A Arte da Fuga: A Direita e a Cultura Parte III

18-07-2005
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Volto à questão da cultura, depois de ler o post do Diogo e do Pedro, no qual encontro algumas afinidades. Mas gostaria de ir um pouco atrás. Partindo do pressuposto que considero importante o acesso à cultura, tenho de criar condições para que ele exista para quem o queira. Portanto, tenho de verificar se existem mecanismos que garantam a criação cultural e a divulgação cultural.Ora, a criação cultural é um fenómeno de talento. Só dela faz profissão quem considera que a mesma pode ser rentável ou que da mesma pode viver. Quanto a mim, esta divisão é muito importante. Existem os criadores que não estão interessados no lucro, apenas na sua fruição criativa que, num acto de generosidade, partilham com os restantes existem os criadores que entendem que querem fazer da cultura a sua profissão. Aqui, essas pessoas são iguais a todos nós que trabalhamos. Têm por isso que racionalizar a sua actividade de forma a que mesma possa garantir a sua sobrevivência. Isso obriga, necessariamente, a que eles se encarem como trabalhadores como outros quaisquer, com as contigências de todos os outros.Feita esta distinção, o Estado pode agora pensar no que fazer, atento o interesse que tem na existência de um panorama cultural rico, interessante e diversificado.Quanto aos criadores culturais não profissionais, impor-se-á, por exemplo, ajudar na sua divulgação, através da organização, em parceria com privados, de festivais, mostras, exposições, feiras ou na disponibilizarão das infra-estruturas e espaços necessários à sua divulgação. Isto porque o Estado reconhece um interesse na sua actividade.Quanto aos criadores profissionais, é importante que o Estado olhe para eles como profissionais e os trate com a mesma (ausência) de assistencialismo que aos restantes. Tanto me faz que um artista tenha de, por vezes, ceder ao seu gosto para ganhar dinheiro, porque muitas vezes também deixo de fazer certos trabalhos porque os mesmos são menos lucrativos, embora neles menos me realize profissionalmente. E se são profissionais, o Estado tem de encarar a formação profissional nessas áreas. Falo não só das áreas criativas como as áreas de gestão cultural, por exemplo. Tem igualmente de estar receptivo às condições específicas dos profissionais. Um bailarino tem a sua decadência profissional muito mais cedo, por exemplo. Não pode, por isso, pretender que ser artista não é profissão, ou que é profissão menor.Quer aos criadores profissionais quer aos restantes, existem depois outros mecanismos importantes como o apoio ao mecenato, os benefícios fiscais ou não obstaculização de meios de financiamento.O Estado pode, claro, financiar, de forma programada e racional, alguma criação. Mas esse não é o cerne da sua actividade. Ele só deve financiar aquilo que for praticamente impossível de subsistir sem a colaboração do Estado. Ele aliás só deve financiar aquilo que necessita, por natureza, de investimentos avultados. E como reconheço importância, por exemplo, à Opera ou às Orquestras, acho que o Estado deve intervir para a sua manutenção. Mas se o Estado só financiar em determinadas circunstâncias, gastará menos dinheiro do que actualmente. Por fim, há o outro lado da cultura. O lado da procura, do consumidor. Que fica para mais tarde. Como ficará para mais tarde a análise de outro facto, que me parece importante, que é a afirmação cultural de Portugal como factor económico muito relevante e, assim sendo, carece de uma atenção especializada por parte do Estado.

Volto à questão da cultura, depois de ler o post do Diogo e do Pedro, no qual encontro algumas afinidades. Mas gostaria de ir um pouco atrás. Partindo do pressuposto que considero importante o acesso à cultura, tenho de criar condições para que ele exista para quem o queira. Portanto, tenho de verificar se existem mecanismos que garantam a criação cultural e a divulgação cultural.Ora, a criação cultural é um fenómeno de talento. Só dela faz profissão quem considera que a mesma pode ser rentável ou que da mesma pode viver. Quanto a mim, esta divisão é muito importante. Existem os criadores que não estão interessados no lucro, apenas na sua fruição criativa que, num acto de generosidade, partilham com os restantes existem os criadores que entendem que querem fazer da cultura a sua profissão. Aqui, essas pessoas são iguais a todos nós que trabalhamos. Têm por isso que racionalizar a sua actividade de forma a que mesma possa garantir a sua sobrevivência. Isso obriga, necessariamente, a que eles se encarem como trabalhadores como outros quaisquer, com as contigências de todos os outros.Feita esta distinção, o Estado pode agora pensar no que fazer, atento o interesse que tem na existência de um panorama cultural rico, interessante e diversificado.Quanto aos criadores culturais não profissionais, impor-se-á, por exemplo, ajudar na sua divulgação, através da organização, em parceria com privados, de festivais, mostras, exposições, feiras ou na disponibilizarão das infra-estruturas e espaços necessários à sua divulgação. Isto porque o Estado reconhece um interesse na sua actividade.Quanto aos criadores profissionais, é importante que o Estado olhe para eles como profissionais e os trate com a mesma (ausência) de assistencialismo que aos restantes. Tanto me faz que um artista tenha de, por vezes, ceder ao seu gosto para ganhar dinheiro, porque muitas vezes também deixo de fazer certos trabalhos porque os mesmos são menos lucrativos, embora neles menos me realize profissionalmente. E se são profissionais, o Estado tem de encarar a formação profissional nessas áreas. Falo não só das áreas criativas como as áreas de gestão cultural, por exemplo. Tem igualmente de estar receptivo às condições específicas dos profissionais. Um bailarino tem a sua decadência profissional muito mais cedo, por exemplo. Não pode, por isso, pretender que ser artista não é profissão, ou que é profissão menor.Quer aos criadores profissionais quer aos restantes, existem depois outros mecanismos importantes como o apoio ao mecenato, os benefícios fiscais ou não obstaculização de meios de financiamento.O Estado pode, claro, financiar, de forma programada e racional, alguma criação. Mas esse não é o cerne da sua actividade. Ele só deve financiar aquilo que for praticamente impossível de subsistir sem a colaboração do Estado. Ele aliás só deve financiar aquilo que necessita, por natureza, de investimentos avultados. E como reconheço importância, por exemplo, à Opera ou às Orquestras, acho que o Estado deve intervir para a sua manutenção. Mas se o Estado só financiar em determinadas circunstâncias, gastará menos dinheiro do que actualmente. Por fim, há o outro lado da cultura. O lado da procura, do consumidor. Que fica para mais tarde. Como ficará para mais tarde a análise de outro facto, que me parece importante, que é a afirmação cultural de Portugal como factor económico muito relevante e, assim sendo, carece de uma atenção especializada por parte do Estado.

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