XimPi: Mulheres migrantes sofrem múltiplas discriminações na Europa

28-06-2009
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"As mulheres migrantes sofrem uma multiplicidade de discriminações. A primeira é motivada pela questão de gênero. Outra é por estar em situação de migração. Há ainda as discriminações racial e por tipo de trabalho. Essa problemática é ainda pouco tratada nas pesquisas. É preciso aprofundar os estudos sobre migração feminina". A afirmação é da antropóloga social e pesquisadora da Faculdade de Sociologia da Universidade de Federico II de Nápoles (Itália), Adelina Miranda. Por Talita Mochiute, do Aprendiz Para a pesquisadora, que esteve no Brasil para participar do Colóquio Internacional Tolerância e Direitos Humanos, em São Paulo (SP), a primeira questão a ser considerada é que as migrações das mulheres têm especificidades em relação à dos homens. Uma delas refere-se ao lugar ocupado pelas migrantes no mercado de trabalho do país que as recebem. Segundo Adelina Miranda, na Itália, aproximadamente 70% das mulheres imigrantes trabalham no serviço doméstico ou em atividades ligadas ao cuidado de crianças e idosos. Essa proporção é semelhante em países como Espanha ou na Grécia. "O trabalho doméstico não é considerado trabalho", afirma a pesquisadora. A profissão e a tarefa dessas mulheres não têm o mesmo valor e reconhecimento social que as atividades produtivas. "O modo como essas mulheres se colocam no mercado de trabalho é atravessado pelas questões inter-étnicas. A maioria das migrantes domésticas é negra ou do Leste Europeu", complementou a professora. Para Adelina, a divisão sexual do trabalho também ajuda a entender a colocação das mulheres migrantes no mercado e as formas de discriminação. A divisão entre trabalho feminino, associado à atividade doméstica e de assistência, e de trabalho masculino, ligado ao setor produtivo, expressa uma hierarquia de gênero e aponta para a desqualificação do trabalho feminino. "O maior problema é enxergar esse fenômeno histórico como natural. Outro aspecto que merece atenção é a invisibilidade dessas mulheres", enfatizou Demanda por profissionais O grande número de mulheres nos serviços domésticos e de assistência a idosos e crianças pode ainda ser compreendido, conforme a visão da antropóloga, pelo problema do envelhecimento da população na Itália, Espanha e França e a falta de serviços do Estado para atender esse público. A socióloga e membro do laboratório Migrinter da Universidade de Poitiers (França), Marie-Antoniette Hilly, analisando as migrações contemporâneas a partir da dinâmica do mercado de empregos, destaca o paradoxo que envolve as medidas contra as migrações tomadas pelos Estados europeus. "Os Estados protegem suas fronteiras, mas necessitam de novos trabalhadores migrantes para suas economias", comenta a socióloga, que também estava presente no Colóquio Internacional Tolerância e Direitos Humanos. No entanto, só a mobilidade de pessoas qualificadas é encorajada. Outro paradoxo apontado pela pesquisadora é que a globalização incentiva o intercâmbio entre as nações e a diminuição das fronteiras, enquanto o Estado tende a se proteger de acordo com a conjuntura econômica. "É preciso pensar na questão da hospitalidade e da cidadania num contexto de globalização", disse Marie-Antoniette. © Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída. Agência Envolverde.in Vermelho - 28 DE ABRIL DE 2009 - 17h59..


"As mulheres migrantes sofrem uma multiplicidade de discriminações. A primeira é motivada pela questão de gênero. Outra é por estar em situação de migração. Há ainda as discriminações racial e por tipo de trabalho. Essa problemática é ainda pouco tratada nas pesquisas. É preciso aprofundar os estudos sobre migração feminina". A afirmação é da antropóloga social e pesquisadora da Faculdade de Sociologia da Universidade de Federico II de Nápoles (Itália), Adelina Miranda. Por Talita Mochiute, do Aprendiz Para a pesquisadora, que esteve no Brasil para participar do Colóquio Internacional Tolerância e Direitos Humanos, em São Paulo (SP), a primeira questão a ser considerada é que as migrações das mulheres têm especificidades em relação à dos homens. Uma delas refere-se ao lugar ocupado pelas migrantes no mercado de trabalho do país que as recebem. Segundo Adelina Miranda, na Itália, aproximadamente 70% das mulheres imigrantes trabalham no serviço doméstico ou em atividades ligadas ao cuidado de crianças e idosos. Essa proporção é semelhante em países como Espanha ou na Grécia. "O trabalho doméstico não é considerado trabalho", afirma a pesquisadora. A profissão e a tarefa dessas mulheres não têm o mesmo valor e reconhecimento social que as atividades produtivas. "O modo como essas mulheres se colocam no mercado de trabalho é atravessado pelas questões inter-étnicas. A maioria das migrantes domésticas é negra ou do Leste Europeu", complementou a professora. Para Adelina, a divisão sexual do trabalho também ajuda a entender a colocação das mulheres migrantes no mercado e as formas de discriminação. A divisão entre trabalho feminino, associado à atividade doméstica e de assistência, e de trabalho masculino, ligado ao setor produtivo, expressa uma hierarquia de gênero e aponta para a desqualificação do trabalho feminino. "O maior problema é enxergar esse fenômeno histórico como natural. Outro aspecto que merece atenção é a invisibilidade dessas mulheres", enfatizou Demanda por profissionais O grande número de mulheres nos serviços domésticos e de assistência a idosos e crianças pode ainda ser compreendido, conforme a visão da antropóloga, pelo problema do envelhecimento da população na Itália, Espanha e França e a falta de serviços do Estado para atender esse público. A socióloga e membro do laboratório Migrinter da Universidade de Poitiers (França), Marie-Antoniette Hilly, analisando as migrações contemporâneas a partir da dinâmica do mercado de empregos, destaca o paradoxo que envolve as medidas contra as migrações tomadas pelos Estados europeus. "Os Estados protegem suas fronteiras, mas necessitam de novos trabalhadores migrantes para suas economias", comenta a socióloga, que também estava presente no Colóquio Internacional Tolerância e Direitos Humanos. No entanto, só a mobilidade de pessoas qualificadas é encorajada. Outro paradoxo apontado pela pesquisadora é que a globalização incentiva o intercâmbio entre as nações e a diminuição das fronteiras, enquanto o Estado tende a se proteger de acordo com a conjuntura econômica. "É preciso pensar na questão da hospitalidade e da cidadania num contexto de globalização", disse Marie-Antoniette. © Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída. Agência Envolverde.in Vermelho - 28 DE ABRIL DE 2009 - 17h59..

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