Da Literatura: WAR NOTES, 2

29-09-2009
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1. A foto ao alto é de 2003. Retrata um bairro residencial de Grozny (capital da Tchetchénia) reduzido a escombros pelo exército russo. Who cares?2. A guerra é uma barbárie? Pois é. No Camboja como em Angola, na Sérvia como na Somália. Ninguém escapa. A mim, o que me espanta, é a compaixão electiva. A Tchetchénia foi, durante anos consecutivos, arrasada metodicamente de um extremo a outro (sim: bairros residenciais, escolas, hospitais, estradas, pontes, depósitos de água, jardins, etc.) sob o olhar impávido da opinião pública internacional. Ninguém se comoveu. Ninguém se comove apesar dos cento e cinquenta mil mortos entre 1994 e 2003. Por que será? Isto, claro, para não recuar ao Blitz alemão sobre Londres. Só no dia 10 de Maio de 1941, e só nessa noite, foram mortos 1400 civis na capital britânica. Lembram-se? Sobre Berlim nem é bom falar. O exército vermelho esmerou-se. A rapaziada não leu Antony Beevor, tão traduzido entre nós? Ao menos, a avaliar pelos ecos da bloga, todos viram Der Untergang [A Queda] de Oliver Hirschbiegel. Mas continuam impressionáveis como donzelas.3. Em Portugal, como provavelmente noutros sítios, o ódio a Israel tem muitas causas. O ódio ao povo perde-se na noite dos tempos. O ódio ao Estado começou há 60 anos. Há nisto muito de ignorância e futilidade. Mas nem toda a gente é ignorante ou anti-semita. Argumentar com a soi disant “desproporcionalidade” não deixa de ser uma infantilidade. Insistir nessa tecla é uma forma naïf de dizer o indizível. Podiam assumir de uma vez por todas o anti-semitismo larvar.

1. A foto ao alto é de 2003. Retrata um bairro residencial de Grozny (capital da Tchetchénia) reduzido a escombros pelo exército russo. Who cares?2. A guerra é uma barbárie? Pois é. No Camboja como em Angola, na Sérvia como na Somália. Ninguém escapa. A mim, o que me espanta, é a compaixão electiva. A Tchetchénia foi, durante anos consecutivos, arrasada metodicamente de um extremo a outro (sim: bairros residenciais, escolas, hospitais, estradas, pontes, depósitos de água, jardins, etc.) sob o olhar impávido da opinião pública internacional. Ninguém se comoveu. Ninguém se comove apesar dos cento e cinquenta mil mortos entre 1994 e 2003. Por que será? Isto, claro, para não recuar ao Blitz alemão sobre Londres. Só no dia 10 de Maio de 1941, e só nessa noite, foram mortos 1400 civis na capital britânica. Lembram-se? Sobre Berlim nem é bom falar. O exército vermelho esmerou-se. A rapaziada não leu Antony Beevor, tão traduzido entre nós? Ao menos, a avaliar pelos ecos da bloga, todos viram Der Untergang [A Queda] de Oliver Hirschbiegel. Mas continuam impressionáveis como donzelas.3. Em Portugal, como provavelmente noutros sítios, o ódio a Israel tem muitas causas. O ódio ao povo perde-se na noite dos tempos. O ódio ao Estado começou há 60 anos. Há nisto muito de ignorância e futilidade. Mas nem toda a gente é ignorante ou anti-semita. Argumentar com a soi disant “desproporcionalidade” não deixa de ser uma infantilidade. Insistir nessa tecla é uma forma naïf de dizer o indizível. Podiam assumir de uma vez por todas o anti-semitismo larvar.

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