Biblioteca Municipal de Viana do Castelo: Lançamento de Livro

05-10-2009
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"Corrupção e os Portugueses, Atitudes e Práticas e Valores"De: Luís de Sousa e João TriãesPrefácio: Maria José MorgadoOrganizado pelo Centro de Estudos Regionais (CER) e Ordem dos Advogados (delegação de Viana do Castelo).Dia 20 Dezembro, pelas 18H00 na sala Couto Viana da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo.Sinopse:"O livro está organizado em cinco capítulos.No primeiro capítulo, uma sinopse dos principais resultados do projecto “Corrupção e Ética em Democracia: o Caso de Portugal” tem como objectivo caracterizar o ambiente ético em que opera a Democracia portuguesa. Assim, são apresentados e discutidos os valores que os portugueses associam ao Estado Democrático, sendo que em questão estão os possíveis trade-offs entre três formas de legitimidade democrática: input legitimacy (igualdade, accountability e mérito), throughput legitimacy (transparência e legalidade) e output legitimacy (eficiência, imparcialidade, compaixão e informalidade). A clarificação e o contraste dos julgamentos dos cidadãos sobre comportamentos impróprios, na vida privada e na esfera pública, são outras dimensões exploradas no primeiro capítulo, que finaliza com a apresentação de um índice social de corrupção, através do qual os Autores argumentam que os portugueses têm uma definição social de corrupção algo restringida, propícia para que estes escolham frequentemente fazer mais do que a Lei permite e menos do que a ética exige.Já no segundo capítulo, Luís de Sousa, utilizando uma perspectiva sociológica e recorrendo aos dados do European Social Survey (Round 2), do International Social Survey Programme (ISSP), e do inquérito “Corrupção e Ética em Democracia: o Caso de Portugal”, argumenta que o problema da corrupção em Portugal não se resume a práticas de suborno na Administração resultantes de estruturas de oportunidade pontuais. O problema é, para o Autor, mais estrutural: por um lado, espelha uma cultura cívica centrada no sucesso individual e caracterizada por uma concepção de “bem público” residual ou secundária em relação aos interesses/necessidades dos grupos de relações primárias (família, clã, partido), na qual a confusão de poderes e a mistura de géneros é eticamente aceitável; por outro lado, resulta do modo como o poder político-administrativo está estruturado em sociedade, isto é, opaco, restrito (de difícil acesso), concentrado, insensível aos problemas dos cidadãos e permeável a interesses e pressões de privados. Contudo, o Autor não alimenta a ideia, algo difusa nos nossos dias, de que as estruturas de oportunidade para a corrupção variam em razão inversa à dimensão do Estado, isto é, ‘mais Estado=mais corrupção’. É uma leitura redutora da evolução do Estado moderno. Mais Estado não significa mais corrupção. Os processos de privatização e de contratação externa de serviços, como forma de emagrecimento do Estado, têm sido fortemente marcados por corrupção. O Estado liberal, no Reino Unido, em finais do século XIX, foi um dos regimes mais corruptos da Europa. Não é por acaso que a primeira legislação penal, relativamente à corrupção, data de 1889 (posteriormente revista em 1906 e em 1916). Já na década de 70, época em que o Reino Unido possuía um dos Estados mais fortes e intervencionistas ao nível europeu, quase não se ouviu falar de corrupção. Pela mesma ordem de ideias, os países escandinavos que, porventura, são os mais intervencionistas da Europa, gozam de uma reputação impoluta nos vários índices internacionais de governabilidade e de percepção da corrupção, tais como o Corruption Perceptions Index da Transparency International. O problema não está no intervencionismo, antes no tipo de intervencionismo; não está na dimensão do Estado, mas na sua qualidade. Ao contrário do capítulo de José M. Magone que lhe sucede, o Autor acredita que Portugal é uma Democracia a duas velocidades e que a modernização não é um processo linear nem progressivo. É possível que um Portugal moderno, onde as exigências democráticas são mais consistentes, abrangentes e persistentes, coexista com um Portugal neo-patrimonialista, caracterizado pelo clientelismo e pela cunha.O terceiro capítulo, por José M. Magone, adopta uma perspectiva mais estruturalista e comparativa, tentando demonstrar que um dos factores que melhor explica a natureza e extensão do fenómeno da corrupção em Portugal, é a persistência de uma cultura política neo-patrimonialista por parte dos cidadãos. Apesar de três