assembleia do MFA no Alfeite para analisar os resultados eleitorais, a situação político-social e a situação política em Angola. Nessa assembleia, Mário da Silva Murteira, ministro do Planeamento e Coordenação Económica, faz uma comunicação sobre economia, defendendo a necessidade dum programa de emergência e de um Plano Económico de Transição.19 de Maio de 1975 – A Assembleia do MFA aprecia o relatório sobre os incidentes do 1.º de Maio. Esse relatório concluía que o PS tentara impedir a presença do MES e da FSP na tribuna, por os considerar partidos minoritários, e que o PS convocara uma concentração separada do local indicado pela Intersindical e que seguira trajecto diferente, ambas convergindo para o Estádio 1.º de Maio, onde a Intersindical chegara primeiro. A delegação do PS, com Mário Soares à cabeça, entrara no estádio na ocasião em que tomava a palavra o primeiro-ministro Vasco Gonçalves, tendo os manifestantes socialistas assobiado e vaiado, assim como durante o discurso de Costa Gomes. Quando o Presidente da República falava, Mário Soares foi impedido de entrar na tribuna por um dirigente da Intersindical, acusando-o de atitudes divisionistas.19 de Maio de 1975 – A Comissão Política do Conselho da Revolução apresenta na Assembleia do MFA uma exposição «extraindo das eleições as consequências que interessam» em relação ao «processo revolucionário em curso» e analisando o papel dos partidos, as suas estratégias, as pressões que exercem sobre o MFA e o «risco de divisão das massas populares» que alguns partidos causam «criando um clima pernicioso de disputa partidária, tipo Benfica-Sporting». Nessa exposição foram analisados e criticadas as tácticas dos partidos, em especial o PS, o PPD, o PCP e o MDP/CDE, não havendo qualquer referência ao CDS e à esquerda revolucionária.19 de Maio de 1975 – Coronel João Varela Gomes, durante a Assembleia do MFA, propõe a ilegalização do MRPP.19 de Maio de 1975 – Por despacho do ministro da Agricultura é criado o Conselho Regional de Reforma Agrária de Beja, que engloba os diversos organismos do Ministério da Agricultura e Pescas que existiam no distrito, com a função de orientar e executar as determinações governamentais para a reforma agrária.20 de Maio de 1975 – Tentativa de conversação (entre a 1h e 1h30 da manhã) entre elementos da Comissão Coordenador dos Trabalhadores (Joaquim Dias, Júlio Moreira, Delmar, Serrano, Vladimiro) e da Administração e redacção (Gustavo Caratão Soromenho, Raul D’Assunção Rego, Vítor Direito e João Gomes), servindo de medianeiro o major Lobato de Faria.20 de Maio de 1975 – Capitão-de-fragata Jorge Correia Jesuíno, ministro da Comunicação Social, e o director-geral da Informação, comandante Rui Freire Montez, chegam (2h10) ao jornal REPÚBLICA, depois de terminada a Assembleia do MFA.20 de Maio de 1975 – Às 2h20 da madrugada principia a reunião presidida pelo ministro Correia Jesuíno para encontrar uma solução de consenso entre os trabalhadores e a administração do REPÚBLICA, e resolver «da melhor maneira este grave problema». O ministro declara que ao «Governo Provisório não compete, em casos destes, tomar quaisquer medidas administrativas. Nem quer. Isso era no tempo da outra senhora». E de seguida defende que «A "República" é propriedade dos seus accionistas […] representados pela Administração. É esta quem detêm o suporte legal da empresa». Para além do ministro, intervieram Júlio Moreira, Delmar, Joaquim Dias (da CCT), João Gomes (chefe de redacção), Gustavo Soromenho (administrador delegado), Raul Rego (director), Jaime Matos da Gama (redacção) e comandante Rui Montez.20 de Maio de 1975 – Os elementos da Comissão Coordenadora dos Trabalhadores do REPÚBLICA, depois de considerarem que os «trabalhadores da produção deste jornal não colaboraram nessa luta que se travou