Super Flumina: junho 2004 Archives

11-11-2009
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Histeria colectiva Continua a histeria colectiva à esquerda (e também, já agora, em alguma direita) no actual processo político de substituição do primeiro-ministro. Tenho ouvido as coisas mais mirabolantes, mas vou apenas apontar algumas daquelas que me parecem mais cheias de má-fé.

Ouço Francisco Louça utilizar o adjectivo "tribal" para caracterizar o que se passa actualmente no PSD. Se bem que o se passe no PSD não seja muito bonito, pois há gente a falar demais e a pôr-se em bicos de pés, parece-me que Louça não está habituado é a uma coisa chamada diferença de opiniões dentro do mesmo partido. Nós sabemos que o Bloco de Esquerda está mais habituado a ter carneiros do que pessoas que pensam pela sua própria cabeça (não acompanho de perto o que se passa no Bloco, mas ele parece-me mais monolítico do que o próprio PCP). Louçã tem uma congregaçaõ de fiéis muito obedientes, que até comparecem em manifestações convocadas por SMS (aliás, uma táctica esquerdista utilizada em Espanha na véspera das eleições de 14 de Março para convocar uma manifestaçáo ilegal - Trotsky teria aprovado). Aliás o uso de adjectivos e de chavões é o forte do BE, porque no que respeita a ideias para um país aquilo é pior que o deserto de Gobi (e tal como neste último, também no BE há para lá muito dinossauro).

Mário Soares, por seu lado, fala de presente envenenado. Supõe-se que só será envenenado para Barroso, se fosse Vitorino, já não o seria. Falou também das más razões que levaram Barroso para Bruxelas e o facto de ele ser uma (alegada) 3.ª escolha. Soares esquece-se que até Jacques Delors não foi uma primeira escolha e o nome dele só foi avançado porque a Inglaterra bloqueou Claude Cheysson. Romano Prodi foi um verdadeiro desastre, Santer idem, idem, aspas, aspas. Não deve ser difícil fazer melhor do que eles. Soares demonstra aqui aquilo que sempre demonstrou ao longo da sua vida política, por debaixo de uma capa de bonomia, um profundo ressabiamento quando as coisas não são como ele, do alto da sua elevada sabedoria, pensa que deveriam ser.

Por outro lado, todo este histerismo da esquerda tem como objectivo forçar o presidente a marcar eleições antecipadas, pois têm medo que passe o momento (em que eles pensam que podem vencer). Por isso o histerismo está a atingir o seu ponto máximo. No entanto, a esquerda deveria saber, citando uma eminência do nosso futebol, que "o que é verdade hoje, é mentira amanhã". Nada me garante que a esquerda venceria uma eleições legislativas disputadas lá para Outubro. Nas legislativas não haverá 61% de abstenção (que prejudicou sobretudo o PSD) e há muita gente que torcerá o nariz a ver um a organização anti-democrática como o BE a poder entrar para o governo pela mão esquerda do PS. Depois de 1975 conseguiu-se manter a esquerda antidemocrática fora do governo (bem, esquerda democrática, para mim, é quase um oxímoro, mas enfim... fora os elementos sociais-democratas e socialistas não-marxistas do PS, toda a restante esquerda é antidemocrática), pelo que as pessoas a não deixarão agora subir ao poder.

Penso que não se deveriam disputar agora eleições antecipadas, mas penso também que o PSD não as deve temer. Se elas forem marcadas, o PSD deve fazer tudo para as ganhar... e isso está longe de ser impossível.

Post-scriptum. Podem perguntar os meus leitores porque falo eu só do PSD e não do CDS-PP. Bom, a resposta é simples: primeiro, o problema está sobretudo nas mãos do PSD; segundo, sou há muitos anos um militante de base do PSD (nunca estive em qualquer órgão do partido, limitando-me a votar, quer nas eleições no partido, quer nas nacionais). Interessa-me o que PSD possa fazer, não tanto o que o CDS-PP faça. Até agora a coligação tem funcionado e, espero, que continue a funcionar, pelo menos, até 2006. Comentários: (4) Posted by r-j-oliveira at 02:20 PM

Carta aberta O Prof. Freitas decidiu escrever uma carta aberta ao presidente da República. Este senhor pensa que alguém ainda lhe liga alguma ou que um dia chegará a Belém pela mão da esquerda... enfim, sonhos.

Talvez seja bom dizerem ao senhor professor que a esquerda só gosta dele para o citar, mais nada! Nunca votarão nele e nisso têm toda a razão... Votei nele em 1986 e, desde aí, o homem não só perdeu esssas presidenciais como perdeu completamente o norte político. Aliás, posso dizer que, nestes 20 anos que levo de votar em eleições, só lamento ter votado nele, mais valia ter sido em branco... Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 11:51 PM

Manifestação SMS Acho piada à espontaneidade da manifestação em frente ao Palácio de Belém (e só falo desta porque aquela para a Praça da Batalha no Porto não se realizou por falta de comparência). Não é preciso ser muito perspicaz para se perceber que foi o Bloco de Esquerda que a convocou. Quem isto não for capaz de perceber, então não anda com os pés assentes neste país.

E as declarações que Miguel Portas fez à rádio assim o indicam claramente, pois ele ameaçou que a contestação iria em crescendo até obrigarem a marcar eleições. Percebe-se, ameaças de instabilidade com o "povo" na rua é algo de que o Bloco de Esquerda gosta e é, na verdade, onde eles se sentem bem.

Percebe-se bem também que eles querem eleições agora, agora e não num outro momento qualquer, porque sentem que o PS de Ferro pode ganhar eleições e, caso isso acontecesse (espero que seja apenas uma hipótese académica para o dia de S. Nunca à tarde) e não tendo o PS maioria absoluta, o Bloco sente que poderia entrar para o governo. E nunca como agora se sentiu a sede de poder que alguns elementos do Bloco demonstram. Os idiotas úteis que para lá foram, estou-me a lembrar de Helena Roseta por exemplo, estiveram ontem ao serviço do Bloco de Esquerda. E, talvez, essa gente se devesse lembrar que o Bloco de Esquerda não é uma organização democrática...

De qualquer forma, mesmo indo para eleições, não dou como provado que o PS ganharia as eleições legislativas. Está também nas nossas mãos que isso não aconteça. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 09:35 AM

Excitações Anda por aí muita esquerda blogosférica histérica a pedir eleições antecipadas. Desde já digo que não entro em debates sobre a Constituição, pois não só não sou constitucionalista, como nem sequer conheço muito bem a nossa lei fundamental. Mas que votamos para um parlamento e não para um primeiro-ministro isso eu sei.

No entanto, compreendo o histerismo canhoto, pois ele só querem é cavalgar na onda. Aliás, ouvir o Louçã dizer que não aceita nada mais do que a "consulta democrática a todos os portugueses" é de rir, pois o Bloco de Esquerda não é uma organização democrática, não gosta muito do povo e apenas exige, agora, eleições porque ao fim destes anos estão fartos de serem apenas os queridos dos intelectuais e quejandos e querem um pouquinho de poder. E esse pode ser conseguido com a prestimosa ajuda de Ferro Rodrigues numa conjuntura que jamais se repetirá.

Quanto ao PCP, outra posição não seria de esperar. Derrubar governos é a aspiração máxima que os comunistas têm neste momento na vida política portuguesa.

Quanto ao PS, a política errática do costume. Agora também querem cavalgar a onda. Ainda por cima o pior já passou (economicamente falando) pelo que eles querem aproveitar para fazer um brilharete.

Para mim, há uma vantagem enorme, ingente, na não convocação de eleições. Qualquer primeiro-ministro nomeado pelo PSD será infinitamente melhor do que o Ferro Rodrigues (que não deveríamos desejar sequer aos nossos piores inimigos que o tivessem como primeiro-ministro). O evitar dessa hipótese justifica só por si o não às eleições antecipadas.

Como podem ver, não é uma argumentação lá muito constitucional (mas, também se formos a eleições, tudo farei para que a esquerda não ganhe. Não será muito, mas será de boa-vontade). Comentários: (3) Posted by r-j-oliveira at 12:13 AM

Gay Pride Parade em Telavive Acreditem que isto nunca poderia ter acontecido em Ramallah. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 11:57 PM

"The Swedenization of Europe" Artigo de leitura muito interessante este de Per Ahlmark (ex-vice primeiro-ministro sueco). O início anuncia logo o tom:

Anti-Semitism, anti-Zionism, and anti-Americanism are becoming linked and ever more rabid in today's Europe. They arise from a kind of blindness, combined with a strange mixture of alienation, guilt, and fear toward both Israel and America.

Penso que só os mais distraídos não notaram ainda que anti-semitismo e anti-americanismo andam de mãos dadas (e que dizer-se anti-sionista é apenas um disfarce hipócrita).

Mas o artigo toca um ponto que muitas elites europeias dão como axiomático: a Europa como uma "superpotência moral". O autor, que é sueco, conhece bem este complexo de superioridade moral, pois é a ideia que os suecos (ou a classes política sueca) têm deles próprios. O espalhar deste modo de pensar é aquilo que ele chama "swedenization" da Europa. Mas como o autor relembra:

Yes, today's EU is a miracle for a continent where two modern totalitarian movements - Communism and Nazism - unleashed rivers of blood. But what Europe forgets is how those ideologies were overcome. Without the US Army, Western Europe would not have been liberated in 1945. Without the Marshall Plan and NATO, it would not have taken off economically. Without the policy of containment under America's security umbrella, the Red Army would have strangled the dream of freedom in Eastern Europe, or brought European unity, but under a flag with red stars.

