Carrazeda de Ansiães em palavras e imagens: Preço do gasóleo obriga ao abandono de tractores e o regresso aos animais

30-06-2009
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Muitos agricultores de Trás-os-Montes ponderam voltar a recorrer aos animais na agricultura, pondo de parte as máquinas agrícolas, devido ao aumento constante do preço do gasóleo agrícola. Desde o ano passado aquele combustível aumentou de 70 para cerca de um euro, referiu Abreu Lima, vice-presidente da CAP (Confederação dos Agricultores Portugueses). As subidas constantes aumentam o custo de produção. A utilização de máquinas agrícolas na agricultura da região tem aumentado nos últimos anos. Actualmente a maior parte da agricultura já se faz com recurso da mecanização, estima-se que existam cerca de 10.500 tractores no distrito de Bragança, até porque cada vez mais há falta de mão-de-obra, mas os velhos tempos da utilização de animais como o burro ou o boi podem estar de volta. Abreu Lima considera que os aumentos são “brutais”, especialmente no gasóleo verde. “Os custos de produção saem extraordinariamente mais agravados, mas a rentabilidade não aumenta na mesma proporção”, explicou. Estes aumentos estão a criar situações de “enorme gravidade e imensa preocupação” para os agricultores, muitos deles já com idade avançada e sem uma agricultura competitiva. Nos últimos meses o chamado gasóleo verde tem subido duas vezes acima do combustível normal, o que para Abreu Lima, é revelador de que a penalização é brutal relativamente aos custos e aos preços do ano passado. “Não se justificam minimamente”, disse. “Se porventura houvessem aumentos idênticos aos do combustível normal, mas o combustível verde aumentou acima do outro”, acrescentou. Verifica-se com isto uma clara intenção de penalizar o agricultor, na opinião do responsável da CAP.São já muitos os agricultores da região que estão a abandonar as máquinas, nomeadamente o tractor, e a recorrer novamente aos animais. “Por essa via não se pode pedir ao agricultor competitividade, não pode haver competitividade de custos com a agricultação tradicional comparativamente à situação industrializada”, acrescentou. Os agricultores estão a ser muito penalizados relativamente à crise actual, principalmente os transmontanos, por vivem numa região de minifúndio, com pequena propriedade. “Somos desafiados para ter competitividade, mas não nos criam as condições necessárias para isso”, lamentou. Os agricultores olham para Espanha, onde têm electricidade verde e combustíveis mais baratos, condições e apoios do Estado. “Aqui não temos nada disso, nem temos uma política mais ou menos segura que o Estado português continua a não nos garantir”, referiu o dirigente, que considera que o agricultor transmontano vai caindo cada vez mais. “O momento actual é pior do que aquele que se vivia no ano passado”, frisou. Os problemas dos agricultores são os de sempre, mas agora agravados. Foram algumas destas preocupações que os agricultores da região manifestaram durante a quarta edição do Dia do Agricultor, realizado ontem em Macedo de Cavaleiros, um concelho onde o sector primário ainda representa uma das principais ocupações da população. O presidente da Câmara, Beraldino Pinto, disse que para além da homenagem que se presta ao agricultor, também se oferece a possibilidade de eles poderem discutir assuntos de interesse. Os seguros agrícolas são outra preocupação, uma vez que são muitos os agricultores que não aderem a estas medidas de protecção. Abreu Lima defende que deviam ser repensados na forma como estão constituídos, porque “não são garantias ao agricultor”. Para a CAP a solução ideal seria promover um seguro ao rendimento e não um seguro à situação pontual, uma vez que há culturas que podem ser abrangidas pelo seguro agrícola actual, mas há outras, como a oliveira, que não têm vantagem em aderir a esse tipo de situação. “Numa situação anormal que possa surgir, obviamente que os apanha desprevenidos”, explicou. No passado sábado uma queda anormal de granizo destruiu várias culturas em São Pedro Velho (Mirandela), e a maioria dos agricultores não dispõe de seguros de colheita. O sistema actual não motiva a adesão. A CAP tem a “máxima desconfiança” relativamente ao PRODER (Quadro de Apoio à Agricultura), um dos temas em destaque, relativamente ao que abrange e às áreas que cobre, pois exceptua a maior parte da tradição agrícola portuguesa para privilegiar determinadas áreas que não são tradicionais no país. “Esperamos para ver, alertamos todas as instâncias relativamente ao documento antes da sua aprovação, nomeadamente a Comissão Europeia, o Governo e o Presidente da República, mas não fomos ouvidos”, referiu. O Informativo


