PALAVROSSAVRVS REX: PITTA E OS 507 000 MARAJÁS

30-09-2009
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«Este tipo de textos é exemplar do modus loquendi “socrático”. O que ali vemos é a reprodução (em versão melhorada, claro) do discurso de Sócrates. Aqueles que poderiam ser apresentados como argumentos políticos não subsistem por si, na sua própria “racionalidade”, mas assentam em considerações “morais” quase sempre personalizadas. [...] Repare-se que as posições contrárias ao governo são moralmente e não política ou ideologicamente qualificadas. O "benefício injusto", o "privilégio", a "indolência", a "preguiça", a que se pode acrescentar a "maledicência", etc. Pôr as coisas nestes termos, como Sócrates sempre pôs também, é furtar-se à discussão política e colocar-se, de um modo bem pouco corajoso, num plano superior: o moral. Um plano que fica higienicamente afastado do debate e do exame e que se subtrai ao confronto com a realidade. Sendo a posição de Sócrates e Ca. a "moral" e a "justa", passa-se de imediato um atestado de torpeza à malandragem que se lhe oponha. Assim, os opositores, os descontentes não passam de "marajás" – poderia dizer-se nababos – e o que o heróico Sócrates conseguiu foi “meter-se num vespeiro” (e porque não um ninho de víboras?). Se pensarmos na quantidade de Portugueses afectados pelas opções “socráticas” – das quais, por manifestos problemas de visão, por mais que civicamente se esforcem, não conseguem lobrigar a “justeza das medidas” -, temos, então, um povo de marajás, isto é, gente que vive indolentemente na opulência. Gente que, malevolamente, resiste àqueles que só querem "tornar o país mais justo". (Neste momento, não consigo deixar de me lembrar de 507 000 marajás que por aí bocejam num fausto decadente e privilegiado...) Gente que não merece o senhor primeiro-ministro. Realmente, não merecemos isto.» Carlos Botelho, Jamais


«Este tipo de textos é exemplar do modus loquendi “socrático”. O que ali vemos é a reprodução (em versão melhorada, claro) do discurso de Sócrates. Aqueles que poderiam ser apresentados como argumentos políticos não subsistem por si, na sua própria “racionalidade”, mas assentam em considerações “morais” quase sempre personalizadas. [...] Repare-se que as posições contrárias ao governo são moralmente e não política ou ideologicamente qualificadas. O "benefício injusto", o "privilégio", a "indolência", a "preguiça", a que se pode acrescentar a "maledicência", etc. Pôr as coisas nestes termos, como Sócrates sempre pôs também, é furtar-se à discussão política e colocar-se, de um modo bem pouco corajoso, num plano superior: o moral. Um plano que fica higienicamente afastado do debate e do exame e que se subtrai ao confronto com a realidade. Sendo a posição de Sócrates e Ca. a "moral" e a "justa", passa-se de imediato um atestado de torpeza à malandragem que se lhe oponha. Assim, os opositores, os descontentes não passam de "marajás" – poderia dizer-se nababos – e o que o heróico Sócrates conseguiu foi “meter-se num vespeiro” (e porque não um ninho de víboras?). Se pensarmos na quantidade de Portugueses afectados pelas opções “socráticas” – das quais, por manifestos problemas de visão, por mais que civicamente se esforcem, não conseguem lobrigar a “justeza das medidas” -, temos, então, um povo de marajás, isto é, gente que vive indolentemente na opulência. Gente que, malevolamente, resiste àqueles que só querem "tornar o país mais justo". (Neste momento, não consigo deixar de me lembrar de 507 000 marajás que por aí bocejam num fausto decadente e privilegiado...) Gente que não merece o senhor primeiro-ministro. Realmente, não merecemos isto.» Carlos Botelho, Jamais

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