ABRIL DE NOVO: PREC: Cronologia do Ano de 1975

05-10-2009
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22 de Maio de 1975 – A Comissão Coordenadora dos Trabalhadores do REPÚBLICA, em reunião com os delegados de seis jornais diários de Lisboa, reafirma a sua posição no conflito e apela à solidariedade da classe.22 de Maio de 1975 – Conferência de imprensa dos redactores do REPÚBLICA, onde reconhecem que «não é segredo para ninguém que» o jornal tem «toda a tendência socialista, jornalistas e leitores socialistas», mas «isso não é crime nenhum».22 de Maio de 1975 – Reunião no Palácio Foz entre o Conselho de Imprensa e o director e a Administração do REPÚBLICA.22 de Maio de 1975 – Carlos Antunes, dirigente do PRP-BR, declara em entrevista ao jornal A CAPITAL, que «ou caminhamos resolutamente na construção do socialismo […] ou caminhamos para uma derrota que efectivamente será fatal para os próprios trabalhadores».22 de Maio de 1975 – Nota da Comissão Política do Comité Central do PCP acerca da decisão dos socialistas «de deixarem de participar no Conselho de Ministros», que «aparece inserida numa vasta e histérica acção do PS contra a política e as medidas progressistas do Conselho da Revolução e do Governo Provisório, contra o processo democrático, contra as forças revolucionárias», tomando por «pretexto o conflito dos trabalhadores com a direcção do "República"», actuando «como partido da oposição». Condena «as atitudes e actividades do PSD» e que os «grupos provocatórios pseudo-revolucionários, estão servindo e animando as forças da reacção», em especial «as provocações contra-revolucionárias do MRPP», e «os apelos a greves que não servem os trabalhadores nem o processo democrático».22 de Maio de 1975 – Conferência de imprensa de Mário Soares sobre o “Caso República”, reafirmando que o PS não voltará ao Conselho de Ministros enquanto não forem dadas garantias. O PS refuta também as conclusões do inquérito ao 1.º de Maio.22 de Maio de 1975 – O DIÁRIO DE NOTÍCIAS em nota editorial refuta a acusação de seguidismo em relação ao PCP e relembra que no I Governo Provisório o PS «não hesitou em colocar em postos-chaves da Informação», em especial na RTP, Emissora Nacional e DN, alguns “independentes” «que, por acaso, até pertenciam ao PS». O mesmo jornal publica dois comunicados subscritos pelo Conselho de Redacção e pela Comissão de Trabalhadores em que repudiam as acusações contra si lançadas pelo secretário-geral do PS.22 de Maio de 1975 – Álvaro Cunhal em declarações à RTP afirma que a «dinâmica revolucionária não coincide com a dinâmica eleitoralista».22 de Maio de 1975 – Manifestação do PS, com Mário Soares à cabeça, ao fim da tarde, entre o Rossio e S. Pedro de Alcântara, em Lisboa, contra o encerramento do jornal REPÚBLICA, com apoio do PCP (m-l), PPD e PPM, com ataques desenfreados contra o PCP e a UDP. Mário Soares afirma no comício final que «se nós, pelo nosso lado, honrámos e honraremos o Pacto que solenemente firmámos perante o Presidente da República, é preciso que o MFA também honre o Pacto».22 de Maio de 1975 – Manifestação do PS na Praça da Liberdade, no Porto, de «apoio e amizade ao REPÚBLICA e a Raul Rego».22 de Maio de 1975 – O Plenário Geral de Trabalhadores da RTP debate o chamado “documento Veloso”, uma lista de funcionários a serem saneados. Foi aprovada a suspensão de Manuel Jorge Veloso, autor assumido como «mero apontamento pessoal».22 de Maio de 1975 – O Conselho da Revolução emite um comunicado onde analisa a situação do jornal REPÚBLICA e afirma que não aceitará que qualquer partido se considere como exclusivo intermediário das ligações políticas e sociais entre o Povo e o MFA, definindo ainda a posição de neutralidade das autoridades portuguesas no conflito inerente ao processo de descolonização de Angola, apelando para o respeito do Acordo de Alvor.23 de Maio de 1975 – As instalações das Minas de S. Pedro da Cova, que estavam encerradas desde 1969, são ocupadas pelos antigos mineiros e moradores da freguesia.23 de Maio de 1975 – Conferência de imprensa dos trabalhadores da Rádio Renascença, relembra que a natureza do seu conflito com o Patriarcado é «de trabalho» e que já leva 13 meses de duração, pelo que não é comparável ao Caso REPÚBLICA, e ao mesmo tempo fazem um balanço crítico da comissão mista nomeada pelo Governo, apontando contradições ao Conselho de Gerência, à hierarquia da Igreja e ao primeiro-ministro, que lhes disse não ter tempo para os receber.23 de Maio de 1975 – A FSP acusa o PS de estar «interessado por todos os meios no aprofundamento» do Caso REPÚBLICA.23 de Maio de 1975 – O MES crítica severamente o PS, considerando que o Caso REPÚBLICA é uma ponta da crise «puxada por quem interessava provocar a crise».23 de Maio de 1975 – O Conselho da Revolução, em comunicado emitido, «reprova a especulação feita em torno da paralisação do jornal» REPÚBLICA e a forma «como o litigio foi explorado» de «maneira absolutamente desproporcionada à importância do incidente».23 de Maio de 1975 – O Secretariado Nacional do PS reúne-se (às 15h30) com o Conselho da Revolução numa audiência que demora perto de quatro horas. Finda a reunião, Sottomayor Cardia reafirma a decisão do PS em não participar com Conselho de Ministros.23 de Maio de 1975 – O PCP reúne-se (22h) com o Conselho da Revolução para apreciação do Caso REPÚBLICA.23 de Maio de 1975 – Mário Murteira, ministro do Planeamento e Coordenação Económica, e José Manuel de Mello, do Grupo CUF, estabelecem um acordo definindo os termos da intervenção do Estado Português na empresa.23 de Maio de 1975 – Decreto-Lei n.º 251/75 que cria uma linha de crédito de emergência destinada aos camponeses, pequenos e médios produtores agrícolas e produtores autónomos sem assalariados.24 de Maio de 1975 – Vaga de ocupações de casas em Lisboa e arredores.24 de Maio de 1975 – A Assembleia Geral do Sindicato dos Enfermeiros da Zona Sul aprova o seu caderno reivindicativo.24 de Maio de 1975 – Ocorrem agressões físicas durante o plenário dos trabalhadores de vestuário no Teatro da Feira do Palácio de Cristal, no Porto, durante a discussão sobre o horário de trabalho.24 de Maio de 1975 – Os trabalhadores da Gel-Mar trabalharam este dia sem qualquer vencimento, no âmbito da “batalha da produção, rumo ao socialismo”, havendo trabalhadores administrativos e empregadas de escritório que foram para o sector fabril amanhar e embalar o peixe ou fazer limpezas.24 de Maio de 1975 – Manifestação no Porto de apoio ao MPLA, convocada pelo CIDAC, FSP, LCI, LUAR, MES e PRP-BR.24 de Maio de 1975 – A Comissão Coordenadora dos Trabalhadores do REPÚBLICA reafirma, em comunicado, o desejo de «restituir o jornal ao seu legítimo e verdadeiro dono: o Povo Português».24 de Maio de 1975 – Álvaro Belo Marques, director comercial e membro da Comissão Coordenadora dos Trabalhadores do REPÚBLICA, reafirma com grande veemência as razões dos trabalhadores do jornal e que o objectivo dos trabalhadores não jornalistas é «participar na feitura do jornal».24 de Maio de 1975 – Os jornalistas do REPÚBLICA afectos à direcção, em comunicado, comentam o texto do Conselho da Revolução sobre o problema do jornal, negando que seja «um conflito entre a administração e trabalhadores da empresa, antes afirmando-o eminentemente político».24 de Maio de 1975 – Trabalhadores dos jornais A CAPITAL, DIÁRIO DE LISBOA, DIÁRIO DE NOTÍCIAS, DIÁRIO POPULAR e O SÉCULO, manifestam o seu «inequívoco apoio» aos trabalhadores ocupantes do REPÚBLICA, que «estão em luta por uma verdadeira liberdade de imprensa».24 de