Mas, o melhor mesmo é ler todo o artigo. Pode ser esclarecedor para alguns. Já agora, o artigo conclui da seguinte forma:

The links between anti-Semitism, anti-Zionism, and anti-Americanism are all too real. Unless Europe's leaders roundly condemn this unholy triple alliance, it will poison Middle East politics and transatlantic relations alike.

Quem não quiser ver isto, nunca compreenderá nada do que se passa no mundo e, especialmente, no Médio-Oriente. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 11:42 PM

De novo a Idade Média Em 8 de Junho escrevi aqui um artigo em que falei do erro que é em considerar a Idade Média como a "idade das trevas".

Aliás, o próprio nome de "Idade Média" é, originalmente, pejorativo, pois implica a pressuposição de uma época de sombra entre duas culturas clássicas: a antiga (Antiguidade clássica) e a renascida (Renascimento e, a seguir, a Idade Moderna). No tempo do Iluminismo, pessoas como Voltaire ou Gibbon acentuaram o carácter sombrio desta época, acabando por lhe pôr o título de "idade das trevas".

Apenas com o advento do Romatismo, com tudo o que tinha de reacção anticlássica, a Idade Média começou a ser revalorizada, pois o nacionalismo romântico procurou enfatizar as origens nacionais que apenas se poderiam encontrar na Idade Média, não na cultura clássica, demasiado internacional e igual.

Se há algo que define intrinsecamente a Idade Média é a sua mundovisão teocéntrica, isto é, uma visão do Mundo à luz de Deus. Deste modo, as ciências naturais eram estudadas e sistematizadas à luz da Filosofia e da Teologia. A visão da realidade era assim compreendida num conjunto simultâneo e coerente. Isto teve como consequência uma certa demonização da ciência quando esta pretendia sair da órbita da Filosofia ou da Teologia, mas este defeito manteve-se para além da Idade Média, veja-se o caso de Galileu em pleno séc. XVII, muito por culpa, também da Inquisição - cuja influência, mais do que o número de pessoas que prendeu e torturou (houve ditaduras do séc. XX que torturaram e mataram, em poucos anos, muitas mais pessoas do que a inquisição em quatro séculos), se exerceu pelo completo fechamento dos países (neste caso Portugal, Espanha e Itália) a correntes modernas de pensamento e avanços científicos. O apertado controlo do pensamento retardou Portugal e Espanha (mais do que a Itália que devido a sua desunião era um caso diferente)e fez perder o comboio da modernidade a partir de meados do séc. XVI.

Mas todo este artigo foi-me inspirado por o que li num livro intitulado "Western Linguistics - An historical introduction" (Blackwell Publishers) de Pieter Sauren em que na pág. 39 diz o seguinte:

We will now look a little more closely at the way the medieval scholars were treated in the Renaissance linguistic literature. We will see that Renaissance authors simply refuse to refer to their medieval predecessors, even if they must known about them (as appears, inter alia, from the terminology used). Instead, they refer lavishly to the ancient grammarians, not just Priscian but many others as well. The price of this reversal to Antiquity, however, was an immediate dramatic impoverishment of linguistic thought. The most striking feature of Renaissance linguistics is the loss of the rich and creative insights of the Medieval philosophers of language, which were replaced with the somewhat dried up notions culled from ancient authors.

E o que aconteceu no campo da reflexão linguística aconteceu em muitos outros campos. Neste caso específico, algumas destas reflexões dos linguistas medievais foram retomadas no séc. XX, obviamente com outro aparato teórico.

Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 12:57 PM

Curiosidades linguísticas Uma colega que fez o mestrado comigo enviou-me um e-mail com o seguinte texto:

De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, nao ipomtra a odrem plea qaul as lrteas de uma plravaa etaso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo.

O rseto pdoe ser uma ttaol csãofnuo que vcoe pdoe anida ler sem gnderas pobrlmea. Itso é poqrue nós nao lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.

Cosiruo não?

Esta brincadeira é mais séria do que parece. Não sei se a teoria está correcta ou não (neste texto, penso que todos conseguem lê-lo), mas a linguagem humana, a sua produção e compreensão é algo de verdadeiramente complexo. Comentários: (2) Posted by r-j-oliveira at 10:44 AM

Euro 2004 Não há, efectivamente, palavras para aquilo que se passou ontem com a vitória de Portugal. As bandeiras e o cantar espontâneo do hino vai continuar, pelo menos, quase por mais uma semana.

Intelectuais, sociólogos e outros que tais, se não quiserem continuar a ver aquilo que eles chamam "nacionalismo bacoco e patrioteiro", só têm que emigrar até ao final do Euriopeu. E, já agora, alguns podiam ficar no estrangeiro que não fazem cá falta nenhuma. Comentários: (4) Posted by r-j-oliveira at 10:34 AM

S. João Hoje é S. João porque a Igreja escolheu este dia como o dia para festejar o nascimento de S. João Baptista (assim designado para o diferenciar do outro S. João, o Evangelista). A celebração do nascimento de João Baptista é muito antiga na Igreja e encontra-se já em África no tempo de Santo Agostinho (354-430).

No entanto, João Baptista é um caso particular entre os santos porque a Igreja celebra normalmente os seus santos nos dias em que estes morreram. Tal não se passa com João Baptista, nem aliás com a Virgem Maria, o que atesta a excepcionalidade deste santo. E porquê tal distinção?

Certamente devido à missão única que lhe foi confiada, pois foi ele aquele que anunciou Cristo e o apresentou ao mundo. É o profeta por excelência, o Precursor imediato de Cristo, aquele que com a sua palavra e com a sua vida aponta as condições necessárias para se receber a Salvação.

Esta solenidade celebra-se 6 meses antes do Natal e é precedida da Anunciação (a 25 de Março) em que o anjo diz a Maria que "a tua parente Isabel (nota: a mãe de João) concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril" (Lc 1, 36). Deste modo, o 25 de Março (Anunciação), o 24 de Junho (nascimento de S. João Baptista) e 25 de Dezembro (Natal do Senhor) mantêm entre si uma mútua relação. As presumidas influências pagãs do solstício de Verão para a criação da festa talvez não tenham nada que ver com o assunto (estou a preparar um texto sobre o Natal, lá para Dezembro, em que voltarei a este tema e procurarei explicitar o porquê desta minha afirmação).

Para mais informações sobre S. João Baptista poderão consultar este artigo da Catholic Encyclopedia . Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 11:02 AM

Justiça solidária e cúmplice No JN de hoje, na reportagem sobre o julgamento (entretanto suspenso) de três mulheres por prática de aborto, uma senhora chamada Regina Marques, do MDM (ainda existe?), sobre o incidente de recusa de juiz, diz o seguinte:

"devem ser feitas todas as diligências para garantir a imparcialidade".

Até aqui tudo bem, a imparcialidade dos tribunais é algo a que todos temos direito. Mas depois acrescenta, comentando a atitude da juíza Conceição Miranda:

"Não parece uma pessoa que esteja a ser simpática e que colha ternura junto das mulheres, com as quais poderia ser mais cúmplice e solidária".

Aqui é que ela borra a pintura toda. Percebemos que a juíza tem que ser imparcial mas, a seguir, ela afirma que a juíza teria que ser cúmplice e solidária. Ora bolas! Lá se foi a imparcialidade. Como de costume, para a esquerda as leis são podem funcionar para o lado dela. Imparcialidade sim, mas só se for a nosso favor, a juíza tinha que mandar a lei às malvas e fazer justiça social pelas suas próprias mãos.

Eu costumo dizer que não há uma coisa chamada "justiça", apenas há "lei" ou "direito". Se queremos ser um estado de direito temos que respeitar as leis que temos. Se estas são más, podem mudar-se. Agora o que não se pode é pedir aos juizes que ajam de acordo com uma determinada sensibilidade de "justiça social" (que é uma ideia perniciosa e que já matou muita gente). Os juizes devem cumprir as leis existentes, se não forem capazes de o fazer, devem vir-se embora.

Este caso é significativo do respeito que a esquerda em geral tem da lei e do estado de direito, que, para eles, devem estar subordinados ao elevados ideias utópicos que se propõem atingir (semeando, com ou sem quererem, a injustiça pelo mundo como foi o caso dos estados do socialismo real).

Post Scriptum. A imparcialidade e a objectividade absolutas são impossíveis de atingir pois tudo quanto vemos e fazemos está submetido ao olhar ou à reflexão de um sujeito que, por mais que queira, deixa marcas da sua subjectividade em tudo o que faz. Por isso, há um mito que nos quer fazer crer que os juizes, ou os jornalistas, são imparciais e objectivos naquilo que fazem. É mentira, é impossível, não é humano. As coisas não são a preto e branco, são mais em muitos tons de cinzento. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 01:06 PM

Afinal Rocard disse ou não disse... ... que a criação do estado de Israel foi um "erro histórico"?

