pndaveiro: COMO MONTEIRO AJUDOU PORTAS A SAIR

25-05-2005
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Num partido cuja liderança parece ter caído em hasta pública, é curioso verificar que Paulo Portas teria conseguido, com os cerca de 40 mil votos obtidos pela Nova Democracia de Manuel Monteiro, manter-se como terceiro maior partido e não teria perdido qualquer deputado no Parlamento. No outro extremo, é igualmente interessante constatar que o Bloco de Esquerda ficou à beira de eleger mais 6 deputados, o que o colocaria com um grupo parlamentar idêntico ao do PCP.Num CDS cujo vazio de liderança ninguém parece querer ocupar (António Pires de Lima rejeitou de imediato, Telmo Correia diz que só à força, Nobre Guedes pôs-se de lado, Maria José Nogueira Pinto diz que ainda não é desta, Lobo Xavier não troca o certo pelo incerto, etc.), percebe-se, com uma análise mais atenta dos resultados eleitorais, que Paulo Portas teria bem maiores dificuldades em abandonar a presidência do partido se Manuel Monteiro não tivesse criado e levado a votos o partido da Nova Democracia (PND).Com os 40 mil votos e os 0,7% do PND, Portas veria o CDS sair das legislativas de 20 de Fevereiro com 8,0%, em terceiro lugar no «ranking» partidário e com os mesmos 14 deputados que alcançara em 2002. Graças ao acréscimo dos 3.497 votos do PND em Aveiro teria eleito aí o seu segundo deputado. E somando-lhe, no Porto, os 7.661 votos de Manuel Monteiro, o CDS chegaria ao terceiro deputado no círculo portuense. Ficaria, ainda, muito próximo de eleger um segundo deputado em Braga e um em Santarém (bastar-lhe-iam, neste caso, mais 200 a 300 votos). Em contrapartida, com menos 270 votos em Setúbal o CDS teria perdido (para o PCP, calcule-se…), o único deputado que elegeu neste círculo.Ou seja, numa situação global de queda eleitoral, os votos do PND teriam, ainda assim, permitido ao CDS controlar os danos e alcançar alguns dos seus objectivos, mantendo a posição relativa de 2002. O que tornaria bem mais complicado e difícil de justificar, a Paulo Portas, o seu determinado abandono da liderança. Ironias do destino.Já a análise dos resultados do Bloco de Esquerda - que elegeu 4 deputados em Lisboa, 2 no Porto e 2 em Setúbal - permite observar que o BE ficou à beira de ampliar para 14 o seu número de parlamentares. Em cinco distritos, o BE não elegeu por pouco o seu primeiro deputado. E, no Porto, esteve quase a celebrar a eleição do terceiro bloquista.Vejamos os casos. Em Aveiro, com mais 207 votos o BE teria ocupado o lugar do último dos 8 deputados do PS. Em Braga, um acréscimo de 418 votantes roubaria um eleito ao PSD. Em Faro, subindo 1.114 votos substituiria o 6º deputado do PS. Em Santarém, crescendo menos de 3 mil votos (2.939) faria o PS perder o último dos seus 6 deputados. E em Coimbra seria igualmente o 6º eleito do PS que daria lugar a um deputado do BE, se este conquistasse mais 3 065 votos.Finalmente, no caso do Porto, o BE chegaria ao 3º deputado eleito no círculo (passando o PSD de 12 para 11) se tivesse somado mais 2.622 votos.O Bloco é, pois, o partido que ficou mais próximo de eleger novos deputados e de ampliar o seu já reforçado grupo parlamentar. É também, pelo método de Hondt que afecta ligeiramente os partidos mais pequenos e favorece os maiores, o mais prejudicado na relação entre o número de votos recebidos (6,4% do total) e o número de deputados que terá no Parlamento (3,5% dos 230).Para lá da primeira maioria absoluta do PS e do colapso eleitoral do PSD de Santana Lopes, ficam assinaladas estas curiosidades da votação de 20 de Fevereiro relativas aos pequenos partidos: CDS, PND e BE. Dos caminhos cruzados e desencontrados de Portas e Monteiro ao fenómeno (esporádico?) de crescimento em flecha do BE.por José António Limain www.expresso.pt

