Luís Filipe Menezes: O regresso ao passado

18-06-2005
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O medo, a intolerância e o maniqueísmo sectário parecem ter regressado à nossa vida colectiva. É com espanto que assisto ao recrudescer de comportamentos que já não observava desde a década de 70.Como cabeça-de-lista pelo círculo eleitoral de Braga solicitei audiências a instituições representativas da vida distrital. Alguns dos encontros visam tomar contacto com a realidade local, ouvindo achegas e reflexões de quem no quotidiano tem opinião sobre a realidade nacional, outros, são meras visitas de cortesia próprias de uma democracia adulta.Pedi para ser recebido por presidentes de Câmara, pelo Reitor da Universidade do Minho, pelas associações empresariais e sindicais e pelos clubes desportivos mais representativos da região.A resposta de muitos, da maioria, foi positiva. De alguns foi tão gentil quanto instantânea. Entre esses destaco o civismo do Presidente da Câmara de Guimarães e das direcções das mais representativas associações empresariais.Em contraste foi com perplexidade que fui confrontado com a recusa e desinteresse em nos ouvir, ou de nos veicular as suas opiniões, manifestadas pelo Presidente da Câmara de Braga e pela União dos Sindicatos de Braga (USB).O primeiro inventou mesmo uma novela própria de um prefeito do interior do sertão para justificar uma deselegância própria do 24 de Abril. Mesquita Machado, contra quem nada me move e a quem até reconheço méritos, é o exemplo acabado de que uma das medidas inadiáveis da reforma do sistema político passa pela limitação de mandatos. A eternização do exercício de poder, mesmo em democracia, conduz ao despotismo, ao embotamento das ideias e à perversão dos comportamentos.Também a União dos Sindicatos de Braga primou pela obediência à ortodoxia que tanto condiciona a Intersindical. Em paralelo com o sistemático pedido de diálogo e concertação e com a sistemática denúncia do pretenso autismo da ‘direita’, achou desnecessário discutir connosco a situação política e sócio-laboral da região. É sabido que o líder da CDU em Braga é o sindicalista Agostinho Lopes, mas com os diabos, Jerónimo de Sousa já usa fato e gravata e já se faz representar no encerramento dos congressos do PSD. No futuro, a USB nunca mais poderá acusar-nos de fuga ao debate, ou de desinteresse pelos problemas que afligem o mundo sindical.Finalmente, algumas instituições, ou se recusaram a abrir-nos as portas, ou remeteram-nos para pessoal simpático, mas menor. Esses casos sim, são verdadeiramente preocupantes. Trata-se de protagonistas que temem que a fotografia ao nosso lado possa condicionar o prometido subsídio municipal ou o financiamento de um poder nacional em que já não participemos. Estes medos, próprios do Portugal totalitário do passado, encerram um significado profundo: é urgente reduzir o peso e a influência discricionária do Estado na vida comunitária. Só dessa forma teremos finalmente uma democracia adulta em que cada um assuma livremente as suas responsabilidades de acordo com a sua consciência. Prometo que, após a vitória, obviamente não retaliaremos.


O medo, a intolerância e o maniqueísmo sectário parecem ter regressado à nossa vida colectiva. É com espanto que assisto ao recrudescer de comportamentos que já não observava desde a década de 70.Como cabeça-de-lista pelo círculo eleitoral de Braga solicitei audiências a instituições representativas da vida distrital. Alguns dos encontros visam tomar contacto com a realidade local, ouvindo achegas e reflexões de quem no quotidiano tem opinião sobre a realidade nacional, outros, são meras visitas de cortesia próprias de uma democracia adulta.Pedi para ser recebido por presidentes de Câmara, pelo Reitor da Universidade do Minho, pelas associações empresariais e sindicais e pelos clubes desportivos mais representativos da região.A resposta de muitos, da maioria, foi positiva. De alguns foi tão gentil quanto instantânea. Entre esses destaco o civismo do Presidente da Câmara de Guimarães e das direcções das mais representativas associações empresariais.Em contraste foi com perplexidade que fui confrontado com a recusa e desinteresse em nos ouvir, ou de nos veicular as suas opiniões, manifestadas pelo Presidente da Câmara de Braga e pela União dos Sindicatos de Braga (USB).O primeiro inventou mesmo uma novela própria de um prefeito do interior do sertão para justificar uma deselegância própria do 24 de Abril. Mesquita Machado, contra quem nada me move e a quem até reconheço méritos, é o exemplo acabado de que uma das medidas inadiáveis da reforma do sistema político passa pela limitação de mandatos. A eternização do exercício de poder, mesmo em democracia, conduz ao despotismo, ao embotamento das ideias e à perversão dos comportamentos.Também a União dos Sindicatos de Braga primou pela obediência à ortodoxia que tanto condiciona a Intersindical. Em paralelo com o sistemático pedido de diálogo e concertação e com a sistemática denúncia do pretenso autismo da ‘direita’, achou desnecessário discutir connosco a situação política e sócio-laboral da região. É sabido que o líder da CDU em Braga é o sindicalista Agostinho Lopes, mas com os diabos, Jerónimo de Sousa já usa fato e gravata e já se faz representar no encerramento dos congressos do PSD. No futuro, a USB nunca mais poderá acusar-nos de fuga ao debate, ou de desinteresse pelos problemas que afligem o mundo sindical.Finalmente, algumas instituições, ou se recusaram a abrir-nos as portas, ou remeteram-nos para pessoal simpático, mas menor. Esses casos sim, são verdadeiramente preocupantes. Trata-se de protagonistas que temem que a fotografia ao nosso lado possa condicionar o prometido subsídio municipal ou o financiamento de um poder nacional em que já não participemos. Estes medos, próprios do Portugal totalitário do passado, encerram um significado profundo: é urgente reduzir o peso e a influência discricionária do Estado na vida comunitária. Só dessa forma teremos finalmente uma democracia adulta em que cada um assuma livremente as suas responsabilidades de acordo com a sua consciência. Prometo que, após a vitória, obviamente não retaliaremos.

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