décadas de Democracia em Portugal, a sociedade civil organizada permanece muito débil, pouco participativa e pouco assertiva face ao poder político, quando contrastada com a dos países do norte da Europa. Neste capítulo, o Autor coloca o fraco empenho político e cívico dos portugueses no centro do problema da corrupção. Para o Autor, as sociedades que gozam de uma cidadania mais activa/ participativa e um sentido cívico empenhado e responsável apresentam-se bastante mais atentas e menos tolerantes em relação à corrupção. Esse contexto de alerta e de pressão colectiva, que ajudaria a consolidar e a difundir os standards de ética na vida pública está ainda num estado embrionário no caso português. O Autor dá conta da encruzilhada em que a Democracia portuguesa se encontra actualmente. Portugal está envolvido num longo e árduo processo de transição de uma Democracia formal para uma Democracia qualitativa efectiva, o que significa que a corrupção continuará a eclodir e a abalar regularmente o nosso sistema político, não obstante os esforços de modernização gradualmente encetados pelos vários Governos.O quarto capítulo explora a dualidade público/privado nos julgamentos sociais brevemente referida nesta introdução. Carlos Jalali aborda as atitudes dos portugueses em relação à ética e combate à corrupção na vida pública, examinando as suas expectativas e experiências em relação a comportamentos éticos. Em específico, procura avaliar duas questões levantadas frequentemente na literatura sobre ética e corrupção na vida pública, e que o inquérito “Corrupção e Ética em Democracia: o Caso de Portugal” permite testar empiricamente. Primeiro, se a insatisfação com a Democracia está relacionada com a percepção de existência de corrupção. Segundo, se as percepções de existência de corrupção estão relacionadas com a proximidade a partidos de Governo. Para o Autor, os portugueses aparentam ser “duros e exigentes” em relação ao comportamento da sua classe política, uma exigência que nem sempre tem correspondência a nível privado.Por último, o capítulo de António Pedro Dores levanta uma questão pertinente no actual contexto moralizador da vida pública em que vivemos. Nunca antes a corrupção tivera tanta cobertura mediática, suscitando tanto interesse por parte das instituições nacionais e internacionais, e conduzindo a tantas iniciativas de combate, a maioria das quais de natureza simbólica e com resultados pouco atendíveis. As palavras do ex-Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, aquando da adopção da Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção (vulgo Convenção de Mérida), pela Assembleia Geral, a 31 de Outubro de 2003, são representativas deste optimismo moralista que tem cegado os mais bem intencionados e servido de subterfúgio politico para aqueles que procuram, através da anti-corrupção, fazer política por outro meios.De facto, a corrupção é um mal sempre presente mas terá sempre suscitado o mesmo nível de condenação? E terá sempre representado um efeito tóxico para as sociedades? À luz dos ensinamentos de Durkheim, poderíamos concluir que a corrupção, enquanto crime, é uma manifestação de criatividade, inovação, sem a qual as sociedades estão inertes. As sociedades conviveram com o fenómeno ao longo dos séculos. É por conseguinte legítimo perguntar que tipo de sociedade se pretende com a “anti-corrupção”? Uma sociedade “sem corrupção” é utópica. Uma “sociedade policiada”, baseada em purgas, campanhas moralizadoras e repressão selectiva é possível, mas apresenta custos elevados, sobretudo ao nível das liberdades e garantias a que nos habituámos no ocidente. Uma “sociedade hipócrita”, assente numa opinião pública escandalizada e alimentada por um mediatismo sensacionalista e reformas legislativas cosméticas, é, talvez, o mais provável. Partindo do pressuposto que uma perspectiva moralista da corrupção pode ser contraproducente, António Pedro Dores questiona-se: “Mas, então, como olhar a corrupção no intuito da sua contenção em limites aceitáveis?”