Hoje deitei-me ao lado da minha solidão. O seu corpo perfeito, linha a linha derramava-se no meu, e eu sentia nele o pulsar do meu próprio coração. Moreno, era a forma das pedras e das luas. Dentro de mim alguma coisa ardia: o mistério das palavras maduras ou a brancura de um amor que nos prendia. Hoje deitei-me ao lado da minha solidão e longamente bebi os horizontes. E longamente fiquei até ouvir o meu sangue jorrar na voz das fontes. Eugénio de Andrade 1923-2005
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Hoje deitei-me ao lado da minha solidão. O seu corpo perfeito, linha a linha derramava-se no meu, e eu sentia nele o pulsar do meu próprio coração. Moreno, era a forma das pedras e das luas. Dentro de mim alguma coisa ardia: o mistério das palavras maduras ou a brancura de um amor que nos prendia. Hoje deitei-me ao lado da minha solidão e longamente bebi os horizontes. E longamente fiquei até ouvir o meu sangue jorrar na voz das fontes. Eugénio de Andrade 1923-2005