PALAVROSSAVRVS REX: BANANEN REPUBLIK OU MASOQUISMO APAZIGUADO

30-09-2009
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Naturalmente, o meu patíbulo laboral, o Pub, esteve às moscas, esta noite,na ressaca de um resultado frango de mais para as melhores das expectativasde muitos. Quase ninguém apareceu. A festa e a alegria engatilhadasnão puderam deflagrar. Só estoirou seca uma espécie de deprimência cor de chumbo e uma espécie de lassidão semelhante à lassidão pós-coito quando o coito prometeu mais do que deu e por isso desconsolou.lkjE eu, que pura e simplesmente não tenho tido a mais pequenapaciência com entusiasmos pueris a propósito de futebol e passo completamente ao ladodessas conversas pelas quais tesos e gente sem lugar no cemitério tanto se apaixonam e às tantas matam e enforcam por amor-corno de um argumento,eu não escapei de escutar o paleio mais previsível e cansativo do Cosmos nessa matéria.lkjTive quanto a isso um convicto esgar desprezivo. Também por lá se falou de África perdida por isto e aquilo, assim ou assado. Ouvi. Guardei. África é uma questão ao rubro na psique detroçada de um povo sem-nunca-mais-el-rei-D. João II. D. Sebastião, morrendo, efeminou-nos para nunca mais!Cêntimo a cêntimo sobrevivo e só assim posso viver: nada mais me pode importar.Que se foda tudo o mais! O futebol, as conferências de imprensa, as politiquices de última hora, os interesses sôfregos, as traições mediáticas, as desconcentrações por traição mediática, os chupas-chupas e a boa disposição-da-piça, as conspirações e as tricas, os perus e as avestruzes resultantes da fragilidade de carácter, tudo isso merece-me o mais amarelo dos sorrisos amarelos e cínicos.lkjE foram poucos lá, no Pub, e mesmo esses poucos, tristes, murchos, magoados, flagelados de tédio.Já sabia que por trás das recentes apoteoses em terras suíças dos emigra-nacionais em torno dos rapazes dos penteados criativos, que por acaso também chutam à bola e agora também já sabem acenar às pessoas que, babantes de acefalia, lhes acenam, acenos meios nazi, como os que Bush lhes foi ensinando,já sabia que havia outra coisa misteriosa nesse simpático povo manso irredutível nas estradas: uma vontade de sofrer, um gosto de sofrer,um prazer intenso sofredor de elevar o mais alto possível o sofrível sonho para depois cair dele com mais fragor e dano ao estatelar-se.lkj Por isso, assisti a essas mesmas apoteoses clássicas de Reis regressando da batalha antes mesmo de a terem travado, enrouquecidas por uma corte de jornalistas competentes a falar eufóricos desta espécie de antimatéria, 'o futebol', a 'selecção'.Por isso, rocei televisivamente nessas apoteoses com um encolher de ombros alheio, promovidas pelos Media e alimentadas por essas multidões emigradas, roubadas e apertadas dia a dia por lá e incomparavelmente pior apertadas e roubadas por cá, caso ainda persistam no Portugal das novas oportunidades de suicídio e de desemprego, esta República das Bananas a mais corrupta e desnecessariamente decadente num raio de dois ou três mil e seiscentos quilómetros.Por isso, ficava especado, mas só por um instante, diante de essas apoteoses de multidões apanhadas a sair de um aeroporto suíço quase a descairem à pergunta manhosa dos jornalistas, armadilhada: «Então, amigo, a vida está cara, mas vale a pena voar até aqui, não é?» e tal e nós a vê-los quase a responder que sim, mas a travarem a tempo na resposta emendada,equipados, pintados, apalhaçados para o mundo rir e a pasmar nesse amor redutor e fanático,prontos para a farra, com fronha de garrafão de cinco litros, ostensivos babuínos humanos, sem qualquer vislumbre de sofrimento por colapso económico-financeiro.lkj Pobre gente ingénua, posta a correr e a saltar, a dançar conforme a música e os directos TV,títeres de altos poderes comerciais, a Galp, a Caixa, sem nenhum distanciamento e reflexão, jogadores do Casino da Vida, narizes rubicundos de um bom verde tinto! Já sabíamos que por trás dessa espuma o que há é um oceano de masoquismo mal explicado e mal satisfeito.lkjEsse masoquismo quer aflorar, clama por satisfação, mas as pessoas resistem. Fazem de conta que não é com elas.Porém, os deuses são bons. Dão-lhes a cereja da dor, uma vez que o topo do bolo da ilusão inflada a hélio no balão do nada já o tinham.Bastou um bocado de pragmatismo e de intensidade, uma pitada de superstição,uma asa de morcego de teimosia, uma pata de aranha de treta e basófia,uma santinha de barro de cupidez e de ganância,uma caganita de rato de vaidade, um peido de grandeza milionária e de desorientação ética, e pronto: os rapazes dos penteados estranhos, que também chutam bolas, regressam precoces. E, com eles, foi todo um País a ejacular fora de tempo.lkjO Povo retoma a sua vida difícil a convalescer desse seu nefelibatismo alienado,desse seu sucedânio doloroso da realidade a doer. E pronto. Fez-se luz. Deu-se de comer ao masoquismo nacional. Haverá maior cromo do masoquismo que o Benfica de Luís Filipe Vieria, a pagar promessas por todas as uefa-secretarias da bola como um bom recordista do Guiness em meter nojo e a marchar de costas?Deprimente! Ridículo! De vómito! Mas enfim, é da espécie: adora padecer e peregrinar esse ostentivo padecimento estéril! São uns bigodes fatais os dele, mas é da espécie, repito. Afinal, é duro resistir a um Vício de Sofrer assim tão arreigado!Mas ao menos, em ambos os casos, jaz agora apaziguado!