A Proche-Orient.info (um sítio absolutamente imprescíndivel para se obter informações fiáveis sobre o Médio-Oriente), tentou obter o discurso original de Rocard, mas na falta deste, obteve uma transcrição completa em árabe que retraduziu em francês. Eis o resultado:

Au tout début de son discours, Michel Rocard explique les origines de la violence au Proche-Orient, « berceau des religions monothéistes ». « Ces origines remontent essentiellement à la période colonialiste dont, nous Français, en sommes en partie responsable. Je ne rentre pas dans les détails raciaux et religieux mais plusieurs facteurs historiques favorisent cette violence dont la succession des civilisations et des invasions au cours des millénaires. Il y a aussi la concentration du pétrole dans cette région qui attise les conflits ainsi que des facteurs dus essentiellement aux légendes qui font partie de la culture proche-orientale. Mais nous devons les respecter.

Comme vous le savez, l'origine du problème palestinien est la promesse donnée par les Anglais aux Juifs de fonder un État nationaliste, basée sur la conviction religieuse que les Juifs ont droit à cette terre qui a accueilli toutes les religions. Il est très dangereux d'impliquer les religions dans la politique. Ce fut une erreur historique de la part des Anglais de faire une telle promesse, mais ceci appartient désormais à l'histoire. ( ) Et comme vous le savez, la société juive a introduit des valeurs religieuses dans la politique ( ) Parmi les problèmes qui ont provoqué la discorde entre Ben Gourion et Golda Meir à la fin des années 60, il y a eu la fondation de l'État d'Israël sur une tendance raciste (le terme arabe « ounsourya » peut être traduit par « raciste » ou « raciale »). Ben Gourion avait retardé la création de l'État sachant qu'il était prématuré. Comme vous le savez, l'État d'Israël a été fondé depuis de longues décennies afin de rassembler la diaspora dans un seul lieu. Nous ne refaisons pas l'histoire, nous observons qu'Israël s'est fondé à partir une simple promesse que les Anglais se sont faite à eux-mêmes.

( ) Le plus étonnant dans tout cela, c'est l'insistance d'Israël à menacer ses voisins et la stabilité de la région. Israël représentait un cas exceptionnel, [qu'il a gâché] dans les années 50 en utilisant la menace militaire.

Afinal em que é que ficamos? Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 01:13 PM

A comissão "independente" do 9/11 No fim da semana passada a nossa comunicação social, bem como a estrangeira, anunciaram em grandes parangonas que a comissão que está a investigar o 11 de Setembro (para mim, não há grandes investigações a fazer, a culpa é mesmo dos terroristas, mas enfim) não tinha encontrado laços que ligassem o Iraque à Al-Qaeda.

Parace no entanto que a história está mal contada e que o dito relatório não passa de um relatório interno que nem sequer foi subscrito por a maioria dos membros da comissão.

William Safire explica tudo (destaques meus):

Panel Finds No Qaeda-Iraq Tie" went the Times headline. "Al Qaeda-Hussein Link Is Dismissed" front-paged The Washington Post. The A.P. led with the thrilling words "Bluntly contradicting the Bush Administration, the commission. . . ." This understandably caused my editorial-page colleagues to draw the conclusion that "there was never any evidence of a link between Iraq and Al Qaeda. . . ."

All wrong. The basis for the hoo-ha was not a judgment of the panel of commissioners appointed to investigate the 9/11 attacks. As reporters noted below the headlines, it was an interim report of the commission's runaway staff, headed by the ex-N.S.C. aide Philip Zelikow. After Vice President Dick Cheney's outraged objection, the staff's sweeping conclusion was soon disavowed by both commission chairman Tom Kean and vice chairman Lee Hamilton.

"Were there contacts between Al Qaeda and Iraq?" Kean asked himself. "Yes . . . no question." Hamilton joined in: "The vice president is saying, I think, that there were connections . . . we don't disagree with that" — just "no credible evidence" of Iraqi cooperation in the 9/11 attack.

The Zelikow report was seized upon by John Kerry because it fuzzed up the distinction between evidence of decade-long dealings between agents of Saddam and bin Laden (which panel members know to be true) and evidence of Iraqi cooperation in the 9/11 attacks (which, as Hamilton said yesterday, modifying his earlier "no credible evidence" judgment, was "not proven one way or the other.")

But the staff had twisted the two strands together to cast doubt on both the Qaeda-Iraq ties and the specific attacks of 9/11: "There have been reports that contacts between Iraq and Al Qaeda also occurred after bin Laden had returned to Afghanistan, but they do not appear to have resulted in a collaborative relationship." Zelikow & Co. dismissed the reports, citing the denials of Qaeda agents and what they decided was "no credible evidence" of cooperation on 9/11.

That paragraph — extending doubt on 9/11 to all previous contacts — put the story on front pages. Here was a release on the official commission's letterhead not merely failing to find Saddam's hand in 9/11, which Bush does not claim. The news was in the apparent contradiction of what the president repeatedly asserted as a powerful reason for war: that Iraq had long been dangerously in cahoots with terrorists.

A imprensa está desejosa de desmentir Bush, de lhe encontrar erros , por isso, não lhe interessam os pormenores como este, apesar de, para mim, esta comissão ser um grande disparate e apenas uma tentativa dos democratas de fazerem chicana política, pois, é lógico, que os culpados do 11 de Setembro são os terroristas e mais ninguém. A administração terá tido falhas antes do atentado? Talvez sim, mas eu duvido que qualquer outra administração tivesse feito melhor (o engraçado é que na comissão se senta uma senhora que, na era Clintom ajudou a descapitalizar, humana e financeiramente, os serviços de segurança interna e externa dos EUA).

Enfim, a desinformação a que temos direito. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 09:56 AM

PORTUGAL! Não há muitas palavras para descrever a alegria que foi o jogo de ontem. Agora é só esperar o próximo adversário, depois se verá... Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 09:33 AM

Ainda Rocard... De Luxor, Michel Rocard desmentiu as afirmações que ontem lhe foram atribuídas por um jornal árabe editado em Londres e de que dei conta ontem aqui no blog.

Mas a nuance na afirmação também não é muito brilhante e não sei se alguém poderia, nos anos a seguir à declaração Balfour, prever o que se passaria a seguir... Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 04:54 PM

A barbárie continua O refém norte-americano Paul Marshall Johnson, raptado na semana passada na Arábia Saudita, foi decapitado, segundo informa o Le Figaro. No caso da Arábia Saudita, as causas normalmente invocadas para o terrorismo (pobreza, etc...) não pegam.

E se alguém tiver dúvidas, leiam a entrevista (será verdadeira? Seja ou não seja mostra no entanto o que está em questão e o que está em questão nada tem que ver com a pobreza) do comandante do massacre do passado dia 29 de Maio na Arábia Saudita. A descrição dos massacres é bastante elucidativa.

É contra a barbárie que se tem de lutar. Normalmente quem não vê isto, também não viu mal nenhum na ditadura soviética. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 08:12 PM

Presidência da Comissão Europeia Os europeus vão tentar escolher um presidente para a sua Comissão Europeia para substituirem o mais que medíocre Romano Prodi (na noite das eleições europeias, até a BBC disse que a esquerda tinha que escolher um líder melhor para mobilizar o eleitorado em Itália em 2006).

O nome de Durão Barroso tem sido falado, mas, é óbvio (penso eu), que nesta altura, é absolutamente impossível que ele aceite - mas, ouvi, na rádio, que falaram no nome dele, por ser de centro-direita e ter apoiado a coligação no Iraque (afinal a Europa não esteve contra a guerra? Ah, não, quem esteve contra a guerra foi só a Alemanha e a França e o cãozinho destimação que é a Bélgica) - pois seria abandonar uma tarefa que está a meio e, além disso, a coligação não sobreviveria a sua ida para Bruxelas.

Mas o que me preocupa são alguns dos nomes que são falados, principalmente, o primeiro-ministro belga e o inglês Chris Patten

O belga é demasiado federalista e, além disso, seria uma marionete de franceses e alemães. Quanto a Patten, parece que fez bom trabalho como como último governador de Hong Kong, mas, na CE, tem-se algumas atitudes estranhas. Por exemplo, tentou evitar o envio de uma comissão à Palestina na investigação dos desvios de fundos europeus por parte da Autoridade Palestianiana. Levantou todos os obstáculos que lhe eram possível para evitar a investigação. Seria sem dúvida uma má notícia para israel e, também, para a capacidade da Europa em intervir no conflito, pois Israel já não tem grande respeito pela Europa, com Patten à frente da comissão deixaria de ter qualquer respeito pela UE. Espero, sinceramente, que o PPE reconsidere e deixe cair o nome de Patten. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 04:34 PM

Mais um a tentar reescrever a história... Que dizer desta notícia Un discours de Michel Rocard en Égypte : « La Déclaration Balfour et l'instauration d'Israël étaient une erreur historique » ?