Maio de 1975 – Mário Soares parte, de manhã, para Paris a fim de participar na cimeira dos secretários-gerais dos Partidos Socialistas mediterrânicos e da Europa do Sul. Afirmou na ocasião que a reunião entre o PS e o Conselho da Revolução foi «muito boa» e que «estamos a negociar» para que «o pluralismo seja assegurado».24 de Maio de 1975 – Comício do PS no Pavilhão dos Desportos, em Lisboa, de apoio à direcção, administração e redacção do jornal REPÚBLICA, de defesa da liberdade de imprensa e protesto contra o que considera ser «o assalto aos meios de comunicação por parte do PCP». Discursos de Maria Antónia Palla, Jaime Gama, Álvaro Guerra, Trigo de Morais e Estrela Serrano. Francisco Salgado Zenha fez a intervenção de fundo, dizendo que «não manda quem quer, manda quem o povo quer».24 de Maio de 1975 – A direcção e a redacção do EXPRESSO publicam uma nota conjunta criticando «a influência dominante do PS» no REPÚBLICA e rejeitam todo os tipo de pressões.24 de Maio de 1975 – O semanário SEMPRE FIXE põe em causa a «idoneidade revolucionária» do PS, acusando-o de procurar pretextos para travar o processo revolucionário, desacreditar as forças democráticas e pôr em causa o MFA.24 de Maio de 1975 – Por motivos de saúde, Francisco de Sá Carneiro, alegando que «nem o tempo nem as forças me permitem», pede a suspensão das funções de secretário-geral do PPD.24 de Maio de 1975 – O Governo nomeou uma comissão administrativa pata gerir a Câmara Municipal do Porto, devido ao «impasse» causado pelo prolongado conflito e à greve dos trabalhadores municipais.24 de Maio de 1975 – Membros do MFA e do Governo Provisório deslocaram-se ao Norte do País para dinamizar a “batalha da produção”, tendo conversado com operários e mineiros.24 de Maio de 1975 – Publicação do despacho que nomeia uma comissão administrativa para a Cooperativa Horto-Frutícola do Roxo, Aljustrel.24 de Maio de 1975 – A Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Lisboa divulga o acordo que estabeleceu com o Governo, freguesias, estruturas militares e policiais, para a requisição de todos os fogos habitacionais «em favor da população mais necessitada».24 de Maio de 1975 – Vice-almirante José Pinheiro de Azevedo, Chefe do Estado-Maior da Armada e conselheiro do Conselho da Revolução, reiterou em Bruxelas a fidelidade de Portugal à OTAN.24 de Maio de 1975 – Capitão-de-fragata Correia Jesuíno, ministro da Comunicação Social, garante que os jornalistas «formam uma classe progressista e de vanguarda» e que se pretende ter «vozes independentes e capazes de análise desassombrada».25 de Maio de 1975 – O Conselho de Redacção do JORNAL DE NOTÍCIAS rejeita as afirmações de Mário Soares, segundo o qual o REPÚBLICA e o JORNAL NOVO seriam «os únicos jornais independentes», lembrando que o matutino portuense se assume como «independente de qualquer partido», havendo militantes de todos os partidos, «nomeadamente do Partido Socialista» na sua redacção.25 de Maio de 1975 – Durante um comício do PCP no Couço, Álvaro Cunhal acusa o PS de não querer o socialismo.25 de Maio de 1975 – Emídio Guerreiro, 75 anos, matemático, resistente antifascista e lutador anti-salazarista, antifranquista e antinazi, é eleito secretário-geral substituto do PPD, derrotando as candidaturas de Magalhães Mota, Sá Borges e Mota Pinto, depois de diversas escrutínios.25 de Maio de 1975 – Viaturas blindadas do Exército escoltam a transferência de 358 agentes da ex-PIDE da cadeia de Monsanto para Alcoentre, donde fugiriam no mês seguinte.25 de Maio de 1975 – José Morais e Silva, general graduado e Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, deslocou-se a Trás-os-Montes para avaliar a primeira fase da Operação Maio-Nordeste, afirmando que para ganhar a confiança das populações «para a revolução, é preciso trabalhar com a enxada, lado a lado com elas».26 de Maio de 1975 – Conferência de imprensa de operários do Conselho de Defesa dos Trabalhadores da Lisnave para denunciar actos de sabotagem internacional contra a empresa, rescisões de contractos e diminuição de encomendas, visando estrangular a empresa e ameaçar os operários com o desemprego. Estiveram presentes Guedes Lebre, António Gamito, Fernando Oliveira, António Runa, António Costa e Joaquim Sampaio.26 de Maio de 1975 – Manobras da OTAN, que motivam diversas manifestações de protesto contra a ingerência imperialista.26 de Maio de 1975 – Manifestação conjunta da CMLP e da OCMLP, no Rossio, em Lisboa, contra as manobras da OTAN e contra a «ingerência do imperialismo».26 de Maio de 1975 – O Secretariado Nacional Provisório Pró-Conselhos Revolucionários de Trabalhadores, Soldados e Marinheiros, manifesta o seu repúdio pela suspensão dos tenentes Tomé, Sá Leal e Guerra, afastados da Comissão de Extinção da ex-PIDE/DGS e LP por defenderem a existência dos CRTSM. No seguimento dessas suspensões, o major Vargas demitiu-se por solidariedade.26 de Maio de 1975 – Assembleia Geral do Sindicato dos Jornalistas aprova uma moção dizendo que «a Lei de Imprensa defende (como o prova o “caso REPÚBLICA”) a entidade patronal» e fomenta uma informação «elitistas», promovendo o afastamento dos «trabalhadores de outras secções, muito em especial os gráficos» que «ficaram sem qualquer possibilidade de intervenção no trabalho».26 de Maio de 1975 – Mário Soares acusa o PCP de ser «impermeável à Europa» e de ameaçar o desanuviamento europeu.26 de Maio de 1975 – Assalto e destruição à sede do MDP/CDE em Bragança, que seria reivindicado pelo ELP.26 de Maio de 1975 – Comunicado da Comissão Política do Comité Central do PCP apelando à participação na «grande manifestação popular» de «apoio ao MFA, em defesa das liberdades e pela construção de um Portugal democrático a caminho do socialismo», convocada para 28 de Maio.26 de Maio de 1975 – Assembleia extraordinária do MFA, realizada no Centro de Sociologia Militar de Lisboa, aprova o reforço da Aliança Povo/MFA, analisa o “Caso REPÚBLICA”, faz o rescaldo das eleições e a oposição entre a «via eleitoral ou a via revolucionária», crítica o PS por abandonar o Conselho de Ministros, chegando a equacionar a hipótese da criação dum «governo unitário». Foi também aprovada a moção de Varela Gomes para a ilegalização do MRPP, havendo debate com intervenções radicais de Varela Gomes, Dinis de Almeida e Pinheiro de Azevedo, em contraposição à intervenção conciliatória de Costa Gomes.26 de Maio de 1975 – O MFA critica a ausência do PS do Conselho de Ministros e manifesta apoio ao primeiro-ministro Vasco Gonçalves.26 de Maio de 1975 – Brigadeiro Otelo Saraiva de Carvalho declara que «as lutas partidárias estão a praticar um divisionismo imenso das massas trabalhadoras» e que «não interessam absolutamente nada ao Povo Português».26 de Maio de 1975 – O “Boletim da Direcção de Serviços de Emprego” anuncia a existência de 216.000 desempregados.27 de Maio de 1975 – Os trabalhadores da Rádio Renascença ocupam os estúdios da Rua Capelo, Lisboa, e o Centro Emissor da Buraca, tendo sido retirada a designação de “Emissora Católica Portuguesa”, passando a denominar-se “Rádio Renascença ao serviço dos trabalhadores”.27 de Maio de 1975 – A Assembleia Geral do Conselho de Defesa dos Trabalhadores da Lisnave aprova a criação do Conselho de Controlo Operário de Sector, visando o controlo da actividade social e o controlo operário de produção do estaleiro, advogando a capacidade de vetar qualquer medida da Administração que seja lesiva dos interesses dos trabalhadores.27 de Maio de 1975 – O Plenário Geral de Trabalhadores, representativo de 3.300 