ABRIL DE NOVO: PREC: Cronologia do Ano de 1975

05-10-2009
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1 de Outubro de 1975 – Chegam (de madrugada) ao comando da 1.ª Região Aérea dois pelotões de pára-quedistas do Depósito Geral de Adidos da Força Aérea (DGAFA), para montar segurança a Monsanto, onde estavam o vice-almirante Pinheiro de Azevedo, major Melo Antunes, Mário Soares, Magalhães Mota e entidades civis e militares que ali pernoitam nos subterrâneos, devido a rumores de golpe de Estado.1 de Outubro de 1975 – Manifestação em Beja de apoio ao Poder Popular e repúdio pelas decisões do «governo burguês», convocada pelo Secretariado das Inter-Comissões de Trabalhadores e Moradores de Beja, apoiada pela FUR, UDP, ORPC (m-l) e Sindicato dos Professores, com a presença de soldados da Base Aérea 11, soldados do Regimento de Artilharia de Beja e dos SUV, num total de 2.500 pessoas.1 de Outubro de 1975 – 49 soldados da Base Aérea de Beja, por terem participado na manifestação, são castigados e transferidos da unidade.1 de Outubro de 1975 – Nota de imprensa da UDP intitulado “Esmaguemos a Ofensiva Reaccionária do VI Governo!” a repudiar a ocupação militar das estações de rádio e televisão, o silenciamento da Rádio Renascença, os incidentes repressivos junto a São Bento quando os comandos avançaram com as chaimites contra os manifestantes deficientes e a prometer continuar a lutar «em frente na defesa das conquistas populares».1 de Outubro de 1975 – O MES faz a análise da situação política numa extensa nota intitulada “Contra os Fascistas, os Capitalistas e os Falsos Socialistas, Ofensiva Popular! O Golpe de Direito Não Passará”.1 de Outubro de 1975 – Comício no Campo Pequeno, em Lisboa, para comemorar o 5.º aniversário da fundação da Intersindical Nacional.1 de Outubro de 1975 – A RTP, a Emissora Nacional e o Rádio Clube Português, que estavam ocupadas militarmente desde 29 de Setembro por ordem do Governo, são desocupadas pelas forças militares, excepto a Rádio Renascença, que permanece encerrada. Contudo, durante uns dias ainda, os comunicados dos vários grupos políticos não podiam ser transmitidos pela televisão e estações de radiodifusão sem serem autorizados pelo Ministério da Comunicação Social.1 de Outubro de 1975 – General Costa Gomes fundamenta a ocupação militar da Rádio Renascença, por não existirem garantias de que a emissão voltasse a parâmetros social e politicamente aceitáveis.1 de Outubro de 1975 – Comunicado do primeiro-ministro, vice-almirante Pinheiro de Azevedo, para justificar «a excepção da Rádio Renascença», ainda ocupada por forças militares, devido à linha de conduta «de resultados, ainda que não intencionalmente, contra-revolucionários».1 de Outubro de 1975 – Os trabalhadores da Rádio Renascença, reunidos em plenário, rejeitam a acusação de estarem a servir de capa para movimentações contra-revolucionárias, traçando os objectivos da luta: «reabertura imediata da Rádio Renascença», «reabertura da rede de FM em Monsanto» e «não acatamento de qualquer censura».1 de Outubro de 1975 – Saudação do Comité Central da ORPC (m-l) ao Partido Comunista da China, para assinalar o aniversário da fundação da República Popular.1 de Outubro de 1975 – General Costa Gomes inicia uma visita a Moscovo, a primeira de um chefe de Estado português à União Soviética.1 de Outubro de 1975 – O SÉCULO denuncia e existência dum “plano dos coronéis” que levaria ao afastamento de Otelo Saraiva de Carvalho, colocação nos lugares-chave de homens de confiança do “Grupo dos Nove”, controlo do Serviço Director e Coordenador da Informação (SDCI), resolução dos casos REPÚBLICA e Rádio Renascença, total controlo da situação político-militar, reorganização das Forças Armadas e instalação de um regime «de feição direitista».1 de Outubro de 1975 – Comunicado do Secretariado Nacional do PS, dizendo que «grupos minoritários planearam para esta noite o assalto aos órgãos de informação e o ataque ao almirante Pinheiro de Azevedo», tratando-se «de uma aventura suicida capitaneada por elementos irresponsáveis ou provocadores» que pode «pôr em perigo a Revolução», apelando para «uma resposta pronta e maciça» a «esta provocação da pseudo-esquerda aventureirista e irresponsável».1 de Outubro de 1975 – José Luís Nunes, deputado do PS, declara na Assembleia Constituinte ter «conhecimento de uma notícia de extrema gravidade», segundo a qual havia «um golpe de estado preparado» pelos comunistas e extrema-esquerda para a próxima madrugada.1 de Outubro de 1975 – Álvaro Ribeiro Monteiro, deputado do MDP/CDE, a propósito da intervenção de José Luís Nunes, coloca «sérias reservas» e «sérias dúvidas acerca da veracidade de tudo o que aqui foi dito» de «maneira infame», lançando «o boato, a calúnia e o alarmismo» para criarem um «clima favorável à repressão».2 de Outubro de 1975 – Manifestação em Beja contra a transferência de 49 militares da Força Aérea por terem participado numa manifestação popular, convocada pelo Secretariado das Inter-Comissões de Trabalhadores e Moradores de Beja, apoiada pela FUR, UDP e Sindicato dos Transportes Rodoviários, com a presença de soldados da Base Aérea 11 e do Regimento de Artilharia de Beja. Os manifestantes deslocaram-se para a Base Aérea onde foram recebidos pelo major Manuel de Noronha Botelho e pelo tenente-coronel Vítor Dias dos Santos.2 de Outubro de 1975 – Comunicado da União do Povo da Madeira dizendo que o padre José Martins foi afastado da presidência da Comissão Administrativa da Câmara Municipal do Machico, o que deu origem a uma manifestação de protesto convocada pela UPM, Centro de Informação Popular de Machico (CIP), FEC (m-l), sindicatos, cooperativas, trabalhadores, assalariados rurais e operários.2 de Outubro de 1975 – Nota de imprensa da Comissão Política da ORPC (m-l) intitulada “Frente Unida do Povo Contra o Fascismo! O Governo Será Derrotado!”, dizendo que «está em marcha a ofensiva reaccionária» e «à cabeça do novo poder» estão o major Melo Antunes e os chefes do PS e PPD, por isso «o dever supremo de todos os autênticos revolucionários, antifascistas e patriotas» é «darem provas de firmeza, combatividade e confiança no Povo».2 de Outubro de 1975 – Comunicado da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS a denunciar a existência dum golpe de esquerda e extrema-esquerda, com base no RALIS.2 de Outubro de 1975 – O Conselho da Revolução analisa a situação política e concluiu que a extrema-esquerda pode vir a dispor de «amplo poder de fogo», mas que a sua «capacidade de manobra é muito reduzida». Traça três cenários: uma situação de grande agitação na Grande Lisboa; um golpe de direita; ou apoio ao VI Governo. Foi estudada a hipótese do VI Governo abandonar Lisboa, para isolar a cidade, o que daria um máximo de dois meses de resistência por parte da “Comuna de Lisboa”.2 de Outubro de 1975 – Vice-almirante Rosa Coutinho protesta, em plena reunião do Conselho da Revolução, contra a ocupação militar das emissoras de rádio, a qual fora ilegalmente decidida numa reunião «sem suficiente quórum».2 de Outubro de 1975 – Leonidas Brejnev, durante a recepção oficial ao general Costa Gomes, no Kremlin, assegura que a União Soviética não pretende por em causa o equilíbrio de forças na Europa, que Portugal deve continuar na OTAN e que os soviéticos não desejam uma tomada de poder por parte dos comunistas portugueses.3 de Outubro de 1975 – O Plenário das Comissões de Moradores de Benfica aprova uma moção para que os desempregados sejam isentados do pagamento das rendas de casa.3 de Outubro de 1975 – Plenário de trabalhadores agrícolas em Alcácer do Sal reclama crédito imediato às cooperativas e pequenos agricultores.3 de Outubro de 1975 – Plenário de trabalhadores agrícolas em Grândola reclama crédito imediato às cooperativas e pequenos agricultores, exigindo o avanço da reforma agrária.3 de Outubro de 1975 – Prossegue a manifestação popular permanente junto da Base Aérea de Beja, de protesto contra a transferência disciplinar de soldados que participaram na manifestação de 1 de Outubro, agora com a presença de milhares de trabalhadores rurais. O general Pinho Freire, comandante da 1.ª Região Aérea, desloca-se a Beja para resolver o impasse, e anula a punição.3 de Outubro de 1975 – Conferência de imprensa dos SUV em Évora.3 de Outubro de 1975 – Comunicado do RALIS negando as acusações do PS de ter havido preparativos para qualquer golpe de Estado, dando conhecimento das actividades do Regimento entre 26 de Setembro e 2 de Outubro.3 de Outubro de 1975 – Comunicado dos secretários nacionais da Mobilização e Organização do PS, subscrito por António Aires Rodrigues e Manuel Alegre, afirmando que um golpe de Estado esteve «preparado para a noite de ontem às 4 da madrugada» e que «a conspiração de 2 de Outubro foi neutralizada», acrescentando que é «necessário manter a vigilância». Na inventona em causa, o golpe teria sido combinado no RALIS e na Rádio Renascença, e os revoltosos atacariam os órgãos de comunicação, a PSP, os Comandos e a Base do Montijo. Nunca apareceu qualquer prova.3 de Outubro de 1975 – Manifestação do PS na Amadora de apoio ao coronel graduado Jaime Neves e contra a extrema-esquerda. Ao mesmo tempo houve uma contramanifestação, sem qualquer incidente3 de Outubro de 1975 – O jornal O SÉCULO insiste na existência dum “Plano dos Coronéis”, com vista a um Golpe de Estado dos “moderados” para restaurar a democracia e disciplina, que seria posto em prática no 25 de Novembro. Acusa o PS e o PPD de estarem «interessados em criar um clima de boataria, inquietação e agitação públicas» com base em «hipotéticos golpes de esquerda ou de extrema-esquerda», que não passam de «inventonas».3 de Outubro de 1975 – Primeira intervenção parlamentar de José Pedro Soares, deputado do PCP, que intervém na discussão do artigo 20.º do parecer da Comissão dos Direitos e Deveres Fundamentais da Juventude quanto ao título relativo aos Direitos e deveres económicos, sociais e culturais.3 de Outubro de 1975 – General Aníbal Pinho Freire, comandante da 1.ª Região Aérea, a propósito do saneamento de 40 soldados da Base Aérea 11, de Beja, elucidou «ter havido um equivoco», pois os soldados em questão estavam «autorizados a participar em manifestações apartidárias».3 de Outubro de 1975 – Plenário de praças do Grupo de Detecção Alerta e Conduta de Intercepção da Força Aérea (GDACI) aprova moção de repúdio pelo saneamento dos capitães Sousa Ferreira e Sobral da Costa, oficiais progressistas.3 de Outubro de 1975 – Por determinação do brigadeiro graduado António Pires Veloso, comandante da RMN, o alferes dr. António Teixeira Pedroso, aspirante miliciano dr. José António Afonso e alferes miliciano dr. Luciano de Vilhena Pereira foram transferidos do CICAP para o Serviço de Justiça do Quartel-General da Região Militar do Norte, e ao mesmo tempo, seis praças foram deslocadas para Mafra.3 de Setembro de 1975 – A Assembleia de Unidade do CICAP recusa aceitar a transferência dos oficiais milicianos e dos soldados, por 312 votos e 6 abstenções, considerando que estas medidas foram saneamentos de esquerda.3 de Outubro de 1975 – Manifestação de protesto de trabalhadores, soldados e oficiais milicianos junto do CICAP, Porto, contra «o saneamento à esquerda» de oficiais e soldados, sob a palavra de ordem “o povo não quer Pires Veloso”.3 de Outubro de 1975 – Reunião no Quartel-General da Região Militar do Norte (às 19 horas), com a presença do brigadeiro graduado António Pires Veloso, coronel graduado Jorge Gabriel Teixeira, major Manuel de Azevedo Maia, major Pinto de Oliveira, capitão David Martelo, capitão Malheiro, capitão Pinto de Morais, primeiro-sargento Delgado e primeiro-sargento Pinheiro, na qual ficou decidido encerrar o Centro de Instrução Auto do Porto – CICAP, devido a actos de «indisciplina».3 de Outubro de 1975 – Às 22 horas começa a operação para encerramento do CICAP, Porto, sendo neutralizado o oficial, sargento da guarda e sentinelas. Os soldados foram dispensados e colocados fora do quartel, sendo posteriormente passados à situação de disponibilidade e licença.4 de Outubro de 1975 – Manifestação de protesto no Porto pelo encerramento do CICAP, com a presença de milhares de pessoas, iniciada à 1 hora da madrugada e que durou todo o dia.4 de Outubro de 1975 – Realiza-se o plenário da Comissão Coordenadora das Intercomissões de Trabalhadores do Grupo CUF.4 de Outubro de 1975 – Realiza-se o 1.