Segundo o diário Asharq Al Awsat, Rocard terá afirmado que « la promesse Balfour accordant le droit aux Juifs de créer leur État en Palestine était une erreur historique », negou a legitimidade do estado israleita « l'erreur historique que constitue la fondation d'Israël qui a été créé sur des critères racistes » e insistiu na deslegitimização « Israël est un cas exceptionnel né d'une erreur historique et qui s'est transformé en un État racial qui a rassemblé des millions de Juifs venus du monde entier. Pire il constitue une menace à ses voisins »

O PSF está a ser tomado pelo anti-semitismo (parece que Pascal Boniface fez escola). François Zimeray, eurodeputado socialista na anterior legislatura foi posto de lado nas recentes eleições europeias. Porquê? Pelas suas posições relativas ao Médio-Oriente onde nunca alinhou com a histeria anti-israelita da esquerda. Zimeray foi dos que quis investigar o desvio de fundos europeus por parte da Autoridade Palestiniana (aliás, foi o único socialista que o fez). O PS francês tratou de o pôr na rua agora. Assim vai a esquerda que, por mais do que diga, é, verdadeiramente, anti-semita. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 03:09 PM

Desnorte Já viram que o PS às vezes parece o Benfica. Acabam de ter uma estrondosa vitória e já estão a ver como podem desbaratar o capítal acumulado.

Primeiro, Ferro Rodrigues precipita-se a diz que é candidato em Novembro. A seguir, João Soares diz que também lá vai disputar a liderança e Lamego também. Agora, Pina Moura duvida das capacidades de Ferro.

Isto é, em vez de pensarem como é que o PS poderá fazer verdadeira oposição - ao contrário do que faz agora, em que se limita a andar a reboque da extrema-esquerda (para os mais distraídos, leia-se Bloco de Esquerda) -, divertem-se digladiando na praça pública em antecipação à reunião de Novembro.

Por este andar, em 2006, vão conitnuar na oposição. O país agradece. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 02:28 PM

L'Appel du 18 Juin Há 64 anos, o General Charles de Gaulle pronunciou na BBC o seu célebre apelo para a continuação da guerra contra a Alemanha, em resposta ao discurso do dia anterior do General Philippe Pétain (herói francês da 1.ª Guerra Mundial e então com 84 anos) em que este pedia à Alemanha as condições para pedir o Armísticio (que seria assinado a 22 de Junho em Compiègne, com cessar-fogo efectivo em 25 do mesmo mês) que poria fim à chamada Batalha de França.

Eis a versão oficial do discurso (ligeiramente diferente daquele que foi verdadeiramente pronunciado):

«Les chefs qui, depuis de nombreuses années, sont à la tête des armées françaises, ont formé un gouvernement. Ce gouvernement, alléguant la défaite de nos armées, s'est mis en rapport avec l'ennemi pour cesser le combat.

Certes, nous avons été, nous sommes, submergés par la force mécanique, terrestre et aérienne, de l'ennemi. Infiniment plus que leur nombre, ce sont les chars, les avions, la tactique des Allemands qui nous font reculer. Ce sont les chars, les avions, la tactique des Allemands qui ont surpris nos chefs au point de les amener là où ils en sont aujourd'hui. Mais le dernier mot est-il dit ? L'espérance doit-elle disparaître ? La défaite est-elle définitive ? Non ! Croyez-moi, moi qui vous parle en connaissance de cause et vous dis que rien n'est perdu pour la France. Les mêmes moyens qui nous ont vaincus peuvent faire venir un jour la victoire.

Car la France n'est pas seule ! Elle n'est pas seule ! Elle n'est pas seule ! Elle a un vaste Empire derrière elle. Elle peut faire bloc avec l'Empire britannique qui tient la mer et continue la lutte. Elle peut, comme l'Angleterre, utiliser sans limites l'immense industrie des États-Unis.

Cette guerre n'est pas limitée au territoire malheureux de notre pays. Cette guerre n'est pas tranchée par la bataille de France. Cette guerre est une guerre mondiale. Toutes les fautes, tous les retards, toutes les souffrances, n'empêchent pas qu'il y a, dans l'univers, tous les moyens nécessaires pour écraser un jour nos ennemis. Foudroyés aujourd'hui par la force mécanique, nous pourrons vaincre dans l'avenir par une force mécanique supérieure. Le destin du monde est là.

Moi, Général de Gaulle, actuellement à Londres, j'invite les officiers et les soldats français qui se trouvent en territoire britannique ou qui viendraient à s'y trouver, avec leurs armes ou sans leurs armes, j'invite les ingénieurs et les ouvriers spécialistes des industries d'armement qui se trouvent en territoire britannique ou qui viendraient à s'y trouver, à se mettre en rapport avec moi.

Quoi qu'il arrive, la flamme de la résistance française ne doit pas s'éteindre et ne s'éteindra pas.

Demain, comme aujourd'hui, je parlerai à la Radio de Londres.»

De qualquer forma também é muito diferentes, aliás, não tem nada que ver, com o cartaz que um mês depois foi afixado em Londres e que, hoje em dia, está presente em todos os locais que assinalam o apelo de 18 de Junho. Eis o texto desta versão:

A TOUS LES FRANÇAIS

La France a perdu une bataille!

Mais la France n'a pas perdu la guerre!

Des gouvernements de rencontre ont pu capituler, cédant à la panique, oubliant l'honneur, livrant le pays à la servitude. Cependant, rien n'est perdu!

Rien n'est perdu, parce que cette guerre est une guerre mondiale. Dans l'univers libre, des forces immenses n'ont pas encore donné. Um jour, ces forces écraseront l'ennemi. Il faut que la France, ce jour-là, soit presente à la victoire. Alors, elle retrouvera sa liberté et sa grandeur. Tel est mon but, mon seul but!

Voilà pourquoi je convie tous les Français, où qu'ils se trouvent, à s'unir à moi dans l'action, dans le sacrifice et dans l'esperance.

Notre patrie est en peril de mort.

Luttons tous pour la sauver!

VIVE LA FRANCE!

Pode gostar-se ou não do General de Gaulle, do modo como chegou ao poder e implantou a 5.ª República em 1958, mas não podemos ter dúvida que, se não fosse de Gaulle, a França não teria emergido da 2.ª Guerra Mundial com o estatuto de potência vencedora, ou, então alcançado o direito de veto no Conselho de Segurança da ONU.

Porque, provavelmente, exagerando no seu patriotismo e nacionalismo (sempre a ideia du "grandeur de la France" numa altura em que esta já a tinha perdido), de Gaulle tinha uma coisa que falta à maior parte dos políticos actuais: uma ideia. Ele tinha "une certaine idée de la France". E foi por essa ideia que ele sempre se bateu. Comentários: (2) Posted by r-j-oliveira at 12:17 PM

Portugal x Rússia Demorou Scolari a perceber que Deco deve ser o patrão da equipa portuguesa. Demorou aperceber também que a base deveria ser a equipa do FC Porto (não se percebendo a saída do Paulo Ferreira, mas enfim...). Demorou a perceber que, com ou sem ilibação do caso de doping, o Rui Jorge já não é lateral-esquerdo para Portugal.

Por outro lado, hoje percebeu-se mais nitidamente que outros valores mais altos se levantam e que a chamada "geração de ouro" está prontinha a passar o testemunho (não quero dizer que eles devem sair, já pois alguns podem ser úteis ainda, mas já não são a base da selecção). A base da selecção têm que ser feita com alguns dos mais novos. Só é pena Scolari ter demorado 18 meses a perceber isto.

Não posso afirmar de que com esta equipa teríamos derrotado a Grécia (o futebol é ciência incerta), mas o mais provavél é de que não estivessemos agora na contigência de termos que ganhar à Espanha. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 12:11 AM

2 aniversários e 1 despedida Hoje faz um ano que Francisco José Viegas começou o seu excelente Aviz. Daqui os meus parabéns.

Outro aniversário é o do O Comprometido Espectador do Luciano Amaral. Mas, neste caso, o aniversário é acompanhado de uma despedida, pois o Luciano decidiu acabar o blog. É óbvio que as razões dadas são mais que poderosas e, por minha parte, compreendo-as bem. De qualquer modo é pena, pois era um blog que eu lia sempre. Espero de qualquer modo que ele arranje modo de ir intervindo. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 06:55 PM

Barragem no rio Sabor O Governo anunciou hoje a escolha do local para uma nova barragem, desta feita, no Rio Sabor , preterindo a hipótese do Alto Coa.

Não tardaram os inefáveis ecologistas em dizerem que iriam avançar com uma providência cautelar.

Bem, estes ecologistas são bem piores do que Velho do Restelo (até não deveria dizer isto, porque ao contrário da expressão popular, o Velho do Restelo não é um opositor do progresso, apenas é a expressão de uma ideia política diferente na Corte de D. Manuel, mas disso falarei um dia), pois para eles tudo se submete, fundamentalisticamente, à ditadura do ambiente (isto é, de uma certa ideia mítica de ambiente como muito bem explicou o Lomborg). Por este andar, não se pode construir nem mais uma barragem, pois todas elas, é claro, têm impacto no ambiente.

Nunca ouviram falar da palavra compromisso, neste caso, entre ambiente e desenvolvimento?

É que não há soluções perfeitas.

Post scriptum - Para quem quiser ir indagando mais sobre o que eu disse sobre o Velho do Restelo, veja, por exemplo a obra de Gil Vicente (Auto da Índia) ou Francisco Sá de Miranda (Carta a António Pereira, senhor de Basto) e verificará rapidamente que a oposição às descobertas era mais ideológica do que um qualquer conservadorismo contra o progresso. Havia, apenas, pressupostos de partida diferentes. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 11:44 PM

Notas soltas Algumas notas soltas sobre as eleições europeias.

