anjos sem asas: Quando a solidão se instala

12-10-2009
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A paixão costuma erguer castelos de carta no ar. O amor constrói casas simples e fortes. Mas como toda casa ela precisa de cuidados constantes. Até as maiores fortalezas podem desmoronar com a ação do tempo, das intempéries e do mau uso. Quando se constrói uma vida a dois, é necessário que os dois sintam a necessidade de mantê-la sempre em ordem, faxinada, limpa, perfumada e alegre. Muitas vezes acontece de a tarefa recair somente a um e aí aquilo que antes era prazeroso vai se tornando estafante. O contínuo fazer e não ser notado, manter e não ser reconhecido, o cansaço sem abraço, a carga sem alívio, torna-se fardo e, fardo é sempre difícil de carregar sozinho. Aquilo que antes era feito com alegria agora parece castigo. Aí,  aos poucos vai-se intalando a ferrugem do ressentimento, a poeira do desamor, a descoloração dos afetos e tenta-se em vão disfarçar. Vai-se tapando buracos, escondendo a dor da alma com sorrisos, buscando novas atividades que  preencham os dias só para não  se ver aquilo que está diante dos olhos e ameaça cair sobre  as cabeças. “Tudo fica como está e por baixo das aparências corre o rio turvo do lento e tácito suicídio a dois, físico ou moral. É a morte das alegrias e da ternura, um acordo fatal na qual a esperança fica revogada. E, então levantam-se intransponíveis colunas de Hércules que serão derrubadas algum momento mais tarde com violência e dor, ou serão o monumento em honra de duas existências boicotadas.”* É preciso encontrar uma saída. Não se pode deixar esmagar uma alma que anseia por crescimento, que quer viver, aprender, poder ser alegre, respirar, confiar, encontrar novas amizades, não se sentir ignorado. Mas a opção é de cada um. Pode-se continuar mantendo aparências e assim tudo continua como está e os outros ficam felizes por acharem que seu  mundo é perfeito e você continua morto por dentro ou pode fazer uma revolução. Essa revolução pode ser a reconstrução da casa, dos alicerces ao teto, agora com mais cuidado e atenção, usando materiais mais resistentes, uma vez que já se tem a experiência e o aprendizado sobre aquilo que foi feito de errado. Mas, é necessário o trabalho conjunto. De nada adianta um se esforçar se o outro não ajudar. Outra opção é construção de uma nova vida. Em todo caso a tarefa não é fácil e sempre haverá sofrimento. Uma coisa só é certa: não viemos ao mundo para sermos infelizes até que a morte nos separe. Não é justo aprisionar pássaros só porque gostamos de suas cores e de seu canto ou porque ele nos faz feliz. E o pássaro será que está feliz? *citação de Lya Luft.


A paixão costuma erguer castelos de carta no ar. O amor constrói casas simples e fortes. Mas como toda casa ela precisa de cuidados constantes. Até as maiores fortalezas podem desmoronar com a ação do tempo, das intempéries e do mau uso. Quando se constrói uma vida a dois, é necessário que os dois sintam a necessidade de mantê-la sempre em ordem, faxinada, limpa, perfumada e alegre. Muitas vezes acontece de a tarefa recair somente a um e aí aquilo que antes era prazeroso vai se tornando estafante. O contínuo fazer e não ser notado, manter e não ser reconhecido, o cansaço sem abraço, a carga sem alívio, torna-se fardo e, fardo é sempre difícil de carregar sozinho. Aquilo que antes era feito com alegria agora parece castigo. Aí,  aos poucos vai-se intalando a ferrugem do ressentimento, a poeira do desamor, a descoloração dos afetos e tenta-se em vão disfarçar. Vai-se tapando buracos, escondendo a dor da alma com sorrisos, buscando novas atividades que  preencham os dias só para não  se ver aquilo que está diante dos olhos e ameaça cair sobre  as cabeças. “Tudo fica como está e por baixo das aparências corre o rio turvo do lento e tácito suicídio a dois, físico ou moral. É a morte das alegrias e da ternura, um acordo fatal na qual a esperança fica revogada. E, então levantam-se intransponíveis colunas de Hércules que serão derrubadas algum momento mais tarde com violência e dor, ou serão o monumento em honra de duas existências boicotadas.”* É preciso encontrar uma saída. Não se pode deixar esmagar uma alma que anseia por crescimento, que quer viver, aprender, poder ser alegre, respirar, confiar, encontrar novas amizades, não se sentir ignorado. Mas a opção é de cada um. Pode-se continuar mantendo aparências e assim tudo continua como está e os outros ficam felizes por acharem que seu  mundo é perfeito e você continua morto por dentro ou pode fazer uma revolução. Essa revolução pode ser a reconstrução da casa, dos alicerces ao teto, agora com mais cuidado e atenção, usando materiais mais resistentes, uma vez que já se tem a experiência e o aprendizado sobre aquilo que foi feito de errado. Mas, é necessário o trabalho conjunto. De nada adianta um se esforçar se o outro não ajudar. Outra opção é construção de uma nova vida. Em todo caso a tarefa não é fácil e sempre haverá sofrimento. Uma coisa só é certa: não viemos ao mundo para sermos infelizes até que a morte nos separe. Não é justo aprisionar pássaros só porque gostamos de suas cores e de seu canto ou porque ele nos faz feliz. E o pássaro será que está feliz? *citação de Lya Luft.

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