. Mobilizando uma perspectiva teórica específica, – a “teoria dos estados de espírito” –, uma metodologia estatística multivariada qualitativa, – a análise de correspondências –, António Dores identifica o quadro ideológico em que se desenvolve, em Portugal, o “espírito anti-corrupção”: inconformista, anti-neo-liberal, distinto das tendências securitárias, entende-se principalmente como contra-poder do Estado, mas também do mundo dos negócios e da Igreja."BiografiaLUÍS DE SOUSAPolitólogo.Nasceu em 1973.Doutorou-se em Ciências Sociais e Políticas pelo Instituto Universitário Europeu de Florença em Julho 2002, com uma tese intitulada Corruption: 'Assessing Ethical Standards in Political Life through Control Policies'. Em Outubro do mesmo ano, foi recrutado como investigador pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE, onde actualmente desempenha funções.De Setembro de 2004 a 2005, trabalhou como investigador principal na Australian National University de Canberra no âmbito de um projecto de investigação intitulado 'The International Anti-Corruption Movement'. Desempenha também as funções de professor convidado na Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.É o fundador e coordenador responsável da primeira rede de investigação sobre agências anti-corrupção (ANCORAGE-NET) que inclui 15 agências anti-corrupção de 14 países diferentes da Europa, Oceânia, América Latina e África.No âmbito de um projecto de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, criou recentemente o Observatório de Ética na Vida Pública a funcionar junto do CIES-ISCTE.Foi orador convidado em várias universidades europeias e estrangeiras. Tem várias publicações, projectos de investigação e consultoria para organizações nacionais e internacionais sobre corrupção, políticas de controlo à corrupção e financiamento político.JOÃO TRIÃESLicenciou-se em Sociologia pelo ISCTE em 2004, defendendo uma tese intitulada “Aspectos Sociológicos da corrupção em Portugal: Actores, Mecanismos e Recursos do Crime de Corrupção em Portugal entre 1999-2001”. Em 2007 tirou uma pós-graduação em Economia e Políticas Públicas, no Departamento de Economia do ISCTE. Foi assistente de investigação do projecto “Corrupção e Ética em Democracia: o Caso de Portugal”, financiado pela FCT, da rede ANCORAGE-NET e do Observatório de Ética na Vida Pública. Trabalhou ainda em diversos projectos de financiamento político e de controlo da corrupção, dos quais se destacam os trabalhos realizado junto do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP-PGR) e da Entidade das Contas e dos Financiamentos Políticos (ECFP), órgão adstrito ao Tribunal Constitucional. Os seus interesses de investigação relacionam-se com os valores e atitudes face à corrupção e à ética, as políticas públicas, as políticas de controlo da corrupção e as sondagens políticas.Fonte: RCP Edições


"Corrupção e os Portugueses, Atitudes e Práticas e Valores"De: Luís de Sousa e João TriãesPrefácio: Maria José MorgadoOrganizado pelo Centro de Estudos Regionais (CER) e Ordem dos Advogados (delegação de Viana do Castelo).Dia 20 Dezembro, pelas 18H00 na sala Couto Viana da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo.Sinopse:"O livro está organizado em cinco capítulos.No primeiro capítulo, uma sinopse dos principais resultados do projecto “Corrupção e Ética em Democracia: o Caso de Portugal” tem como objectivo caracterizar o ambiente ético em que opera a Democracia portuguesa. Assim, são apresentados e discutidos os valores que os portugueses associam ao Estado Democrático, sendo que em questão estão os possíveis trade-offs entre três formas de legitimidade democrática: input legitimacy (igualdade, accountability e mérito), throughput legitimacy (transparência e legalidade) e output legitimacy (eficiência, imparcialidade, compaixão e informalidade). A clarificação e o contraste dos julgamentos dos cidadãos sobre comportamentos impróprios, na vida privada e na esfera pública, são outras dimensões exploradas no primeiro capítulo, que finaliza com a apresentação de um índice social de corrupção, através do qual os Autores argumentam que os portugueses têm uma definição social de corrupção algo restringida, propícia para que estes escolham frequentemente fazer mais do que a Lei permite e menos do que a ética exige.Já no segundo capítulo, Luís de Sousa, utilizando uma perspectiva sociológica e recorrendo aos dados do European Social Survey (Round 2), do International Social Survey Programme (ISSP), e do inquérito “Corrupção e Ética em Democracia: o Caso de Portugal”, argumenta que o problema da corrupção em Portugal não se resume a práticas de suborno na Administração resultantes de estruturas de oportunidade pontuais. O problema é, para o Autor, mais estrutural: por um lado, espelha uma cultura cívica centrada no sucesso individual e caracterizada por uma concepção de “bem público” residual ou secundária em relação aos interesses/necessidades dos grupos de relações primárias (família, clã, partido), na qual a confusão de poderes e a mistura de géneros é eticamente aceitável; por outro lado, resulta do modo