Abstenção

A abstenção foi de 61%. Não é preciso ser um intelectual nem analista político para se perceber que, seja qual for a razão, uma maioria de portugueses esteve-se nas tintas para estas eleições. No entanto, eu acredito que não é por isso que se pode desvalorizar os resultados desta eleição, porque para mim "les absents ont toujours tort". Quem não vota arrisca-se a que alguém decida por si.

Também para mim é claro que a abstenção prejudicou mais a coligação Força Portugal. É que, para além do mais, eu conheço vários casos de votantes habituais do PSD que não foram votar, porque não conseguiam votar numa coligação com o PP. Daí que eu concordo com Pacheco Pereira, os partidos do governo devem ir a votos em separado.

Por outro lado, é curioso notar que há muita gente a extrapolar, numas eleições com tão grande abstenção, possíveis resultados de putativas legislativas neste momento. Bem, mas esses são os mesmo que queriam negar os resultados do referendo sobre o aborto, porque não tinha tido 50% de participação eleitoral. Parace que há abstenção boa e abstenção má.

Agitação social

O PCP e a CGTP, nos seus comentários aos resultados, já prometeram agitação social. O PCP dá-se mal com a democracia e a CGTP, como sua correia de transmissão, também não prima pela democraticidade. Estes resultados parecem que dão alentos a estas organizações para prosseguirem a sua luta que não tem muito a ver com a defesa dos trabalhadores.

Bloco de Esquerda

Foi bom ver o Miguel Portas e companhia a cantarem A Internacional. Relembram a todos a velharia ideológica que compõe o BE. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 08:17 PM

Eleições europeias O PS ganhou, a Força Portugal perdeu. Só que estas eleições foram europeias e não legislativas. As pessoas sabem fazer a distinção. Se em 2006 entenderem que o governo deve ir embora, não tenham dúvida, os portugueses votarão em consequência.

De resto, por toda a Europa os governos foram, mais ou menos, penalizados (em Espanha o PSOE ganhou mas longe dos 10% das sondagens). O argumento de punição daqueles que participaram na guerra do Iraque também não pode ser invocado da forma como a nossa esquerda o faz, pois Schroeder levou uma autêntica abada. É lógico que o tema Iraque terá tido alguma influência em alguns países, mas é lógico que as questões nacionais foram as que mais influenciaram.

Logo, durante o dia, com um pouco mais de tempo, tenciono fazer algumas observações mais a frio sobre estas eleições. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 12:31 AM

Vive la France Posso ser um crítico feroz da França no que diz respeito à sua política internacional, nomeadamente, no mau papel que teve na questão iraquiana (a França ao ter assegurado a Saddam que bloqueria qualquer resolução norte-americana, deu ao ditador uma confiança de que nunca haveria ataque, o que impossibilitou qualquer resolução pacífica do conflito), posso até pensar que a França tem a esquerda mais arcaica do mundo (o próprio PSF é quase tão antiliberal como o PCF), mas gostei imenso do jogo de hoje, com a vitória francesa nos últimos minutos.

Se Portugal não for campeão, quero que seja a França. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 11:59 PM

Euro 2004 Não me admirou esta entrada portuguesa no Euro 2004. Depois dos jogos de preparação, parecia-me que esta selecção sofreria de uma espécie de complexo "Fernando Mamede": chega à altura de jogar a sério e, pumba!, falha-se...

Nem sequer falo daqueles jogadores que deveriam estar na selecção, mas não estão... O problema é que com estes mesmos seleccionados, podíamos ter feito masi, não andasse o Scolari a pôr toda a velha-guarda, deixando no banco o Ricardo Carvalho, o Nuno Valente, o Deco e o Cristiano Ronaldo. O Simão e o Rui Costa não estão em condições, o Fernando Couto é muito bom central, mas com o Ricardo Carvalho na equipa, os centrais seriam sempre o Carvalho + 1 (neste caso, privilegiaria o Jorge Andrade).

Mas, daquilo que padeceu Oliveira, pelo vistos, Scolari também padece: há intocáveis na equipa. E, enquanto assim for, nunca teremos a melhor equipa possível em campo.

Dito isto, continuo a pensar que temos capacidade de vencer os dois próximos jogos. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 10:59 PM

Israel e os seus vizinhos Quando se compara Israel com os seus vizinhos árabes percebemos facilmente, apesar de todo os barulho feito pela esquerda amiga de Arafat, que Israel é mesmo diferente dos restantes países, pois é uma democracia com instituições que funcionam. Para comprovar este facto está este artigo tirado da "brèves" do Proche-Orient.info :

Six supporters du Betar de Jérusalem inculpés de racisme anti-arabe Pour avoir crié « Mort aux Arabes » durant un match de football que disputait leur club du Betar de Jérusalem, six supporters israéliens ont été arrêtés par la police et inculpés pour racisme. Un exemple qu'il serait bon de méditer dans les pays arabes… . (8/6/2004)

Será que haverá um único país árabe que caso se gritasse "morte aos judeus" essas pessoas seriam acusadas de serem "anti-semitas"?

Aqueles que, mais do que a criação de um estado palestiniano, desejam a destruição de Israel, deveriam pensar se há alguma democracia no Médio-Oriente, essa só pode ser mesmo Israel e, se comete muitos erros, quem não haveria de os cometer para poder sobreviver no meio de inimigos?

Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 01:55 AM

O anti-americanismo explicado O ódio para com os Estados Unidos alimenta-se em duas origens distintas, mas na maior parte dos casos convergentes: os Estados Unidos são a única superpotência desde o fim da guerra fria, constituindo também o principal campo de acção e centro de expansão do Satanás liberal. Os dois temas de execração unem-se, pois é precisamente por cause de ser «hiperpotência» que a América espalha a peste liberal por todo o planeta. Daí o cataclismo vituperado sob o nome de globalização.

(Jean-François Revel [1999], A grande parada - porque sobrevive a utopia socialista, Lisboa: Editorial Notícias, p. 284)

Para aqueles que acham estranhas as alianças de esquerdistas radicais e islamitas - na Inglaterra, por exemplo, temos a coligação Respect, aliança entre a Muslim Association of Britain e o Socialist Workers Party, que candidataram o conhecido George Galloway, o amigo inglês de Saddam (mais informações podem ser lidas aqui ) - esta passagem do livro de Revel é bastante elucidativa do que pode unir extremos tão diferentes.

Aliás, o horror ao liberalismo é um característica comum aos esquerdistas radicais (lembrem-se da crítica do BE sempre com o papão do liberalismo na boca, e da negação do liberalismo ainda recentemente ouvida da boca de Luís Fazenda quando da morte de Champalimaud) aos islamitas (declarações de Khamenei acusando a democracia liberal de ser a fonte de mal no mundo ).

(...) o remédio para os males (...) seria que cada país criasse ou recriasse um economia estatizada e, por outro lado, se fechasse hermeticamente às trocas internacionais, nelas compreendidas (...). Encontramos então aqui, numa versão pós-marxista, a autarcia económica e cultural querida por Hitler.

(ib. p. 284)

Obviamente há um oceano de diferenças entre trotsquistas, maoístas et allii e os islamitas, mas o anti-americanismo e tudo o que a América representa faz, provisoriamente a ponte. É a estratégia do vale-tudo. Só que os esquerditas, desta vez, estão a ser manipulados pelos islamitas e quando chegar a hora do acerto de contas eles serão considerados infiéis como todos os outros. Oxalá nunca se chegue aí.

Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 03:57 PM

11 de Março, ainda Depois da prisão do militante islamita conhecido como "o egípcio", vem-se agora saber que os atentados de 11 de Março de Madrid foram planeados com mais de dois anos de antecedência, segundo esta notícia do ABC .

Desde un principio, en fuentes de la investigación, se consideró una «rutinaria justificación» el que los terroristas vincularan la barbarie del 11-M con el envío tropas españolas a Irak. La experiencia dice a los expertos en terrorismo islamista que Al Qaida, al igual que otras organizaciones terroristas, siempre encuentra un motivo en que justificar sus crímenes. Consideran, por tanto, que si en esta ocasión alegaron el despliegue de las tropas de nuestro país, en el caso de que no hubiera sido así los terroristas habrían esgrimido otra justificación, como la recuperación de «Al-Andalus» o la situación de Palestina.

Como dizem os investigadores, a justificação do atentado então avançada pelos islamitas foi apenas oportunística, para explorarem o sentimento anti-guerra de muitos espanhóis e a adesão dos bem-pensantes ocidentais. É sem dúvida pena que a nossa esquerda engula as mentiras islamitas sem reflectirem. Basta que atinja os americanos e seus aliados. Comentários: (3) Posted by r-j-oliveira at 03:21 PM

Dia de Portugal Neste Dia de Portugal, dois poemas de Fernando Pessoa, retirados da Mensagem:

O DOS CASTELOS

A Europa jaz, posta nos cotovelos:

De Oriente a Ocidente jaz, fitando,

E toldam-lhe românticos cabelos

Olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado;

O direito é em ângulo disposto.

Aquele diz Itália onde é pousado;

Este diz Inglaterra onde, afastado,

A mão sustenta, em que se apoia o rosto.

Fita, com olhar esfíngico e fatal,

O Ocidente, futuro do passado.

O rosto com que fita é Portugal.

OCIDENTE

Com duas mãos - o Acto e o Destino -

Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu

Uma ergue o facho trémulo e divino

E a outra afasta o véu.

