XimPi: Os “terroristas” – de Nelson Mandela às FARC

28-06-2009
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O CASTENDO TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE» E A CDU «UM PROJECTO DE FUTURO, UMA PRESENÇA DE LUTA POR UMA VIDA MELHOR» Segunda-feira, 14 de Julho de 2008 Os “terroristas” – de Nelson Mandela às FARC 1. Quando foi preso pela última vez em 1962, Nelson Mandela era o comandante do braço armado do ANC, «Umkhonto we Sizwe», a «Lança da Nação». Tal prisão só foi possível por informações passadas pela CIA à polícia política do regime do apartheid na África do Sul. Mandela era considerado um perigoso terrorista e comunista. O «Umkhonto we Sizwe» manteve-se activo até ao fim do apartheid, desenvolvendo acções de sabotagem e de guerrilha, algumas das quais atingiram civis inocentes. Durante os 27 anos de prisão Nelson Mandela sempre recusou a sua liberdade condicional em troca de uma declaração de renúncia à luta armada. A história depois da sua libertação em 1990 é por demais conhecida. O que poucos leitores deviam saber é que Mandela e o seu partido, o ANC, estiveram na lista negra do «terrorismo» americano até bem recentemente (ver o PÚBLICO de 6/7). Segundo uma lei aprovada no mandato de Ronald Reagan, poderiam deslocar-se à sede das Nações Unidas, mas não estavam autorizados a viajar no resto do território americano. Finalmente a 1 de Julho de 2008 (!!!) o Presidente Bush promulgou a lei aprovada pelo Senado a 27 de Junho. 2. A comunicação social dominante em Portugal nada disse nestes dias sobre o facto do Presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, enfrentar uma crise política grave. Sessenta parlamentares da sua base de apoio estão incriminados num escândalo de corrupção, ligações com o narcotráfico e os paramilitares. Tem um primo e conselheiro político, Mário Uribe, preso pelos mesmos motivos. O Supremo Tribunal contesta a legalidade de sua reeleição em 2006, obtida mediante a compra de votos confirmado pela confissão da ex-parlamentar Ydis Medina. Não possui uma base política sólida e nem um sucessor de confiança, o que o leva à tentação de mudar de novo as regras do jogo e tentar um terceiro mandato. Dizer que o governo Uribe é o mais à direita da América Latina dá apenas uma pálida imagem do seu posicionamento político e ideológico. Ele e sua base de classe são com frequência comparados aos regimes nazi-fascistas. Sobretudo depois de a oligarquia colombiana ter entrado no ramo das drogas e ter criado os paramilitares. A Colômbia não é apenas o único país das Américas que vive uma experiência guerrilheira. É também campeã do mundo em assassinatos de sindicalistas e de jornalistas: mais de metade dos sindicalistas assassinados em todo o mundo. Mais de 11.200 colombianos foram assassinados desde que Uribe foi «eleito» (não inclui os mortos em combate entre as guerrilhas e as Forças Armadas). O número de desaparecidos ronda os 30 mil. São homens e mulheres, novos e velhos, com nome. Mas a comunicação social dominante cala-se, ou refere friamente os números. Não são mediáticos. Não podem aparecer nas televisões. Jazem sob sete palmos de terra. Aparentemente quem fala e escreve sob a Colômbia ignora também que as forças democráticas de esquerda deste país (socialistas, sociais-democratas e comunistas) estão aglutinadas no seio do Pólo Democrático Alternativo (PDA). Em 2007 o PDA elegeu 9 deputados em 166 e 11 senadores em 100. Destes 1 senador e 1 deputado são membros do PCC. O candidato do PDA às últimas eleições presidenciais na Colômbia, Carlos Gaviria Díaz, foi o 2º mais votado com 22,04% dos votos. Em 2008 o PDA conquistou, entre outros, o município de Bogotá. Notas finais: Para quem não sabe, na Colômbia há várias organizações que se reclamam do marxismo-leninismo: o PCC, as FARC, um PCC clandestino criado pelas FARC, o PC da C (m-l), o PCC-M, o PPS. Já por três vezes, a propósito das mentiras das sucessivas administrações americanas, indiquei nesta coluna o sítio do National Security Archive da George Washington University. Vão lá e revisitem o inqualificável passado e presente de Álvaro Uribe e dos seus mais próximos colaboradores. Talvez revejam algumas ideias feitas…Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação In jornal "Público" - Edição de 11 de Julho de 2008 sinto-me: tags: alfonso cano, anc, anedota, assassinatos, blog, blogs, castendo, colômbia, direitos humanos, farc, guerrilha, humor, ingrid betancourt, narcotráfico, nelson mandela, notícias, paramilitares, polo democrático alternativo, reféns, terroristas, álvaro uribe. publicado por António Vilarigues às 00:03,,