entre PS e PC», a «luta que tem por objectivo transformar» o jornal num órgão «não partidário, objectivo, independente de partidos» e «ao serviço de todo o povo português antifascista e patriota», denunciando a instrumentalização do PS na redacção e visto que a «origem deste problema é a independência do jornal», decidem (4h40) «não ceder nem um palmo nas suas posições».20 de Maio de 1975 – Às 5 horas da manhã termina oficialmente a reunião, sendo definitivamente afastada qualquer hipótese de solução do conflito de maneira amigável. O edifício do vespertino REPÚBLICA é depois evacuado, encerrado e selado pelas forças militares.20 de Maio de 1975 – A UDP defende, em comunicado, a luta dos trabalhadores do jornal REPÚBLICA.20 de Maio de 1975 – Nota de imprensa do Ministério da Comunicação Social sobre o «conflito» no jornal REPÚBLICA, explicando que o «Governo não tem, de acordo com a lei vigente, competência para aplicar medidas administrativas a órgãos de informação», o qual devia «ser resolvido por via judicial», enquanto reprova «as manipulações partidárias de que este conflito foi pretexto e que se inscrevem em manobras divisionistas», cujo «único fim» parece «consistir em sabotar a própria marcha da revolução portuguesa», lamentando que «as palavras de ordem dos manifestantes, partidariamente controlados, fossem nitidamente ofensivas» para «as entidades oficiais que tentaram, por todos os meios, a mediação entre as partes em litígio».20 de Maio de 1975 – Mário Soares e Salgado Zenha são recebidos pelo presidente Costa Gomes, a quem comunicam que o PS não comparecerá ao Conselho de Ministros «enquanto não estiver solucionado o caso» REPÚBLICA.20 de Maio de 1975 – Manifestação do MRPP contra o fascismo, a propósito das prisões que este movimento efectuou recentemente.20 de Maio de 1975 – Capitão Vasco Correia Lourenço garante ao JORNAL DO COMÉRCIO que o MFA não quer acabar com os partidos.20 de Maio de 1975 – O Ministério da Educação e Cultura, através do ministro, major eng.º José Emílio da Silva, e dos secretários de Estado capitão Armando Fonseca de Almeida e Rui Grácio, manda encerrar o Liceu D. Amélia, em Lisboa.20 de Maio de 1975 – Manuel Saramago de Brito, engenheiro agrónomo, toma posse como director do Conselho Regional de Reforma Agrária de Beja, sendo subdirector Marcelino Sobral.20 de Maio de 1975 – Reunião do Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas do Distrito de Beja, onde se defende uma reforma agrária «feita com ordem e sob controle do Conselho Regional da Reforma Agrária».21 de Maio de 1975 – Os trabalhadores do jornal REPÚBLICA reúnem-se no Instituto Superior Técnico em plenário geral e mais tarde são recebidos no Ministério do Trabalho.21 de Maio de 1975 – O PRP-BR defende a luta dos trabalhadores do jornal REPÚBLICA, reafirmando que as «lutas de galo entre o PS e o PC que nada têm a ver com os interesses dos trabalhadores portugueses».21 de Maio de 1975 – O PCP afirma nada ter a ver com a ocupação do jornal REPÚBLICA, mas não condena de forma explicita a atitude dos trabalhadores. Álvaro Cunhal dirá que o PCP «não está com certeza do lado dos que gritam “Abaixo o MFA”».21 de Maio de 1975 – O MDP/CDE, em comunicado intitulado “UNIDADE – TRABALHO – SERENIDADE”, refere que «o PS está a desenvolver uma perigosa campanha procurando perturbar a opinião pública e agravar a clima político do País».21 de Maio de 1975 – Os redactores do jornal REPÚBLICA emitem um comunicado e protestam por telegrama junto do Ministério da Comunicação Social sobre a «manipulação dos acontecimentos» que alegam ter sido feita pelo DIÁRIO DE NOTÍCIAS e pelo O SÉCULO.21 de Maio de 1975 – O POVO LIVRE reproduz o comunicado do PPD intitulado “Quem quer calar a Imprensa Livre?”, defendendo a Administração e redacção do jornal REPÚBLICA.21 de Maio de 