Fosse a hora que haver ou a que havia

A mão que ao Ocidente o véu rasgou,

Foi alma a Ciência e corpo a Ousadia

Da mão que desvendou.

Fosse Acaso ou Vontade, ou Temporal

A mão que ergueu o facho que luziu,

Foi Deus a alma e o corpo Portugal

Da mão que o conduziu.

(Fernando Pessoa, Mensagem, Ática, 19ª edição) Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 11:10 AM

Sousa Franco A morte de Sousa Franco é uma situação dramática que só podemos lamentar. Goste-se ou não do homem, ninguém quereria este desfecho. Descanse em paz. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 11:32 AM

Inconsequências O Conselho de Segurança aprovou por unanimidade uma nova resolução que oficializa a transferência de poderes depois de 30 de Junho.

Para muitos que estão contra a invasão do Iraque, esta é uma má notícia, pois já não poderão invocar o estafado argumento de falta de legitimidade internacional.

O PS nesta matéria tem tido uma opinião ziguezagueante e, por isso, também não admira as declarações que ouvi hoje da Ana Gomes a dizer que Portugal deveria retirar gradualmente a GNR e dar cooperação técnica. Será que depois da resolução todos os problemas de segurança foram resolvidos? Como dar cooperação se não se conseguir estabilizar minimamente o país?

Como agora já não podem invocar a ilegitimidade da presença da GNR depois de 30 de Junho, fazem uma fuga para frente dizendo que o importante é a cooperação (embora esta já tenha começado, há técnicos iraquianos em Portugal).

Quando é que o PS aprende a ter uma linha coerente sobre o assunto. Ainda está a pensar em termos de há um ano atrás? Muito água correu já sob as pontes depois disso e a situação é diferente. Enfim, deste PS não se pode esperar muito. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 11:18 AM

"A Idade das Trevas" Estava eu a trabalhar e tinha a televisão ligada no canal História. Emitiam então um documentário chamado "Inside Islam". Um documentário normalíssimo, assim para o apologético (tem piada, nunca vi um documentário crítico para o islamismo, ao contrário do que acontece com o cristianismo).

Para além de algumas pequenas questões da versão portuguesa (pronúnica de "abássidas" mais próxima do inglês "abbasside" e de "omíadas" também mais próxima de "omayyad", parecendo desconhecer que estas palavras já existem em português há muito), havia numa parte do documentário uma idealização do império muçulmano com sede em Bagdad (atribuindo-lhe feitos científicos pelo menos discutíveis), comparando com a alegada "Idade das Trevas" da Europa Cristã.

Mais do que falar do documentários, queria comentar esta ideia de que a Idade Média foi a "idade das trevas". Esta ideia é uma criação dos humanistas da Renascença, um verdadeiro mito (por alguma coisa chamaram "gótico" ao estilo artístico tardo-medieval, isto é, identificando esse estilo com o facto de os godos serem bárbaros para os romanos).

Obviamente que quem chama "idade das trevas" à Idade Média nunca a estudou e limita-se a repetir uma cassete estafada. Na altura do nascimento de Bagdad temos, por exemplo, no império dos francos o chamado "renascimento carolíngio". Mas, poderíamos multiplicar o exemplos com obras de arte, arquitectura, literatura, etc.

A todos que têm dúvidas sobre o que digo, aconselho a leitura de um pequeno livrinho, já não muito recente, mas óptimo para uma introdução ao assunto. O livro chama-se O mito da Idade Média de Régine Pernoud, editado pela Europa-América (Colecção Saber). Penso voltar a este tema quando tiver um pouco mais de tempo.

P.S.: Ainda agora ouvi Sousa Franco (falando do PCP) a dizer que estes partido estava como nos tempos fechados da Idade Média. Bom, a mobilidade das pessoas durante a Idade Média era impressionante. Fechada, a Idade Média? O mito continua, como se vê. Comentários: (2) Posted by r-j-oliveira at 01:16 PM

Ideologias Diz Vasco Rato n' O Acidental (destaques meus):

Já repararam que quando alguém discorda de uma posição expressa neste blogue correm logo a adjectivá-la como “ideológica”? Aparentemente, as nossas posições são “ideológicas” quando a esquerda não concorda; quando concorda (o que é raro) são de “bom senso”, “lúcidas” ou “inteligentes”. Já não são “ideológicas”. Trata-se de uma forma de julgar posições sem se dar ao trabalho de as analisar e debater. Pode-se, portanto, definir uma regra simples: quando a esquerda nos elogia é necessário repensar aquilo que acabamos de escrever. Não é uma regra infalível: por vezes, aquilo que se escreve é apoiado pela esquerda. Significa apenas que, nesses casos, a esquerda acertou sem saber bem como.

Para além de concordar com a conclusão do Vasco Rato, queria apenas fazer um comentário sobre a "ideologia". R. Aron definiu-a como "un système global d'interprétation du monde social" (L'Opium des intellectuels). Mas a esquerda não reconhece o facto. Aplica a etiqueta de "ideológico" aos outros, não reconhecendo que o seu discurso também é ideológico. Mas será isso um pecado?

Tenho para mim, como verdade absoluta, que os discursos são produzidos com base em pontos de vista ideológicos. Qualquer discurso baseia numa ideologia. Querer acreditar que a linguagem é imparcial ou transparente é um mito. É por isso, que também considero que a imparcialidade jornalística é algo de absolutamente impossível de atingir. Por isso a linguagem nunca é neutra.

No entanto, a esquerda quer controlar o mundo através da línguagem; daí a "análise crítica do discurso" onde linguistas e afins tentam, em qualquer tipo de discurso, denunciar ideologias "sexistas", "racistas" ou "formas de dominação e opressão". Têm uma visão militante da análise de discurso, como aliás o confessa um dos seus mentores Teun van Dijk «... nous avons pensé que l'analyse de discours doit avoir aussi une dimension "sociale"» (De la grammaire de texte à l'analyse socio-politique du discours). É claro que os mentores desta ACD, também partem de uma ideologia, mas raramente a manifestam. Denunciam os outros, mas não mostram a sua. Daí também o "politicamente correcto", aliás também defendido por alguns dos mentores da ACD (por ex. Norman Fairclough ou Ruth Wodak), que procura controlar o que é aceitável ou não na sociedade, eliminando o debate e promovendo o totalitarismo.

Por tudo isto, a esquerda tem dificuldade em aceitar que o seu discurso é ideológico. Preferem antes atirar a palavra aos outros como se fosse um insulto de modo a impedir o debate. Também aqui, no domínio da linguagem, temos de dar combate a esquerda.

Comentários: (2) Posted by r-j-oliveira at 11:36 PM

D-Day Precisamente há 60 anos atrás o destino da Alemanha nazi ficou selado. Se é verdade que desde das batalhas de Estalinegrado e de Kursk (1943) os alemães estavam em grandes dificuldades na frente oriental, se é verdade que o Afrika Korps já tinha sido dizimado e que os Aliados tinham desembarcado em Itália (1943), o facto é que não havia uma verdadeira frente ocidental que levasse os Aliados a Berlim (a campanha de Itália era dificílima e também muito longe da Alemanha).

Com o sucesso da operação "Overlord", o destino do regime hitleriano ficou traçado. Por isso, este dia é tão importante para a Europa, pois foi um dia essencial para a democracia liberal. Também por este facto se compreende a dificuldade da esquerda em festejarem ou, apenas, falarem do dia D. É que o dia D impediu que a Europa tivesse ficado sob o jugo totalitário, quer nazi quer comunista. Por isso, devemos estar eternamente gratos a todos que combateram pela liberdade. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 11:06 PM

Ronald Reagan (1911-2004) Morreu um dos grandes presidentes americanos do séc. XX. Obviamente detestado, diria mesmo, odiado pela esquerda (afinal acabou com a utopia comunista mostrando ao mundo, pelo menos aquele que se recusava a ver, a face monstruosa do comunismo).

Muitas das críticas que fizeram a Reagan são as mesmas que fazem actualmente a Bush: inculto, ignorante, etc., etc. Mas, de facto, o que incomoda os seus críticos é que Reagan viu mais e melhor de que muitos académicos famosos: nunca se deixou enganar pelo "sol da Rússia" (na imortal expressão do Dr. Cunhal).

Embora a sua morte não tenha sido surpresa (hoje de manhã já havia rumores na internet sobre o seu estado), é com tristeza que soube do facto, pois ele é, sem dúvida alguma, um homem a quem o Ocidente deve muito na sua luta pela liberdade.

Requiem aeternam dona ei Domine: et lux perpetua luceat ei. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 10:40 PM

Dicionários Interessante série de artigo no My Moleskine sobre dicionários de língua portuguesa. Para mim o dicionário é um livro fascinante, mas sempre, sempre, muito incompleto. Porquê?

Bem, em primeiro lugar, penso que todos os tradutores têm essa ideia, pois são aqueles que sabem, por experiência própria, seja que tipo de dicionário for, nunca encontraremos (porque impossível) todos os sentidos de que precisamos para um determinado trabalho, porque, permitam-me a digressão teórica, a tradução extravasa em muito o plano linguísitco, tendo implicações extralinguísticas que nenhum dicionário pode resolver e, aqui para nós, ainda bem que assim é, pois senão, nós, os tradutores, já teríamos sido substituídos pela tradução automática (nos anos 60, pensou-se que isso era possível, agora, contentam-se com a tradução assistida por computador).