trabalhadores, decidiu que as cadeias Pão de Açúcar, A. C. Santos e Nutripol passam a chamar-se “Supermercados do Povo”.27 de Maio de 1975 – O Conselho de Imprensa toma pública a sua posição acerca do “Caso REPÚBLICA”, onde reconhece a violação da Lei de Imprensa «ao serem destituídos, pela Comissão Coordenadora de Trabalhadores, o director e director-adjunto» e a chefia de redacção, e também «ao ter sido publicado um número do jornal REPÚBLICA com a menção do Sr. Álvaro Belo Marques como director interino», mas por outro lado pondera que existia «uma insuficiência da Lei perante a evolução do processo revolucionário, particularmente no que se refere à participação do conjunto dos trabalhadores […] na definição e aplicação do Estatuto Editorial», de modo a garantir a salvaguarda do «direito do povo à liberdade de informação».27 de Maio de 1975 – O Sindicato dos Profissionais de Telecomunicações e Radiodifusão emite uma nota de solidariedade com a «luta dos trabalhadores da Rádio Renascença» que deu «um passo significativo na afirmação dos seus legítimos interesses de classe», dentro «da maior colaboração com o processo democrático».27 de Maio de 1975 – Oficiais do COPCON entregam ao Conselho da Revolução o “Documento dos Operacionais do COPCON”, saído de uma reunião entre os comandantes e delegados do MFA das unidades do COCPON da Região Militar de Lisboa, no qual se faz apologia da «direcção do processo de ligação às estruturas populares e da revolução cultural». O documento-moção, em 10 pontos, visava «objectivar a curto prazo as etapas do nosso caminho para o socialismo», «redefinir a base da aliança POVO-MFA», construir «o embrião as verdadeiras forças revolucionárias» em «contacto directo com as massas populares», dirigir o «processo de ligação às estruturas populares e da revolução cultural», declarar que «um dos principais inimigos da revolução é a burocracia» e as «leis fascistas», transformar as «autarquias locais» em «órgãos de planeamento e gestão da vontade popular», reestruturar o Ministério da Justiça «por forma a adaptar-se ao processo revolucionária», traçar «objectivos concretos com as forças patrióticas e progressistas», mobilizar «todas as capacidades do povo português» e reafirmar «o apoio ao general Otelo» e «ao primeiro-ministro Vasco Gonçalves».27 de Maio de 1975 – Acções desencadeadas em Coimbra pelo COPCON contra o MRPP, por causa das «agressões atentórias da ordem pública e da dignidade humana» recentemente perpetrados por este movimento.27 de Maio de 1975 – Publicado o Decreto-Lei n.º 261/75, a chamada Lei do Divórcio, que consagra a dissolução dos casamentos canónicos pelos tribunais civis.28 de Maio de 1975 – Os trabalhadores da Rádio Renascença atribuem a actos de sabotagem realizados pelo Conselho de Gerência ao facto dos emissores de frequência modulada, localizado em Monsanto, e da Lousã, terem deixado de transmitir a emissão a partir de Lisboa.28 de Maio de 1975 – Manifestação da UDP para defender a não ingerência de Portugal nos assuntos internos de Angola e contra a presença da esquadra da OTAN em Lisboa.28 de Maio de 1975 – O PRP-BR crítica o PCP e o PS e repisa «que os militares revolucionários» devem assumir «toda a responsabilidade revolucionária», defendendo que os trabalhadores «se organizem em Conselhos Revolucionários de Trabalhadores, Soldados e Marinheiros (CRTSM)», embrião do «verdadeiro Exército Revolucionário».28 de Maio de 1975 – Guilhermino Lelo, militante do núcleo da Covilhã do MES, foi atingido a tiro durante uma operação stop realizada por militares.28 de Maio de 1975 – As sedes e associações do MRPP são ocupadas pelo COPCON que prende 432 activistas e dirigentes nas cadeias de Caxias e Pinheiro da Cruz, na sequência do sequestro e espancamento de ex-militares, por o jornal LUTA POPULAR ter acusado Jaime Neves e Salgueiro Maia de estarem implicados num golpe, e por «actividades contra-revolucionárias». Segundo outras informações, o Comité Lenine do MRPP teria decidido assaltar arrecadações e quartéis para obter armas, o que teria desencadeado a operação. Entre os presos, encontravam-se o secretário-geral Arnaldo de Matos, Carlos dos Santos, Fernando Rosas, José Freire Antunes, Almeida Perucho, António Russo Dias, etc.28 de Maio de 1975 – Manifestação de apoio ao MFA convocada pelo PCP, MDP, FSP e Intersindical, com discurso gratulatório de Costa Gomes.28 de Maio de 1975 – Capitão Vasco Lourenço, porta-voz do Conselho da Revolução, assegura que o «processo revolucionário em curso não é propriedade de nenhum partido político».28 de Maio de 1975 – Brigadeiro Vasco Gonçalves parte para Bruxelas a fim de participar na cimeira de Chefes de Estado e de Governo da OTAN.28 de Maio de 1975 – Brigadeiro Vasco Gonçalves é promovido a general.28 de Maio de 1975 – Brigadeiro Otelo Saraiva de Carvalho é graduado no posto de general.28 de Maio de 1975 – Os comandantes da Região Militar do Norte, Eurico Corvacho, do Centro, Franco Charais, e do Sul, Pezarat Correia, tomam assento no Conselho da Revolução.28 de Maio de 1975 – Oito navios da esquadra permanente da OTAN/NATO no Atlântico entram no porto de Lisboa, no âmbito dos exercícios navais na costa portuguesa.29 de Maio de 1975 – Diversas iniciativas assinalam o primeiro ano (25 de Maio de 1974) da luta, ocupação da fábrica e autogestão das trabalhadoras da SOGANTAL, na Praça de Touros, no Montijo, com teatro e canto livre com «os melhores artistas progressistas», entre os quais o GAC – Grupo de Acção Cultural.29 de Maio de 1975 – Comunicado do COPCON sobre o MRPP, para justificar as acções desencadeadas a 27 e 28 de Maio, onde se afirma que esta organização vive numa «constante procura de confrontação com as autoridades revolucionárias» através de «um intenso verbalismo demagógico» e «uma bem preparada e orquestrada actividade panfletária e de imprensa escrita», em tudo «semelhante a um qualquer tipo de seita religiosa, com reduzida implantação junto das autênticas massas trabalhadoras do País», sendo «sempre de benévola condescendência a atitude do COPCON face à dinâmica falsamente revolucionária», porém, desta feita «o COPCON, braço armado das Forças Armadas para a defesa da Revolução», acusa o MRPP de sequestro, espancado e «outras sevícias» a 3 ex-militares.29 de Maio de 1975 – Trabalhadores de O SETUBALENSE, num gesto de «solidariedade da classe operária», impediram a impressão de uma edição do REPÚBLICA, sob responsabilidade da redacção solidária com Raul Rego.29 de Maio de 1975 – Surge o 1.º número do JORNAL DO CASO REPÚBLICA, sob direcção de Raul Rego, sendo editor Gustavo Soromenho, e de cuja redacção faziam parte Alberto Arons de Carvalho, Álvaro Guerra, Álvaro Tavares, Antónia de Sousa, Artur Alpedrinha, Belard da Fonseca, Carlos Soares, João Grego Esteves, Helena Marques, Jaime Gama, Jardim Gonçalves, João Gomes, Jorge Morais, José Man, Manuel Arons de Carvalho, Marcelino Mesquita, Nuno Coutinho, Paz Ferreira, Pedro Foyos e Rocha Vieira. Fora autorizado com um alvará provisório e teria uma tiragem de quarenta mil exemplares.29 de Maio de 1975 – Surge nas bancas a primeira edição do semanário TEMPO, dirigido por Nuno Rocha.29 de Maio de 1975 – Despacho do Ministério do Trabalho determina que a empresa proprietária do REPÚBLICA deve efectuar o pagamento dos salários aos trabalhadores nos dias em que o jornal estiver encerrado.29 de Maio de 1975 – General Vasco Gonçalves, presente na cimeira de Bruxelas, afirma durante um encontro com Gerald Ford e Henry Kissinger que Portugal não é «o cavalo de Tróia dentro da NATO». Teve também encontros com seus homólogos Helmut Schmidt (Alemanha Federal), Harold Wilson (Grã-Bretanha) e Pierre Trudeau (Canadá).29 de Maio de 1975 – Vice-almirante Rosa Coutinho afirma ao QUOTIDIEN DE PARIS que o PS «traiu de certa maneira o país».30 de Maio de 1975 – Os ministros do PS retomam funções no Governo Provisório, «garantindo ao MFA a sua total colaboração na edificação da sociedade socialista».30 de Maio de 1975 – Decreto-Lei n.