Sem dúvida que concentrar poderes, sufocar a sociedade e os sectores mais livres como os docentes, afiar pressões sobre os media o poder judicial, berlusconizar, implantando por cá um chavismo admirável no modo e no tom, egolatrizar e egocentrizar a política, montar espectáculos PescaNova e Nova Alcântara e quejandos, montar tendas em todo o lado, malbaratar balúrdios em acessorias de imagem, comunicação e Fichas de Bocas ao ataque no Parlamento, fuga de génio, e, acima de tudo, deixar correr o marfim, tudo isso e muito mais caracterizará o governo nefasto, nocivo e catastrófico que ainda bruxuleia em Portugal, batido agora dos ventos ferozes da verdade e dos factos que lhe minam os fundamentos morais mínimos. A outra forma de o caracterizar é com os seus próprios números olhados desapaixonadamente:ljjOS NÚMEROS DA IRRESPONSABILIDADE «No dia 1 de Novembro de 2007, ainda a Crise estava longe, publiquei neste jornal um artigo que, entre outras coisas, dizia o seguinte: "Faltam dois anos para a realização das eleições legislativas. Até lá, vai ser cada vez mais claro que muito do que o Partido Socialista prometeu vai ficar por cumprir. Dentro de dois anos vai constatar-se que o crescimento da economia portuguesa foi medíocre, seguramente menos de metade da média europeia. Dentro de dois anos, concluir-se-á, com uma grande dose de decepção, o aumento da distância e mesmo a ultrapassagem feita ao nosso país por parte dos nossos principais concorrentes. Dentro de dois anos, será muito frustrante verificar que a Espanha descolará de nós de uma forma que não possibilita qualquer tipo de recuperação nas décadas mais próximas. Dentro de dois anos, a classe média em Portugal vai encontrar-se exangue por estar tão sufocada pelo Estado. Dentro de dois anos, a distância entre os mais ricos e os mais pobres em Portugal ainda será maior do que é hoje. Dentro de dois anos, as pequenas e médias empresas, que poderiam ser o factor mais decisivo para a criação de riqueza em Portugal, estarão envolvidas em tantos problemas e dificuldades que conduzirão ao desânimo e à perda de confiança de muitos empresários. Entretanto, o desemprego não vai parar de aumentar, a perda de confiança será mais generalizada e o investimento, apesar da imensa propaganda do governo, vai continuar a não aparecer. Dentro de dois anos, vai ser muito claro que a máquina de propaganda montada pelo governo, apesar de muito boa, não foi capaz de criar um clima de confiança nos agentes económicos, culturais e sociais. Dentro de dois anos, os resultados apresentados pelo governo socialista vão ser muito escassos e aquela espécie de banha de cobra, tão eficazmente propagandeada, não passará de uma ilusão que, neste caso pouco terá de doce". Para quem tem experiência governativa era já muito claro, em Agosto de 2007, que a acção do governo não era consistente e assentava sobretudo numa gigantesca máquina de propaganda. Tal como previ há ano e meio, o governo vai deixar o país numa situação muito pior do que quando iniciou funções em 2004. Para justificar esta evolução negativa, vamos agora passar a ouvir até à exaustão que a culpa é da crise mundial. A crise mundial vai ter as costas largas e vai servir de pretexto e de desculpa para tudo o que correu mal em Portugal. Ora isso não é verdade. Basta analisar com algum cuidado a primeira versão do Orçamento de Estado para 2009 que foi elaborado sem ter em conta todos os efeitos da crise. Mesmo admitindo como bons os cálculos de um orçamento que foi feito de forma arrogante, leviana, inconsciente e irresponsável, ingnorando olimpicamente o que toda a gente já sabia sobre aspectos da crise mundial e por isso é que foi alterado passadas poucas semanas, chegamos às conclusões patentes no quadro ao lado quanto à evolução dos principais indicadores económicos, entre 2004 e 2009. Assim, com base na primeira versão do Orçamento de Estado para 2009, que não teve em conta todos os efeitos da crise, dos quinze indicadores indicados [sic], catorze deles apresentam uma evolução negativa entre 2004 e 2009 e apenas um, a evolução do