1975 – Comunicado do PPM afirma que «o caso do REPÚBLICA é um atentado que visa suprimir uma das liberdades fundamentais conquistadas», defendendo que a «unidade necessária à construção do socialismo no nosso País terá de passar pela convergência de todos num projecto comum».21 de Maio de 1975 – O CDS manifesta a sua profunda preocupação sobre o Caso REPÚBLICA, afirmando que «o dilema agora é: socialismo sim, mas com ou sem liberdades democráticas».21 de Maio de 1975 – Conselho da Revolução emite um comunicado especial acerca do Caso REPÚBLICA, em que afirma que «não pode deixar de estranhar a atitude assumida pelas forças partidárias, convocando inclusivamente manifestações de protesto e desagrado, quando o problema se acha em curso de solução legal, a única aliás, consentânea com a ordem democrática que se pretende ver consagrada no País».21 de Maio de 1975 – Sessão de esclarecimento na Lisnave para formação do Conselho Revolucionário de Trabalhadores na empresa.21 de Maio de 1975 – Durante um agitado plenário para impedir a suspensão e o despedimento de 9 trabalhadores da Plastiguel, freguesia de Colmeias (Leiria), que a entidade patronal saneara na véspera, o MFA foi chamado a intervir.21 de Maio de 1975 – O Comité Orientador da Comuna Che Guevara, instalada no antigo complexo turístico do Muxito, em Vale de Gatos, Amora, faz o balanço de dois meses de actividade da creche, parques infantis, centros de apoio à 3.ª idade, centro cultural e ocupação dos tempos livres. Abrange uma área de 35 hectares e ocupa 30 trabalhadores e cooperantes.21 de Maio de 1975 – Resolução do Conselho Político do MES intitulada “Tarefas dos Revolucionários: Construir a unidade das massas populares!”, visando «contribuir para a organização do poder popular», «marginalizar os partidos burgueses», «criar o exército popular», «erguer o controlo operário, derrotar a contra-revolução no terreno económico», dizendo «não à democracia burguesa, sim ao poder popular» para seguir «em frente pela revolução socialista».21 de Maio de 1975 – Registam-se incidentes e agressões físicas entre militantes do MRPP e simpatizantes da LUAR, do MES e dirigentes da Associação de Estudantes do Liceu Nacional de Faro.21 de Maio de 1975 – Álvaro Cunhal declara que os comunistas não querem «controlar os jornais de outros partidos», assim como «não comemos criancinhas nem damos injecções detrás das orelhas».21 de Maio de 1975 – Marcelo Rebelo de Sousa, antigo membro da comissão que redigiu a Lei de Imprensa, diz que as hipóteses de ocorrer algo como o “caso REPÚBLICA” nunca foram consideradas pela comissão de redacção, pois pensava ser «impossível» trabalhadores não jornalistas poderem «intervir na direcção ideológica de um jornal».21 de Maio de 1975 – O Ministério da Educação manda encerrar o Liceu Rainha D. Amélia, em Lisboa, por causa duma «estéril luta de grupúsculos» e uma «escalada de recusa de qualquer autoridade», até «se criarem condições para o seu normal funcionamento».21 de Maio de 1975 – O Conselho de Ministros determina a equiparação a bacharéis dos diplomados pelos institutos comerciais e a intervenção do Estado nas empresas Pão de Açúcar, Nutripol e Supermercados A. C. Santos.21 de Maio de 1975 – O Conselho da Revolução determina que os comandantes das regiões militares do continente passam a fazer parte do Conselho da Revolução.21 de Maio de 1975 – Manuel Franco Charais é nomeado novo comandante da Região Militar do Centro e graduado em brigadeiro pelo Conselho da Revolução.21 de Maio de 1975 – Pedro Pezarat Correia é nomeado novo comandante militar da região Sul e graduado no posto de brigadeiro pelo Conselho da Revolução.21 de Maio de 1975 – Duarte Pinto Soares, general graduado, é nomeado novo comandante da Academia Militar.

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