Naturalmente, o meu patíbulo laboral, o Pub, esteve às moscas, esta noite,na ressaca de um resultado frango de mais para as melhores das expectativasde muitos. Quase ninguém apareceu. A festa e a alegria engatilhadasnão puderam deflagrar. Só estoirou seca uma espécie de deprimência cor de chumbo e uma espécie de lassidão semelhante à lassidão pós-coito quando o coito prometeu mais do que deu e por isso desconsolou.lkjE eu, que pura e simplesmente não tenho tido a mais pequenapaciência com entusiasmos pueris a propósito de futebol e passo completamente ao ladodessas conversas pelas quais tesos e gente sem lugar no cemitério tanto se apaixonam e às tantas matam e enforcam por amor-corno de um argumento,eu não escapei de escutar o paleio mais previsível e cansativo do Cosmos nessa matéria.lkjTive quanto a isso um convicto esgar desprezivo. Também por lá se falou de África perdida por isto e aquilo, assim ou assado. Ouvi. Guardei. África é uma questão ao rubro na psique detroçada de um povo sem-nunca-mais-el-rei-D. João II. D. Sebastião, morrendo, efeminou-nos para nunca mais!Cêntimo a cêntimo sobrevivo e só assim posso viver: nada mais me pode importar.Que se foda tudo o mais! O futebol, as conferências de imprensa, as politiquices de última hora, os interesses sôfregos, as traições mediáticas, as desconcentrações por traição mediática, os chupas-chupas e a boa disposição-da-piça, as conspirações e as tricas, os perus e as avestruzes resultantes da fragilidade de carácter, tudo isso merece-me o mais amarelo dos sorrisos amarelos e cínicos.lkjE foram poucos lá, no Pub, e mesmo esses poucos, tristes, murchos, magoados, flagelados de tédio.Já sabia que por trás das recentes apoteoses em terras suíças dos emigra-nacionais em torno dos rapazes dos penteados criativos, que por acaso também chutam à bola e agora também já sabem acenar às pessoas que, babantes de acefalia, lhes acenam, acenos meios nazi, como os que Bush lhes foi ensinando,já sabia que havia outra coisa misteriosa nesse simpático povo manso irredutível nas estradas: uma vontade de sofrer, um gosto de sofrer,um prazer intenso sofredor de elevar o mais alto possível o sofrível sonho para depois cair dele com mais fragor e dano ao estatelar-se.lkj Por isso, assisti a essas mesmas apoteoses clássicas de Reis regressando da batalha antes mesmo de a terem travado, enrouquecidas por uma corte de jornalistas competentes a falar eufóricos desta espécie de antimatéria, 'o futebol', a 'selecção'.Por isso, rocei televisivamente nessas apoteoses com um encolher de ombros alheio, promovidas pelos Media e alimentadas por essas multidões emigradas, roubadas e apertadas dia a dia por lá e incomparavelmente pior apertadas e roubadas por cá, caso ainda persistam no Portugal das novas oportunidades de suicídio e de desemprego, esta República das Bananas a mais corrupta e desnecessariamente decadente num raio de dois ou três mil e seiscentos quilómetros.Por isso, ficava especado, mas só por um instante, diante de essas apoteoses de multidões apanhadas a sair de um aeroporto suíço quase a descairem à pergunta manhosa dos jornalistas, armadilhada: «Então, amigo, a vida está cara, mas vale a pena voar até aqui, não é?» e tal e nós a vê-los quase a responder que sim, mas a travarem a tempo na resposta emendada,equipados, pintados, apalhaçados para o mundo rir e a pasmar nesse amor redutor e fanático,prontos para a farra, com fronha de garrafão de cinco litros, ostensivos babuínos humanos, sem qualquer vislumbre de sofrimento por colapso económico-financeiro.lkj Pobre gente ingénua, posta a correr e a saltar, a dançar conforme a música e os directos TV,títeres de altos poderes comerciais, a Galp, a Caixa, sem nenhum distanciamento e reflexão, jogadores do Casino da Vida, narizes rubicundos de um bom verde tinto! Já sabíamos que por trás dessa espuma o que há é um oceano de masoquismo mal explicado e mal satisfeito.lkjEsse masoquismo quer aflorar, clama por satisfação, mas as pessoas resistem. Fazem de conta que não é com elas.Porém, os deuses são bons. Dão-lhes a cereja da dor, uma vez que o topo do bolo da ilusão inflada a hélio no balão do nada já o tinham.Bastou um bocado de pragmatismo e de intensidade, uma pitada de superstição,uma asa de morcego de teimosia, uma pata de aranha de treta e basófia,uma santinha de barro de cupidez e de ganância,uma caganita de rato de vaidade, um peido de grandeza milionária e de desorientação ética, e pronto: os rapazes dos penteados estranhos, que também chutam bolas, regressam precoces. E, com eles, foi todo um País a ejacular fora de tempo.lkjO Povo retoma a sua vida difícil a convalescer desse seu nefelibatismo alienado,desse seu sucedânio doloroso da realidade a doer. E pronto. Fez-se luz. Deu-se de comer ao masoquismo nacional. Haverá maior cromo do masoquismo que o Benfica de Luís Filipe Vieria, a pagar promessas por todas as uefa-secretarias da bola como um bom recordista do Guiness em meter nojo e a marchar de costas?Deprimente! Ridículo! De vómito! Mas enfim, é da espécie: adora padecer e peregrinar esse ostentivo padecimento estéril! São uns bigodes fatais os dele, mas é da espécie, repito. Afinal, é duro resistir a um Vício de Sofrer assim tão arreigado!Mas ao menos, em ambos os casos, jaz agora apaziguado!

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