PALAVROSSAVRVS REX: MONÓLOGO DA IRMÃ DÚVIDA

23-05-2009
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«Não aborteis, que diabo!Por que abortais, imorais? - penso eu cá comigo,de essas mulheres ricas e putas, de essas mulheres putas e pobres, pois o meu pensamento ecoa-me como uma vergastadade indignação santíssima e imaculadíssima, torre de marfim, diadema, de abjecção ao pecado dos homens!Cuspo, cuspo na cidade dos homens e nas suas corrupções lúbricasque conduzem direitinhas à perdição danada do fogo do inferno.Tanta irresponsabilidade, porra, e em sexo anal contraceptivo ninguém pensa! Fodem todos como coelhos, até formam associações,mas afinal não se lembram da camisa-de-vénus.Pensam todos no parque de diversões da foda,e depois vê-se, não pensam é no diafragma e no espermicida. Isto é um deixar o carrinho mesmo à portinha do cemitério, mesmo à porta do empreguinho, mesmo à porta da lojinha, mesmo à porta do depois vê-se.Andar, usar as pernas, é para os outros.Abortar brada aos Céus e este povo é um povo preguiçoso, com o corpo mole.Então o verde? Quero atravessar logo esta merda!E agora atravessa-se outra vez à nossa frente isto de votar no Referendo Abortivo!Mas então não foi o outro Referendo já um aborto?!Foram todos para a praia e ficou tudo igual,menos o custo do exercício da cidadania, que foi caro e inútil,continuou a penalizar-se, e, de vez em quando, a penalizar-se mediaticamentecom as mulheres do PC e do BE a fazerem solidários broches aos longos micofones negros das TV's e a empunhar cartazes libertários:"No meu cu mando eu".Se é para penalizar, é para penalizar.Se não é para penalizar, não é para penalizar.Que achais, Senhor? É crime, bem sabemos. O Cardeal diz que é um problema de cada consciência, mas se se fala em consciência é porque é mal abortalhar.Será? Deve ser. Só se pode até às dez semanas, mais ou menos, para se ser rigoroso e científico no torcer do gasganete. Tem de vir agora um paneleiro de um governo fascizóide,tecnologicamente obcecado,intolerante com os legitimamente indignados no protesto, na greve, um governo mentiroso nas desculpas e brutal nas taxas, nos impostos, nas coimas, no caralho, um governo insolente com os fracos,sempre primo-ministerialmente sorridente e com papos sob os olhos,assim como um parlamento vassalo, acrítico, o parlamento da anomia, blaterar o agora é que é Referendo!Um governo reformista, mas elefantino e porcelanês. Um governo da política selvática com os pequenos. Um governo da política safari com os professoresda socióloga funérea e triste.Os caminhos do mundo,ai os caminhos do mundo, Senhor!Bem, é melhor atravessar.E Deus que me perdoe.»Joaquim Santos


«Não aborteis, que diabo!Por que abortais, imorais? - penso eu cá comigo,de essas mulheres ricas e putas, de essas mulheres putas e pobres, pois o meu pensamento ecoa-me como uma vergastadade indignação santíssima e imaculadíssima, torre de marfim, diadema, de abjecção ao pecado dos homens!Cuspo, cuspo na cidade dos homens e nas suas corrupções lúbricasque conduzem direitinhas à perdição danada do fogo do inferno.Tanta irresponsabilidade, porra, e em sexo anal contraceptivo ninguém pensa! Fodem todos como coelhos, até formam associações,mas afinal não se lembram da camisa-de-vénus.Pensam todos no parque de diversões da foda,e depois vê-se, não pensam é no diafragma e no espermicida. Isto é um deixar o carrinho mesmo à portinha do cemitério, mesmo à porta do empreguinho, mesmo à porta da lojinha, mesmo à porta do depois vê-se.Andar, usar as pernas, é para os outros.Abortar brada aos Céus e este povo é um povo preguiçoso, com o corpo mole.Então o verde? Quero atravessar logo esta merda!E agora atravessa-se outra vez à nossa frente isto de votar no Referendo Abortivo!Mas então não foi o outro Referendo já um aborto?!Foram todos para a praia e ficou tudo igual,menos o custo do exercício da cidadania, que foi caro e inútil,continuou a penalizar-se, e, de vez em quando, a penalizar-se mediaticamentecom as mulheres do PC e do BE a fazerem solidários broches aos longos micofones negros das TV's e a empunhar cartazes libertários:"No meu cu mando eu".Se é para penalizar, é para penalizar.Se não é para penalizar, não é para penalizar.Que achais, Senhor? É crime, bem sabemos. O Cardeal diz que é um problema de cada consciência, mas se se fala em consciência é porque é mal abortalhar.Será? Deve ser. Só se pode até às dez semanas, mais ou menos, para se ser rigoroso e científico no torcer do gasganete. Tem de vir agora um paneleiro de um governo fascizóide,tecnologicamente obcecado,intolerante com os legitimamente indignados no protesto, na greve, um governo mentiroso nas desculpas e brutal nas taxas, nos impostos, nas coimas, no caralho, um governo insolente com os fracos,sempre primo-ministerialmente sorridente e com papos sob os olhos,assim como um parlamento vassalo, acrítico, o parlamento da anomia, blaterar o agora é que é Referendo!Um governo reformista, mas elefantino e porcelanês. Um governo da política selvática com os pequenos. Um governo da política safari com os professoresda socióloga funérea e triste.Os caminhos do mundo,ai os caminhos do mundo, Senhor!Bem, é melhor atravessar.E Deus que me perdoe.»Joaquim Santos

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