Segundo, tinha que ser incompleto pela sua própria essência. Um dicionário é o reflecto do léxico de uma língua numa determinada data. Ora a língua evolui continuamente e o novos sentidos semânticos vão sendo atribuídos a palavras já existentes. A língua não cristaliza e o dicionário é um produto cristalizado.

Por fim, uns dicionários são mais incompletos do que os outros devido à sua concepção. Eu tenho muitos dicionários (para aí uns 40, não falando dos técnicos e glossários especialziados, dos quais uns 15 são bilingues e os outros são monolingues de português, inglês, francês, alemão, falta-me um em castelhano), sendo o mais antigo de 1901 (alemão-português em caracteres góticos o alemão). Tenho várias edições de dicionários das mesmas editoras, com os mais antigos sendo dos anos 60 do séc. XX e os mais recentes deste ano.

Ora, numa análise mais atenta, verifica-se, por exemplo, nos de língua portuguesa, uma repetição dos verbetes, com poucas adições de novos sentidos. Adicionam-se é novas palavras. Noutro, português, que não nomeio, imita-se o Le Petit Robert com definições que são traduções directas do francês. Um de francês-português imita estritamente Le Petit Robert, conseguindo mesmo ter mais entradas através do artício de registar de modo independente os advérbios em 'ment'. A concepção de dicionários com base em "corpora", isto é, com base numa base informática de textos alargada de textos (como por exemplo o The Bank of English ) está ainda na infância em Portugal.

Mas, o dicionário é também fascinante e, apesar das suas limitações, de grande utilidade. Pela minha parte, no meu trabalho, os dicionários portugueses que mais utilizo são, por ordem de preferência, Houaiss, Academia, Cândido e Porto Editora. Há sempre qualquer coisinha em que diferem e que por vezes é aquele pormenor que faltava para resolver o problema. Quanto aos bilingues, aí a sua utilidade já é menor se não forem usados em conjunto com um bom monolingue da língua que se traduz. Mesmo assim, neste aspecto, nada substitui os conhecimentos linguísticos e, sobretudo, extralinguísticos do tradutor (por exemplo os seus conhecimentos sobre o tema que traduz eliminam muitos problemas de tradução), bem como a sua capacidade de utilização dos meios de informação e pesquisa à sua disposição (bem, aquilo que é tradução, as competências do tradutor, etc. dava pano para mangas e que poderei tratar no futuro, talvez num blog específico que estou a pensar criar para este tipo de assuntos).

Obviamente que, nesta perspectiva, não me consigo desligar do trabalho de tradutor. Mas, faz sempre jeito ter um bom dicionário em casa (de preferência mais de que um). Comentários: (2) Posted by r-j-oliveira at 04:21 PM

15 anos depois Passam hoje exactamente 15 anos que em Tiananmen as forças do exército chinês massacraram os manifestantes que se tinham concentrado nessa praça para reclamarem a democratização da China.

O dia de 4 de Junho de 1989 é um dia de ignomínia e mais um capítulo tenebroso na negra história do comunismo. É bom nunca esquercemos a sua faceta monstruosa. Comentários: (2) Posted by r-j-oliveira at 11:26 AM

Le bloc-notes Os meus leitores já sabem que eu, à sexta-feira, gosto de partilhar a leitura que faço de Ivan Rioufol e do seu Le bloc-notes . O de hoje é absolutamente fantástico, devem-mo ler integralmente. No entanto, vou aqui respigar algumas passagens para aperitivo (destaques meus).

Américanophile : la nouvelle insulte. A l'occasion du soixantième anniversaire du Débarquement, les sycophantes se bousculent pour rappeler que les Américains auront traîné des pieds avant d'entrer en guerre contre le nazisme, qu'ils auront limité leurs pertes, violé des Françaises, bombardé des villes à l'aveuglette, méprisé le pays au point d'avoir voulu l'assimiler à l'Allemagne hitlérienne en prévoyant son administration par une force d'occupation (l'Amgot) (1). «Nous sommes tous Irakiens», suggère le pilonnage médiatique, qui veut voir l'oppresseur derrière le libérateur. «US go home !» scandaient semblablement les communistes dans l'après-guerre.

Aussi faut-il plaider coupable : oui, je suis américanophile. Plus que jamais, depuis que George Bush et ses alliés se sont mis dans le pétrin irakien. Les États-Unis sont arrogants, égoïstes, brutaux ; soit. Mais je persiste et je signe, pour trois raisons : parce qu'ils ont entrepris de résister à l'expansionnisme coranique ; parce que les démocraties sont menacées par ce totalitarisme qu'elles regardent avec complaisance ; parce que l'Europe antiguerre et accommodante risque de s'offrir, demain, à l'ordre islamique .

(...)

L'idéologie islamiste, comparable au nazisme par bien des aspects (culte de l'homme supérieur, asservissement au dogme, haine du juif), peut gagner la troisième guerre mondiale, déclarée le 11 septembre 2001. L'Occident est prêt, en effet, à s'amender de fautes qu'il n'a pas commises. Quitte à renier ses racines chrétiennes. C'est parce que le monde arabo-musulman n'a pas voulu s'ouvrir à la modernité de la science, de la démocratie et du capitalisme qu'il s'est fait distancer au fil des siècles. L'Occident n'est pour rien dans sa régression, qui alimente chez les fanatiques des discours d'humiliés, puisant dans le Coran les raisons de faire la guerre.

O verdadeiro inimigo são os islamitas, não os Estados Unidos, que também cometeram erros e, na altura, ninguém se importou (Kosovo em 1999). Eu, como aqui já afirmei, sempre pensei que a intervenção do Kosovo foi errada e tive pena que em Portugal apenas o PCP e BE estivessem estado contra, embora não pelos motivos do que eu.

Alors que l'Europe fait partie des cibles désignées par ce totalitarisme, il est effarant de la voir se désintéresser de son adversaire, en affaiblissant le camp des démocraties par ses intransigeantes attaques anti-Bush. Ajoutons, d'ailleurs, qu'il fut pareillement effarant de voir en 1999 les États-Unis se tromper d'adversaires, en prêtant main-forte à l'islami-sation du Kosovo chrétien, sans l'aval du Conseil de sécurité de l'ONU, mais avec la bénédiction de la France et des médias moutonniers, proaméricains pour l'occasion.

Le répéter : le danger islamiste est réel, y compris en Europe et singulièrement en France, qui compte la plus forte communauté musulmane. Le dire n'est pas faire offense à la majorité des musulmans éclairés, qui sont les premières cibles de cette volonté de réislamisation de l'Oumma (la communauté musulmane). Le Mrap l'aurait-il enfin admis ? Il semble avoir renoncé à utiliser abusivement le terme «islamophobie» en admettant que «la critique de l'islam n'est ni un racisme antiarabe, ni un racisme antimusulman».

Bom, deixo o resto da leitura para o artigo original, que vale bem a pena.

Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 10:04 AM

Eu voto Apesar da campanha das eleições europeias ser quase nula no que diz respeito aos assuntos europeus, não é por isso que deixarei de ir votar. Nunca deixei de o fazer desde 1983, apesar de ter havido pelo menos uma eleição em que não tinha alternativas verdadeiramente viáveis. Foi em 1992, nas presidenciais, e as hipóteses eram: Mário Soares e Basílio Horta. Bem, como, por um lado, nunca votaria à esquerda e, por outro lado, o Basílio não ia a lado nenhum... enfim, lá votei.

Por isso é também necessário votar em todas as eleições. Os candidatos podem não ser os melhores, mas a vida também não é perfeita... Não quero que ninguém decida por mim! Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 10:16 AM

Menorização O PS está convencido que se o governo der tolerância de ponto no dia 11, é porque quer que a abstenção aumente, segundo diz António Costa . Grande demagogia. Mas isto ainda me suscita dois comentários:

Em primeiro lugar, porque este ano o governo tem dado todas as pontes possíveis e imagináveis. É certo que este caso é um pouco especial, mas mesmo assim, alguém acredite que os funcionários públicos que não queiram mesmo trabalhar no dia 11, não vão arranjar maneira de não porem os pés nos serviços?

Em segundo lugar, passa um atestado de menoridade aos funcionários públicos. Acha-os incapazes de discernirem se é mais importante passar uns dias de férias do que votar para as eleições europeias.

Bom, este último aspecto não me surpreende nada. Desde os tempos da revolução francesa que a esquerda acha que o povo só por si não consegue encontrar o caminho correcto e por isso precisa de uma elite dirigente.

De qualquer modo, acho que os funcionários público deveriam considerar como insultuosa esta afirmação de António Costa.

Comentários: (2) Posted by r-j-oliveira at 10:04 AM

No Mundo da Lua Hoje tive a oportunidade de ver parte dos tempos de antena dos partidos franceses na France 5 . Bom, posso dizer já que o nível não é melhor do que o português.

Mas, o que posso dizer, também, é que os partidos de esquerda franceses estão para além de qualquer esperança de recuperação. Andam verdadeiramente na lua. Vi os partidos socialista, comunista e radical de esquerda.

Bom, os socialistas só falam da Europa social, da cultura, dos artistas, dos intelectuais, etc. Os comunistas querem a Europa, mas não esta (também não explicaram que europa queriam). Os radicais de esquerda são uns rapazes cheios de ideias, mas também não as especificaram. O cabeça de lista tem 24 anos, um verdadeiro piscar de olhos à juventude universitária (onde ouvi eu já isto?).