º 270/75 que institui o Serviço Cívico Estudantil para alunos pré-universitários, visando «assegurar aos estudantes uma mais adequada integração na sociedade» e um «mais amplo contacto» com a realidade, para assim «contribuir para a combinação da educação pelo trabalho intelectual com a educação pelo trabalho manual e quebrar o isolamento da escola em relação à vida» do País.30 de Maio de 1975 – O responsável pelo emissor da Lousã, da rede nacional da frequência modulada da Rádio Renascença, faz a ligação com o emissor do Porto, cortando a transmissão com o emissor de Lisboa.30 de Maio de 1975 – Trabalhadores e artistas formam o Comité de Defesa da Revolução (CDR) do sector de espectáculos, estrutura civil que pretende reforçar a «aliança do movimento popular de massas com o MFA». Entre os fundadores estão Artur Semedo, Carlos César, Costa Ferreira, Ermelinda Duarte, Guida Maria, Henriqueta Maia, Irene Cruz, João Lourenço, José Gomes, José Viana, José Morais e Castro, Rogério Paulo e Rui Mendes.30 de Maio de 1975 – Começaram a ser libertados alguns militantes e dirigentes do MRPP recentemente detidos pelo COPCON.30 de Maio de 1975 – Resolução do Conselho de Ministros que estabelece providências para as empresas do grupo CUF.31 de Maio de 1975 – As Comissões de Moradores são reconhecidas como «órgãos de colaboração e participação nas decisões da Presidência da Câmara do Porto».31 de Maio de 1975 – Os trabalhadores rurais decidem ocupar na região da Vidigueira as herdades da Misericórdia, Cortes de Baixo e Peso, o que não sucedeu por motivos diversos, e também por não terem sido autorizadas pelo Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas do Distrito de Beja.31 de Maio de Maio de 1975 – Álvaro Belo Marques, director do REPÚBLICA por indicação dos trabalhadores, garante que nenhum partido domina a lutas dos 143 trabalhadores não jornalistas e que estes estão unidos para impedir que o jornal, «por mor do seu enfeudamento ao PS, caminhasse a passos rápidos para a ruína económica».31 de Maio de 1975 – Reunião em Belém por causa do jornal REPÚBLICA com a presença do Conselho da Revolução, do major José Costa Martins, ministro do Trabalho, capitão-de-fragata Jorge Correia Jesuíno, ministro da Comunicação Social, major Arlindo Dias Ferreira (em nome do COPCON) e de Raul Rego (director), Gustavo Soromenho (administrador) e João Gomes (chefe de redacção). Foi alcançada uma plataforma de acordo.31 de Maio de 1975 – Comício do MRPP em Paço de Arcos.31 de Maio de 1975 – Realiza-se no Coliseu de Lisboa uma “jornada anti-imperialista de apoio à luta do povo angolano” e solidariedade com o MPLA, organizada pela FSP, LCI, LUAR, MDP/CDE, MES e PCP.31 de Maio de 1975 – Realiza-se em Lisboa o I Congresso da Juventude Social Democrata, convocado pela Comissão Organizadora do Congresso composta por António Fontes, Guilherme d’Oliveira Martins e Francisco da Motta Veiga, com a participação de cerca de 500 jovens representando os núcleos do Continente, Açores e Madeira. Seria eleita uma Comissão Política Nacional da JSD constituída por António Rebelo de Sousa, Guilherme d’Oliveira Martins, Pedro Jordão, Paulo Costa, José Hernandez, António Cerejeira, Manuel Álvaro Rodrigues, José Mota Faria, José Carlos Piteira e José Coelho.31 de Maio de 1975 – Emídio Guerreiro, novo secretário-geral do PPD, concede uma entrevista ao EXPRESSO, com afirmações surpreendentes, ao dizer que a social-democracia é uma forma «clara de capitalismo internacional», tecendo elogios à «revolução maravilhosa» do 25 de Abril, à Revolução Russa de 1917 e a Lenine.31 de Maio de 1975 – D. António Ribeiro, cardeal-patriarca, e D. Júlio Tavares Rebimbas, arcebispo de Mitilene e bispo-auxiliar de Lisboa deslocam-se ao COPCON para conversações com o general Otelo Saraiva de Carvalho a propósito da situação da Rádio Renascença.31 de Maio de 1975 – General Vasco Gonçalves regressa a Lisboa depois da reunião da OTAN, sendo recebido por uma manifestação de apoio no aeroporto da Portela, convocada pela Intersindical, MDP/CDE, FSP e PCP.31 de Maio de 1975 – Vão começar as obras de electrificação em 61 concelhos do País.31 de Maio de 1975 – Coronel Valentina Vladimirovna Terechkova, astronauta russa e a primeira mulher cosmonauta, chega a Portugal a convite do Movimento Democrático de Mulheres, sendo «entusiasticamente recebida» no aeroporto de Lisboa.Maio de 1975 – Prossegue a luta dos trabalhadores das Torres Sado, em Setúbal.Maio de 1975 – Prossegue a luta dos trabalhadores da ITT-RABOR, fábrica de material eléctrico.Maio de 1975 – Prossegue a luta dos trabalhadores da Fábrica de Tecidos Lionesa, em Leça do Bailio, com paralisação e posterior ocupação por melhoria das condições salariais.Maio de 1975 – Os trabalhadores da firma Alfredo Gonçalves Silva, ocupam as instalações da fábrica de tapetes em Carreço, Viana do Castelo, por causa de salários em atraso.Maio de 1975 – Os trabalhadores da Fábrica União Metalúrgica Bandeira & Irmão, em Vila Nova de Gaia, ocupam as instalações perante ameaça de falência fraudulenta.Maio de 1975 – Os trabalhadores da SOFIL – Sociedade de Fiação de Vizela, em S. Martinho do Campo (Santo Tirso), ocupam a empresa devido a sabotagem económica.Maio de 1975 – Os trabalhadores da CORFI – Organizações Industriais Têxteis de Manuel Oliveira Viola, em Espinho, denunciam as manobras de boicote económico do patronato.Maio de 1975 – Os trabalhadores da FACAR – Fábrica Nacional de Tubos Plásticos e Metalomecânicos, em Leça da Palmeira, suspendem a gerência e solicitam a intervenção do Estado na empresa.Maio de 1975 – Agudização da luta da Comissão de Trabalhadores da Câmara Municipal de Olhão, que pede a demissão da vereação municipal.Maio de 1975 – A greve de 3 dias do sector das indústrias de hotelaria abrangeu 50.000 trabalhadores em luta pela aplicação do Contrato Colectivo de Trabalho.Maio de 1975 – Os trabalhadores rurais da Casa Agrícola Santo Jorge, concelho de Moura, ocupam a Herdade dos Machados.Maio de 1975 – A Comissão de Trabalhadores da Mundet faz o balanço dum ano de ocupação das fábricas no Seixal e Montijo, e da experiência de autogestão e saneamento financeiro da empresa.Maio de 1975 – Para além de Álvaro Cunhal, Mário Soares e Francisco Salgado Zenha, também renunciaram ao mandato de deputado devido a função incompatível: Armando Pereira Bacelar (PS), Carlos Chaves de Macedo (PPD), Francisco Pereira de Moura (MDP/CDE), Joaquim Jorge Campinos (PS), Joaquim Magalhães Mota (PPD), Jorge de Sá Borges (PPD), Pedro de Albuquerque Coelho (PS) e Vasco da Graça Moura (PPD). Por motivo de doença relevante não chegaram a tomar posse, tendo renunciado: António Fernandes Areias (PS), Eduardo Bastos Albarran (PPD), Francisco de Sá Carneiro (PPD), João Pulido Valente (UDP) e José de Magalhães Godinho (PS).Maio de 1975 – Luciana Castellina, jornalista, militante feminista, ex-militante do Partido Comunista Italiano, fundadora do grupo “Il Manifesto” e da Comissão Executiva da Direcção Nacional do Partido di Unitá Proletária per il Comunismo, esteve em Lisboa para encontros com o Movimento de Esquerda Socialista – MES.


