PALAVROSSAVRVS REX: FAUNENFLÖTCHEN AO MEU SOPRO

30-09-2009
marcar artigo


«Anfímaco ia para o combate coberto de ouro como uma mulher, o insensato.Isso não afastou dele a triste morte. Foi subjugado pelas mãos do rápido descendente de Éaco, no rio [Meandro],e os seus paramentos de ouro Aquiles os guardou.»lkjA Ilíada, Canto II.lkjDesaguadouro dos detritos da Cidade,meus ouvidos têm sido Foz de lábios do crime murmurantes.Outras florestas a atravessar sob outros pânicos acometem-nose devem julgar-me intercessor ou o próprio deus, Pã, em pessoa, fora a morfologia de Fauno, fora a pequena flauta-flötchen, fora os cornos com que se fica quando rejeitado pelas Arcadianas Syrinx às quais sucumbimos em má hora apaixonadosou em boa, é a vida.çlkOs outrora violentos vêm dizer-me dos seus mata e esfola passados e professados.Os nascidos nela, violência, crentes e praticantesacercam-se de mim e, entre um cigarro e o outro que vão fumando, confessam-se, colhem no meu olhar desarmante e serenas mãos desarmadas, desemproado de alto a baixo, talvez o encorajamento a que desabafem do mais íntimo coisas convictas e reiteradas. Coisas remordidas também.lkjPodem ser putas, na sua timidez afectada, podem ser potenciais pedófilos naquele vício de ociosidade viciada,podem ser policiais à paisana ora encostados ao balcão do Pub pelo seu whisky-Cola,ora encostados à esquina da porta de entrada, ora encostados a uma das mulheres habituais. Encostados, sempre estilosamente encostados e fumando à Bogart,contando-me peripécias com armas de fogo, ciganos, mortos e feridos. Podem ser os abundantes travestis ali ocasionais, portugueses e internacionais, que prolongam um infinito Carnaval infeliz por essas avenidas portuenses,e as pernas impecavelmente depiladas que exibem, a maquilhagem bem vincada,o olhar que se pousa invasivo e cortante, numa imploração invitativa.Podem ser tarados e taradas cujo cerne da vida se afunilou numa só coisa perdida.Podem ser velhos tímidos e sós. Velhas sós e descaradas encostando muito as suas cabeças ao ombro deste inerme Pã de improviso.Podem ser delinquentes que o meio e a manha adestraramà sobrevivência reforçada com micos a mais fortes, com altas conexões e conhecimentosdo miolo silencioso e implacável das grandes tráficos, dos negros e impensáveis lucros negros.dos grande câmbios,da grande lavagem de dinheiros com números sedutores, oniricamente astronómicos.çlkE não me custa dizer não, quando tentado a associar o meu pacífico lomboàquele golpe de uma vida, com arma de fogo fornecida, passível de uso letal em três tempos,táctica no terreno, preparação prévia e tudo, como nos filmes.Partilho o que me contam: contagia-me, por momentos, a mesma raiva e o mesmo desejo de vingança, superação de todas as humilhaçõesnas Obras, no sector de lavagem de pratos mal pago nos restaurantes exploradores, pela voz ensaiada e cretina de cretinos,a violência familiar, a coça de adolescente ao próprio pai sempre bêbado e espancadordo elo mais fraco, que é a mãe.Mansamente, delicado e explicativo, digo não, enquanto dou Amizade porque a recebo.Não rejeito quem cativo ou se deixa cativar por mim, pode ser quem for.Nem julgo. Estou ali para compreender, para ficar no Breu do Sentido. Estou ali a desejar-lhes o bem feliz e desproporcionado, por isso Justo, que a vida e a divindade tenham a dar-lhes para além de tudo o mais.lkj Compreendo então ao que me trouxe uma vida inteira de Sacristia, Fé Viva e Ideal e mais de uma década a ensinar por essas escolas de Portugal.lkj(Poema em Obras)


«Anfímaco ia para o combate coberto de ouro como uma mulher, o insensato.Isso não afastou dele a triste morte. Foi subjugado pelas mãos do rápido descendente de Éaco, no rio [Meandro],e os seus paramentos de ouro Aquiles os guardou.»lkjA Ilíada, Canto II.lkjDesaguadouro dos detritos da Cidade,meus ouvidos têm sido Foz de lábios do crime murmurantes.Outras florestas a atravessar sob outros pânicos acometem-nose devem julgar-me intercessor ou o próprio deus, Pã, em pessoa, fora a morfologia de Fauno, fora a pequena flauta-flötchen, fora os cornos com que se fica quando rejeitado pelas Arcadianas Syrinx às quais sucumbimos em má hora apaixonadosou em boa, é a vida.çlkOs outrora violentos vêm dizer-me dos seus mata e esfola passados e professados.Os nascidos nela, violência, crentes e praticantesacercam-se de mim e, entre um cigarro e o outro que vão fumando, confessam-se, colhem no meu olhar desarmante e serenas mãos desarmadas, desemproado de alto a baixo, talvez o encorajamento a que desabafem do mais íntimo coisas convictas e reiteradas. Coisas remordidas também.lkjPodem ser putas, na sua timidez afectada, podem ser potenciais pedófilos naquele vício de ociosidade viciada,podem ser policiais à paisana ora encostados ao balcão do Pub pelo seu whisky-Cola,ora encostados à esquina da porta de entrada, ora encostados a uma das mulheres habituais. Encostados, sempre estilosamente encostados e fumando à Bogart,contando-me peripécias com armas de fogo, ciganos, mortos e feridos. Podem ser os abundantes travestis ali ocasionais, portugueses e internacionais, que prolongam um infinito Carnaval infeliz por essas avenidas portuenses,e as pernas impecavelmente depiladas que exibem, a maquilhagem bem vincada,o olhar que se pousa invasivo e cortante, numa imploração invitativa.Podem ser tarados e taradas cujo cerne da vida se afunilou numa só coisa perdida.Podem ser velhos tímidos e sós. Velhas sós e descaradas encostando muito as suas cabeças ao ombro deste inerme Pã de improviso.Podem ser delinquentes que o meio e a manha adestraramà sobrevivência reforçada com micos a mais fortes, com altas conexões e conhecimentosdo miolo silencioso e implacável das grandes tráficos, dos negros e impensáveis lucros negros.dos grande câmbios,da grande lavagem de dinheiros com números sedutores, oniricamente astronómicos.çlkE não me custa dizer não, quando tentado a associar o meu pacífico lomboàquele golpe de uma vida, com arma de fogo fornecida, passível de uso letal em três tempos,táctica no terreno, preparação prévia e tudo, como nos filmes.Partilho o que me contam: contagia-me, por momentos, a mesma raiva e o mesmo desejo de vingança, superação de todas as humilhaçõesnas Obras, no sector de lavagem de pratos mal pago nos restaurantes exploradores, pela voz ensaiada e cretina de cretinos,a violência familiar, a coça de adolescente ao próprio pai sempre bêbado e espancadordo elo mais fraco, que é a mãe.Mansamente, delicado e explicativo, digo não, enquanto dou Amizade porque a recebo.Não rejeito quem cativo ou se deixa cativar por mim, pode ser quem for.Nem julgo. Estou ali para compreender, para ficar no Breu do Sentido. Estou ali a desejar-lhes o bem feliz e desproporcionado, por isso Justo, que a vida e a divindade tenham a dar-lhes para além de tudo o mais.lkj Compreendo então ao que me trouxe uma vida inteira de Sacristia, Fé Viva e Ideal e mais de uma década a ensinar por essas escolas de Portugal.lkj(Poema em Obras)

marcar artigo