Muitos agricultores de Trás-os-Montes ponderam voltar a recorrer aos animais na agricultura, pondo de parte as máquinas agrícolas, devido ao aumento constante do preço do gasóleo agrícola. Desde o ano passado aquele combustível aumentou de 70 para cerca de um euro, referiu Abreu Lima, vice-presidente da CAP (Confederação dos Agricultores Portugueses). As subidas constantes aumentam o custo de produção. A utilização de máquinas agrícolas na agricultura da região tem aumentado nos últimos anos. Actualmente a maior parte da agricultura já se faz com recurso da mecanização, estima-se que existam cerca de 10.500 tractores no distrito de Bragança, até porque cada vez mais há falta de mão-de-obra, mas os velhos tempos da utilização de animais como o burro ou o boi podem estar de volta. Abreu Lima considera que os aumentos são “brutais”, especialmente no gasóleo verde. “Os custos de produção saem extraordinariamente mais agravados, mas a rentabilidade não aumenta na mesma proporção”, explicou. Estes aumentos estão a criar situações de “enorme gravidade e imensa preocupação” para os agricultores, muitos deles já com idade avançada e sem uma agricultura competitiva. Nos últimos meses o chamado gasóleo verde tem subido duas vezes acima do combustível normal, o que para Abreu Lima, é revelador de que a penalização é brutal relativamente aos custos e aos preços do ano passado. “Não se justificam minimamente”, disse. “Se porventura houvessem aumentos idênticos aos do combustível normal, mas o combustível verde aumentou acima do outro”, acrescentou. Verifica-se com isto uma clara intenção de penalizar o agricultor, na opinião do responsável da CAP.São já muitos os agricultores da região que estão a abandonar as máquinas, nomeadamente o tractor, e a recorrer novamente aos animais. “Por essa via não se pode pedir ao agricultor competitividade, não pode haver competitividade de custos com a agricultação tradicional comparativamente à situação industrializada”, acrescentou. Os agricultores estão a ser muito penalizados relativamente à crise actual, principalmente os transmontanos, por vivem numa região de minifúndio, com pequena propriedade. “Somos desafiados para ter competitividade, mas não nos criam as condições necessárias para isso”, lamentou. Os agricultores olham para Espanha, onde têm electricidade verde e combustíveis mais baratos, condições e apoios do Estado. “Aqui não temos nada disso, nem temos uma política mais ou menos segura que o Estado português continua a não nos garantir”, referiu o dirigente, que considera que o agricultor transmontano vai caindo cada vez mais. “O momento actual é pior do que aquele que se vivia no ano passado”, frisou. Os problemas dos agricultores são os de sempre, mas agora agravados. Foram algumas destas preocupações que os agricultores da região manifestaram durante a quarta edição do Dia do Agricultor, realizado ontem em Macedo de Cavaleiros, um concelho onde o sector primário ainda representa uma das principais ocupações da população. O presidente da Câmara, Beraldino Pinto, disse que para além da homenagem que se presta ao agricultor, também se oferece a possibilidade de eles poderem discutir assuntos de interesse. Os seguros agrícolas são outra preocupação, uma vez que são muitos os agricultores que não aderem a estas medidas de protecção. Abreu Lima defende que deviam ser repensados na forma como estão constituídos, porque “não são garantias ao agricultor”. Para a CAP a solução ideal seria promover um seguro ao rendimento e não um seguro à situação pontual, uma vez que há culturas que podem ser abrangidas pelo seguro agrícola actual, mas há outras, como a oliveira, que não têm vantagem em aderir a esse tipo de situação. “Numa situação anormal que possa surgir, obviamente que os apanha desprevenidos”, explicou. No passado sábado uma queda anormal de granizo destruiu várias culturas em São Pedro Velho (Mirandela), e a maioria dos agricultores não dispõe de seguros de colheita. O sistema actual não motiva a adesão. A CAP tem a “máxima desconfiança” relativamente ao PRODER (Quadro de Apoio à Agricultura), um dos temas em destaque, relativamente ao que abrange e às áreas que cobre, pois exceptua a maior parte da tradição agrícola portuguesa para privilegiar determinadas áreas que não são tradicionais no país. “Esperamos para ver, alertamos todas as instâncias relativamente ao documento antes da sua aprovação, nomeadamente a Comissão Europeia, o Governo e o Presidente da República, mas não fomos ouvidos”, referiu. O Informativo

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