como o poder político-administrativo está estruturado em sociedade, isto é, opaco, restrito (de difícil acesso), concentrado, insensível aos problemas dos cidadãos e permeável a interesses e pressões de privados. Contudo, o Autor não alimenta a ideia, algo difusa nos nossos dias, de que as estruturas de oportunidade para a corrupção variam em razão inversa à dimensão do Estado, isto é, ‘mais Estado=mais corrupção’. É uma leitura redutora da evolução do Estado moderno. Mais Estado não significa mais corrupção. Os processos de privatização e de contratação externa de serviços, como forma de emagrecimento do Estado, têm sido fortemente marcados por corrupção. O Estado liberal, no Reino Unido, em finais do século XIX, foi um dos regimes mais corruptos da Europa. Não é por acaso que a primeira legislação penal, relativamente à corrupção, data de 1889 (posteriormente revista em 1906 e em 1916). Já na década de 70, época em que o Reino Unido possuía um dos Estados mais fortes e intervencionistas ao nível europeu, quase não se ouviu falar de corrupção. Pela mesma ordem de ideias, os países escandinavos que, porventura, são os mais intervencionistas da Europa, gozam de uma reputação impoluta nos vários índices internacionais de governabilidade e de percepção da corrupção, tais como o Corruption Perceptions Index da Transparency International. O problema não está no intervencionismo, antes no tipo de intervencionismo; não está na dimensão do Estado, mas na sua qualidade. Ao contrário do capítulo de José M. Magone que lhe sucede, o Autor acredita que Portugal é uma Democracia a duas velocidades e que a modernização não é um processo linear nem progressivo. É possível que um Portugal moderno, onde as exigências democráticas são mais consistentes, abrangentes e persistentes, coexista com um Portugal neo-patrimonialista, caracterizado pelo clientelismo e pela cunha.O terceiro capítulo, por José M. Magone, adopta uma perspectiva mais estruturalista e comparativa, tentando demonstrar que um dos factores que melhor explica a natureza e extensão do fenómeno da corrupção em Portugal, é a persistência de uma cultura política neo-patrimonialista por parte dos cidadãos. Apesar de três décadas de Democracia em Portugal, a sociedade civil organizada permanece muito débil, pouco participativa e pouco assertiva face ao poder político, quando contrastada com a dos países do norte da Europa. Neste capítulo, o Autor coloca o fraco empenho político e cívico dos portugueses no centro do problema da corrupção. Para o Autor, as sociedades que gozam de uma cidadania mais activa/ participativa e um sentido cívico empenhado e responsável apresentam-se bastante mais atentas e menos tolerantes em relação à corrupção. Esse contexto de alerta e de pressão colectiva, que ajudaria a consolidar e a difundir os standards de ética na vida pública está ainda num estado embrionário no caso português. O Autor dá conta da encruzilhada em que a Democracia portuguesa se encontra actualmente. Portugal está envolvido num longo e árduo processo de transição de uma Democracia formal para uma Democracia qualitativa efectiva, o que significa que a corrupção continuará a eclodir e a abalar regularmente o nosso sistema político, não obstante os esforços de modernização gradualmente encetados pelos vários Governos.O quarto capítulo explora a dualidade público/privado nos julgamentos sociais brevemente referida nesta introdução. Carlos Jalali aborda as atitudes dos portugueses em relação à ética e combate à corrupção na vida pública, examinando as suas expectativas e experiências em relação a comportamentos éticos. Em específico, procura avaliar duas questões levantadas frequentemente na literatura sobre ética e corrupção na vida pública, e que o inquérito “Corrupção e Ética em Democracia: o Caso de Portugal” permite testar empiricamente. Primeiro, se a insatisfação com a Democracia está relacionada com a percepção de existência de corrupção. Segundo, se as percepções de existência de corrupção estão relacionadas com a proximidade a partidos de Governo. Para o Autor, os portugueses aparentam ser “duros e exigentes” em relação ao comportamento da sua classe política, uma exigência que nem sempre tem correspondência a nível privado.Por último, o capítulo de António Pedro Dores levanta uma questão pertinente no actual contexto moralizador da vida pública em que vivemos. Nunca antes a corrupção tivera tanta cobertura mediática, suscitando tanto interesse por parte das instituições nacionais e internacionais, e conduzindo a tantas iniciativas de combate, a maioria