22 de Maio de 1975 – A Comissão Coordenadora dos Trabalhadores do REPÚBLICA, em reunião com os delegados de seis jornais diários de Lisboa, reafirma a sua posição no conflito e apela à solidariedade da classe.22 de Maio de 1975 – Conferência de imprensa dos redactores do REPÚBLICA, onde reconhecem que «não é segredo para ninguém que» o jornal tem «toda a tendência socialista, jornalistas e leitores socialistas», mas «isso não é crime nenhum».22 de Maio de 1975 – Reunião no Palácio Foz entre o Conselho de Imprensa e o director e a Administração do REPÚBLICA.22 de Maio de 1975 – Carlos Antunes, dirigente do PRP-BR, declara em entrevista ao jornal A CAPITAL, que «ou caminhamos resolutamente na construção do socialismo […] ou caminhamos para uma derrota que efectivamente será fatal para os próprios trabalhadores».22 de Maio de 1975 – Nota da Comissão Política do Comité Central do PCP acerca da decisão dos socialistas «de deixarem de participar no Conselho de Ministros», que «aparece inserida numa vasta e histérica acção do PS contra a política e as medidas progressistas do Conselho da Revolução e do Governo Provisório, contra o processo democrático, contra as forças revolucionárias», tomando por «pretexto o conflito dos trabalhadores com a direcção do "República"», actuando «como partido da oposição». Condena «as atitudes e actividades do PSD» e que os «grupos provocatórios pseudo-revolucionários, estão servindo e animando as forças da reacção», em especial «as provocações contra-revolucionárias do MRPP», e «os apelos a greves que não servem os trabalhadores nem o processo democrático».22 de Maio de 1975 – Conferência de imprensa de Mário Soares sobre o “Caso República”, reafirmando que o PS não voltará ao Conselho de Ministros enquanto não forem dadas garantias. O PS refuta também as conclusões do inquérito ao 1.º de Maio.22 de Maio de 1975 – O DIÁRIO DE NOTÍCIAS em nota editorial refuta a acusação de seguidismo em relação ao PCP e relembra que no I Governo Provisório o PS «não hesitou em colocar em postos-chaves da Informação», em especial na RTP, Emissora Nacional e DN, alguns “independentes” «que, por acaso, até pertenciam ao PS». O mesmo jornal publica dois comunicados subscritos pelo Conselho de Redacção e pela Comissão de Trabalhadores em que repudiam as acusações contra si lançadas pelo secretário-geral do PS.22 de Maio de 1975 – Álvaro Cunhal em declarações à RTP afirma que a «dinâmica revolucionária não coincide com a dinâmica eleitoralista».22 de Maio de 1975 – Manifestação do PS, com Mário Soares à cabeça, ao fim da tarde, entre o Rossio e S. Pedro de Alcântara, em Lisboa, contra o encerramento do jornal REPÚBLICA, com apoio do PCP (m-l), PPD e PPM, com ataques desenfreados contra o PCP e a UDP. Mário Soares afirma no comício final que «se nós, pelo nosso lado, honrámos e honraremos o Pacto que solenemente firmámos perante o Presidente da República, é preciso que o MFA também honre o Pacto».22 de Maio de 1975 – Manifestação do PS na Praça da Liberdade, no Porto, de «apoio e amizade ao REPÚBLICA e a Raul Rego».22 de Maio de 1975 – O Plenário Geral de Trabalhadores da RTP debate o chamado “documento Veloso”, uma lista de funcionários a serem saneados. Foi aprovada a suspensão de Manuel Jorge Veloso, autor assumido como «mero apontamento pessoal».22 de Maio de 1975 – O Conselho da Revolução emite um comunicado onde analisa a situação do jornal REPÚBLICA e afirma que não aceitará que qualquer partido se considere como exclusivo intermediário das ligações políticas e sociais entre o Povo e o MFA, definindo ainda a posição de neutralidade das autoridades portuguesas no conflito inerente ao processo de descolonização de Angola, apelando para o respeito do Acordo de Alvor.23 de Maio de 1975 – As instalações das Minas de S. Pedro da Cova, que estavam encerradas desde 1969, são ocupadas pelos antigos mineiros e moradores da freguesia.23 de Maio de 1975 – Conferência de imprensa dos trabalhadores da Rádio Renascença, relembra que a natureza do seu conflito com o Patriarcado é «de trabalho» e que já leva 13 meses de duração, pelo que não é comparável ao Caso REPÚBLICA, e ao mesmo tempo fazem um balanço crítico da comissão mista nomeada pelo Governo, apontando contradições ao Conselho de Gerência, à hierarquia da Igreja e ao primeiro-ministro, que lhes disse não ter tempo para os receber.23 de Maio de 1975 – A FSP acusa o PS de estar «interessado por todos os meios no aprofundamento» do Caso REPÚBLICA.23 de Maio de 1975 – O MES crítica severamente o PS, considerando que o Caso REPÚBLICA é uma ponta da crise «puxada por quem interessava provocar a crise».23 de Maio de 1975 – O Conselho da Revolução, em comunicado emitido, «reprova a especulação feita em torno da paralisação do jornal» REPÚBLICA e a forma «como o litigio foi explorado» de «maneira absolutamente desproporcionada à importância do incidente».23 de Maio de 1975 – O Secretariado Nacional do PS reúne-se (às 15h30) com o Conselho da Revolução numa audiência que demora perto de quatro horas. Finda a reunião, Sottomayor Cardia reafirma a decisão do PS em não participar com Conselho de Ministros.23 de Maio de 1975 – O PCP reúne-se (22h) com o Conselho da Revolução para apreciação do Caso REPÚBLICA.23 de Maio de 1975 – Mário Murteira, ministro do Planeamento e Coordenação Económica, e José Manuel de Mello, do Grupo CUF, estabelecem um acordo definindo os termos da intervenção do Estado Português na empresa.23 de Maio de 1975 – Decreto-Lei n.º 251/75 que cria uma linha de crédito de emergência destinada aos camponeses, pequenos e médios produtores agrícolas e produtores autónomos sem assalariados.24 de Maio de 1975 – Vaga de ocupações de casas em Lisboa e arredores.24 de Maio de 1975 – A Assembleia Geral do Sindicato dos Enfermeiros da Zona Sul aprova o seu caderno reivindicativo.24 de Maio de 1975 – Ocorrem agressões físicas durante o plenário dos trabalhadores de vestuário no Teatro da Feira do Palácio de Cristal, no Porto, durante a discussão sobre o horário de trabalho.24 de Maio de 1975 – Os trabalhadores da Gel-Mar trabalharam este dia sem qualquer vencimento, no âmbito da “batalha da produção, rumo ao socialismo”, havendo trabalhadores administrativos e empregadas de escritório que foram para o sector fabril amanhar e embalar o peixe ou fazer limpezas.24 de Maio de 1975 – Manifestação no Porto de apoio ao MPLA, convocada pelo CIDAC, FSP, LCI, LUAR, MES e PRP-BR.24 de Maio de 1975 – A Comissão Coordenadora dos Trabalhadores do REPÚBLICA reafirma, em comunicado, o desejo de «restituir o jornal ao seu legítimo e verdadeiro dono: o Povo Português».24 de Maio de 1975 – Álvaro Belo Marques, director comercial e membro da Comissão Coordenadora dos Trabalhadores do REPÚBLICA, reafirma com grande veemência as razões dos trabalhadores do jornal e que o objectivo dos trabalhadores não jornalistas é «participar na feitura do jornal».24 de Maio de 1975 – Os jornalistas do REPÚBLICA afectos à direcção, em comunicado, comentam o texto do Conselho da Revolução sobre o problema do jornal, negando que seja «um conflito entre a administração e trabalhadores da empresa, antes afirmando-o eminentemente político».24 de Maio de 1975 – Trabalhadores dos jornais A CAPITAL, DIÁRIO DE LISBOA, DIÁRIO DE NOTÍCIAS, DIÁRIO POPULAR e O SÉCULO, manifestam o seu «inequívoco apoio» aos trabalhadores ocupantes do REPÚBLICA, que «estão em luta por uma verdadeira liberdade de imprensa».24 de Maio de 1975 – Mário Soares parte, de manhã, para Paris a fim de participar na cimeira dos