portugal dos pequeninos: FAZER-SE DE VÍTIMA

29-02-2008
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«Para um partido de governo, só há uma perspectiva pior do que uma derrota: é um sucesso mais ou menos garantido por falta de concorrência. A disciplina afrouxa, os correligionários tornam-se mais exigentes - e alguns chegam mesmo à insolência. Foi essa uma das razões do martírio de Tony Blair em Inglaterra. O maior risco para os actuais líderes do PS é, neste momento, que o seu próprio partido venha a gerar, através de figuras como Manuel Alegre, a oposição que, fora dele, nunca existirá verdadeiramente enquanto o PSD estiver submetido à comissão liquidatária encabeçada por Menezes e Santana. E daí a necessidade que Sócrates e a sua corte têm de inventar fantasmas que os autorizem a tocar os batuques da união e lealdade. Só assim podemos compreender o estranho fenómeno de ver o Governo, num país em que o Estado pode e manda tudo, a declarar-se cercado e a fazer-se de vítima, como pretexto para agredir e desconsiderar. Se Sócrates e Costa andassem preocupados e entretidos com uma liderança do PSD capaz de lhes herdar o poder, teriam certamente menos tempo para dedicar aos jornalistas e comentadores. A oposição serve para escrutinar a governação e possibilitar a alternância. Mas também para servir de alvo aos ímpetos e necessidades de confronto dos governantes, poupando assim o resto dos cidadãos, e especialmente os que fazem notícias e escrevem comentários. Em suma: precisa-se urgentemente de uma oposição que nos tire este Governo de cima.»Rui Ramos, in Público


«Para um partido de governo, só há uma perspectiva pior do que uma derrota: é um sucesso mais ou menos garantido por falta de concorrência. A disciplina afrouxa, os correligionários tornam-se mais exigentes - e alguns chegam mesmo à insolência. Foi essa uma das razões do martírio de Tony Blair em Inglaterra. O maior risco para os actuais líderes do PS é, neste momento, que o seu próprio partido venha a gerar, através de figuras como Manuel Alegre, a oposição que, fora dele, nunca existirá verdadeiramente enquanto o PSD estiver submetido à comissão liquidatária encabeçada por Menezes e Santana. E daí a necessidade que Sócrates e a sua corte têm de inventar fantasmas que os autorizem a tocar os batuques da união e lealdade. Só assim podemos compreender o estranho fenómeno de ver o Governo, num país em que o Estado pode e manda tudo, a declarar-se cercado e a fazer-se de vítima, como pretexto para agredir e desconsiderar. Se Sócrates e Costa andassem preocupados e entretidos com uma liderança do PSD capaz de lhes herdar o poder, teriam certamente menos tempo para dedicar aos jornalistas e comentadores. A oposição serve para escrutinar a governação e possibilitar a alternância. Mas também para servir de alvo aos ímpetos e necessidades de confronto dos governantes, poupando assim o resto dos cidadãos, e especialmente os que fazem notícias e escrevem comentários. Em suma: precisa-se urgentemente de uma oposição que nos tire este Governo de cima.»Rui Ramos, in Público

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