Bloco de notas: Terrorismo ecologista

02-07-2009
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Surpreende-se a subvalorização dada à destruição de uma plantação de milho transgénico, em Silves, por um novo grupo ecologista de que nunca tinha ouvido falar, Verde Eufémia. A meu ver, foi um acto gravíssimo, altamente lesivo da credibilidade do movimento ecologista português, em geral. Sempre tive estima pelos movimentos e partidos ecologistas, como contrapoder. É importante salientar isto, porque, quando chegam a poder, como na Alemanha, ou quando grupos estabelecem relações estreitas com a o poder, até em contratos chorudos, tudo se perde de meritório. Desmarco-me também no aspecto de ser simpatizante, sem dúvidas, do ecologismo, mas dar muito mais importância à ecologia humana do que à do gafanhoto.O que se passou em Silves não é uma acção legítima de protesto, m uito menos uma daquelas que, no quadro lega, os ambientalistas souberam frequentemente inventar, com graça e, daí, impacto mediático. Tratou-se da destruição de um hectare de propriedade de um agricultor, talvez seriamente prejudicado economicamente. tratou-se de vandalismo. Tratou-se de crime, para todos os efeitos. Tratou-se, vou mais longe, de uma espécie de terrorismo.Isto suscita-me duas notas marginais. Em primeiro lugar, a questão dos transgénicos. Sinto-me autorizado a discutir, não só pela minha experiência científica mas, mais precisamente, porque foi assunto que muito tive de estudar, como membro de uma comissão oficial. Conheço muito bem toda a lista de imaginados ou potenciais riscos, em geral com probabilidade negligível. Nunca qualquer das variedades patenteadas me suscitou preocupações em relação a esses riscos.Em contrapartida, as vantagens são enormes. Neste caso do milho, trata-se principalmente da introdução de um gene insecticida, portanto com um objectivo principalmente económico. Mas este objectivo não é crucial, por exemplo, nos países subdesenvolvidos da cultura do milho? E alguém irá contra uma banana transgénica que vacine contra a cólera ou os rotavírus milhões de crianças africanas que hoje morrem de diarreias infantis (não estou a fantasiar, está na forja)? Ver no jornal de ontem a fotografia de um cartaz em Silves a dizer “Fora milho doente no Algarve” ou ler que os organizadores diziam estar a lutar contra “um foco de milho tóxico” é para mim a prova de que esta gente, na sua irracionalidade e ignorância, é tão respeitável como qualquer outro fundamentalista fanático.Maior responsabilidade tem o eurodeputado Miguel Portas, também dirigente do Bloco de Esquerda. Não me digno discutir o que escreveu no seu blogue Sem Muros. Estes manos Portas têm mesmo de ser crianças espevitadas e traquinas durante toda a vida?Finalmente, a inadmissível atitude da GNR, incapaz de defender, ao menos, a propriedade de um cidadão. Sem comentários.


Surpreende-se a subvalorização dada à destruição de uma plantação de milho transgénico, em Silves, por um novo grupo ecologista de que nunca tinha ouvido falar, Verde Eufémia. A meu ver, foi um acto gravíssimo, altamente lesivo da credibilidade do movimento ecologista português, em geral. Sempre tive estima pelos movimentos e partidos ecologistas, como contrapoder. É importante salientar isto, porque, quando chegam a poder, como na Alemanha, ou quando grupos estabelecem relações estreitas com a o poder, até em contratos chorudos, tudo se perde de meritório. Desmarco-me também no aspecto de ser simpatizante, sem dúvidas, do ecologismo, mas dar muito mais importância à ecologia humana do que à do gafanhoto.O que se passou em Silves não é uma acção legítima de protesto, m uito menos uma daquelas que, no quadro lega, os ambientalistas souberam frequentemente inventar, com graça e, daí, impacto mediático. Tratou-se da destruição de um hectare de propriedade de um agricultor, talvez seriamente prejudicado economicamente. tratou-se de vandalismo. Tratou-se de crime, para todos os efeitos. Tratou-se, vou mais longe, de uma espécie de terrorismo.Isto suscita-me duas notas marginais. Em primeiro lugar, a questão dos transgénicos. Sinto-me autorizado a discutir, não só pela minha experiência científica mas, mais precisamente, porque foi assunto que muito tive de estudar, como membro de uma comissão oficial. Conheço muito bem toda a lista de imaginados ou potenciais riscos, em geral com probabilidade negligível. Nunca qualquer das variedades patenteadas me suscitou preocupações em relação a esses riscos.Em contrapartida, as vantagens são enormes. Neste caso do milho, trata-se principalmente da introdução de um gene insecticida, portanto com um objectivo principalmente económico. Mas este objectivo não é crucial, por exemplo, nos países subdesenvolvidos da cultura do milho? E alguém irá contra uma banana transgénica que vacine contra a cólera ou os rotavírus milhões de crianças africanas que hoje morrem de diarreias infantis (não estou a fantasiar, está na forja)? Ver no jornal de ontem a fotografia de um cartaz em Silves a dizer “Fora milho doente no Algarve” ou ler que os organizadores diziam estar a lutar contra “um foco de milho tóxico” é para mim a prova de que esta gente, na sua irracionalidade e ignorância, é tão respeitável como qualquer outro fundamentalista fanático.Maior responsabilidade tem o eurodeputado Miguel Portas, também dirigente do Bloco de Esquerda. Não me digno discutir o que escreveu no seu blogue Sem Muros. Estes manos Portas têm mesmo de ser crianças espevitadas e traquinas durante toda a vida?Finalmente, a inadmissível atitude da GNR, incapaz de defender, ao menos, a propriedade de um cidadão. Sem comentários.

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