º Plenário Comissões Revolucionárias Autónomas de Moradores e Ocupantes de Lisboa (CRAMO), para reestruturação da organização.4 de Outubro de 1975 – Num balanço dos saneamentos à esquerda na Força Aérea foi noticiado que ao capitão João Sobral Costa foi-lhe apresentada guia de marcha compulsiva para a DSIC; o alferes Esteves, do GDACI, foi alvo de um processo de quesitos; o capitão Sousa Ferreira, do GDACI, recebeu guia de marcha para abandonar a unidade em três horas; o capitão piloto João Freire de Oliveira, foi passado compulsivamente à reserva pela sua adesão aos CRTSM; o capitão eng.º Nuno Ferreira foi afastado por defender a formação de CRTSM, e o caso dos soldados de Beja.4 de Outubro de 1975 – Comunicado do Secretariado Provisório da FUR (Porto) sobre os saneamentos e encerramento do CICAP, dizendo que a «força dos trabalhadores, a força dos soldados revolucionários é invencível e não se dissolve com medidas administrativas».4 de Outubro de 1975 – Reunião do Conselho Político Nacional do MES para analisar a situação político-militar e a «política burguesa do VI Governo Provisório e do Conselho da Revolução».4 de Outubro de 1975 – Conferência de imprensa do major Dinis de Almeida, comandante operacional do RALIS, desmentindo qualquer preparativo de golpe de Estado e acusa a direcção do PS de histérica, mentirosa e apostada em fomentar um «profundo divisionismo» nas Forças Armadas. Acusa ainda de terem sido desviadas metralhadoras e canhões de várias unidades para equipar os Comandos e acusa o brigadeiro graduado Pires Veloso e o capitão Sousa e Castro de terem traçado um plano de operações para «aniquilar e destruir o RALIS».4 de Outubro de 1975 – Comunicado do COPCON desmentindo uma notícia do EXPRESSO, segundo a qual teria havido um desaguisado entre o major Dinis de Almeida e outro oficial do RALIS, a propósito do levantamento de armas no depósito de Beirolas, com destino a uma unidade militar da área de Lisboa.4 de Outubro de 1975 – Plenário de praças da Base Aérea de Sintra aprova moção de solidariedade com a Rádio Renascença e o jornal REPÚBLICA.4 de Outubro de 1975 – O jornal A LUTA afirma que o primeiro-ministro tem provas em seu poder do envolvimento do RALIS na «intentona» de 2 de Outubro.4 de Outubro de 1975 – Comunicado do vice-almirante Pinheiro de Azevedo desmentindo que haja provas da participação do RALIS na «intentona» de há três dias, desmentindo o jornal A LUTA.4 de Outubro de 1975 – Pouco depois de terem participado numa reunião do MDLP e do Movimento Maria da Fonte, com o cónego Eduardo Melo e outros dirigentes e operacionais, são detidos alguns operacionais da rede bombista.4 de Outubro de 1975 – Inicia na Bélgica a semana de solidariedade com a Revolução Portuguesa, e de apoio à extrema-esquerda, organizada pela revista HELBO-75.5 de Outubro de 1975 – Continua as manifestação permanente de protesto no Porto pelo encerramento do CICAP, com a presença de milhares de pessoas. Os manifestantes dirigiram-se depois para o Regimento de Artilharia da Serra do Pilar (RASP), Vila Nova de Gaia, onde cerca de 400 soldados fardados e activistas civis conseguiram entrar nas instalações.5 de Outubro de 1975 – Resolução “Avancemos para um Congresso de Unificação em Torno do Marxismo-Leninismo! (Carta Aberta do Comité Central da ORPC (m-l)” dirigida ao CMLP e OCMLP, reconhecendo graves divergências com a OCMLP, mas «acima de tudo está a busca duma linha revolucionária marxista-leninista para o Partido», porém «os dirigentes da OCMLP têm até agora manifestado um desinteresse quase total pelos trabalhos da Comissão Organizadora». Propõe que o debate ideológico se faça nas colunas da TRIBUNA DO CONGRESSO e que se proceda ao balanço do trabalho feito.5 de Outubro de 1975 – Comunicado “O PRP-BR e a “Inventona” do PS”, para repudiar a onda de boatos e comunicados fomentada pelos socialistas, «os quais pretendem alarmar a população», pois a «provocação montada pelo PS visa a justificação de medidas repressivas sobre a esquerda revolucionária», ao mesmo tempo que «o avanço do poder da Classe Operária, dos trabalhadores rurais e dos camponeses pobres têm amedrontado cada vez mais os senhores sociais-democratas, ponta de lanças do imperialismo neste país», e à cabeça dessas forças reaccionárias estão o PS, Conselho da Revolução e Governo.5 de Outubro de 1975 – Segundo dia da reunião do Conselho Político Nacional do MES para analisar a situação político-militar, sendo aprovado a convocação do II Congresso Nacional Ordinário a realizar até ao fim do ano.5 de Outubro de 1975 – Brigadeiro graduado Pires Veloso, comandante da RMN, não nega nem confirma ter traçado um plano para «aniquilar o RALIS», mas acrescenta «quando há uma unidade militar que se insubordina, tem que se tomar uma atitude».5 de Outubro de 1975 – Inicia na Dinamarca a semana de solidariedade com a Revolução Portuguesa e de apoio à extrema-esquerda, organizada pela Forbundet Comunist.6 de Outubro de 1975 – Comunicado do Comité de Apoio às Lutas dos Trabalhadores Revolucionários da Informação, que condena «as atitudes do governo social-democrata» e dos «seus lacaios», exigindo a saída dos militares e a reabertura da Rádio Renascença ao serviço dos trabalhadores e do Povo.6 de Outubro de 1975 – Em reunião realizada no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal é criado o Comité de Luta de Setúbal, organização formada pela unificação de diversas comissões de trabalhadores e comissões de moradores afectas ao PRP, FSP, MES e UDP, e que passaria a emitir a Rádio Voz da Revolução.6 de Outubro de 1975 – A Federação dos Metalúrgicos apela à greve geral.6 de Outubro de 1975 – Manifestação no Porto organizada pelos Soldados Unidos Vencerão! – SUV, apoiada pela FUR, UDP e Secretariado Revolucionário das Comissões de Moradores e outros órgãos de poder popular, com a presença de mais de 50 000 manifestantes e militares do Regimento de Transmissões (Arca d’Água), RASP (Serra do Pilar) e Quartel de Chaves, em protesto pelo encerramento do Centro de Instrução Auto do Porto – CICAP. Foram aprovadas moções de apoio ao CICAP e a exigir o saneamento do brigadeiro Pires Veloso. Os manifestantes dirigiram-se de madrugada para o RASP.6 de Outubro de 1975 – Manifestação popular em Lisboa de apoio ao RALIS, convocada por 40 comissões de trabalhadores e de moradores das zonas de Moscavide e Sacavém, apoiada pela FUR e UDP e com a presença de trabalhadores rurais do Alentejo e Ribatejo. Major Dinis de Almeida, dirigindo-se aos manifestantes, afirma que «a originalidade revolução» é ser conduzida «por direcções de partidos que se dizem democratas», e por isso «não é uma revolução, é um Carnaval político em que cada um se mascara para parecer aquilo que não é».6 de Outubro de 1975 – Manifestação em Belém dos trabalhadores dos estabelecimentos fabris militares para exigir a abolição da aplicação do Regimento de Disciplina Militar a funcionários civis, a aprovação da tabela salarial e a reconversão de algumas fábricas.6 de Outubro de 1975 – Comunicado da Célula da ORPC (m-l) da Siderurgia a protestar contra a visita de Álvaro Cunhal à Siderurgia, lembrando ter chamado «maioria silenciosa» à manifestação operária de 7 de Fevereiro, que se sentou em Baleizão ao lado dos «esbirros da GNR», que «assinou a Lei dos Despedimentos do IV Governo», que «aprovou a tentativa de Vasco Gonçalves de entregar a Rádio Renascença ao Patriarcado» e era «chefe de um partido que se tem caracterizado pela traição às lutas dos trabalhadores».6 de Outubro de 1975 – O RALIS acusa o PS de tentar dividir os soldados e de entregar armamento pesado ao Regimento de Comandos da Amadora.7 de Outubro de 1975 – Manifestação dos SUV, durante a madrugada, com presença de soldados de diversas unidades junto das instalações do RASP.7 de Outubro de 1975 – Manifestantes, trabalhadores e soldados de diversos quartéis ocupam o quartel do RASP – Regimento de Artilharia da Serra do Pilar (às 7 horas da manhã), em protesto contra o brigadeiro graduado António Pires Veloso e em solidariedade com o CICAP. A ocupação foi liderada pelo aspirante António Teixeira Marques, aspirante Ferreira Fernandes, alferes Campos e soldado Marinho. O tenente-coronel Castanheira permaneceu como comandante nominal do RASP, nunca sendo saneado.7 de Outubro de 1975 – Comunicado da Assembleia de Militares do RASP exigindo a reabertura do CICAP e reintegração dos militares saneados, reafirmando a «inabalável vontade de evitar situações de confrontação e violência».7 de Outubro de 1975 – Manifestantes convocados pelas Comissões Revolucionárias Autónomas de Moradores e Ocupantes de Lisboa (CRAMO), impedem um julgamento no Palácio da Justiça de Lisboa, onde estava a ser julgada a ocupação de uma moradia na Avenida Almirante Reis, apropriando-se do processo judicial.7 de Outubro de 1975 – Greve dos trabalhadores metalúrgicos.7 de Outubro de 1975 – Manifestação operária em Lisboa (à tarde) e concentração junto do Ministério do Trabalho, convocada pelo Sindicato dos Metalúrgicos, como forma de luta pela aplicação da portaria regulamentadora do sector.7 de Outubro de 1975 – Grande manifestação operária em Setúbal, convocada pelo Sindicato dos Metalúrgicos e pela União de Sindicatos de Setúbal e apoiada pelo PCP, FUR e UDP, para exigir a publicação da portaria que oficializava o Contrato Colectivo de Trabalho do sector.7 de Outubro de 1975 – O MES lança uma campanha de apoio e recolha de fundos para reconstrução das sedes, apresentando a lista de ataques e destruições a que a organização foi alvo: Ponte de Lima, Barcelos, Fafe, Bragança, Chaves, Lamego, Viseu, Vila Nova de Gaia, Estarreja, Oliveira de Azeméis, São João da Madeira, Aveiro, Leiria, Bombarral, Ponta Delgada e Angra do Heroísmo.7 de Outubro de 1975 – Plenário dos militares do Depósito Geral de Material de Guerra, de Beirolas, decide suspender o fornecimento de armamento ligeiro às unidades «até ulterior clarificação política».7 de Outubro de 1975 – Plenário da Região Militar de Lisboa, com a presença dos generais Otelo Saraiva de Carvalho e Carlos Fabião, do RIOQ (Queluz), Polícia Militar, ESPM, DGMG (Beirolas), RIS, CIQC (Caldas da Rainha) e RI 16.7 de Outubro de 1975 – Ocupação das instalações da Emissora Nacional na Madeira por indivíduos afectos à FLAMA e retornados, de cujos confrontos resultaram trinta feridos. Exigiam a expulsão de continentais, progressistas e comunistas para fora do arquipélago, e readmissão de elementos do Estado Novo.7 de Outubro de 1975 – Operários da construção civil e outros trabalhadores, convocados pela União do Povo da Madeira e FEC (m-l), desocupam o Emissor Regional do Funchal, da cadeia da Emissora Nacional, pondo fim à ocupação de algumas horas feita por retornados e «elementos direitistas».


