Praticamente desconhecido em Portugal, John Berger (n. 1926) é um dos mais influentes autores britânicos. Romancista, ensaísta e crítico de arte — além de pintor —, Berger coligiu em livro uma famosa série de sua autoria, sobre o modo de olhar a arte, que a BBC transmitiu em 1972. Ways of Seeing / Modos de Ver foi traduzido e editado no nosso país pelas Edições 70, logo em 1972, sendo objecto de várias reedições até 1996. Se não erro, fica por aqui a presença de Berger na edição portuguesa. Quanto sei, G. (1972), que ganhou o Booker Prize, continua inédito entre nós. Agora, Helder Moura Pereira traduziu And Our Faces, My Heart, Brief as Photos / E os Nossos Rostos, Meu Amor, Fugazes como Fotografias, obra de 1984 que mistura prosa e poesia. Trata-se de um estimulante ensaio de pouco mais de cem páginas, sobre os desígnios da poesia enquanto metalinguagem, os nexos do amor e da ausência, as tensões civilizacionais do nosso tempo (como, por exemplo, o desenraizamento das populações deslocadas), temas aparentemente desconexos que o autor funde num raciocínio coerente a partir de pretextos singulares: um poema de Anna Akhmátova, uma pintura de Rembrandt, o “conceito de lar” ou, simplesmente, a visão de um punhado de lilases ao crepúsculo. O seu estilo fluente, muitas vezes próximo do registo diarístico, torna a leitura compulsiva. Ficamos à espera da edição da trilogia Into Teir Labours, que compreende os romances Pig Hearth (1979), Once in Europa (1987) e Lilac and Flag (1990). Atento o relativo “desconhecimento” de Berger entre nós, teria sido prudente incluir no volume um breve texto introdutório.Adenda. Informam-me três leitores (A. Neves, Francisco Frazão e Rui Rey) da existência de outra obra de Berger editada em Portugal: Here Is Where We Meet / Aqui Nos Encontramos (2005), publicada pela Civilização. Obrigado aos três.Manuel Portela: «Numa escrita vibrante e provocatória, livre dos clichés do discurso crítico, Sweet Dreams [de Johanna Drucker] abre uma outra forma de ver não apenas a arte contemporânea, mas a história da arte do século XX. Lendo Sweet Dreams percebe-se como a escrita constitui um instrumento essencial da crítica: a possibilidade de produzir conhecimento sobre um objecto vincula-se à linguagem com que conseguimos construí-lo enquanto objecto. É a versatilidade da linguagem crítica que dá ao pensamento a rapidez suficiente para poder pensar objectos novos e problemas novos.»Mónica Marques: «Se a professora do telemóvel fosse uma mulher gira provavelmente a parva da aluna não teria dado o show que deu (nenhuma mulher enfrenta uma mulher mais gira), ou acham que ela não ouvia os grunhidos de apoio do xunga filmador? E se a professora fosse engraçada quem o grunho apoiaria? Líbido, meus caros, pulsões sexuais, testosterona, bonecas infláveis, Ginas, essas coisas importantes dentro de uma sala de aula cheia de adolescentes com as hormonas aos pulos. Ou em brasileiro, hormônios. Com os hormônios aos pulos.»O Jansenista: «O ensino (oficial) da Filosofia está gravemente doente, o que aliás deve dar grande gozo ao anti-humanista Gago, para o qual tudo o que não seja aceleração de partículas e turismo académico deve soar a uma bizarria anacrónica.»Pedro Marques Lopes: «Uma pessoa que diz o que o Agostinho Branquinho disse à TSF, acerca dum novo programa da RTP2, em que a jornalista Fernanda Câncio irá colaborar, não passa de um pulha. Pior que pulha, um pulha cobarde.»Etiquetas: Blogues, Nota de leitura
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Praticamente desconhecido em Portugal, John Berger (n. 1926) é um dos mais influentes autores britânicos. Romancista, ensaísta e crítico de arte — além de pintor —, Berger coligiu em livro uma famosa série de sua autoria, sobre o modo de olhar a arte, que a BBC transmitiu em 1972. Ways of Seeing / Modos de Ver foi traduzido e editado no nosso país pelas Edições 70, logo em 1972, sendo objecto de várias reedições até 1996. Se não erro, fica por aqui a presença de Berger na edição portuguesa. Quanto sei, G. (1972), que ganhou o Booker Prize, continua inédito entre nós. Agora, Helder Moura Pereira traduziu And Our Faces, My Heart, Brief as Photos / E os Nossos Rostos, Meu Amor, Fugazes como Fotografias, obra de 1984 que mistura prosa e poesia. Trata-se de um estimulante ensaio de pouco mais de cem páginas, sobre os desígnios da poesia enquanto metalinguagem, os nexos do amor e da ausência, as tensões civilizacionais do nosso tempo (como, por exemplo, o desenraizamento das populações deslocadas), temas aparentemente desconexos que o autor funde num raciocínio coerente a partir de pretextos singulares: um poema de Anna Akhmátova, uma pintura de Rembrandt, o “conceito de lar” ou, simplesmente, a visão de um punhado de lilases ao crepúsculo. O seu estilo fluente, muitas vezes próximo do registo diarístico, torna a leitura compulsiva. Ficamos à espera da edição da trilogia Into Teir Labours, que compreende os romances Pig Hearth (1979), Once in Europa (1987) e Lilac and Flag (1990). Atento o relativo “desconhecimento” de Berger entre nós, teria sido prudente incluir no volume um breve texto introdutório.Adenda. Informam-me três leitores (A. Neves, Francisco Frazão e Rui Rey) da existência de outra obra de Berger editada em Portugal: Here Is Where We Meet / Aqui Nos Encontramos (2005), publicada pela Civilização. Obrigado aos três.Manuel Portela: «Numa escrita vibrante e provocatória, livre dos clichés do discurso crítico, Sweet Dreams [de Johanna Drucker] abre uma outra forma de ver não apenas a arte contemporânea, mas a história da arte do século XX. Lendo Sweet Dreams percebe-se como a escrita constitui um instrumento essencial da crítica: a possibilidade de produzir conhecimento sobre um objecto vincula-se à linguagem com que conseguimos construí-lo enquanto objecto. É a versatilidade da linguagem crítica que dá ao pensamento a rapidez suficiente para poder pensar objectos novos e problemas novos.»Mónica Marques: «Se a professora do telemóvel fosse uma mulher gira provavelmente a parva da aluna não teria dado o show que deu (nenhuma mulher enfrenta uma mulher mais gira), ou acham que ela não ouvia os grunhidos de apoio do xunga filmador? E se a professora fosse engraçada quem o grunho apoiaria? Líbido, meus caros, pulsões sexuais, testosterona, bonecas infláveis, Ginas, essas coisas importantes dentro de uma sala de aula cheia de adolescentes com as hormonas aos pulos. Ou em brasileiro, hormônios. Com os hormônios aos pulos.»O Jansenista: «O ensino (oficial) da Filosofia está gravemente doente, o que aliás deve dar grande gozo ao anti-humanista Gago, para o qual tudo o que não seja aceleração de partículas e turismo académico deve soar a uma bizarria anacrónica.»Pedro Marques Lopes: «Uma pessoa que diz o que o Agostinho Branquinho disse à TSF, acerca dum novo programa da RTP2, em que a jornalista Fernanda Câncio irá colaborar, não passa de um pulha. Pior que pulha, um pulha cobarde.»Etiquetas: Blogues, Nota de leitura