O CASTENDO TERRAS DE PENALVA ONDE «A LIBERDADE É A COMPREENSÃO DA NECESSIDADE» E A CDU «UM PROJECTO DE FUTURO, UMA PRESENÇA DE LUTA POR UMA VIDA MELHOR» Segunda-feira, 14 de Julho de 2008 Os “terroristas” – de Nelson Mandela às FARC 1. Quando foi preso pela última vez em 1962, Nelson Mandela era o comandante do braço armado do ANC, «Umkhonto we Sizwe», a «Lança da Nação». Tal prisão só foi possível por informações passadas pela CIA à polícia política do regime do apartheid na África do Sul. Mandela era considerado um perigoso terrorista e comunista. O «Umkhonto we Sizwe» manteve-se activo até ao fim do apartheid, desenvolvendo acções de sabotagem e de guerrilha, algumas das quais atingiram civis inocentes. Durante os 27 anos de prisão Nelson Mandela sempre recusou a sua liberdade condicional em troca de uma declaração de renúncia à luta armada. A história depois da sua libertação em 1990 é por demais conhecida. O que poucos leitores deviam saber é que Mandela e o seu partido, o ANC, estiveram na lista negra do «terrorismo» americano até bem recentemente (ver o PÚBLICO de 6/7). Segundo uma lei aprovada no mandato de Ronald Reagan, poderiam deslocar-se à sede das Nações Unidas, mas não estavam autorizados a viajar no resto do território americano. Finalmente a 1 de Julho de 2008 (!!!) o Presidente Bush promulgou a lei aprovada pelo Senado a 27 de Junho. 2. A comunicação social dominante em Portugal nada disse nestes dias sobre o facto do Presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, enfrentar uma crise política grave. Sessenta parlamentares da sua base de apoio estão incriminados num escândalo de corrupção, ligações com o narcotráfico e os paramilitares. Tem um primo e conselheiro político, Mário Uribe, preso pelos mesmos motivos. O Supremo Tribunal contesta a legalidade de sua reeleição em 2006, obtida mediante a compra de votos confirmado pela confissão da ex-parlamentar Ydis Medina. Não possui uma base política sólida e nem um sucessor de confiança, o que o leva à tentação de mudar de novo as regras do jogo e tentar um terceiro mandato. Dizer que o governo Uribe é o mais à direita da América Latina dá apenas uma pálida imagem do seu posicionamento político e ideológico. Ele e sua base de classe são com frequência comparados aos regimes nazi-fascistas. Sobretudo depois de a oligarquia colombiana ter entrado no ramo das drogas e ter criado os paramilitares. A Colômbia não é apenas o único país das Américas que vive uma experiência guerrilheira. É também campeã do mundo em assassinatos de sindicalistas e de jornalistas: mais de metade dos sindicalistas assassinados em todo o mundo. Mais de 11.200 colombianos foram assassinados desde que Uribe foi «eleito» (não inclui os mortos em combate entre as guerrilhas e as Forças Armadas). O número de desaparecidos ronda os 30 mil. São homens e mulheres, novos e velhos, com nome. Mas a comunicação social dominante cala-se, ou refere friamente os números. Não são mediáticos. Não podem aparecer nas televisões. Jazem sob sete palmos de terra. Aparentemente quem fala e escreve sob a Colômbia ignora também que as forças democráticas de esquerda deste país (socialistas, sociais-democratas e comunistas) estão aglutinadas no seio do Pólo Democrático Alternativo (PDA). Em 2007 o PDA elegeu 9 deputados em 166 e 11 senadores em 100. Destes 1 senador e 1 deputado são membros do PCC. O candidato do PDA às últimas eleições presidenciais na Colômbia, Carlos Gaviria Díaz, foi o 2º mais votado com 22,04% dos votos. Em 2008 o PDA conquistou, entre outros, o município de Bogotá. Notas finais: Para quem não sabe, na Colômbia há várias organizações que se reclamam do marxismo-leninismo: o PCC, as FARC, um PCC clandestino criado pelas FARC, o PC da C (m-l), o PCC-M, o PPS. Já por três vezes, a propósito das mentiras das sucessivas administrações americanas, indiquei nesta coluna o sítio do National Security Archive da George Washington University. Vão lá e revisitem o inqualificável passado e presente de Álvaro Uribe e dos seus mais próximos colaboradores. Talvez revejam algumas ideias feitas…Especialista em Sistemas de Comunicação e Informação In jornal "Público" - Edição de 11 de Julho de 2008 sinto-me: tags: alfonso cano, anc, anedota, assassinatos, blog, blogs, castendo, colômbia, direitos humanos, farc, guerrilha, humor, ingrid betancourt, narcotráfico, nelson mandela, notícias, paramilitares, polo democrático alternativo, reféns, terroristas, álvaro uribe. publicado por António Vilarigues às 00:03,,

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