PALAVROSSAVRVS REX: PERSIGO PARA DEVORAR

30-09-2009
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1. Porque tudo me dói à noite e nem é saudadenem fomes de corpo onde me vaze; tudo me dói e nem são ânsias de afagospor teus dedos longas horas tecendo e retecendo amorosos os meus cabelos;tudo me dói e esse tudo é um lado roto do silênciopor onde se escoam abraços adiados, amizades pendentes, pendências de carne e ossoque não ouso enfrentar.kjhSou um covarde e acomodo-me aos dias comigo mesmo, sôfrego,por focos de luz e aplausos, fogueiras de lixo crepitantes.Tudo me macera e é esta Poesia em mim recluída, sustida em dique-dó sustenidoporque me ponteaguça e, ponteaguda, me contunde.lkjÉ a blague e o blogue catrapuzando em clangor fragoroso e o poema em esvaimento.As minhas garras e os meus dentes, meus impensáveis músculos, atiram-mepara ti, leitor!, num farejar-te já fatal! Tarde de mais, leitor!Nem que te refugies nos teus recantos-latrina me poderás escapar.Aceita ser triturado por meus magnos maxilares já que tudo me dóie me dói esta Poesia exsudante minha, minha baba, meu suor sáurio. Porque a Esfinge Antiga era o Poemae o antigo devorar todo o incapaz do transcurso diáfano da mais-que-palavra, a Lei.Saberei que sou o que devose te aterrorizo, sacudo, e seduzo,se te me rendes, perdido, leitor pudico!lkj2. QUOD POSTABIT, POSTABIT lkjSe a democracia é o melhor dos sistemas sob qualquer regimen,está na hora de mudar de regimen para salvar a democracia portuguesa. Apetece-me escrever isto depois de ter ouvido e visto os contornos da entrevista de Mário Crespo a Mário Soares, no Gabinete da sua Fundação,ali, roçando o Parlamento Hirto-Não-Mexe-À-Vontade-Escansare-Arche!, onde uma manifdecorria plácida e mole, como só em Portugal.lkjlkjAquilino, Carbonária, Regicídio, República, Livro! Depois, mais sobre os temas dos tempos,lembra-se Soares de verberar um pouco o bota-abaixismo que supõe ser-nos congénito.Por um lado, dizendo o que se diz sempre, que não leva a nada e, por outro,que só se pode fazê-lo porque há liberdade, juntando-se assima todos os que consideram inútil e irrelevante dar o nome aos bois, como Marinho Pinto e o Engenheiro Cravinho e quem mais vier demonstrar a podridão.Porque a verdade é que nos Fora Nacionais e na Grande Bloga já não estamos na fase estéril do bota-abaixismo.É insurgência mesmo, é insatisfação, é marcação directa, atenta, cívica,do País, dos Negócios do Estado, da nossa vida comum,ministro a ministro, sector público a sector público ou privado da nossa sociedadepara que no alto açambarcar e orgiar e promiscuizar comece a haver mais tento e nenhuma tentação, tarefa de Penélope.lkjDiz Soares que não há alternativa a Sócrates com a perífrase «ao que está».Está enganado. É como nos clubes e nas instituições ou, melhor ainda, como na Bélgicaque segue a sua vida normalíssima, mesmo sem governo.Também ele, Soares, nos quer vender a ideia peregrina de que se não tivermos quem tome conta de nós, quem nos governe,estaremos aflitos de perdidos. Só se forem os diGestores de Dinheiros Públicos,esses súcubos dos Privados Íncubos do Estado.çkljHá tretas que nem a Amália nos venderia, ainda que voltasse do transtúmulo.Já percebemos que se os políticos genericamente não são de confiança,e se parecem portugueses e soam a portugueses, não o sendo,porque o que são é ultrachineses com obscenas chinesices com o Povo,porque o que são é irreconhecíveis, não temos que nos sentir fatalmente representados por eles.O País seguiria feliz em Piloto Automático, mesmo sem políticos nem órgãos de chefia.Os computadores que nos radiografam e sobre nós acumulam dadospodem assumir isto com a vantagem de não Abusar.Não se pode dar trela ao Dr. Soares, que ele é uma cana agitada pela conveniências do momento e, na prática,a partir da última vez fica sempre atrás do Manuel Alegre em qualquer plebiscitoonde a nossa escolha e opinião sirvam para alguma coisa.