das quais de natureza simbólica e com resultados pouco atendíveis. As palavras do ex-Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, aquando da adopção da Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção (vulgo Convenção de Mérida), pela Assembleia Geral, a 31 de Outubro de 2003, são representativas deste optimismo moralista que tem cegado os mais bem intencionados e servido de subterfúgio politico para aqueles que procuram, através da anti-corrupção, fazer política por outro meios.De facto, a corrupção é um mal sempre presente mas terá sempre suscitado o mesmo nível de condenação? E terá sempre representado um efeito tóxico para as sociedades? À luz dos ensinamentos de Durkheim, poderíamos concluir que a corrupção, enquanto crime, é uma manifestação de criatividade, inovação, sem a qual as sociedades estão inertes. As sociedades conviveram com o fenómeno ao longo dos séculos. É por conseguinte legítimo perguntar que tipo de sociedade se pretende com a “anti-corrupção”? Uma sociedade “sem corrupção” é utópica. Uma “sociedade policiada”, baseada em purgas, campanhas moralizadoras e repressão selectiva é possível, mas apresenta custos elevados, sobretudo ao nível das liberdades e garantias a que nos habituámos no ocidente. Uma “sociedade hipócrita”, assente numa opinião pública escandalizada e alimentada por um mediatismo sensacionalista e reformas legislativas cosméticas, é, talvez, o mais provável. Partindo do pressuposto que uma perspectiva moralista da corrupção pode ser contraproducente, António Pedro Dores questiona-se: “Mas, então, como olhar a corrupção no intuito da sua contenção em limites aceitáveis?”. Mobilizando uma perspectiva teórica específica, – a “teoria dos estados de espírito” –, uma metodologia estatística multivariada qualitativa, – a análise de correspondências –, António Dores identifica o quadro ideológico em que se desenvolve, em Portugal, o “espírito anti-corrupção”: inconformista, anti-neo-liberal, distinto das tendências securitárias, entende-se principalmente como contra-poder do Estado, mas também do mundo dos negócios e da Igreja."BiografiaLUÍS DE SOUSAPolitólogo.Nasceu em 1973.Doutorou-se em Ciências Sociais e Políticas pelo Instituto Universitário Europeu de Florença em Julho 2002, com uma tese intitulada Corruption: 'Assessing Ethical Standards in Political Life through Control Policies'. Em Outubro do mesmo ano, foi recrutado como investigador pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE, onde actualmente desempenha funções.De Setembro de 2004 a 2005, trabalhou como investigador principal na Australian National University de Canberra no âmbito de um projecto de investigação intitulado 'The International Anti-Corruption Movement'. Desempenha também as funções de professor convidado na Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.É o fundador e coordenador responsável da primeira rede de investigação sobre agências anti-corrupção (ANCORAGE-NET) que inclui 15 agências anti-corrupção de 14 países diferentes da Europa, Oceânia, América Latina e África.No âmbito de um projecto de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, criou recentemente o Observatório de Ética na Vida Pública a funcionar junto do CIES-ISCTE.Foi orador convidado em várias universidades europeias e estrangeiras. Tem várias publicações, projectos de investigação e consultoria para organizações nacionais e internacionais sobre corrupção, políticas de controlo à corrupção e financiamento político.JOÃO TRIÃESLicenciou-se em Sociologia pelo ISCTE em 2004, defendendo uma tese intitulada “Aspectos Sociológicos da corrupção em Portugal: Actores, Mecanismos e Recursos do Crime de Corrupção em Portugal entre 1999-2001”. Em 2007 tirou uma pós-graduação em Economia e Políticas Públicas, no Departamento de Economia do ISCTE. Foi assistente de investigação do projecto “Corrupção e Ética em Democracia: o Caso de Portugal”, financiado pela FCT, da rede ANCORAGE-NET e do Observatório de Ética na Vida Pública. Trabalhou ainda em diversos projectos de financiamento político e de controlo da corrupção, dos quais se destacam os trabalhos realizado junto do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP-PGR) e da Entidade das Contas e dos Financiamentos Políticos (ECFP), órgão adstrito ao Tribunal Constitucional. Os seus interesses de investigação relacionam-se com os valores e atitudes face à corrupção e à ética, as políticas públicas, as políticas de controlo da corrupção e as sondagens políticas.Fonte: RCP Edições

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