Carrazeda de Ansiães em palavras e imagens: Meio século dedicado às latas

01-10-2009
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Regadores, candeias, baldes, cântaros, pulverizadores ou enxofradeiras são alguns dos objectos que fazem parte da colecção de Sabino Cordeiro, o último latoeiro de Seixo de Ansiães, no concelho de Carrazeda de Ansiães.Tinha 17 anos quando começou a aprender a arte que lhe viria a garantir o sustento da família com o irmão e, desde então, nunca mais parou. Moldar a lata é a paixão de Sabino Cordeiro, que nunca se imaginou a fazer outros trabalhos. Os tempos mudaram, os objectos procurados pelos clientes são outros e o latoeiro viu-se obrigado a criar de acordo com as solicitações. Se antes eram os regadores, os cântaros e os baldes os artefactos que tinham mais saída, hoje a maioria das pessoas procura miniaturas que servem para decorar habitações modernas com traços antigos.“Antigamente, os baldes e os baldões, que serviam para retirar a água dos poços, tinham muita saída. Agora pedem-me muitas candeias em miniatura, a azeite e a petróleo”, conta o artista.Os objectos funcionais são menos procurados, mas ainda há quem procure artefactos essenciais para realizar algumas tarefas, como é o caso das “funilas” de grandes dimensões, que servem para encher alheiras ou chouriças em quantidade. “Também conserto pulverizadores e ainda há quem me peça para fazer enxofradeiras, para deitar o enxofre nas vinhas”, acrescenta Sabino Cordeiro.Há objectos para todos os gostos. Na colecção deste latoeiro encontram-se inúmeros artefactos que remontam a tempos longínquos ou da era moderna. Sabino mostra, com orgulho, as peças que foi executando ao longo dos anos e que faz questão de guardar numa estante que construiu numa divisão da sua casa. Apanha frutas, queijeiras, lata dos pastores ou apanha frangos são alguns dos nomes que vai pronunciando, ao mesmo tempo que realça a perfeição das peças que moldou com as suas próprias mãos.Latoeiro do Seixo divide o tempo entre os trabalhos na oficina, as feiras de artesanato e as demonstrações da arte para os estudantesNa oficina, o latoeiro explica os passos que são dados para transformar uma chapa de zinco num objecto funcional. “As candeias são as peças que custam mais a fazer, porque são muito trabalhadas”, desabafa.Depois de cortar a chapa com umas tesouras, Sabino, com as mãos calejadas, recorre à máquina de funileiro para “costurar” o metal, fazendo os últimos retoques na safra ou bigorna.É um trabalho minucioso, que vai concretizando sem pressas e sem dar pelo tempo passar. “Agora estou reformado, vou fazendo alguma coisa porque gosto da minha arte. Mas antes dedicava-me a isto a tempo inteiro”, conta.O tempo de Sabino é dividido entre a oficina, as feiras de artesanato e as acções de formação para estudantes nas escolas de Carrazeda de Ansiães. “Costumo ir para Gondomar, Lamego, Petisqueira, Vila Real e outros certames no distrito de Bragança”, enaltece.Nas escolas, o latoeiro faz demonstrações para os mais novos, que até acham graça, mas não se mostram interessados em aprender a arte. “Também sou professor, mas nunca tive nenhum aprendiz na minha oficina. Os jovens não querem trabalhar”, lamenta.Aos 70 anos, Sabino Cordeiro garante que vai dar continuidade ao seu ofício enquanto tiver forças, mas é com angústia que afirma que é o último latoeiro do Seixo. “Havia cá uns quatro ou cinco e só fiquei eu”, concluiu o latoeiro. Jornal Nordeste Fotos Rui Lopes/Bruno Faustino (Ansiães Aventura)


Regadores, candeias, baldes, cântaros, pulverizadores ou enxofradeiras são alguns dos objectos que fazem parte da colecção de Sabino Cordeiro, o último latoeiro de Seixo de Ansiães, no concelho de Carrazeda de Ansiães.Tinha 17 anos quando começou a aprender a arte que lhe viria a garantir o sustento da família com o irmão e, desde então, nunca mais parou. Moldar a lata é a paixão de Sabino Cordeiro, que nunca se imaginou a fazer outros trabalhos. Os tempos mudaram, os objectos procurados pelos clientes são outros e o latoeiro viu-se obrigado a criar de acordo com as solicitações. Se antes eram os regadores, os cântaros e os baldes os artefactos que tinham mais saída, hoje a maioria das pessoas procura miniaturas que servem para decorar habitações modernas com traços antigos.“Antigamente, os baldes e os baldões, que serviam para retirar a água dos poços, tinham muita saída. Agora pedem-me muitas candeias em miniatura, a azeite e a petróleo”, conta o artista.Os objectos funcionais são menos procurados, mas ainda há quem procure artefactos essenciais para realizar algumas tarefas, como é o caso das “funilas” de grandes dimensões, que servem para encher alheiras ou chouriças em quantidade. “Também conserto pulverizadores e ainda há quem me peça para fazer enxofradeiras, para deitar o enxofre nas vinhas”, acrescenta Sabino Cordeiro.Há objectos para todos os gostos. Na colecção deste latoeiro encontram-se inúmeros artefactos que remontam a tempos longínquos ou da era moderna. Sabino mostra, com orgulho, as peças que foi executando ao longo dos anos e que faz questão de guardar numa estante que construiu numa divisão da sua casa. Apanha frutas, queijeiras, lata dos pastores ou apanha frangos são alguns dos nomes que vai pronunciando, ao mesmo tempo que realça a perfeição das peças que moldou com as suas próprias mãos.Latoeiro do Seixo divide o tempo entre os trabalhos na oficina, as feiras de artesanato e as demonstrações da arte para os estudantesNa oficina, o latoeiro explica os passos que são dados para transformar uma chapa de zinco num objecto funcional. “As candeias são as peças que custam mais a fazer, porque são muito trabalhadas”, desabafa.Depois de cortar a chapa com umas tesouras, Sabino, com as mãos calejadas, recorre à máquina de funileiro para “costurar” o metal, fazendo os últimos retoques na safra ou bigorna.É um trabalho minucioso, que vai concretizando sem pressas e sem dar pelo tempo passar. “Agora estou reformado, vou fazendo alguma coisa porque gosto da minha arte. Mas antes dedicava-me a isto a tempo inteiro”, conta.O tempo de Sabino é dividido entre a oficina, as feiras de artesanato e as acções de formação para estudantes nas escolas de Carrazeda de Ansiães. “Costumo ir para Gondomar, Lamego, Petisqueira, Vila Real e outros certames no distrito de Bragança”, enaltece.Nas escolas, o latoeiro faz demonstrações para os mais novos, que até acham graça, mas não se mostram interessados em aprender a arte. “Também sou professor, mas nunca tive nenhum aprendiz na minha oficina. Os jovens não querem trabalhar”, lamenta.Aos 70 anos, Sabino Cordeiro garante que vai dar continuidade ao seu ofício enquanto tiver forças, mas é com angústia que afirma que é o último latoeiro do Seixo. “Havia cá uns quatro ou cinco e só fiquei eu”, concluiu o latoeiro. Jornal Nordeste Fotos Rui Lopes/Bruno Faustino (Ansiães Aventura)

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