XimPi: O perigoso novelo do Cáucaso

28-06-2009
marcar artigo


• LuísCarapinhaCáucaso, 100 etnias para 21 milhões de habitantes, a maior densidade etnolinguística do mundoNo âmago deste processo encontra-se a irreprimível lógica exploradora e expansionista do imperialismo O perigoso novelo do Cáucaso Demorará tempo a assentar a poeira no Cáucaso, após o acto de agressão protagonizado pelo regime protofascista de Saakashvili, a 8 de Agosto, contra a Ossétia do Sul. A operação relâmpago para alterar o estatuto da autoproclamada república independente através do terror, destruição e a morte, algo impensável sem o apoio dos EUA, fracassou estrepitosamente – a provocação militar georgiana acabou por abalar irremediavelmente o anterior status quo. A Rússia respondeu com o reconhecimento da independência da Ossétia do Sul e da Abkházia, objectivo pelo qual Tsinkhvali e Sukhumi se bateram ao longo das últimas duas décadas..O mesmo não se poderá dizer da perigosa estratégia de confrontação lançada pelo imperialismo norte-americano contra a Rússia (o plano B ou A?), que se eleva agora a um novo patamar. A ofensiva em que, não obstante as diferenças de tom e método, se alinham os EUA, NATO e UE coloca também à prova, na região do Cáucaso em particular, frágeis equilíbrios no seio da própria multinacional Federação Russa.É assim evidente que os actuais desenvolvimentos do conflito no Cáucaso galgam as margens da questão «específica» da auto-determinação da Ossétia do Sul e Abkházia, para confluirem no mar da crescente tensão e choque entre os EUA/NATO/UE e a Rússia. No âmago deste processo encontra-se a irreprimível lógica exploradora e expansionista do imperialismo expressa no alargamento da NATO e tentativa de forçar a inclusão da Geórgia e Ucrânia, na criação de novas bases militares e instalação do escudo antimíssil dos EUA na Europa de Leste (visando aniquilar o equilíbrio nuclear estratégico existente) e nas desesperadas tentativas para assegurar direitos extra-territoriais sobre recursos e corredores energéticos.Importará, ao mesmo tempo, aprofundar o conhecimento da complexa realidade histórica do Cáucaso e as raízes dos conflitos da Ossétia do Sul e Abkházia. E lembrar – algo que a perversa campanha mediática em curso olimpicamente ignora – os efeitos desastrosos do desmantelamento da URSS na sua génese e manifestação..Foi sob o aplauso das «democracias ocidentais» que o exacerbado nacionalismo georgiano se converteu num dos agentes activos do enfraquecimento e desagregação soviéticas, rompendo os equilíbrios internos e reactivando velhas disputas étnicas. Eram os tempos da divisa «A Geórgia para os georgianos» do antigo presidente Gamssakhurdia, em que Saakashvili hoje se inspira, da abolição das autonomias e das fratricidas campanhas militares e de limpeza étnica. Em 1991, a Geórgia boicotou o referendo sobre a URSS em que 75% dos soviéticos disseram sim à sua manutenção. Mas na Abkházia este realizou-se e o sim venceu. O resto é conhecido. A 8 de Dezembro de 1991, era dado o golpe de misericórdia nos destinos do Estado soviético, fundado em 1922. E a figura, que emergiu, então, como o seu principal coveiro – Iéltsin – apressava-se a comunicar a boa nova – em «primeira mão» – a Bush (pai), para só depois informar o já totalmente desqualificado inquilino do Krémlin, Gorbatchov, do inconstitucional – e contrário à esmagadora vontade popular – desenlace.No plano internacional, uma nova linha parece ter sido traçada. Para onde caminhará, no presente contexto mundial de agravamento de contradições e crise sistémica do imperialismo, uma Rússia capitalista que almeja deixar definitivamente para trás 20 anos de subserviência e (re)afirmar-se como potência, é uma questão que subsiste..Na certeza, de que a escalada de tensões em que apostam os EUA e a NATO, só aumentará os riscos à paz e segurança do planeta, ameaçando empurrar a humanidade em direcção ao abismo..AvanteNº 181404.Setembro.2008..Cáucaso, 100 etnias para 21 milhões de habitantes, a maior densidade etnolinguística do mundo ..


