CANHOTICES: de José Gomes Ferreira, para que não se esqueçam

28-06-2009
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TERMIDOR ERRADO / (25 de Novembro de 1975)V(Chama que nenhum vento apaga...)A Revoluçãoparece às vezes que páraou que recuatornando mais funda a escuridãoe a noite menos clara- como se qualquer Mágica Mãoapagasse o sol dentro da lua.Mas só os medrosos tememque a viagempara a Manhã do Renovocom limpidez de sémentermine? - antes que cheguemos à paisagemsonha para o povopor Lenine.Não. A nossa Revoluçãoainda não acabounem tão cedo acaba- como no alto marnão gela nenhuma vagaao sol de Verão.Não. A nossa Revoluçãocontinuará,chama que nenhum vento apaga- enquanto no coraçãodos ricos-senhoresdoer a ameaçade os cavadores vermelhos(o tojo inútil, os estevais, o rastodas lebres e dos coelhos)- guiados pelo malogro,o ascoe as esperançasda sombra de fogoda Voz do Vascocolérica e doce.IXE foi para esta farsaque se fez a revolução de Abril, capitães,ao som das canções de Lopes-Graça?Foi para voltar à fúria dos cães,ao suor triste das ceifeiras nas searas,as espingardas que matam os filhos as mãesnum arder de lágrimas na cara?E, no entanto,no princípio, todos ouvíamos uma Voza dizer-nos que a nossa terra poderia tornar-se num pomarde misteriosos pomos.E nós,todos nós, chegámos a pensarque éramos maiores do que somos.JOSÉ GOMES FERREIRA in: A Poesia Continua, velhas e novas circunstanciais, 1981


TERMIDOR ERRADO / (25 de Novembro de 1975)V(Chama que nenhum vento apaga...)A Revoluçãoparece às vezes que páraou que recuatornando mais funda a escuridãoe a noite menos clara- como se qualquer Mágica Mãoapagasse o sol dentro da lua.Mas só os medrosos tememque a viagempara a Manhã do Renovocom limpidez de sémentermine? - antes que cheguemos à paisagemsonha para o povopor Lenine.Não. A nossa Revoluçãoainda não acabounem tão cedo acaba- como no alto marnão gela nenhuma vagaao sol de Verão.Não. A nossa Revoluçãocontinuará,chama que nenhum vento apaga- enquanto no coraçãodos ricos-senhoresdoer a ameaçade os cavadores vermelhos(o tojo inútil, os estevais, o rastodas lebres e dos coelhos)- guiados pelo malogro,o ascoe as esperançasda sombra de fogoda Voz do Vascocolérica e doce.IXE foi para esta farsaque se fez a revolução de Abril, capitães,ao som das canções de Lopes-Graça?Foi para voltar à fúria dos cães,ao suor triste das ceifeiras nas searas,as espingardas que matam os filhos as mãesnum arder de lágrimas na cara?E, no entanto,no princípio, todos ouvíamos uma Voza dizer-nos que a nossa terra poderia tornar-se num pomarde misteriosos pomos.E nós,todos nós, chegámos a pensarque éramos maiores do que somos.JOSÉ GOMES FERREIRA in: A Poesia Continua, velhas e novas circunstanciais, 1981

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