1 de Outubro de 1975 – Chegam (de madrugada) ao comando da 1.ª Região Aérea dois pelotões de pára-quedistas do Depósito Geral de Adidos da Força Aérea (DGAFA), para montar segurança a Monsanto, onde estavam o vice-almirante Pinheiro de Azevedo, major Melo Antunes, Mário Soares, Magalhães Mota e entidades civis e militares que ali pernoitam nos subterrâneos, devido a rumores de golpe de Estado.1 de Outubro de 1975 – Manifestação em Beja de apoio ao Poder Popular e repúdio pelas decisões do «governo burguês», convocada pelo Secretariado das Inter-Comissões de Trabalhadores e Moradores de Beja, apoiada pela FUR, UDP, ORPC (m-l) e Sindicato dos Professores, com a presença de soldados da Base Aérea 11, soldados do Regimento de Artilharia de Beja e dos SUV, num total de 2.500 pessoas.1 de Outubro de 1975 – 49 soldados da Base Aérea de Beja, por terem participado na manifestação, são castigados e transferidos da unidade.1 de Outubro de 1975 – Nota de imprensa da UDP intitulado “Esmaguemos a Ofensiva Reaccionária do VI Governo!” a repudiar a ocupação militar das estações de rádio e televisão, o silenciamento da Rádio Renascença, os incidentes repressivos junto a São Bento quando os comandos avançaram com as chaimites contra os manifestantes deficientes e a prometer continuar a lutar «em frente na defesa das conquistas populares».1 de Outubro de 1975 – O MES faz a análise da situação política numa extensa nota intitulada “Contra os Fascistas, os Capitalistas e os Falsos Socialistas, Ofensiva Popular! O Golpe de Direito Não Passará”.1 de Outubro de 1975 – Comício no Campo Pequeno, em Lisboa, para comemorar o 5.º aniversário da fundação da Intersindical Nacional.1 de Outubro de 1975 – A RTP, a Emissora Nacional e o Rádio Clube Português, que estavam ocupadas militarmente desde 29 de Setembro por ordem do Governo, são desocupadas pelas forças militares, excepto a Rádio Renascença, que permanece encerrada. Contudo, durante uns dias ainda, os comunicados dos vários grupos políticos não podiam ser transmitidos pela televisão e estações de radiodifusão sem serem autorizados pelo Ministério da Comunicação Social.1 de Outubro de 1975 – General Costa Gomes fundamenta a ocupação militar da Rádio Renascença, por não existirem garantias de que a emissão voltasse a parâmetros social e politicamente aceitáveis.1 de Outubro de 1975 – Comunicado do primeiro-ministro, vice-almirante Pinheiro de Azevedo, para justificar «a excepção da Rádio Renascença», ainda ocupada por forças militares, devido à linha de conduta «de resultados, ainda que não intencionalmente, contra-revolucionários».1 de Outubro de 1975 – Os trabalhadores da Rádio Renascença, reunidos em plenário, rejeitam a acusação de estarem a servir de capa para movimentações contra-revolucionárias, traçando os objectivos da luta: «reabertura imediata da Rádio Renascença», «reabertura da rede de FM em Monsanto» e «não acatamento de qualquer censura».1 de Outubro de 1975 – Saudação do Comité Central da ORPC (m-l) ao Partido Comunista da China, para assinalar o aniversário da fundação da República Popular.1 de Outubro de 1975 – General Costa Gomes inicia uma visita a Moscovo, a primeira de um chefe de Estado português à União Soviética.1 de Outubro de 1975 – O SÉCULO denuncia e existência dum “plano dos coronéis” que levaria ao afastamento de Otelo Saraiva de Carvalho, colocação nos lugares-chave de homens de confiança do “Grupo dos Nove”, controlo do Serviço Director e Coordenador da Informação (SDCI), resolução dos casos REPÚBLICA e Rádio Renascença, total controlo da situação político-militar, reorganização das Forças Armadas e instalação de um regime «de feição direitista».1 de Outubro de 1975 – Comunicado do Secretariado Nacional do PS, dizendo que «grupos minoritários planearam para esta noite o assalto aos órgãos de informação e o ataque ao almirante Pinheiro de Azevedo», tratando-se «de uma aventura suicida capitaneada por elementos irresponsáveis ou provocadores» que pode «pôr em perigo a Revolução», apelando para «uma resposta pronta e maciça» a «esta provocação da pseudo-esquerda aventureirista e irresponsável».1 de Outubro de 1975 – José Luís Nunes, deputado do PS, declara na Assembleia Constituinte ter «conhecimento de uma notícia de extrema gravidade», segundo a qual havia «um golpe de estado preparado» pelos comunistas e extrema-esquerda para a próxima madrugada.1 de Outubro de 1975 – Álvaro Ribeiro Monteiro, deputado do MDP/CDE, a propósito da intervenção de José Luís Nunes, coloca «sérias reservas» e «sérias dúvidas acerca da veracidade de tudo o que aqui foi dito» de «maneira infame», lançando «o boato, a calúnia e o alarmismo» para criarem um «clima favorável à repressão».2 de Outubro de 1975 – Manifestação em Beja contra a transferência de 49 militares da Força Aérea por terem participado numa manifestação popular, convocada pelo Secretariado das Inter-Comissões de Trabalhadores e Moradores de Beja, apoiada pela FUR, UDP e Sindicato dos Transportes Rodoviários, com a presença de soldados da Base Aérea 11 e do Regimento de Artilharia de Beja. Os manifestantes deslocaram-se para a Base Aérea onde foram recebidos pelo major Manuel de Noronha Botelho e pelo tenente-coronel Vítor Dias dos Santos.2 de Outubro de 1975 – Comunicado da União do Povo da Madeira dizendo que o padre José Martins foi afastado da presidência da Comissão Administrativa da Câmara Municipal do Machico, o que deu origem a uma manifestação de protesto convocada pela UPM, Centro de Informação Popular de Machico (CIP), FEC (m-l), sindicatos, cooperativas, trabalhadores, assalariados rurais e operários.2 de Outubro de 1975 – Nota de imprensa da Comissão Política da ORPC (m-l) intitulada “Frente Unida do Povo Contra o Fascismo! O Governo Será Derrotado!”, dizendo que «está em marcha a ofensiva reaccionária» e «à cabeça do novo poder» estão o major Melo Antunes e os chefes do PS e PPD, por isso «o dever supremo de todos os autênticos revolucionários, antifascistas e patriotas» é «darem provas de firmeza, combatividade e confiança no Povo».2 de Outubro de 1975 – Comunicado da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS a denunciar a existência dum golpe de esquerda e extrema-esquerda, com base no RALIS.2 de Outubro de 1975 – O Conselho da Revolução analisa a situação política e concluiu que a extrema-esquerda pode vir a dispor de «amplo poder de fogo», mas que a sua «capacidade de manobra é muito reduzida». Traça três cenários: uma situação de grande agitação na Grande Lisboa; um golpe de direita; ou apoio ao VI Governo. Foi estudada a hipótese do VI Governo abandonar Lisboa, para isolar a cidade, o que daria um máximo de dois meses de resistência por parte da “Comuna de Lisboa”.2 de Outubro de 1975 – Vice-almirante Rosa Coutinho protesta, em plena reunião do Conselho da Revolução, contra a ocupação militar das emissoras de rádio, a qual fora ilegalmente decidida numa reunião «sem suficiente quórum».2 de Outubro de 1975 – Leonidas Brejnev, durante a recepção oficial ao general Costa Gomes, no Kremlin, assegura que a União Soviética não pretende por em causa o equilíbrio de forças na Europa, que Portugal deve continuar na OTAN e que os soviéticos não desejam uma tomada de poder por parte dos comunistas portugueses.3 de Outubro de 1975 – O Plenário das Comissões de Moradores de Benfica aprova uma moção para que os desempregados sejam isentados do pagamento das rendas de casa.3 de Outubro de 1975 – Plenário de trabalhadores agrícolas em Alcácer do Sal reclama crédito imediato às cooperativas e pequenos agricultores.3 de Outubro de 1975 – Plenário de trabalhadores agrícolas em Grândola reclama crédito imediato às cooperativas e pequenos agricultores, exigindo o avanço da reforma agrária.3 de Outubro de 1975 – Prossegue a manifestação popular permanente junto da Base Aérea de Beja, de protesto contra a transferência disciplinar de soldados que participaram na manifestação de 1 de Outubro, agora com a presença de milhares de trabalhadores rurais. O general Pinho Freire, comandante da 1.ª Região Aérea, desloca-se a Beja para resolver o impasse, e anula a punição.3 de Outubro de 1975 – Conferência de imprensa dos SUV em Évora.3 de Outubro de 1975 – Comunicado do RALIS negando as acusações do PS de ter havido preparativos para qualquer golpe de Estado, dando conhecimento das actividades do Regimento entre 26 de Setembro e 2 de Outubro.3 de Outubro de 1975 – Comunicado dos secretários nacionais da Mobilização e Organização do PS, subscrito por António Aires Rodrigues e Manuel Alegre, afirmando que um golpe de Estado esteve «preparado para a noite de ontem às 4 da madrugada» e que «a conspiração de 2 de Outubro foi neutralizada», acrescentando que é «necessário manter a vigilância». Na inventona em causa, o golpe teria sido combinado no RALIS e na Rádio Renascença, e os revoltosos atacariam os órgãos de comunicação, a PSP, os Comandos e a Base do Montijo. Nunca apareceu qualquer prova.3 de Outubro de 1975 – Manifestação do PS na Amadora de apoio ao coronel graduado Jaime Neves e contra a extrema-esquerda. Ao mesmo tempo houve uma contramanifestação, sem qualquer incidente3 de Outubro de 1975 – O jornal O SÉCULO insiste na existência dum “Plano dos Coronéis”, com vista a um Golpe de Estado dos “moderados” para restaurar a democracia e disciplina, que seria posto em prática no 25 de Novembro. Acusa o PS e o PPD de estarem «interessados em criar um clima de boataria, inquietação e agitação públicas» com base em «hipotéticos golpes de esquerda ou de extrema-esquerda», que não passam de «inventonas».3 de Outubro de 1975 – Primeira intervenção parlamentar de José Pedro Soares, deputado do PCP, que intervém na discussão do artigo 20.º do parecer da Comissão dos Direitos e Deveres Fundamentais da Juventude quanto ao título relativo aos Direitos e deveres económicos, sociais e culturais.3 de Outubro de 1975 – General Aníbal Pinho Freire, comandante da 1.ª Região Aérea, a propósito do saneamento de 40 soldados da Base Aérea 11, de Beja, elucidou «ter havido um equivoco», pois os soldados em questão estavam «autorizados a participar em manifestações apartidárias».3 de Outubro de 1975 – Plenário de praças do Grupo de Detecção Alerta e Conduta de Intercepção da Força Aérea (GDACI) aprova moção de repúdio pelo saneamento dos capitães Sousa Ferreira e Sobral da Costa, oficiais progressistas.3 de Outubro de 1975 – Por determinação do brigadeiro graduado António Pires Veloso, comandante da RMN, o alferes dr. António Teixeira Pedroso, aspirante miliciano dr. José António Afonso e alferes miliciano dr. Luciano de Vilhena Pereira foram transferidos do CICAP para o Serviço de Justiça do Quartel-General da Região Militar do Norte, e ao mesmo tempo, seis praças foram deslocadas para Mafra.3 de Setembro de 1975 – A Assembleia de Unidade do CICAP recusa aceitar a transferência dos oficiais milicianos e dos soldados, por 312 votos e 6 abstenções, considerando que estas medidas foram saneamentos de esquerda.3 de Outubro de 1975 – Manifestação de protesto de trabalhadores, soldados e oficiais milicianos junto do CICAP, Porto, contra «o saneamento à esquerda» de oficiais e soldados, sob a palavra de ordem “o povo não quer Pires Veloso”.3 de Outubro de 1975 – Reunião no Quartel-General da Região Militar do Norte (às 19 horas), com a presença do brigadeiro graduado António Pires Veloso, coronel graduado Jorge Gabriel Teixeira, major Manuel de Azevedo Maia, major Pinto de Oliveira, capitão David Martelo, capitão Malheiro, capitão Pinto de Morais, primeiro-sargento Delgado e primeiro-sargento Pinheiro, na qual ficou decidido encerrar o Centro de Instrução Auto do Porto – CICAP, devido a actos de «indisciplina».3 de Outubro de 1975 – Às 22 horas começa a operação para encerramento do CICAP, Porto, sendo neutralizado o oficial, sargento da guarda e sentinelas. Os soldados foram dispensados e colocados fora do quartel, sendo posteriormente passados à situação de disponibilidade e licença.4 de Outubro de 1975 – Manifestação de protesto no Porto pelo encerramento do CICAP, com a presença de milhares de pessoas, iniciada à 1 hora da madrugada e que durou todo o dia.4 de Outubro de 1975 – Realiza-se o plenário da Comissão Coordenadora das Intercomissões de Trabalhadores do Grupo CUF.4 de Outubro de 1975 – Realiza-se o 1.