Câmara Corporativa: A alta política do jornalismo de sarjeta

20-05-2009
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A capa do Público de ontem tem os temperos q.b. para assustar qualquer nativo que se preze. Dentro de uma enorme mancha negra, na qual se destaca uma fotografia de um contristado José Rodrigues dos Santos, aparece um título a prometer um artigo demolidor na revista Pública: "Rodrigues dos Santos — A administração da RTP passa recados do poder político".Folheei de imediato a Pública, o que é raro fazer — Tarot por Tarot, diverte-me mais ao Domingo o Prof. Marcelo do que a Prof.ª Maya.Fiquei a saber que o Público colocara umas questões por e-mail a Rodrigues dos Santos. O pivot respondeu que nunca aceitou intromissões das administrações da RTP e que, por isso, se demitira do cargo de director de informação, quando o conselho de gerência, que ainda está em funções, impôs Rosa Veloso como correspondente em Madrid. Vivíamos então na época gloriosa dos governos PPD/PSD-CDS-PP. Referiu ainda Rodrigues dos Santos que nunca havia sentido pressões quando a administração era presidida por João Carlos Silva (nomeada por Guterres).Rodrigues dos Santos revelou também que, após se demitir do cargo de director de informação (que ocupou entre 2002 e 2004), passou a fazer o seu trabalhinho, sem sequer interferir no alinhamento dos telejornais. Por outras palavras, o pivot sublinha que já não ocupa, desde a sua demissão, um cargo sujeito a pressões, pelo que se pode deduzir que as acusações que fez se reportavam ao período em que foi director de informação.Que faz o jornalismo de sarjeta? Descontextualiza as palavras do insuspeito Rodrigues dos Santos, fazendo crer aos seus leitores que ele se está a referir aos tempos que correm.E por que o Público actua assim? Bem, a mensagem tem uma dupla relevância para quem a definiu (a direcção do jornal):• Confirmar a tese da ofensiva contra a liberdade da comunicação social (caso de Teddy¹ Cintra Torres); e• Sustentar a defesa do director do Público no processo por difamação movido pelo actual director de informação da RTP.O maroto do Dr. José Manuel sabe-a toda. Mas há um pormenor na patranha que falha: mais de 24 horas depois desta bombástica revelação, o impagável Agostinho Branquinho, jornalista, proprietário de agências de comunicação e deputado do PSD, mantém-se num comprometido silêncio. Nem poderia comportar-se de outra forma, para não pôr a descoberto a sujidade.Pois é, não há crimes perfeitos.____________¹ Petit nom doméstico (e não uma invenção do CC).

A capa do Público de ontem tem os temperos q.b. para assustar qualquer nativo que se preze. Dentro de uma enorme mancha negra, na qual se destaca uma fotografia de um contristado José Rodrigues dos Santos, aparece um título a prometer um artigo demolidor na revista Pública: "Rodrigues dos Santos — A administração da RTP passa recados do poder político".Folheei de imediato a Pública, o que é raro fazer — Tarot por Tarot, diverte-me mais ao Domingo o Prof. Marcelo do que a Prof.ª Maya.Fiquei a saber que o Público colocara umas questões por e-mail a Rodrigues dos Santos. O pivot respondeu que nunca aceitou intromissões das administrações da RTP e que, por isso, se demitira do cargo de director de informação, quando o conselho de gerência, que ainda está em funções, impôs Rosa Veloso como correspondente em Madrid. Vivíamos então na época gloriosa dos governos PPD/PSD-CDS-PP. Referiu ainda Rodrigues dos Santos que nunca havia sentido pressões quando a administração era presidida por João Carlos Silva (nomeada por Guterres).Rodrigues dos Santos revelou também que, após se demitir do cargo de director de informação (que ocupou entre 2002 e 2004), passou a fazer o seu trabalhinho, sem sequer interferir no alinhamento dos telejornais. Por outras palavras, o pivot sublinha que já não ocupa, desde a sua demissão, um cargo sujeito a pressões, pelo que se pode deduzir que as acusações que fez se reportavam ao período em que foi director de informação.Que faz o jornalismo de sarjeta? Descontextualiza as palavras do insuspeito Rodrigues dos Santos, fazendo crer aos seus leitores que ele se está a referir aos tempos que correm.E por que o Público actua assim? Bem, a mensagem tem uma dupla relevância para quem a definiu (a direcção do jornal):• Confirmar a tese da ofensiva contra a liberdade da comunicação social (caso de Teddy¹ Cintra Torres); e• Sustentar a defesa do director do Público no processo por difamação movido pelo actual director de informação da RTP.O maroto do Dr. José Manuel sabe-a toda. Mas há um pormenor na patranha que falha: mais de 24 horas depois desta bombástica revelação, o impagável Agostinho Branquinho, jornalista, proprietário de agências de comunicação e deputado do PSD, mantém-se num comprometido silêncio. Nem poderia comportar-se de outra forma, para não pôr a descoberto a sujidade.Pois é, não há crimes perfeitos.____________¹ Petit nom doméstico (e não uma invenção do CC).

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