O Monárquico

20-07-2005
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Diferenças 20 de Fevereiro é dia de eleições - acto necessário, mas não suficiente, em Democracia - em toda a península Ibérica. Contudo nãom poderia haver maior diferença entre as eleições que se realizarão em Espanha e em Portugal.Em Espanha, os cidadãos vão ser chamados a pronunciarem-se sobre a Constituição Europeia. De facto, o Reino de Espanha irá ser o primeiro Estado-membro a referendar esta maioria. Depois de há quase um ano se terem realizado eleições legislativas das quais resultaram a eleição do 4.º (isso mesmo!) Primeiro-Ministro, desde que a Monarquia Constitucional (maior período de Democracia e estabilidade) foi restaurada em Espanha, em 1975 (note-se) será a vez dos espanhóis se pronunciarem sobre uma questão central sobre a UE.Pelo aquilo que sei, parece que o assunto está a ser discutido com intensidade e clareza. Existindo mesmo em tudo quanto seja livraria e quiosque exemplares de tal documento. No entanto ainda não se viu, nem se verá, o Rei ou a Família Real a fazer campanha nas ruas pelo Sim ou pelo Não nem a discutir publicamente o assunto ao invés do que faria (foi o próprio que o afirmou, lembram-se?) um certo Chefe de Estado em caso semelhante. Vamos esperar os resultados e ver a participação dos cidadãos espanhóis.Em Portugal, o nosso querido país convertido em república de bananas, vão ter lugar eleições legislativas. Até aqui tudo normal não fosse o facto destas serem as terceiras legislativas em 6 (SEIS!) anos. Talvez o ano português seja mais longo que o espanhol. Quem sabe! O que é certo é que para os partidos políticos portugueses, principalmente os dois grandes, um ano de oposição é como se fosse uma década. E assim, das eleições de 20 de Fevereiro irá sair o XVII Governo Constitucional para os próximos quatro anos. No máximo! Atenção! As próximas legislativas podem ser já daqui a dois ou três anos, sabe-se lá. Daqui a um ano é pouco provável, principalmente se vencer o PS. Mas nunca se sabe. No entanto devemos ter presente que o Chefe de Estado muda no próximo ano; um factor a ter em conta!Se a estes 17 governos constitucionais somarmos os seis provisórios iremos ter a módica quantia de 23 governos desde que foi restaurada (e não criada) a Democracia com o 25 de Abril de 1974. É obra!Mário Soares afirmou em 2002 que o PS necessitava de uma «cura deOposição». Mas essas «curas» são, para qualquer oposição, de médio longo prazo; nunca menos de quatro anos. E assim chegamos com os dois principais partidos do regime a desgastarem-se e descredibilizarem-se mutuamente num toma lá dá cá em que um é alternativa ao outro com ambos a afirmarem que são a mudança. Qualquer semelhança com o passado não é pura coincidência só que desta vez não há Coroa para servir de bode expiatório. E assim fica demonstrado pela enésima vez que o entrave do país não era o Rei. Felizmente que os tempos são outros senão pelo «andar da carruagem» certamente, como também afirmou Mário Soares, já teria eclodido um golpe militar; só que não seria bem da forma que ele imaginaria. Seria outro 28 de Maio com o regresso da ditadura e do obscurantismo personificada numa qualquer figura sinistra, como uma 4.ª República provavelmente designada de Estado Renovado ou Neo Estado Novo. Vá-se lá saber! Mas será que não sabemos praticar Democracia? Talvez este modelo de Democracia tenha que ser modificado, do vértice à base. Soluções?! Claro que existem!Esta campanha eleitoral, no seguimento do que têm sido as campanhas mais recentes, tem sido particularmente fértil em boatos, tricas, insinuações e insultos onde o «bacalhau a pataco» aparece como denominador comum. É ver os programas eleitorais. Promete-se tudo de bom com qualidade, aumentos de reformas, criação de milhares de postos de trabalho, etc. e barato, se possível gratuitamente e tudo sem aumentar impostos ou até mesmo baixando-os. Fantástico! De realizar a campanha do CDS-PP. Até à data em que escrevi este artigo tem sido serena, responsável, sem folclore, sem polémicas de maior e com um programa eleitoral sensato e exequível. Eu que nunca votei CDS estou tentado a faze-lo.Em relação a referendos, principalmente sobre a Europa, os dois principais candidatos a Primeiro-Ministro já fizeram «avisos à navegação». O socialista José Sócrates já afirmou a sua intenção de realizar mais um referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, vulgo aborto, e não fechou a porta a um mais um referendo sobre a Regionalização. Quanto a referendos europeus nem uma palavra. O social-democrata Santana Lopes, por seu turno, já disse que referendos são lá para 2007, isto até ver.Resumindo e concluindo:Espanha: 30 anos de Democracia, 1 Chefe de Estado (o Rei), 4 Primeiros-Ministros com respectivos mandatos cumpridos e a referendar matérias fundamentais.Portugal: sensivelmente o mesmo período de Democracia, 5 Chefes de Estado (Presidentes da República), mais de 10 Primeiros-Ministros (nem sei ao certo quantos nem todos os seus nomes) muitos deles sem os respectivos mandatos levados até ao fim com alguns dos seus Governos a caírem em menos de 1 ano (!) e já sem falar do sem número de Ministros que ocuparam cada um dos ministérios e sem um único referendo realizado sobre a Europa passados quase 20 anos desde a adesão. Os resultados estão à vista!E pronto, resta-me terminar citando um dos muitos Primeiros-Ministros que Portugal teve nestes 30 anos: «É a vida!». Paulo Selão