défice público, revela um comportamento positivo que foi conseguido, não por boas razões, que poderiam estar ligadas à redução da despesa do Estado, mas por más razões, já que foi obtido à custa do aumento dos impostos. A leitura política destes números não deixa dúvidas. Independentemente da crise, o governo já esperava deixar o país em 2009 pior do que o encontrou em 2004, o que prova que a previsão por mim escrita no JN, em Agosto de 2007, foi certeira. Este governo foi muito bom, mesmo muito bom, na propaganda e mau, mesmo muito mau, na execução das reformas prometidas. Esta realidade vai ainda demorar algum tempo a ser perceptível pela generalidade dos cidadãos, mas vem a caminho mais depressa do que muitos pensam.» Comparação entre 2004 e os valores apresentados no OE 2009: O rendimento por habitante (EU-27=100) em 2004 era 74,7% e em 2009 73,3%; o crescimento do PIB (%) em 2004 era 1,5% e em 2009 0,6%; a inflacção (%) em 2004 era 2,4% e em 2009 2,5%; o défice externo (% do PIB) em 2004 era 6,1% e em 2009 11,1%; o endividamente da economia (% do PIB) em 2004 64,0 e em 2009 90,0; o endividamento das famílias (% do PIB) em 2004 era de 78,0 e em 2009 91,0; o endividamento das empresas (% do PIB) em 2004 era de 99,0 e em 2009 114,0; taxa de desemprego (% população activa) em 2004 era de 6,7 e em 2009 7,6; carga fiscal (% do PIB) em 2004 era de 33,8 e em 2009 38,0; despesa pública total (% do PIB) em 2004 era de 46,5 e em 2009 47,8; despesa pública corrente (% do PIB) em 2004 era de 42,0 e em 2009 44,3; despesa pública corrente primária (% do PIB) em 2004 era de 39,3 e em 2009 40,9; investimento público (% do PIB) em 2004 era de 3,1 e em 2009 2,5; défice público (% do PIB) em 2004 era de 3,4 e em 2009 de 2,2; dívida pública (% do PIB) em 2004 era 58,7 e em 2009 64,0; Fontes: Ministério das Finanças e da Administração Pública e Cálculos de Miguel Frasquilho, José Ribeiro e Ana Henriques.lkJosé Silva Peneda in JN, 1 de Fervereiro, 2009, (estranhamente indisponível na edição on-line)
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Sem dúvida que concentrar poderes, sufocar a sociedade e os sectores mais livres como os docentes, afiar pressões sobre os media o poder judicial, berlusconizar, implantando por cá um chavismo admirável no modo e no tom, egolatrizar e egocentrizar a política, montar espectáculos PescaNova e Nova Alcântara e quejandos, montar tendas em todo o lado, malbaratar balúrdios em acessorias de imagem, comunicação e Fichas de Bocas ao ataque no Parlamento, fuga de génio, e, acima de tudo, deixar correr o marfim, tudo isso e muito mais caracterizará o governo nefasto, nocivo e catastrófico que ainda bruxuleia em Portugal, batido agora dos ventos ferozes da verdade e dos factos que lhe minam os fundamentos morais mínimos. A outra forma de o caracterizar é com os seus próprios números olhados desapaixonadamente:ljjOS NÚMEROS DA IRRESPONSABILIDADE «No dia 1 de Novembro de 2007, ainda a Crise estava longe, publiquei neste jornal um artigo que, entre outras coisas, dizia o seguinte: "Faltam dois anos para a realização das eleições legislativas. Até lá, vai ser cada vez mais claro que muito do que o Partido Socialista prometeu vai ficar por cumprir. Dentro de dois anos vai constatar-se que o crescimento da economia portuguesa foi medíocre, seguramente menos de metade da média europeia. Dentro de dois anos, concluir-se-á, com uma grande dose de decepção, o aumento da distância e mesmo a ultrapassagem feita ao nosso país por parte dos nossos principais concorrentes. Dentro de dois anos, será muito frustrante verificar que a Espanha descolará de nós de uma forma que não possibilita qualquer tipo de recuperação nas décadas mais próximas. Dentro de dois anos, a classe média em Portugal vai encontrar-se exangue por estar tão sufocada pelo Estado. Dentro de dois anos, a distância entre os mais ricos e os mais pobres em Portugal ainda será maior do que é hoje. Dentro de dois anos, as pequenas e médias empresas, que poderiam ser o factor mais decisivo para a criação de riqueza em Portugal, estarão envolvidas