cidade queimada: RTP nega alegada pressão de assessor do governo

02-10-2009
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A notícia que faz manchete no Expresso deste sábado é mais um contributo para o debate sobre as alegadas pressões do governo Sócrates sobre a comunicação social:Agostinho Branquinho, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, garante que as pressões do Governo sobre a informação da RTP estão a ganhar contornos ‘‘completamente despudorados’’. O deputado ilustra a denúncia de um episódio que, diz, se passou ‘‘no último meio ano’’: um assessor de José Sócrates exigiu falar com o pivô da RTP 1 durante a emissão, para mudar uma notícia. ‘‘Temos conhecimento desta situação em concreto: um assessor do primeiro-ministro que quis falar com o pivô durante a apresentação de um dos jornais nacionais’’, afirmou ao Expresso o social-democrata. De acordo com o responsável do PSD, que acompanha no Parlamento as questões ligadas à comunicação social, ‘‘estava em causa uma notícia que era desagradável para o Governo’’, e que o referido assessor de Sócrates tentou condicionar, falando ‘‘com o editor e com o pivô’’. Ainda segundo Branquinho, o colaborador de Sócrates conseguiu falar com o apresentador, enquanto o noticiário decorria, mas, ‘‘apesar das pressões’’, não foi mudada a notícia nem o alinhamento. Mesmo depois da insistência do Expresso, o presidente da distrital do Porto do PSD recusou-se a identificar os protagonistas do caso, bem como o noticiário em que tudo se passou e o assunto que motivou a alegada tentativa de intervenção. ‘‘Só poderei revelar mais informação se a pessoa em causa me autorizar. De outra forma, comprometeria alguém que teve hombridade e dimensão profissional’’, diz. O deputado garante que tem “conhecimento directo’’ dos acontecimentos, mas lembra que ‘‘também um crítico de televisão se referiu ao caso’’. Segundo Branquinho, tratou-se de uma ‘‘tentativa de intervenção despudorada’’ que ‘‘deu nas vistas’’. “Há mais pessoas que sabem’’, assegura. Os três pivôs do Jornal da Tarde, produzido no Porto, negam peremptoriamente ter sido contactados por algum membro do Governo com o intuito de interferir no seu trabalho. Carlos Daniel, Hélder Silva e João Fernando Ramos dizem que o caso não se passou com eles, e garantem que nunca ouviram sequer falar do assunto. “Nem como pivô, nem enquanto director de informação, fui contactado por qualquer governante”, disse ao Expresso Carlos Daniel. Hélder Silva diz que não é ele o protagonista dessa história e confessa a sua estranheza: “Não era a um pivô que eles ligariam, se quisessem influenciar a informação”. Fernando Ramos reitera essa ideia: “É o editor quem tem responsabilidade editorial. Não faria sentido ligar a um pivô’’. ‘‘Não aconteceu comigo, nem tenho conhecimento de um caso desses’’, diz, por seu lado, José Alberto Carvalho, pivô do Telejornal e director-adjunto de Informação. O Expresso tentou ouvir ainda Judite de Sousa e José Rodrigues dos Santos, também pivôs do Telejornal, mas estes não responderam até ao fecho da edição. ‘‘É uma insinuação que não merece comentários’’, afirmou ao Expresso o gabinete de imprensa de Sócrates. ‘‘Isso é completamente fantasioso’’, responde, por seu lado, Luís Marinho, director de informação de RTP. ‘‘Nunca ouvi falar nisso. É tão bizarro que, a ter acontecido, eu saberia. Muito estranharia se tivesse acontecido e não me tivessem informado’’, disse o responsável pela informação da televisão pública. Embora reconheça não ser impossível que um telefonema do exterior chegue a um pivô durante o noticiário, Marinho diz, com ‘‘90% de certeza’’, que é ‘‘quase impossível’’ que se tivesse passado o que o dirigente do PSD conta. Para Marinho, as alegações do deputado fazem parte da ‘‘campanha’’ que este vem fazendo contra a RTP. ‘‘O que o dr. Branquinho está a fazer é aquilo de que acusa o Governo: pressão descarada. Há alguém que faça mais pressão sobre a RTP do que o dr. Branquinho?’’, questiona o director de informação. Esta semana, Branquinho lançou no Parlamento mais acusações de governamentalização. Em declarações ao Expresso, acrescentou outro caso: o facto de Miguel Sousa Tavares ter assumido na ‘Visão’ o convite de Sócrates para director da RTP. ‘‘O primeiro-ministro convidar directamente o director da RTP é a prova provada da governamentalização’’, diz o deputado, lembrando que ao Governo compete escolher a administração da empresa, mas não os directores.Filipe Santos Costa, com Ricardo Jorge Pinto, "Expresso", 03/10/2006