çlk3. O jornalista António Pina diz que é na bloga que hoje melhor se escreve em Portuguêse eu sei de fonte fidedigna que assim pensa porque não perde pitada do PALAVROSSAVRVS REX. Bom, nem o PALAVROSSAVRVS REX dele, a bem da verdade.lkj4. DEGREDADOS Cenas eventualmente tristes são infecta pubis neste Pub, por vezes.Acomete a um camelo beber de mais - coisa até risível amarelinamente -,mas que pode alçar ao pré-vómito aziago da azia.A figura posta-se a um canto. Depois deriva para o centro, aí enleia-se com uma mulher qualquer mais disponível e acolhedorae começa a odaliscizar uma dança de ventre danada, trôpega, impudente,onde umas mãos cegas palpam e abusam,onde uma longa língua se desenrola e se quer antecipar ao beijo francófono.É aí que eu, que nem sequer me espanto ou coro com tanta impudicícia desamorada,que é como decoração novo-rica onde se sufoca por ar fresco e bom-gosto,eu, que me posto ali tão sereno, sou obrigado a intervir e a levar a minha manápulaàquele braço transgressor e rebocá-lo para fora para uma conversa de homem para lesma.lkjMas há mulheres prontas ao estrelato em matéria de serem intragavelmente chatas,de fugir, movidas pelo beber de mais. Ela fazia anos nessa dia-noite.Era jovem. Vinha mal-cheirenta como um Acordo Ortográfico. Vinha negligé.Sucederam-se os finos e atravessamentos para o ritual exterior do fumo.Mas ao passar, detinha-se a olhar-me. Punha-me a mão na face. Estacava diante de mim.Passagem estreita. Invasão do meu espaço vital. Violência infinita a frio.Punha-me aqueles olhos invasivos, falava umas alarvidades invitativas quaisquercomo uma febre alta.lkjPois andou neste rito esganante da minha paciência,nesta erosão do meu sossego, toda a santa madrugada.Comsumiu. Pagou. Foi a última a sair e teve de sair só rebocada por mimlocomotiva em marcha lenta. Deus sabe o alívio.Ó sarna! E ainda assim não tem limites a minha aprendente paciência, condescendência e mansidão. Trata-se, porém, aqui somente de autodefesa.Certas gracinhas sem graça desgastam um homem.lkj5. VIOLÊNCIA MATILHA


1. Porque tudo me dói à noite e nem é saudadenem fomes de corpo onde me vaze; tudo me dói e nem são ânsias de afagospor teus dedos longas horas tecendo e retecendo amorosos os meus cabelos;tudo me dói e esse tudo é um lado roto do silênciopor onde se escoam abraços adiados, amizades pendentes, pendências de carne e ossoque não ouso enfrentar.kjhSou um covarde e acomodo-me aos dias comigo mesmo, sôfrego,por focos de luz e aplausos, fogueiras de lixo crepitantes.Tudo me macera e é esta Poesia em mim recluída, sustida em dique-dó sustenidoporque me ponteaguça e, ponteaguda, me contunde.lkjÉ a blague e o blogue catrapuzando em clangor fragoroso e o poema em esvaimento.As minhas garras e os meus dentes, meus impensáveis músculos, atiram-mepara ti, leitor!, num farejar-te já fatal! Tarde de mais, leitor!Nem que te refugies nos teus recantos-latrina me poderás escapar.Aceita ser triturado por meus magnos maxilares já que tudo me dóie me dói esta Poesia exsudante minha, minha baba, meu suor sáurio. Porque a Esfinge Antiga era o Poemae o antigo devorar todo o incapaz do transcurso diáfano da mais-que-palavra, a Lei.Saberei que sou o que devose te aterrorizo, sacudo, e seduzo,se te me rendes, perdido, leitor pudico!lkj2. QUOD POSTABIT, POSTABIT lkjSe a democracia é o melhor dos sistemas sob qualquer regimen,está na hora de mudar de regimen para salvar a democracia portuguesa. Apetece-me escrever isto depois de ter ouvido e visto os contornos da entrevista de Mário Crespo a Mário Soares, no Gabinete da sua Fundação,ali, roçando o Parlamento Hirto-Não-Mexe-À-Vontade-Escansare-Arche!, onde uma manifdecorria plácida e mole, como só em Portugal.lkjlkjAquilino, Carbonária, Regicídio, República, Livro! Depois, mais sobre os temas dos tempos,lembra-se Soares de verberar um pouco o bota-abaixismo que supõe ser-nos congénito.Por um lado, dizendo o que se diz sempre, que não leva a nada e, por outro,que só se pode fazê-lo porque há liberdade, juntando-se assima todos os que consideram inútil e irrelevante dar o nome aos bois, como Marinho Pinto e o Engenheiro Cravinho e quem mais vier demonstrar a podridão.Porque a verdade é que nos Fora Nacionais e na Grande Bloga já não estamos na fase estéril do bota-abaixismo.