secretários-gerais dos Partidos Socialistas mediterrânicos e da Europa do Sul. Afirmou na ocasião que a reunião entre o PS e o Conselho da Revolução foi «muito boa» e que «estamos a negociar» para que «o pluralismo seja assegurado».24 de Maio de 1975 – Comício do PS no Pavilhão dos Desportos, em Lisboa, de apoio à direcção, administração e redacção do jornal REPÚBLICA, de defesa da liberdade de imprensa e protesto contra o que considera ser «o assalto aos meios de comunicação por parte do PCP». Discursos de Maria Antónia Palla, Jaime Gama, Álvaro Guerra, Trigo de Morais e Estrela Serrano. Francisco Salgado Zenha fez a intervenção de fundo, dizendo que «não manda quem quer, manda quem o povo quer».24 de Maio de 1975 – A direcção e a redacção do EXPRESSO publicam uma nota conjunta criticando «a influência dominante do PS» no REPÚBLICA e rejeitam todo os tipo de pressões.24 de Maio de 1975 – O semanário SEMPRE FIXE põe em causa a «idoneidade revolucionária» do PS, acusando-o de procurar pretextos para travar o processo revolucionário, desacreditar as forças democráticas e pôr em causa o MFA.24 de Maio de 1975 – Por motivos de saúde, Francisco de Sá Carneiro, alegando que «nem o tempo nem as forças me permitem», pede a suspensão das funções de secretário-geral do PPD.24 de Maio de 1975 – O Governo nomeou uma comissão administrativa pata gerir a Câmara Municipal do Porto, devido ao «impasse» causado pelo prolongado conflito e à greve dos trabalhadores municipais.24 de Maio de 1975 – Membros do MFA e do Governo Provisório deslocaram-se ao Norte do País para dinamizar a “batalha da produção”, tendo conversado com operários e mineiros.24 de Maio de 1975 – Publicação do despacho que nomeia uma comissão administrativa para a Cooperativa Horto-Frutícola do Roxo, Aljustrel.24 de Maio de 1975 – A Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Lisboa divulga o acordo que estabeleceu com o Governo, freguesias, estruturas militares e policiais, para a requisição de todos os fogos habitacionais «em favor da população mais necessitada».24 de Maio de 1975 – Vice-almirante José Pinheiro de Azevedo, Chefe do Estado-Maior da Armada e conselheiro do Conselho da Revolução, reiterou em Bruxelas a fidelidade de Portugal à OTAN.24 de Maio de 1975 – Capitão-de-fragata Correia Jesuíno, ministro da Comunicação Social, garante que os jornalistas «formam uma classe progressista e de vanguarda» e que se pretende ter «vozes independentes e capazes de análise desassombrada».25 de Maio de 1975 – O Conselho de Redacção do JORNAL DE NOTÍCIAS rejeita as afirmações de Mário Soares, segundo o qual o REPÚBLICA e o JORNAL NOVO seriam «os únicos jornais independentes», lembrando que o matutino portuense se assume como «independente de qualquer partido», havendo militantes de todos os partidos, «nomeadamente do Partido Socialista» na sua redacção.25 de Maio de 1975 – Durante um comício do PCP no Couço, Álvaro Cunhal acusa o PS de não querer o socialismo.25 de Maio de 1975 – Emídio Guerreiro, 75 anos, matemático, resistente antifascista e lutador anti-salazarista, antifranquista e antinazi, é eleito secretário-geral substituto do PPD, derrotando as candidaturas de Magalhães Mota, Sá Borges e Mota Pinto, depois de diversas escrutínios.25 de Maio de 1975 – Viaturas blindadas do Exército escoltam a transferência de 358 agentes da ex-PIDE da cadeia de Monsanto para Alcoentre, donde fugiriam no mês seguinte.25 de Maio de 1975 – José Morais e Silva, general graduado e Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, deslocou-se a Trás-os-Montes para avaliar a primeira fase da Operação Maio-Nordeste, afirmando que para ganhar a confiança das populações «para a revolução, é preciso trabalhar com a enxada, lado a lado com elas».26 de Maio de 1975 – Conferência de imprensa de operários do Conselho de Defesa dos Trabalhadores da Lisnave para denunciar actos de sabotagem internacional contra a empresa, rescisões de contractos e diminuição de encomendas, visando estrangular a empresa e ameaçar os operários com o desemprego. Estiveram presentes Guedes Lebre, António Gamito, Fernando Oliveira, António Runa, António Costa e Joaquim Sampaio.26 de Maio de 1975 – Manobras da OTAN, que motivam diversas manifestações de protesto contra a ingerência imperialista.26 de Maio de 1975 – Manifestação conjunta da CMLP e da OCMLP, no Rossio, em Lisboa, contra as manobras da OTAN e contra a «ingerência do imperialismo».26 de Maio de 1975 – O Secretariado Nacional Provisório Pró-Conselhos Revolucionários de Trabalhadores, Soldados e Marinheiros, manifesta o seu repúdio pela suspensão dos tenentes Tomé, Sá Leal e Guerra, afastados da Comissão de Extinção da ex-PIDE/DGS e LP por defenderem a existência dos CRTSM. No seguimento dessas suspensões, o major Vargas demitiu-se por solidariedade.26 de Maio de 1975 – Assembleia Geral do Sindicato dos Jornalistas aprova uma moção dizendo que «a Lei de Imprensa defende (como o prova o “caso REPÚBLICA”) a entidade patronal» e fomenta uma informação «elitistas», promovendo o afastamento dos «trabalhadores de outras secções, muito em especial os gráficos» que «ficaram sem qualquer possibilidade de intervenção no trabalho».26 de Maio de 1975 – Mário Soares acusa o PCP de ser «impermeável à Europa» e de ameaçar o desanuviamento europeu.26 de Maio de 1975 – Assalto e destruição à sede do MDP/CDE em Bragança, que seria reivindicado pelo ELP.26 de Maio de 1975 – Comunicado da Comissão Política do Comité Central do PCP apelando à participação na «grande manifestação popular» de «apoio ao MFA, em defesa das liberdades e pela construção de um Portugal democrático a caminho do socialismo», convocada para 28 de Maio.26 de Maio de 1975 – Assembleia extraordinária do MFA, realizada no Centro de Sociologia Militar de Lisboa, aprova o reforço da Aliança Povo/MFA, analisa o “Caso REPÚBLICA”, faz o rescaldo das eleições e a oposição entre a «via eleitoral ou a via revolucionária», crítica o PS por abandonar o Conselho de Ministros, chegando a equacionar a hipótese da criação dum «governo unitário». Foi também aprovada a moção de Varela Gomes para a ilegalização do MRPP, havendo debate com intervenções radicais de Varela Gomes, Dinis de Almeida e Pinheiro de Azevedo, em contraposição à intervenção conciliatória de Costa Gomes.26 de Maio de 1975 – O MFA critica a ausência do PS do Conselho de Ministros e manifesta apoio ao primeiro-ministro Vasco Gonçalves.26 de Maio de 1975 – Brigadeiro Otelo Saraiva de Carvalho declara que «as lutas partidárias estão a praticar um divisionismo imenso das massas trabalhadoras» e que «não interessam absolutamente nada ao Povo Português».26 de Maio de 1975 – O “Boletim da Direcção de Serviços de Emprego” anuncia a existência de 216.000 desempregados.27 de Maio de 1975 – Os trabalhadores da Rádio Renascença ocupam os estúdios da Rua Capelo, Lisboa, e o Centro Emissor da Buraca, tendo sido retirada a designação de “Emissora Católica Portuguesa”, passando a denominar-se “Rádio Renascença ao serviço dos trabalhadores”.27 de Maio de 1975 – A Assembleia Geral do Conselho de Defesa dos Trabalhadores da Lisnave aprova a criação do Conselho de Controlo Operário de Sector, visando o controlo da actividade social e o controlo operário de produção do estaleiro, advogando a capacidade de vetar qualquer medida da Administração que seja lesiva dos interesses dos trabalhadores.27 de Maio de 1975 – O Plenário Geral de Trabalhadores, representativo de 3.300 trabalhadores, decidiu que as cadeias Pão de Açúcar, A. C. Santos e Nutripol