• LuísCarapinhaCáucaso, 100 etnias para 21 milhões de habitantes, a maior densidade etnolinguística do mundoNo âmago deste processo encontra-se a irreprimível lógica exploradora e expansionista do imperialismo O perigoso novelo do Cáucaso Demorará tempo a assentar a poeira no Cáucaso, após o acto de agressão protagonizado pelo regime protofascista de Saakashvili, a 8 de Agosto, contra a Ossétia do Sul. A operação relâmpago para alterar o estatuto da autoproclamada república independente através do terror, destruição e a morte, algo impensável sem o apoio dos EUA, fracassou estrepitosamente – a provocação militar georgiana acabou por abalar irremediavelmente o anterior status quo. A Rússia respondeu com o reconhecimento da independência da Ossétia do Sul e da Abkházia, objectivo pelo qual Tsinkhvali e Sukhumi se bateram ao longo das últimas duas décadas..O mesmo não se poderá dizer da perigosa estratégia de confrontação lançada pelo imperialismo norte-americano contra a Rússia (o plano B ou A?), que se eleva agora a um novo patamar. A ofensiva em que, não obstante as diferenças de tom e método, se alinham os EUA, NATO e UE coloca também à prova, na região do Cáucaso em particular, frágeis equilíbrios no seio da própria multinacional Federação Russa.É assim evidente que os actuais desenvolvimentos do conflito no Cáucaso galgam as margens da questão «específica» da auto-determinação da Ossétia do Sul e Abkházia, para confluirem no mar da crescente tensão e choque entre os EUA/NATO/UE e a Rússia. No âmago deste processo encontra-se a irreprimível lógica exploradora e expansionista do imperialismo expressa no alargamento da NATO e tentativa de forçar a inclusão da Geórgia e Ucrânia, na criação de novas bases militares e instalação do escudo antimíssil dos EUA na Europa de Leste (visando aniquilar o equilíbrio nuclear estratégico existente) e nas desesperadas tentativas para assegurar direitos extra-territoriais sobre recursos e corredores energéticos.Importará, ao mesmo tempo, aprofundar o conhecimento da complexa realidade histórica do Cáucaso e as raízes dos conflitos da Ossétia do Sul e Abkházia. E lembrar – algo que a perversa campanha mediática em curso olimpicamente ignora – os efeitos desastrosos do desmantelamento da URSS na sua génese e manifestação..Foi sob o aplauso das «democracias ocidentais» que o exacerbado nacionalismo georgiano se converteu num dos agentes activos do enfraquecimento e desagregação soviéticas, rompendo os equilíbrios internos e reactivando velhas disputas étnicas. Eram os tempos da divisa «A Geórgia para os georgianos» do antigo presidente Gamssakhurdia, em que Saakashvili hoje se inspira, da abolição das autonomias e das fratricidas campanhas militares e de limpeza étnica. Em 1991, a Geórgia boicotou o referendo sobre a URSS em que 75% dos soviéticos disseram sim à sua manutenção. Mas na Abkházia este realizou-se e o sim venceu. O resto é conhecido. A 8 de Dezembro de 1991, era dado o golpe de misericórdia nos destinos do Estado soviético, fundado em 1922. E a figura, que emergiu, então, como o seu principal coveiro – Iéltsin – apressava-se a comunicar a boa nova – em «primeira mão» – a Bush (pai), para só depois informar o já totalmente desqualificado inquilino do Krémlin, Gorbatchov, do inconstitucional – e contrário à esmagadora vontade popular – desenlace.No plano internacional, uma nova linha parece ter sido traçada. Para onde caminhará, no presente contexto mundial de agravamento de contradições e crise sistémica do imperialismo, uma Rússia capitalista que almeja deixar definitivamente para trás 20 anos de subserviência e (re)afirmar-se como potência, é uma questão que subsiste..Na certeza, de que a escalada de tensões em que apostam os EUA e a NATO, só aumentará os riscos à paz e segurança do planeta, ameaçando empurrar a humanidade em direcção ao abismo..AvanteNº 181404.Setembro.2008..Cáucaso, 100 etnias para 21 milhões de habitantes, a maior densidade etnolinguística do mundo ..

marcar artigo