É insurgência mesmo, é insatisfação, é marcação directa, atenta, cívica,do País, dos Negócios do Estado, da nossa vida comum,ministro a ministro, sector público a sector público ou privado da nossa sociedadepara que no alto açambarcar e orgiar e promiscuizar comece a haver mais tento e nenhuma tentação, tarefa de Penélope.lkjDiz Soares que não há alternativa a Sócrates com a perífrase «ao que está».Está enganado. É como nos clubes e nas instituições ou, melhor ainda, como na Bélgicaque segue a sua vida normalíssima, mesmo sem governo.Também ele, Soares, nos quer vender a ideia peregrina de que se não tivermos quem tome conta de nós, quem nos governe,estaremos aflitos de perdidos. Só se forem os diGestores de Dinheiros Públicos,esses súcubos dos Privados Íncubos do Estado.çkljHá tretas que nem a Amália nos venderia, ainda que voltasse do transtúmulo.Já percebemos que se os políticos genericamente não são de confiança,e se parecem portugueses e soam a portugueses, não o sendo,porque o que são é ultrachineses com obscenas chinesices com o Povo,porque o que são é irreconhecíveis, não temos que nos sentir fatalmente representados por eles.O País seguiria feliz em Piloto Automático, mesmo sem políticos nem órgãos de chefia.Os computadores que nos radiografam e sobre nós acumulam dadospodem assumir isto com a vantagem de não Abusar.Não se pode dar trela ao Dr. Soares, que ele é uma cana agitada pela conveniências do momento e, na prática,a partir da última vez fica sempre atrás do Manuel Alegre em qualquer plebiscitoonde a nossa escolha e opinião sirvam para alguma coisa.çlk3. O jornalista António Pina diz que é na bloga que hoje melhor se escreve em Portuguêse eu sei de fonte fidedigna que assim pensa porque não perde pitada do PALAVROSSAVRVS REX. Bom, nem o PALAVROSSAVRVS REX dele, a bem da verdade.lkj4. DEGREDADOS Cenas eventualmente tristes são infecta pubis neste Pub, por vezes.Acomete a um camelo beber de mais - coisa até risível amarelinamente -,mas que pode alçar ao pré-vómito aziago da azia.A figura posta-se a um canto. Depois deriva para o centro, aí enleia-se com uma mulher qualquer mais disponível e acolhedorae começa a odaliscizar uma dança de ventre danada, trôpega, impudente,onde umas mãos cegas palpam e abusam,onde uma longa língua se desenrola e se quer antecipar ao beijo francófono.É aí que eu, que nem sequer me espanto ou coro com tanta impudicícia desamorada,que é como decoração novo-rica onde se sufoca por ar fresco e bom-gosto,eu, que me posto ali tão sereno, sou obrigado a intervir e a levar a minha manápulaàquele braço transgressor e rebocá-lo para fora para uma conversa de homem para lesma.lkjMas há mulheres prontas ao estrelato em matéria de serem intragavelmente chatas,de fugir, movidas pelo beber de mais. Ela fazia anos nessa dia-noite.Era jovem. Vinha mal-cheirenta como um Acordo Ortográfico. Vinha negligé.Sucederam-se os finos e atravessamentos para o ritual exterior do fumo.Mas ao passar, detinha-se a olhar-me. Punha-me a mão na face. Estacava diante de mim.Passagem estreita. Invasão do meu espaço vital. Violência infinita a frio.Punha-me aqueles olhos invasivos, falava umas alarvidades invitativas quaisquercomo uma febre alta.lkjPois andou neste rito esganante da minha paciência,nesta erosão do meu sossego, toda a santa madrugada.Comsumiu. Pagou. Foi a última a sair e teve de sair só rebocada por mimlocomotiva em marcha lenta. Deus sabe o alívio.Ó sarna! E ainda assim não tem limites a minha aprendente paciência, condescendência e mansidão. Trata-se, porém, aqui somente de autodefesa.Certas gracinhas sem graça desgastam um homem.lkj5. VIOLÊNCIA MATILHA

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