passam a chamar-se “Supermercados do Povo”.27 de Maio de 1975 – O Conselho de Imprensa toma pública a sua posição acerca do “Caso REPÚBLICA”, onde reconhece a violação da Lei de Imprensa «ao serem destituídos, pela Comissão Coordenadora de Trabalhadores, o director e director-adjunto» e a chefia de redacção, e também «ao ter sido publicado um número do jornal REPÚBLICA com a menção do Sr. Álvaro Belo Marques como director interino», mas por outro lado pondera que existia «uma insuficiência da Lei perante a evolução do processo revolucionário, particularmente no que se refere à participação do conjunto dos trabalhadores […] na definição e aplicação do Estatuto Editorial», de modo a garantir a salvaguarda do «direito do povo à liberdade de informação».27 de Maio de 1975 – O Sindicato dos Profissionais de Telecomunicações e Radiodifusão emite uma nota de solidariedade com a «luta dos trabalhadores da Rádio Renascença» que deu «um passo significativo na afirmação dos seus legítimos interesses de classe», dentro «da maior colaboração com o processo democrático».27 de Maio de 1975 – Oficiais do COPCON entregam ao Conselho da Revolução o “Documento dos Operacionais do COPCON”, saído de uma reunião entre os comandantes e delegados do MFA das unidades do COCPON da Região Militar de Lisboa, no qual se faz apologia da «direcção do processo de ligação às estruturas populares e da revolução cultural». O documento-moção, em 10 pontos, visava «objectivar a curto prazo as etapas do nosso caminho para o socialismo», «redefinir a base da aliança POVO-MFA», construir «o embrião as verdadeiras forças revolucionárias» em «contacto directo com as massas populares», dirigir o «processo de ligação às estruturas populares e da revolução cultural», declarar que «um dos principais inimigos da revolução é a burocracia» e as «leis fascistas», transformar as «autarquias locais» em «órgãos de planeamento e gestão da vontade popular», reestruturar o Ministério da Justiça «por forma a adaptar-se ao processo revolucionária», traçar «objectivos concretos com as forças patrióticas e progressistas», mobilizar «todas as capacidades do povo português» e reafirmar «o apoio ao general Otelo» e «ao primeiro-ministro Vasco Gonçalves».27 de Maio de 1975 – Acções desencadeadas em Coimbra pelo COPCON contra o MRPP, por causa das «agressões atentórias da ordem pública e da dignidade humana» recentemente perpetrados por este movimento.27 de Maio de 1975 – Publicado o Decreto-Lei n.º 261/75, a chamada Lei do Divórcio, que consagra a dissolução dos casamentos canónicos pelos tribunais civis.28 de Maio de 1975 – Os trabalhadores da Rádio Renascença atribuem a actos de sabotagem realizados pelo Conselho de Gerência ao facto dos emissores de frequência modulada, localizado em Monsanto, e da Lousã, terem deixado de transmitir a emissão a partir de Lisboa.28 de Maio de 1975 – Manifestação da UDP para defender a não ingerência de Portugal nos assuntos internos de Angola e contra a presença da esquadra da OTAN em Lisboa.28 de Maio de 1975 – O PRP-BR crítica o PCP e o PS e repisa «que os militares revolucionários» devem assumir «toda a responsabilidade revolucionária», defendendo que os trabalhadores «se organizem em Conselhos Revolucionários de Trabalhadores, Soldados e Marinheiros (CRTSM)», embrião do «verdadeiro Exército Revolucionário».28 de Maio de 1975 – Guilhermino Lelo, militante do núcleo da Covilhã do MES, foi atingido a tiro durante uma operação stop realizada por militares.28 de Maio de 1975 – As sedes e associações do MRPP são ocupadas pelo COPCON que prende 432 activistas e dirigentes nas cadeias de Caxias e Pinheiro da Cruz, na sequência do sequestro e espancamento de ex-militares, por o jornal LUTA POPULAR ter acusado Jaime Neves e Salgueiro Maia de estarem implicados num golpe, e por «actividades contra-revolucionárias». Segundo outras informações, o Comité Lenine do MRPP teria decidido assaltar arrecadações e quartéis para obter armas, o que teria desencadeado a operação. Entre os presos, encontravam-se o secretário-geral Arnaldo de Matos, Carlos dos Santos, Fernando Rosas, José Freire Antunes, Almeida Perucho, António Russo Dias, etc.28 de Maio de 1975 – Manifestação de apoio ao MFA convocada pelo PCP, MDP, FSP e Intersindical, com discurso gratulatório de Costa Gomes.28 de Maio de 1975 – Capitão Vasco Lourenço, porta-voz do Conselho da Revolução, assegura que o «processo revolucionário em curso não é propriedade de nenhum partido político».28 de Maio de 1975 – Brigadeiro Vasco Gonçalves parte para Bruxelas a fim de participar na cimeira de Chefes de Estado e de Governo da OTAN.28 de Maio de 1975 – Brigadeiro Vasco Gonçalves é promovido a general.28 de Maio de 1975 – Brigadeiro Otelo Saraiva de Carvalho é graduado no posto de general.28 de Maio de 1975 – Os comandantes da Região Militar do Norte, Eurico Corvacho, do Centro, Franco Charais, e do Sul, Pezarat Correia, tomam assento no Conselho da Revolução.28 de Maio de 1975 – Oito navios da esquadra permanente da OTAN/NATO no Atlântico entram no porto de Lisboa, no âmbito dos exercícios navais na costa portuguesa.29 de Maio de 1975 – Diversas iniciativas assinalam o primeiro ano (25 de Maio de 1974) da luta, ocupação da fábrica e autogestão das trabalhadoras da SOGANTAL, na Praça de Touros, no Montijo, com teatro e canto livre com «os melhores artistas progressistas», entre os quais o GAC – Grupo de Acção Cultural.29 de Maio de 1975 – Comunicado do COPCON sobre o MRPP, para justificar as acções desencadeadas a 27 e 28 de Maio, onde se afirma que esta organização vive numa «constante procura de confrontação com as autoridades revolucionárias» através de «um intenso verbalismo demagógico» e «uma bem preparada e orquestrada actividade panfletária e de imprensa escrita», em tudo «semelhante a um qualquer tipo de seita religiosa, com reduzida implantação junto das autênticas massas trabalhadoras do País», sendo «sempre de benévola condescendência a atitude do COPCON face à dinâmica falsamente revolucionária», porém, desta feita «o COPCON, braço armado das Forças Armadas para a defesa da Revolução», acusa o MRPP de sequestro, espancado e «outras sevícias» a 3 ex-militares.29 de Maio de 1975 – Trabalhadores de O SETUBALENSE, num gesto de «solidariedade da classe operária», impediram a impressão de uma edição do REPÚBLICA, sob responsabilidade da redacção solidária com Raul Rego.29 de Maio de 1975 – Surge o 1.º número do JORNAL DO CASO REPÚBLICA, sob direcção de Raul Rego, sendo editor Gustavo Soromenho, e de cuja redacção faziam parte Alberto Arons de Carvalho, Álvaro Guerra, Álvaro Tavares, Antónia de Sousa, Artur Alpedrinha, Belard da Fonseca, Carlos Soares, João Grego Esteves, Helena Marques, Jaime Gama, Jardim Gonçalves, João Gomes, Jorge Morais, José Man, Manuel Arons de Carvalho, Marcelino Mesquita, Nuno Coutinho, Paz Ferreira, Pedro Foyos e Rocha Vieira. Fora autorizado com um alvará provisório e teria uma tiragem de quarenta mil exemplares.29 de Maio de 1975 – Surge nas bancas a primeira edição do semanário TEMPO, dirigido por Nuno Rocha.29 de Maio de 1975 – Despacho do Ministério do Trabalho determina que a empresa proprietária do REPÚBLICA deve efectuar o pagamento dos salários aos trabalhadores nos dias em que o jornal estiver encerrado.29 de Maio de 1975 – General Vasco Gonçalves, presente na cimeira de Bruxelas, afirma durante um encontro com Gerald Ford e Henry Kissinger que Portugal não é «o cavalo de Tróia dentro da NATO». Teve também encontros com seus homólogos Helmut Schmidt (Alemanha Federal), Harold Wilson (Grã-Bretanha) e Pierre Trudeau (Canadá).29 de Maio de 1975 – Vice-almirante Rosa Coutinho afirma ao QUOTIDIEN DE PARIS que o PS «traiu de certa maneira o país».30 de Maio de 1975 – Os ministros do PS retomam funções no Governo Provisório, «garantindo ao MFA a sua total colaboração na edificação da sociedade socialista».30 de Maio de 1975 – Decreto-Lei n.