Uma crítica de "Marketing em Pessoa"

01-07-2009
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O Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) lançou uma pequena obra (95 páginas) onde reuniu o que Pessoa escreveu sobre Marketing, intulando-a de "Marketing em Pessoa".Desde logo cabe assinalar a particularidade do título. O próprio editor pergunta-se, na "Nota do editor": "Escreveu Fernando Pessoa algum texto sobre marketing?". Chega à conclusão que sim, mesmo que nunca tenha usado essa exacta expressão. Se o marketing é "o pensar da gestão" - como pensa Pedro Ferreira, editor das edições IPAM - então Pessoa escreveu sobre marketing, porque escreveu longas páginas sobre gestão. Tendemos a concordar. O livro encontra-se dividido em 6 secções: "Palavras iniciais" (textos introdutórios), "Estado e Economia", "A Gestão", O Comércio", Comunicação" e "Lições Breves de Gestão". Cada secção tem a particularidade original de começar com uma pequena introdução de um gestor de uma grande empresa. Uma excelente ideia, porque dá uma perspectiva moderna aos textos, sob a lupa de gestores experientes que reflectem sobre eles, mesmo antes de os lermos. Esta "lupa de modernidade" permite por ex. que "Estado e Economia" possa ser lido à luz dos actuais acontecimentos na economia mundial e sobretudo a intrusão do Estado na Economia real. No entanto de todos os pequenos prefácios destaco o escrito por José Alberto Antunes, actual director de marketing da Coca-Cola Portugal, que escreveu a introdução à secção "O Comércio" - um texto deveras inteligente e comovente. Interessante também a análise de Paula Arriscado (introdução à secção "Comunicação") que chama a atenção para o facto da experiência de Pessoa enquanto escritor de slogans poder ter ajudado na escrita de algum dos seus versos mais memoráveis (que são igualmente facilmente memorizados). Não se trata da primeira vez que os textos comerciais de Pessoa são publicados, mas esta edição do IPAM merece destaque por não tentar ser nem exaustiva, nem descuidada. A divisão feita e sobretudo as introduções modernas ajudam à compreensão desta faceta de Pessoa, que é das menos estudadas (talvez só Mega Ferreira lhe dedique mais tempo actualmente). É certo que Pessoa aqui não terá operado nenhuma revolução, mas dá-nos uma ideia de que era também um homem prático, um homem que pensava a realidade prática e não apenas um sonhador. O livro pode ser adquirido online, neste link.Agradecimentos às Edições IPAM pelo cortês envio de um exemplar para análise.


O Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) lançou uma pequena obra (95 páginas) onde reuniu o que Pessoa escreveu sobre Marketing, intulando-a de "Marketing em Pessoa".Desde logo cabe assinalar a particularidade do título. O próprio editor pergunta-se, na "Nota do editor": "Escreveu Fernando Pessoa algum texto sobre marketing?". Chega à conclusão que sim, mesmo que nunca tenha usado essa exacta expressão. Se o marketing é "o pensar da gestão" - como pensa Pedro Ferreira, editor das edições IPAM - então Pessoa escreveu sobre marketing, porque escreveu longas páginas sobre gestão. Tendemos a concordar. O livro encontra-se dividido em 6 secções: "Palavras iniciais" (textos introdutórios), "Estado e Economia", "A Gestão", O Comércio", Comunicação" e "Lições Breves de Gestão". Cada secção tem a particularidade original de começar com uma pequena introdução de um gestor de uma grande empresa. Uma excelente ideia, porque dá uma perspectiva moderna aos textos, sob a lupa de gestores experientes que reflectem sobre eles, mesmo antes de os lermos. Esta "lupa de modernidade" permite por ex. que "Estado e Economia" possa ser lido à luz dos actuais acontecimentos na economia mundial e sobretudo a intrusão do Estado na Economia real. No entanto de todos os pequenos prefácios destaco o escrito por José Alberto Antunes, actual director de marketing da Coca-Cola Portugal, que escreveu a introdução à secção "O Comércio" - um texto deveras inteligente e comovente. Interessante também a análise de Paula Arriscado (introdução à secção "Comunicação") que chama a atenção para o facto da experiência de Pessoa enquanto escritor de slogans poder ter ajudado na escrita de algum dos seus versos mais memoráveis (que são igualmente facilmente memorizados). Não se trata da primeira vez que os textos comerciais de Pessoa são publicados, mas esta edição do IPAM merece destaque por não tentar ser nem exaustiva, nem descuidada. A divisão feita e sobretudo as introduções modernas ajudam à compreensão desta faceta de Pessoa, que é das menos estudadas (talvez só Mega Ferreira lhe dedique mais tempo actualmente). É certo que Pessoa aqui não terá operado nenhuma revolução, mas dá-nos uma ideia de que era também um homem prático, um homem que pensava a realidade prática e não apenas um sonhador. O livro pode ser adquirido online, neste link.Agradecimentos às Edições IPAM pelo cortês envio de um exemplar para análise.

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