º Plenário Comissões Revolucionárias Autónomas de Moradores e Ocupantes de Lisboa (CRAMO), para reestruturação da organização.4 de Outubro de 1975 – Num balanço dos saneamentos à esquerda na Força Aérea foi noticiado que ao capitão João Sobral Costa foi-lhe apresentada guia de marcha compulsiva para a DSIC; o alferes Esteves, do GDACI, foi alvo de um processo de quesitos; o capitão Sousa Ferreira, do GDACI, recebeu guia de marcha para abandonar a unidade em três horas; o capitão piloto João Freire de Oliveira, foi passado compulsivamente à reserva pela sua adesão aos CRTSM; o capitão eng.º Nuno Ferreira foi afastado por defender a formação de CRTSM, e o caso dos soldados de Beja.4 de Outubro de 1975 – Comunicado do Secretariado Provisório da FUR (Porto) sobre os saneamentos e encerramento do CICAP, dizendo que a «força dos trabalhadores, a força dos soldados revolucionários é invencível e não se dissolve com medidas administrativas».4 de Outubro de 1975 – Reunião do Conselho Político Nacional do MES para analisar a situação político-militar e a «política burguesa do VI Governo Provisório e do Conselho da Revolução».4 de Outubro de 1975 – Conferência de imprensa do major Dinis de Almeida, comandante operacional do RALIS, desmentindo qualquer preparativo de golpe de Estado e acusa a direcção do PS de histérica, mentirosa e apostada em fomentar um «profundo divisionismo» nas Forças Armadas. Acusa ainda de terem sido desviadas metralhadoras e canhões de várias unidades para equipar os Comandos e acusa o brigadeiro graduado Pires Veloso e o capitão Sousa e Castro de terem traçado um plano de operações para «aniquilar e destruir o RALIS».4 de Outubro de 1975 – Comunicado do COPCON desmentindo uma notícia do EXPRESSO, segundo a qual teria havido um desaguisado entre o major Dinis de Almeida e outro oficial do RALIS, a propósito do levantamento de armas no depósito de Beirolas, com destino a uma unidade militar da área de Lisboa.4 de Outubro de 1975 – Plenário de praças da Base Aérea de Sintra aprova moção de solidariedade com a Rádio Renascença e o jornal REPÚBLICA.4 de Outubro de 1975 – O jornal A LUTA afirma que o primeiro-ministro tem provas em seu poder do envolvimento do RALIS na «intentona» de 2 de Outubro.4 de Outubro de 1975 – Comunicado do vice-almirante Pinheiro de Azevedo desmentindo que haja provas da participação do RALIS na «intentona» de há três dias, desmentindo o jornal A LUTA.4 de Outubro de 1975 – Pouco depois de terem participado numa reunião do MDLP e do Movimento Maria da Fonte, com o cónego Eduardo Melo e outros dirigentes e operacionais, são detidos alguns operacionais da rede bombista.4 de Outubro de 1975 – Inicia na Bélgica a semana de solidariedade com a Revolução Portuguesa, e de apoio à extrema-esquerda, organizada pela revista HELBO-75.5 de Outubro de 1975 – Continua as manifestação permanente de protesto no Porto pelo encerramento do CICAP, com a presença de milhares de pessoas. Os manifestantes dirigiram-se depois para o Regimento de Artilharia da Serra do Pilar (RASP), Vila Nova de Gaia, onde cerca de 400 soldados fardados e activistas civis conseguiram entrar nas instalações.5 de Outubro de 1975 – Resolução “Avancemos para um Congresso de Unificação em Torno do Marxismo-Leninismo! (Carta Aberta do Comité Central da ORPC (m-l)” dirigida ao CMLP e OCMLP, reconhecendo graves divergências com a OCMLP, mas «acima de tudo está a busca duma linha revolucionária marxista-leninista para o Partido», porém «os dirigentes da OCMLP têm até agora manifestado um desinteresse quase total pelos trabalhos da Comissão Organizadora». Propõe que o debate ideológico se faça nas colunas da TRIBUNA DO CONGRESSO e que se proceda ao balanço do trabalho feito.5 de Outubro de 1975 – Comunicado “O PRP-BR e a “Inventona” do PS”, para repudiar a onda de boatos e comunicados fomentada pelos socialistas, «os quais pretendem alarmar a população», pois a «provocação montada pelo PS visa a justificação de medidas repressivas sobre a esquerda revolucionária», ao mesmo tempo que «o avanço do poder da Classe Operária, dos trabalhadores rurais e dos camponeses pobres têm amedrontado cada vez mais os senhores sociais-democratas, ponta de lanças do imperialismo neste país», e à cabeça dessas forças reaccionárias estão o PS, Conselho da Revolução e Governo.5 de Outubro de 1975 – Segundo dia da reunião do Conselho Político Nacional do MES para analisar a situação político-militar, sendo aprovado a convocação do II Congresso Nacional Ordinário a realizar até ao fim do ano.5 de Outubro de 1975 – Brigadeiro graduado Pires Veloso, comandante da RMN, não nega nem confirma ter traçado um plano para «aniquilar o RALIS», mas acrescenta «quando há uma unidade militar que se insubordina, tem que se tomar uma atitude».5 de Outubro de 1975 – Inicia na Dinamarca a semana de solidariedade com a Revolução Portuguesa e de apoio à extrema-esquerda, organizada pela Forbundet Comunist.6 de Outubro de 1975 – Comunicado do Comité de Apoio às Lutas dos Trabalhadores Revolucionários