Diferenças 20 de Fevereiro é dia de eleições - acto necessário, mas não suficiente, em Democracia - em toda a península Ibérica. Contudo nãom poderia haver maior diferença entre as eleições que se realizarão em Espanha e em Portugal.Em Espanha, os cidadãos vão ser chamados a pronunciarem-se sobre a Constituição Europeia. De facto, o Reino de Espanha irá ser o primeiro Estado-membro a referendar esta maioria. Depois de há quase um ano se terem realizado eleições legislativas das quais resultaram a eleição do 4.º (isso mesmo!) Primeiro-Ministro, desde que a Monarquia Constitucional (maior período de Democracia e estabilidade) foi restaurada em Espanha, em 1975 (note-se) será a vez dos espanhóis se pronunciarem sobre uma questão central sobre a UE.Pelo aquilo que sei, parece que o assunto está a ser discutido com intensidade e clareza. Existindo mesmo em tudo quanto seja livraria e quiosque exemplares de tal documento. No entanto ainda não se viu, nem se verá, o Rei ou a Família Real a fazer campanha nas ruas pelo Sim ou pelo Não nem a discutir publicamente o assunto ao invés do que faria (foi o próprio que o afirmou, lembram-se?) um certo Chefe de Estado em caso semelhante. Vamos esperar os resultados e ver a participação dos cidadãos espanhóis.Em Portugal, o nosso querido país convertido em república de bananas, vão ter lugar eleições legislativas. Até aqui tudo normal não fosse o facto destas serem as terceiras legislativas em 6 (SEIS!) anos. Talvez o ano português seja mais longo que o espanhol. Quem sabe! O que é certo é que para os partidos políticos portugueses, principalmente os dois grandes, um ano de oposição é como se fosse uma década. E assim, das eleições de 20 de Fevereiro irá sair o XVII Governo Constitucional para os próximos quatro anos. No máximo! Atenção! As próximas legislativas podem ser já daqui a dois ou três anos, sabe-se lá. Daqui a um ano é pouco provável, principalmente se vencer o PS. Mas nunca se sabe. No entanto devemos ter presente que o Chefe de Estado muda no próximo ano; um factor a ter em conta!Se a estes 17 governos constitucionais somarmos os seis provisórios iremos ter a módica quantia de 23 governos desde que foi restaurada (e não criada) a Democracia com o 25 de Abril de 1974. É obra!Mário Soares afirmou em 2002 que o PS necessitava de uma «cura deOposição». Mas essas «curas» são, para qualquer oposição, de médio longo prazo; nunca menos de quatro anos. E assim chegamos com os dois principais partidos do regime a desgastarem-se e descredibilizarem-se mutuamente num toma lá dá cá em que um é alternativa ao outro com ambos a afirmarem que são a mudança. Qualquer semelhança com o passado não é pura coincidência só que desta vez não há Coroa para servir de bode expiatório. E assim fica demonstrado pela enésima vez que o entrave do país não era o Rei. Felizmente que os tempos são outros senão pelo «andar da carruagem» certamente, como também afirmou Mário Soares, já teria eclodido um golpe militar; só que não seria bem da forma que ele imaginaria. Seria outro 28 de Maio com o regresso da ditadura e do obscurantismo personificada numa qualquer figura sinistra, como uma 4.ª República provavelmente designada de Estado Renovado ou Neo Estado Novo. Vá-se lá saber! Mas será que não sabemos praticar Democracia? Talvez este modelo de Democracia tenha que ser modificado, do vértice à base. Soluções?! Claro que existem!Esta campanha eleitoral, no seguimento do que têm sido as campanhas mais recentes, tem sido particularmente fértil em boatos, tricas, insinuações e insultos onde o «bacalhau a pataco» aparece como denominador comum. É ver os programas eleitorais. Promete-se tudo de bom com qualidade, aumentos de reformas, criação de milhares de postos de trabalho, etc. e barato, se possível gratuitamente e tudo sem aumentar impostos ou até mesmo baixando-os. Fantástico! De realizar a campanha do CDS-PP. Até à data em que escrevi este artigo tem sido serena, responsável, sem folclore, sem polémicas de maior e com um programa eleitoral sensato e exequível. Eu que nunca votei CDS estou tentado a faze-lo.Em relação a referendos, principalmente sobre a Europa, os dois principais candidatos a Primeiro-Ministro já fizeram «avisos à navegação». O socialista José Sócrates já afirmou a sua intenção de realizar mais um referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, vulgo aborto, e não fechou a porta a um mais um referendo sobre a Regionalização. Quanto a referendos europeus nem uma palavra. O social-democrata Santana Lopes, por seu turno, já disse que referendos são lá para 2007, isto até ver.Resumindo e concluindo:Espanha: 30 anos de Democracia, 1 Chefe de Estado (o Rei), 4 Primeiros-Ministros com respectivos mandatos cumpridos e a referendar matérias fundamentais.Portugal: sensivelmente o mesmo período de Democracia, 5 Chefes de Estado (Presidentes da República), mais de 10 Primeiros-Ministros (nem sei ao certo quantos nem todos os seus nomes) muitos deles sem os respectivos mandatos levados até ao fim com alguns dos seus Governos a caírem em menos de 1 ano (!) e já sem falar do sem número de Ministros que ocuparam cada um dos ministérios e sem um único referendo realizado sobre a Europa passados quase 20 anos desde a adesão. Os resultados estão à vista!E pronto, resta-me terminar citando um dos muitos Primeiros-Ministros que Portugal teve nestes 30 anos: «É a vida!». Paulo Selão

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