Num partido cuja liderança parece ter caído em hasta pública, é curioso verificar que Paulo Portas teria conseguido, com os cerca de 40 mil votos obtidos pela Nova Democracia de Manuel Monteiro, manter-se como terceiro maior partido e não teria perdido qualquer deputado no Parlamento. No outro extremo, é igualmente interessante constatar que o Bloco de Esquerda ficou à beira de eleger mais 6 deputados, o que o colocaria com um grupo parlamentar idêntico ao do PCP.Num CDS cujo vazio de liderança ninguém parece querer ocupar (António Pires de Lima rejeitou de imediato, Telmo Correia diz que só à força, Nobre Guedes pôs-se de lado, Maria José Nogueira Pinto diz que ainda não é desta, Lobo Xavier não troca o certo pelo incerto, etc.), percebe-se, com uma análise mais atenta dos resultados eleitorais, que Paulo Portas teria bem maiores dificuldades em abandonar a presidência do partido se Manuel Monteiro não tivesse criado e levado a votos o partido da Nova Democracia (PND).Com os 40 mil votos e os 0,7% do PND, Portas veria o CDS sair das legislativas de 20 de Fevereiro com 8,0%, em terceiro lugar no «ranking» partidário e com os mesmos 14 deputados que alcançara em 2002. Graças ao acréscimo dos 3.497 votos do PND em Aveiro teria eleito aí o seu segundo deputado. E somando-lhe, no Porto, os 7.661 votos de Manuel Monteiro, o CDS chegaria ao terceiro deputado no círculo portuense. Ficaria, ainda, muito próximo de eleger um segundo deputado em Braga e um em Santarém (bastar-lhe-iam, neste caso, mais 200 a 300 votos). Em contrapartida, com menos 270 votos em Setúbal o CDS teria perdido (para o PCP, calcule-se…), o único deputado que elegeu neste círculo.Ou seja, numa situação global de queda eleitoral, os votos do PND teriam, ainda assim, permitido ao CDS controlar os danos e alcançar alguns dos seus objectivos, mantendo a posição relativa de 2002. O que tornaria bem mais complicado e difícil de justificar, a Paulo Portas, o seu determinado abandono da liderança. Ironias do destino.Já a análise dos resultados do Bloco de Esquerda - que elegeu 4 deputados em Lisboa, 2 no Porto e 2 em Setúbal - permite observar que o BE ficou à beira de ampliar para 14 o seu número de parlamentares. Em cinco distritos, o BE não elegeu por pouco o seu primeiro deputado. E, no Porto, esteve quase a celebrar a eleição do terceiro bloquista.Vejamos os casos. Em Aveiro, com mais 207 votos o BE teria ocupado o lugar do último dos 8 deputados do PS. Em Braga, um acréscimo de 418 votantes roubaria um eleito ao PSD. Em Faro, subindo 1.114 votos substituiria o 6º deputado do PS. Em Santarém, crescendo menos de 3 mil votos (2.939) faria o PS perder o último dos seus 6 deputados. E em Coimbra seria igualmente o 6º eleito do PS que daria lugar a um deputado do BE, se este conquistasse mais 3 065 votos.Finalmente, no caso do Porto, o BE chegaria ao 3º deputado eleito no círculo (passando o PSD de 12 para 11) se tivesse somado mais 2.622 votos.O Bloco é, pois, o partido que ficou mais próximo de eleger novos deputados e de ampliar o seu já reforçado grupo parlamentar. É também, pelo método de Hondt que afecta ligeiramente os partidos mais pequenos e favorece os maiores, o mais prejudicado na relação entre o número de votos recebidos (6,4% do total) e o número de deputados que terá no Parlamento (3,5% dos 230).Para lá da primeira maioria absoluta do PS e do colapso eleitoral do PSD de Santana Lopes, ficam assinaladas estas curiosidades da votação de 20 de Fevereiro relativas aos pequenos partidos: CDS, PND e BE. Dos caminhos cruzados e desencontrados de Portas e Monteiro ao fenómeno (esporádico?) de crescimento em flecha do BE.por José António Limain www.expresso.pt

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