O meu bairro é um viveiro de paradigmas. Faz-me lembrar a terra da Miss Marple, não me recordo agora do nome, que lhe oferecia todas as soluções para os casos que investigava. Hoje, a propósito de algumas medidas que se alinham para combater o terrorismo, vou contar-vos a história da Esmeralda*, que mora no 23.Não há palavras para descrever a Esmeralda e à míngua de fotografia limito-me a recomendá-la para capa da Maxim. Vive só com o pai, porque a mãe há muito fugiu para onde fogem as mulheres que decidem ser felizes. Como se calcula, a Esmeralda é o centro das atenções da população masculina diurna. A população masculina nocturna do bairro procura outro tipo de entretenimento.Com uma mulher daquelas em casa, o pai bem tentou controlar os ímpetos sexuais que começaram a despontar na rapariga vai para dois anos. Controlou-lhe a internet e as chamadas telefónicas, sabendo de cor todos os sites e chats que a Esmerlada visitava e todas os números para que ligava. Até se deu ao trabalho de ler os sms que a filha recebia e enviava. Chegou a endividar-se para comprar aparelhos de escuta e tinha contactos em todas as ruas do bairro. Por onde Esmeralda passava, o pai sabia. Com quem Esmeralda se encontrava, o pai sabia. Chegou a acompanhar furtivamente os blind dates da pobre rapariga, que não sonhava as perseguições de que era alvo. Nada escapava ao pai da Esmeralda, nada poderia acontecer.Mesmo assim, a Esmeralda engravidou do vizinho de cima, logo do vizinho de cima, tão insuspeito e tão fácil de controlar.* Nome fictício.
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O meu bairro é um viveiro de paradigmas. Faz-me lembrar a terra da Miss Marple, não me recordo agora do nome, que lhe oferecia todas as soluções para os casos que investigava. Hoje, a propósito de algumas medidas que se alinham para combater o terrorismo, vou contar-vos a história da Esmeralda*, que mora no 23.Não há palavras para descrever a Esmeralda e à míngua de fotografia limito-me a recomendá-la para capa da Maxim. Vive só com o pai, porque a mãe há muito fugiu para onde fogem as mulheres que decidem ser felizes. Como se calcula, a Esmeralda é o centro das atenções da população masculina diurna. A população masculina nocturna do bairro procura outro tipo de entretenimento.Com uma mulher daquelas em casa, o pai bem tentou controlar os ímpetos sexuais que começaram a despontar na rapariga vai para dois anos. Controlou-lhe a internet e as chamadas telefónicas, sabendo de cor todos os sites e chats que a Esmerlada visitava e todas os números para que ligava. Até se deu ao trabalho de ler os sms que a filha recebia e enviava. Chegou a endividar-se para comprar aparelhos de escuta e tinha contactos em todas as ruas do bairro. Por onde Esmeralda passava, o pai sabia. Com quem Esmeralda se encontrava, o pai sabia. Chegou a acompanhar furtivamente os blind dates da pobre rapariga, que não sonhava as perseguições de que era alvo. Nada escapava ao pai da Esmeralda, nada poderia acontecer.Mesmo assim, a Esmeralda engravidou do vizinho de cima, logo do vizinho de cima, tão insuspeito e tão fácil de controlar.* Nome fictício.