Da Literatura: Margarida Moreira, admirável escritora futurista

29-09-2009
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Não conheço a qualidade literária dos outros directores regionais de educação, mas, se o padrão for o da senhora que ocupa o cargo a norte deste país, teremos talvez aí a real vanguarda da escrita em língua portuguesa. Verdadeiras palavras em liberdade, como propugnava Marinetti, quando, no Manifesto Técnico da Literatura Futurista (1912), afirmou ter sentido «a inanidade ridícula da velha sintaxe herdade de Homero» e experimentado um «desejo furioso de libertar as palavras, tirando­‑as para fora da prisão do período latino». Ah, como poderia ele ter sonhado que, quase um século depois desse texto seminal, iria encontrar uma discípula tão fervorosa como Margarida Moreira (cuja candidatura a um prémio literário, nunca em categoria inferior aos dos PEN Clube, quero desde já propor)? Não é verdade que o ofício acima reproduzido (clique para aumentar, por favor) é, finalmente, a consagração de uma arte verbal que vem colmatar a ausência de um grande escritor futurista? Depois de outra pérola de idêntico valor, a notável Margarida Moreira está, para nossa glória, apta a subscrever as palavras do seu mentor italiano no manifesto já citado: «A sintaxe era uma espécie de código abstracto […]. A sintaxe era uma espécie de intérprete ou de cicerone monótono. É necessário suprimir este intermediário […]». Está a consegui­‑lo.

Não conheço a qualidade literária dos outros directores regionais de educação, mas, se o padrão for o da senhora que ocupa o cargo a norte deste país, teremos talvez aí a real vanguarda da escrita em língua portuguesa. Verdadeiras palavras em liberdade, como propugnava Marinetti, quando, no Manifesto Técnico da Literatura Futurista (1912), afirmou ter sentido «a inanidade ridícula da velha sintaxe herdade de Homero» e experimentado um «desejo furioso de libertar as palavras, tirando­‑as para fora da prisão do período latino». Ah, como poderia ele ter sonhado que, quase um século depois desse texto seminal, iria encontrar uma discípula tão fervorosa como Margarida Moreira (cuja candidatura a um prémio literário, nunca em categoria inferior aos dos PEN Clube, quero desde já propor)? Não é verdade que o ofício acima reproduzido (clique para aumentar, por favor) é, finalmente, a consagração de uma arte verbal que vem colmatar a ausência de um grande escritor futurista? Depois de outra pérola de idêntico valor, a notável Margarida Moreira está, para nossa glória, apta a subscrever as palavras do seu mentor italiano no manifesto já citado: «A sintaxe era uma espécie de código abstracto […]. A sintaxe era uma espécie de intérprete ou de cicerone monótono. É necessário suprimir este intermediário […]». Está a consegui­‑lo.

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