A notícia que faz manchete no Expresso deste sábado é mais um contributo para o debate sobre as alegadas pressões do governo Sócrates sobre a comunicação social:Agostinho Branquinho, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, garante que as pressões do Governo sobre a informação da RTP estão a ganhar contornos ‘‘completamente despudorados’’. O deputado ilustra a denúncia de um episódio que, diz, se passou ‘‘no último meio ano’’: um assessor de José Sócrates exigiu falar com o pivô da RTP 1 durante a emissão, para mudar uma notícia. ‘‘Temos conhecimento desta situação em concreto: um assessor do primeiro-ministro que quis falar com o pivô durante a apresentação de um dos jornais nacionais’’, afirmou ao Expresso o social-democrata. De acordo com o responsável do PSD, que acompanha no Parlamento as questões ligadas à comunicação social, ‘‘estava em causa uma notícia que era desagradável para o Governo’’, e que o referido assessor de Sócrates tentou condicionar, falando ‘‘com o editor e com o pivô’’. Ainda segundo Branquinho, o colaborador de Sócrates conseguiu falar com o apresentador, enquanto o noticiário decorria, mas, ‘‘apesar das pressões’’, não foi mudada a notícia nem o alinhamento. Mesmo depois da insistência do Expresso, o presidente da distrital do Porto do PSD recusou-se a identificar os protagonistas do caso, bem como o noticiário em que tudo se passou e o assunto que motivou a alegada tentativa de intervenção. ‘‘Só poderei revelar mais informação se a pessoa em causa me autorizar. De outra forma, comprometeria alguém que teve hombridade e dimensão profissional’’, diz. O deputado garante que tem “conhecimento directo’’ dos acontecimentos, mas lembra que ‘‘também um crítico de televisão se referiu ao caso’’. Segundo Branquinho, tratou-se de uma ‘‘tentativa de intervenção despudorada’’ que ‘‘deu nas vistas’’. “Há mais pessoas que sabem’’, assegura. Os três pivôs do Jornal da Tarde, produzido no Porto, negam peremptoriamente ter sido contactados por algum membro do Governo com o intuito de interferir no seu trabalho. Carlos Daniel, Hélder Silva e João Fernando Ramos dizem que o caso não se passou com eles, e garantem que nunca ouviram sequer falar do assunto. “Nem como pivô, nem enquanto director de informação, fui contactado por qualquer governante”, disse ao Expresso Carlos Daniel. Hélder Silva diz que não é ele o protagonista dessa história e confessa a sua estranheza: “Não era a um pivô que eles ligariam, se quisessem influenciar a informação”. Fernando Ramos reitera essa ideia: “É o editor quem tem responsabilidade editorial. Não faria sentido ligar a um pivô’’. ‘‘Não aconteceu comigo, nem tenho conhecimento de um caso desses’’, diz, por seu lado, José Alberto Carvalho, pivô do Telejornal e director-adjunto de Informação. O Expresso tentou ouvir ainda Judite de Sousa e José Rodrigues dos Santos, também pivôs do Telejornal, mas estes não responderam até ao fecho da edição. ‘‘É uma insinuação que não merece comentários’’, afirmou ao Expresso o gabinete de imprensa de Sócrates. ‘‘Isso é completamente fantasioso’’, responde, por seu lado, Luís Marinho, director de informação de RTP. ‘‘Nunca ouvi falar nisso. É tão bizarro que, a ter acontecido, eu saberia. Muito estranharia se tivesse acontecido e não me tivessem informado’’, disse o responsável pela informação da televisão pública. Embora reconheça não ser impossível que um telefonema do exterior chegue a um pivô durante o noticiário, Marinho diz, com ‘‘90% de certeza’’, que é ‘‘quase impossível’’ que se tivesse passado o que o dirigente do PSD conta. Para Marinho, as alegações do deputado fazem parte da ‘‘campanha’’ que este vem fazendo contra a RTP. ‘‘O que o dr. Branquinho está a fazer é aquilo de que acusa o Governo: pressão descarada. Há alguém que faça mais pressão sobre a RTP do que o dr. Branquinho?’’, questiona o director de informação. Esta semana, Branquinho lançou no Parlamento mais acusações de governamentalização. Em declarações ao Expresso, acrescentou outro caso: o facto de Miguel Sousa Tavares ter assumido na ‘Visão’ o convite de Sócrates para director da RTP. ‘‘O primeiro-ministro convidar directamente o director da RTP é a prova provada da governamentalização’’, diz o deputado, lembrando que ao Governo compete escolher a administração da empresa, mas não os directores.Filipe Santos Costa, com Ricardo Jorge Pinto, "Expresso", 03/10/2006

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