Câmara Corporativa: Outros ângulos da manif

16-03-2008
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ImagemImagem Imagem"A reboque do PCPHá exactamente uma semana, o PCP levou 50 mil militantes ao Rossio, numa iniciativa de combate global ao Governo que revelou um indiscutível poder de mobilização. Esse poder de mobilização vai certamente pesar - e muito - também na anunciada concentração de professores marcada para hoje e já ensaiada em várias capitais de distrito.Professores ou não professores, comunistas ou não comunistas, os manifestantes desta tarde vêm protestar contra o Governo e já não contra este ou aquele decreto do Ministério da Educação. A avaliação dos docentes desencadeou um movimento de proporções absurdas, se tivermos em conta a natureza e o alcance das decisões do Ministério da Educação que o provocaram. Tornou-se, não por acaso, o pretexto e o pólo de todos os descontentamentos que existem em muitos e variados sectores da população e da administração pública em particular. Do que se trata é de um braço-de-ferro político que já tem pouco a ver com a discussão sobre os assuntos que lhe deram origem ou com a dignidade supostamente ofendida dos professores.A manifestação desta tarde no Marquês de Pombal está intimamente ligada à de sábado passado no Rossio: primeiro convoca-se a vanguarda militante, depois o povo unitário e todos os aliados de circunstância.Por mais que o PCP se queixe, entre a troça ostensiva e a mágoa fingida, de que Sócrates só vê comunistas a assobiá-lo, é público e notório que as escolas são talvez o mais firme reduto das esquerdas - daí a enorme incomodidade do próprio PS com a actual situação - e que o PCP ainda é o mais forte poder instalado nas estruturas representativas. Ao colocarem-se na posição de vítimas, os comunistas fazem-no para retomar o velho espírito de cerco e a lógica de resistência à mudança em que se enquistaram nos últimos 30 anos, encarando cada tentativa de reforma como um passo no regresso ao fascismo. No fundo, porém, ficam gratos ao primeiro-ministro porque ele está a reconhecer-lhes uma capacidade de mobilização de massas que vai muito para lá do que seria de esperar à luz da sua representatividade eleitoral.Quanto mais Sócrates se agasta com o PCP, mais o PCP aproveita e polariza os descontentamentos, incluindo os de muitos não comunistas. Luís Filipe Menezes bem pode esperar sentado se acaso imagina que ganhou ou virá a ganhar algum capital político e eleitoral por se colar aos protestos dos docentes, posando para uma fotografia com o líder da Fenprof.Aliás, um dos aspectos mais curiosos e caricatos da situação actual é precisamente o facto de a direita política não se demarcar da contestação da esquerda e de aceitar mesmo ser conduzida por ela, algo que poucas vezes aconteceu depois do PREC. E essa é uma submissão que a mesma direita pode vir a pagar caro. Não custa perceber que a esmagadora maioria do seu eleitorado mais depressa se reconhecerá nas políticas e na atitude de firmeza e razoabilidade que a ministra da Educação tem apresentado do que neste jogo de cálculo e oportunismo em que o PSD aparece a reboque do PCP."Fernando Madrinha no Expresso

ImagemImagem Imagem"A reboque do PCPHá exactamente uma semana, o PCP levou 50 mil militantes ao Rossio, numa iniciativa de combate global ao Governo que revelou um indiscutível poder de mobilização. Esse poder de mobilização vai certamente pesar - e muito - também na anunciada concentração de professores marcada para hoje e já ensaiada em várias capitais de distrito.Professores ou não professores, comunistas ou não comunistas, os manifestantes desta tarde vêm protestar contra o Governo e já não contra este ou aquele decreto do Ministério da Educação. A avaliação dos docentes desencadeou um movimento de proporções absurdas, se tivermos em conta a natureza e o alcance das decisões do Ministério da Educação que o provocaram. Tornou-se, não por acaso, o pretexto e o pólo de todos os descontentamentos que existem em muitos e variados sectores da população e da administração pública em particular. Do que se trata é de um braço-de-ferro político que já tem pouco a ver com a discussão sobre os assuntos que lhe deram origem ou com a dignidade supostamente ofendida dos professores.A manifestação desta tarde no Marquês de Pombal está intimamente ligada à de sábado passado no Rossio: primeiro convoca-se a vanguarda militante, depois o povo unitário e todos os aliados de circunstância.Por mais que o PCP se queixe, entre a troça ostensiva e a mágoa fingida, de que Sócrates só vê comunistas a assobiá-lo, é público e notório que as escolas são talvez o mais firme reduto das esquerdas - daí a enorme incomodidade do próprio PS com a actual situação - e que o PCP ainda é o mais forte poder instalado nas estruturas representativas. Ao colocarem-se na posição de vítimas, os comunistas fazem-no para retomar o velho espírito de cerco e a lógica de resistência à mudança em que se enquistaram nos últimos 30 anos, encarando cada tentativa de reforma como um passo no regresso ao fascismo. No fundo, porém, ficam gratos ao primeiro-ministro porque ele está a reconhecer-lhes uma capacidade de mobilização de massas que vai muito para lá do que seria de esperar à luz da sua representatividade eleitoral.Quanto mais Sócrates se agasta com o PCP, mais o PCP aproveita e polariza os descontentamentos, incluindo os de muitos não comunistas. Luís Filipe Menezes bem pode esperar sentado se acaso imagina que ganhou ou virá a ganhar algum capital político e eleitoral por se colar aos protestos dos docentes, posando para uma fotografia com o líder da Fenprof.Aliás, um dos aspectos mais curiosos e caricatos da situação actual é precisamente o facto de a direita política não se demarcar da contestação da esquerda e de aceitar mesmo ser conduzida por ela, algo que poucas vezes aconteceu depois do PREC. E essa é uma submissão que a mesma direita pode vir a pagar caro. Não custa perceber que a esmagadora maioria do seu eleitorado mais depressa se reconhecerá nas políticas e na atitude de firmeza e razoabilidade que a ministra da Educação tem apresentado do que neste jogo de cálculo e oportunismo em que o PSD aparece a reboque do PCP."Fernando Madrinha no Expresso

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