em tantos problemas e dificuldades que conduzirão ao desânimo e à perda de confiança de muitos empresários. Entretanto, o desemprego não vai parar de aumentar, a perda de confiança será mais generalizada e o investimento, apesar da imensa propaganda do governo, vai continuar a não aparecer. Dentro de dois anos, vai ser muito claro que a máquina de propaganda montada pelo governo, apesar de muito boa, não foi capaz de criar um clima de confiança nos agentes económicos, culturais e sociais. Dentro de dois anos, os resultados apresentados pelo governo socialista vão ser muito escassos e aquela espécie de banha de cobra, tão eficazmente propagandeada, não passará de uma ilusão que, neste caso pouco terá de doce". Para quem tem experiência governativa era já muito claro, em Agosto de 2007, que a acção do governo não era consistente e assentava sobretudo numa gigantesca máquina de propaganda. Tal como previ há ano e meio, o governo vai deixar o país numa situação muito pior do que quando iniciou funções em 2004. Para justificar esta evolução negativa, vamos agora passar a ouvir até à exaustão que a culpa é da crise mundial. A crise mundial vai ter as costas largas e vai servir de pretexto e de desculpa para tudo o que correu mal em Portugal. Ora isso não é verdade. Basta analisar com algum cuidado a primeira versão do Orçamento de Estado para 2009 que foi elaborado sem ter em conta todos os efeitos da crise. Mesmo admitindo como bons os cálculos de um orçamento que foi feito de forma arrogante, leviana, inconsciente e irresponsável, ingnorando olimpicamente o que toda a gente já sabia sobre aspectos da crise mundial e por isso é que foi alterado passadas poucas semanas, chegamos às conclusões patentes no quadro ao lado quanto à evolução dos principais indicadores económicos, entre 2004 e 2009. Assim, com base na primeira versão do Orçamento de Estado para 2009, que não teve em conta todos os efeitos da crise, dos quinze indicadores indicados [sic], catorze deles apresentam uma evolução negativa entre 2004 e 2009 e apenas um, a evolução do défice público, revela um comportamento positivo que foi conseguido, não por boas razões, que poderiam estar ligadas à redução da despesa do Estado, mas por más razões, já que foi obtido à custa do aumento dos impostos. A leitura política destes números não deixa dúvidas. Independentemente da crise, o governo já esperava deixar o país em 2009 pior do que o encontrou em 2004, o que prova que a previsão por mim escrita no JN, em Agosto de 2007, foi certeira. Este governo foi muito bom, mesmo muito bom, na propaganda e mau, mesmo muito mau, na execução das reformas prometidas. Esta realidade vai ainda demorar algum tempo a ser perceptível pela generalidade dos cidadãos, mas vem a caminho mais depressa do que muitos pensam.» Comparação entre 2004 e os valores apresentados no OE 2009: O rendimento por habitante (EU-27=100) em 2004 era 74,7% e em 2009 73,3%; o crescimento do PIB (%) em 2004 era 1,5% e em 2009 0,6%; a inflacção (%) em 2004 era 2,4% e em 2009 2,5%; o défice externo (% do PIB) em 2004 era 6,1% e em 2009 11,1%; o endividamente da economia (% do PIB) em 2004 64,0 e em 2009 90,0; o endividamento das famílias (% do PIB) em 2004 era de 78,0 e em 2009 91,0; o endividamento das empresas (% do PIB) em 2004 era de 99,0 e em 2009 114,0; taxa de desemprego (% população activa) em 2004 era de 6,7 e em 2009 7,6; carga fiscal (% do PIB) em 2004 era de 33,8 e em 2009 38,0; despesa pública total (% do PIB) em 2004 era de 46,5 e em 2009 47,8; despesa pública corrente (% do PIB) em 2004 era de 42,0 e em 2009 44,3; despesa pública corrente primária (% do PIB) em 2004 era de 39,3 e em 2009 40,9; investimento público (% do PIB) em 2004 era de 3,1 e em 2009 2,5; défice público (% do PIB) em 2004 era de 3,4 e em 2009 de 2,2; dívida pública (% do PIB) em 2004 era 58,7 e em 2009 64,0; Fontes: Ministério das Finanças e da Administração Pública e Cálculos de Miguel Frasquilho, José Ribeiro e Ana Henriques.lkJosé Silva Peneda in JN, 1 de Fervereiro, 2009, (estranhamente indisponível na edição on-line)