da Informação, que condena «as atitudes do governo social-democrata» e dos «seus lacaios», exigindo a saída dos militares e a reabertura da Rádio Renascença ao serviço dos trabalhadores e do Povo.6 de Outubro de 1975 – Em reunião realizada no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal é criado o Comité de Luta de Setúbal, organização formada pela unificação de diversas comissões de trabalhadores e comissões de moradores afectas ao PRP, FSP, MES e UDP, e que passaria a emitir a Rádio Voz da Revolução.6 de Outubro de 1975 – A Federação dos Metalúrgicos apela à greve geral.6 de Outubro de 1975 – Manifestação no Porto organizada pelos Soldados Unidos Vencerão! – SUV, apoiada pela FUR, UDP e Secretariado Revolucionário das Comissões de Moradores e outros órgãos de poder popular, com a presença de mais de 50 000 manifestantes e militares do Regimento de Transmissões (Arca d’Água), RASP (Serra do Pilar) e Quartel de Chaves, em protesto pelo encerramento do Centro de Instrução Auto do Porto – CICAP. Foram aprovadas moções de apoio ao CICAP e a exigir o saneamento do brigadeiro Pires Veloso. Os manifestantes dirigiram-se de madrugada para o RASP.6 de Outubro de 1975 – Manifestação popular em Lisboa de apoio ao RALIS, convocada por 40 comissões de trabalhadores e de moradores das zonas de Moscavide e Sacavém, apoiada pela FUR e UDP e com a presença de trabalhadores rurais do Alentejo e Ribatejo. Major Dinis de Almeida, dirigindo-se aos manifestantes, afirma que «a originalidade revolução» é ser conduzida «por direcções de partidos que se dizem democratas», e por isso «não é uma revolução, é um Carnaval político em que cada um se mascara para parecer aquilo que não é».6 de Outubro de 1975 – Manifestação em Belém dos trabalhadores dos estabelecimentos fabris militares para exigir a abolição da aplicação do Regimento de Disciplina Militar a funcionários civis, a aprovação da tabela salarial e a reconversão de algumas fábricas.6 de Outubro de 1975 – Comunicado da Célula da ORPC (m-l) da Siderurgia a protestar contra a visita de Álvaro Cunhal à Siderurgia, lembrando ter chamado «maioria silenciosa» à manifestação operária de 7 de Fevereiro, que se sentou em Baleizão ao lado dos «esbirros da GNR», que «assinou a Lei dos Despedimentos do IV Governo», que «aprovou a tentativa de Vasco Gonçalves de entregar a Rádio Renascença ao Patriarcado» e era «chefe de um partido que se tem caracterizado pela traição às lutas dos trabalhadores».6 de Outubro de 1975 – O RALIS acusa o PS de tentar dividir os soldados e de entregar armamento pesado ao Regimento de Comandos da Amadora.7 de Outubro de 1975 – Manifestação dos SUV, durante a madrugada, com presença de soldados de diversas unidades junto das instalações do RASP.7 de Outubro de 1975 – Manifestantes, trabalhadores e soldados de diversos quartéis ocupam o quartel do RASP – Regimento de Artilharia da Serra do Pilar (às 7 horas da manhã), em protesto contra o brigadeiro graduado António Pires Veloso e em solidariedade com o CICAP. A ocupação foi liderada pelo aspirante António Teixeira Marques, aspirante Ferreira Fernandes, alferes Campos e soldado Marinho. O tenente-coronel Castanheira permaneceu como comandante nominal do RASP, nunca sendo saneado.7 de Outubro de 1975 – Comunicado da Assembleia de Militares do RASP exigindo a reabertura do CICAP e reintegração dos militares saneados, reafirmando a «inabalável vontade de evitar situações de confrontação e violência».7 de Outubro de 1975 – Manifestantes convocados pelas Comissões Revolucionárias Autónomas de Moradores e Ocupantes de Lisboa (CRAMO), impedem um julgamento no Palácio da Justiça de Lisboa, onde estava a ser julgada a ocupação de uma moradia na Avenida Almirante Reis, apropriando-se do processo judicial.7 de Outubro de 1975 – Greve dos trabalhadores metalúrgicos.7 de Outubro de 1975 – Manifestação operária em Lisboa (à tarde) e concentração junto do Ministério do Trabalho, convocada pelo Sindicato dos Metalúrgicos, como forma de luta pela aplicação da portaria regulamentadora do sector.7 de Outubro de 1975 – Grande manifestação operária em Setúbal, convocada pelo Sindicato dos Metalúrgicos e pela União de Sindicatos de Setúbal e apoiada pelo PCP, FUR e UDP, para exigir a publicação da portaria que oficializava o Contrato Colectivo de Trabalho do sector.7 de Outubro de 1975 – O MES lança uma campanha de apoio e recolha de fundos para reconstrução das sedes, apresentando a lista de ataques e destruições a que a organização foi alvo: Ponte de Lima, Barcelos, Fafe, Bragança, Chaves, Lamego, Viseu, Vila Nova de Gaia, Estarreja, Oliveira de Azeméis, São João da Madeira, Aveiro, Leiria, Bombarral, Ponta Delgada e Angra do Heroísmo.7 de Outubro de 1975 – Plenário dos militares do Depósito Geral de Material de Guerra, de Beirolas, decide suspender o fornecimento de armamento ligeiro às unidades «até ulterior clarificação política».7 de Outubro de 1975 – Plenário da Região Militar de Lisboa, com a presença dos generais Otelo Saraiva de Carvalho e Carlos Fabião, do RIOQ (Queluz), Polícia Militar, ESPM, DGMG (Beirolas), RIS, CIQC (Caldas da Rainha) e RI 16.7 de Outubro de 1975 – Ocupação das instalações da Emissora Nacional na Madeira por indivíduos afectos à FLAMA e retornados, de cujos confrontos resultaram trinta feridos. Exigiam a expulsão de continentais, progressistas e comunistas para fora do arquipélago, e readmissão de elementos do Estado Novo.7 de Outubro de 1975 – Operários da construção civil e outros trabalhadores, convocados pela União do Povo da Madeira e FEC (m-l), desocupam o Emissor Regional do Funchal, da cadeia da Emissora Nacional, pondo fim à ocupação de algumas horas feita por retornados e «elementos direitistas».

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