º 270/75 que institui o Serviço Cívico Estudantil para alunos pré-universitários, visando «assegurar aos estudantes uma mais adequada integração na sociedade» e um «mais amplo contacto» com a realidade, para assim «contribuir para a combinação da educação pelo trabalho intelectual com a educação pelo trabalho manual e quebrar o isolamento da escola em relação à vida» do País.30 de Maio de 1975 – O responsável pelo emissor da Lousã, da rede nacional da frequência modulada da Rádio Renascença, faz a ligação com o emissor do Porto, cortando a transmissão com o emissor de Lisboa.30 de Maio de 1975 – Trabalhadores e artistas formam o Comité de Defesa da Revolução (CDR) do sector de espectáculos, estrutura civil que pretende reforçar a «aliança do movimento popular de massas com o MFA». Entre os fundadores estão Artur Semedo, Carlos César, Costa Ferreira, Ermelinda Duarte, Guida Maria, Henriqueta Maia, Irene Cruz, João Lourenço, José Gomes, José Viana, José Morais e Castro, Rogério Paulo e Rui Mendes.30 de Maio de 1975 – Começaram a ser libertados alguns militantes e dirigentes do MRPP recentemente detidos pelo COPCON.30 de Maio de 1975 – Resolução do Conselho de Ministros que estabelece providências para as empresas do grupo CUF.31 de Maio de 1975 – As Comissões de Moradores são reconhecidas como «órgãos de colaboração e participação nas decisões da Presidência da Câmara do Porto».31 de Maio de 1975 – Os trabalhadores rurais decidem ocupar na região da Vidigueira as herdades da Misericórdia, Cortes de Baixo e Peso, o que não sucedeu por motivos diversos, e também por não terem sido autorizadas pelo Sindicato dos Trabalhadores Agrícolas do Distrito de Beja.31 de Maio de Maio de 1975 – Álvaro Belo Marques, director do REPÚBLICA por indicação dos trabalhadores, garante que nenhum partido domina a lutas dos 143 trabalhadores não jornalistas e que estes estão unidos para impedir que o jornal, «por mor do seu enfeudamento ao PS, caminhasse a passos rápidos para a ruína económica».31 de Maio de 1975 – Reunião em Belém por causa do jornal REPÚBLICA com a presença do Conselho da Revolução, do major José Costa Martins, ministro do Trabalho, capitão-de-fragata Jorge Correia Jesuíno, ministro da Comunicação Social, major Arlindo Dias Ferreira (em nome do COPCON) e de Raul Rego (director), Gustavo Soromenho (administrador) e João Gomes (chefe de redacção). Foi alcançada uma plataforma de acordo.31 de Maio de 1975 – Comício do MRPP em Paço de Arcos.31 de Maio de 1975 – Realiza-se no Coliseu de Lisboa uma “jornada anti-imperialista de apoio à luta do povo angolano” e solidariedade com o MPLA, organizada pela FSP, LCI, LUAR, MDP/CDE, MES e PCP.31 de Maio de 1975 – Realiza-se em Lisboa o I Congresso da Juventude Social Democrata, convocado pela Comissão Organizadora do Congresso composta por António Fontes, Guilherme d’Oliveira Martins e Francisco da Motta Veiga, com a participação de cerca de 500 jovens representando os núcleos do Continente, Açores e Madeira. Seria eleita uma Comissão Política Nacional da JSD constituída por António Rebelo de Sousa, Guilherme d’Oliveira Martins, Pedro Jordão, Paulo Costa, José Hernandez, António Cerejeira, Manuel Álvaro Rodrigues, José Mota Faria, José Carlos Piteira e José Coelho.31 de Maio de 1975 – Emídio Guerreiro, novo secretário-geral do PPD, concede uma entrevista ao EXPRESSO, com afirmações surpreendentes, ao dizer que a social-democracia é uma forma «clara de capitalismo internacional», tecendo elogios à «revolução maravilhosa» do 25 de Abril, à Revolução Russa de 1917 e a Lenine.31 de Maio de 1975 – D. António Ribeiro, cardeal-patriarca, e D. Júlio Tavares Rebimbas, arcebispo de Mitilene e bispo-auxiliar de Lisboa deslocam-se ao COPCON para conversações com o general Otelo Saraiva de Carvalho a propósito da situação da Rádio Renascença.31 de Maio de 1975 – General Vasco Gonçalves regressa a Lisboa depois da reunião da OTAN, sendo recebido por uma manifestação de apoio no aeroporto da Portela, convocada pela Intersindical, MDP/CDE, FSP e PCP.31 de Maio de 1975 – Vão começar as obras de electrificação em 61 concelhos do País.31 de Maio de 1975 – Coronel Valentina Vladimirovna Terechkova, astronauta russa e a primeira mulher cosmonauta, chega a Portugal a convite do Movimento Democrático de Mulheres, sendo «entusiasticamente recebida» no aeroporto de Lisboa.Maio de 1975 – Prossegue a luta dos trabalhadores das Torres Sado, em Setúbal.Maio de 1975 – Prossegue a luta dos trabalhadores da ITT-RABOR, fábrica de material eléctrico.Maio de 1975 – Prossegue a luta dos trabalhadores da Fábrica de Tecidos Lionesa, em Leça do Bailio, com paralisação e posterior ocupação por melhoria das condições salariais.Maio de 1975 – Os trabalhadores da firma Alfredo Gonçalves Silva, ocupam as instalações da fábrica de tapetes em Carreço, Viana do Castelo, por causa de salários em atraso.Maio de 1975 – Os trabalhadores da Fábrica União Metalúrgica Bandeira & Irmão, em Vila Nova de Gaia, ocupam as instalações perante ameaça de falência fraudulenta.Maio de 1975 – Os trabalhadores da SOFIL – Sociedade de Fiação de Vizela, em S. Martinho do Campo (Santo Tirso), ocupam a empresa devido a sabotagem económica.Maio de 1975 – Os trabalhadores da CORFI – Organizações Industriais Têxteis de Manuel Oliveira Viola, em Espinho, denunciam as manobras de boicote económico do patronato.Maio de 1975 – Os trabalhadores da FACAR – Fábrica Nacional de Tubos Plásticos e Metalomecânicos, em Leça da Palmeira, suspendem a gerência e solicitam a intervenção do Estado na empresa.Maio de 1975 – Agudização da luta da Comissão de Trabalhadores da Câmara Municipal de Olhão, que pede a demissão da vereação municipal.Maio de 1975 – A greve de 3 dias do sector das indústrias de hotelaria abrangeu 50.000 trabalhadores em luta pela aplicação do Contrato Colectivo de Trabalho.Maio de 1975 – Os trabalhadores rurais da Casa Agrícola Santo Jorge, concelho de Moura, ocupam a Herdade dos Machados.Maio de 1975 – A Comissão de Trabalhadores da Mundet faz o balanço dum ano de ocupação das fábricas no Seixal e Montijo, e da experiência de autogestão e saneamento financeiro da empresa.Maio de 1975 – Para além de Álvaro Cunhal, Mário Soares e Francisco Salgado Zenha, também renunciaram ao mandato de deputado devido a função incompatível: Armando Pereira Bacelar (PS), Carlos Chaves de Macedo (PPD), Francisco Pereira de Moura (MDP/CDE), Joaquim Jorge Campinos (PS), Joaquim Magalhães Mota (PPD), Jorge de Sá Borges (PPD), Pedro de Albuquerque Coelho (PS) e Vasco da Graça Moura (PPD). Por motivo de doença relevante não chegaram a tomar posse, tendo renunciado: António Fernandes Areias (PS), Eduardo Bastos Albarran (PPD), Francisco de Sá Carneiro (PPD), João Pulido Valente (UDP) e José de Magalhães Godinho (PS).Maio de 1975 – Luciana Castellina, jornalista, militante feminista, ex-militante do Partido Comunista Italiano, fundadora do grupo “Il Manifesto” e da Comissão Executiva da Direcção Nacional do Partido di Unitá Proletária per il Comunismo, esteve em Lisboa para encontros com o Movimento de Esquerda Socialista – MES.

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