De resto, o vazio absoluto...

Dos socialistas aos radicais de esquerda, qualquer ligação à vida normal, àquilo que faz as pessoas ganhar dinheiro, à actividade económica e empresarial, nada...

Gostaria de saber como é que eles arranjam dinheiro para a Europa social, cultura e etc... Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 10:47 PM

Campanha e Insultos Vai quente a campanha eleitoral para as Europeias. Mas se pensam que é por a intensidade do debate sobre as questões europeias que verdadeiramente interessam, como, por exemplo, a chamada constituição europeia, então, desenganem-se. Não..., o problema são os "soi-disant" insultos.

Primeiro, foi Sousa Franco, agora o CDS-PP. Amanhã, quem será? Está toda a gente agora armada em virgens púdicas? No passado, já ouvi muitas afirmações bem mais fortes e insultuosas do que estas: "bokassa", "canalha", "cobarde", etc... Não digo que gostava que se voltasse aos tempos do fim da Monarquia, em que o insulto pessoal fazia parte do discurso político da época. E nesse campo, não havia quem batesse os republicanos. É só ler as publicações da época, que, provavelmente, muita gente ficaria abismada com a linguagem então utilizada. Mas, embora condenando os excessos, penso que os políticos não podem ser uns "vidrinhos" que à minima coisa se sintam logo ofendidos.

Não queria, no entanto, de deixar de notar que Sousa Franco ao apelidar de racista de extrema-direita o CDS-PP está a seguir uma táctica muito trotsquista e de extrema-esquerda, para além de estar a utilizar conceitos do politicamente correcto, para tentar calar desqualificar o adversário. Isto é, a faze o mesmo de que acusa os outros. O discurso de João Almeida foi apenas de mau-gosto, mas daí a qualificá-lo deste modo é o habitual recurso à má-fé.

E se passassem todos a discutir o que é verdadeiramente importante? Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 10:02 AM

Histeria colectiva Continua a histeria colectiva à esquerda (e também, já agora, em alguma direita) no actual processo político de substituição do primeiro-ministro. Tenho ouvido as coisas mais mirabolantes, mas vou apenas apontar algumas daquelas que me parecem mais cheias de má-fé.

Ouço Francisco Louça utilizar o adjectivo "tribal" para caracterizar o que se passa actualmente no PSD. Se bem que o se passe no PSD não seja muito bonito, pois há gente a falar demais e a pôr-se em bicos de pés, parece-me que Louça não está habituado é a uma coisa chamada diferença de opiniões dentro do mesmo partido. Nós sabemos que o Bloco de Esquerda está mais habituado a ter carneiros do que pessoas que pensam pela sua própria cabeça (não acompanho de perto o que se passa no Bloco, mas ele parece-me mais monolítico do que o próprio PCP). Louçã tem uma congregaçaõ de fiéis muito obedientes, que até comparecem em manifestações convocadas por SMS (aliás, uma táctica esquerdista utilizada em Espanha na véspera das eleições de 14 de Março para convocar uma manifestaçáo ilegal - Trotsky teria aprovado). Aliás o uso de adjectivos e de chavões é o forte do BE, porque no que respeita a ideias para um país aquilo é pior que o deserto de Gobi (e tal como neste último, também no BE há para lá muito dinossauro).

Mário Soares, por seu lado, fala de presente envenenado. Supõe-se que só será envenenado para Barroso, se fosse Vitorino, já não o seria. Falou também das más razões que levaram Barroso para Bruxelas e o facto de ele ser uma (alegada) 3.ª escolha. Soares esquece-se que até Jacques Delors não foi uma primeira escolha e o nome dele só foi avançado porque a Inglaterra bloqueou Claude Cheysson. Romano Prodi foi um verdadeiro desastre, Santer idem, idem, aspas, aspas. Não deve ser difícil fazer melhor do que eles. Soares demonstra aqui aquilo que sempre demonstrou ao longo da sua vida política, por debaixo de uma capa de bonomia, um profundo ressabiamento quando as coisas não são como ele, do alto da sua elevada sabedoria, pensa que deveriam ser.

Por outro lado, todo este histerismo da esquerda tem como objectivo forçar o presidente a marcar eleições antecipadas, pois têm medo que passe o momento (em que eles pensam que podem vencer). Por isso o histerismo está a atingir o seu ponto máximo. No entanto, a esquerda deveria saber, citando uma eminência do nosso futebol, que "o que é verdade hoje, é mentira amanhã". Nada me garante que a esquerda venceria uma eleições legislativas disputadas lá para Outubro. Nas legislativas não haverá 61% de abstenção (que prejudicou sobretudo o PSD) e há muita gente que torcerá o nariz a ver um a organização anti-democrática como o BE a poder entrar para o governo pela mão esquerda do PS. Depois de 1975 conseguiu-se manter a esquerda antidemocrática fora do governo (bem, esquerda democrática, para mim, é quase um oxímoro, mas enfim... fora os elementos sociais-democratas e socialistas não-marxistas do PS, toda a restante esquerda é antidemocrática), pelo que as pessoas a não deixarão agora subir ao poder.

Penso que não se deveriam disputar agora eleições antecipadas, mas penso também que o PSD não as deve temer. Se elas forem marcadas, o PSD deve fazer tudo para as ganhar... e isso está longe de ser impossível.

Post-scriptum. Podem perguntar os meus leitores porque falo eu só do PSD e não do CDS-PP. Bom, a resposta é simples: primeiro, o problema está sobretudo nas mãos do PSD; segundo, sou há muitos anos um militante de base do PSD (nunca estive em qualquer órgão do partido, limitando-me a votar, quer nas eleições no partido, quer nas nacionais). Interessa-me o que PSD possa fazer, não tanto o que o CDS-PP faça. Até agora a coligação tem funcionado e, espero, que continue a funcionar, pelo menos, até 2006. Comentários: (4) Posted by r-j-oliveira at 02:20 PM

Carta aberta O Prof. Freitas decidiu escrever uma carta aberta ao presidente da República. Este senhor pensa que alguém ainda lhe liga alguma ou que um dia chegará a Belém pela mão da esquerda... enfim, sonhos.

Talvez seja bom dizerem ao senhor professor que a esquerda só gosta dele para o citar, mais nada! Nunca votarão nele e nisso têm toda a razão... Votei nele em 1986 e, desde aí, o homem não só perdeu esssas presidenciais como perdeu completamente o norte político. Aliás, posso dizer que, nestes 20 anos que levo de votar em eleições, só lamento ter votado nele, mais valia ter sido em branco... Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 11:51 PM

Manifestação SMS Acho piada à espontaneidade da manifestação em frente ao Palácio de Belém (e só falo desta porque aquela para a Praça da Batalha no Porto não se realizou por falta de comparência). Não é preciso ser muito perspicaz para se perceber que foi o Bloco de Esquerda que a convocou. Quem isto não for capaz de perceber, então não anda com os pés assentes neste país.

E as declarações que Miguel Portas fez à rádio assim o indicam claramente, pois ele ameaçou que a contestação iria em crescendo até obrigarem a marcar eleições. Percebe-se, ameaças de instabilidade com o "povo" na rua é algo de que o Bloco de Esquerda gosta e é, na verdade, onde eles se sentem bem.

Percebe-se bem também que eles querem eleições agora, agora e não num outro momento qualquer, porque sentem que o PS de Ferro pode ganhar eleições e, caso isso acontecesse (espero que seja apenas uma hipótese académica para o dia de S. Nunca à tarde) e não tendo o PS maioria absoluta, o Bloco sente que poderia entrar para o governo. E nunca como agora se sentiu a sede de poder que alguns elementos do Bloco demonstram. Os idiotas úteis que para lá foram, estou-me a lembrar de Helena Roseta por exemplo, estiveram ontem ao serviço do Bloco de Esquerda. E, talvez, essa gente se devesse lembrar que o Bloco de Esquerda não é uma organização democrática...

De qualquer forma, mesmo indo para eleições, não dou como provado que o PS ganharia as eleições legislativas. Está também nas nossas mãos que isso não aconteça. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 09:35 AM

Excitações Anda por aí muita esquerda blogosférica histérica a pedir eleições antecipadas. Desde já digo que não entro em debates sobre a Constituição, pois não só não sou constitucionalista, como nem sequer conheço muito bem a nossa lei fundamental. Mas que votamos para um parlamento e não para um primeiro-ministro isso eu sei.

No entanto, compreendo o histerismo canhoto, pois ele só querem é cavalgar na onda. Aliás, ouvir o Louçã dizer que não aceita nada mais do que a "consulta democrática a todos os portugueses" é de rir, pois o Bloco de Esquerda não é uma organização democrática, não gosta muito do povo e apenas exige, agora, eleições porque ao fim destes anos estão fartos de serem apenas os queridos dos intelectuais e quejandos e querem um pouquinho de poder. E esse pode ser conseguido com a prestimosa ajuda de Ferro Rodrigues numa conjuntura que jamais se repetirá.

Quanto ao PCP, outra posição não seria de esperar. Derrubar governos é a aspiração máxima que os comunistas têm neste momento na vida política portuguesa.

Quanto ao PS, a política errática do costume. Agora também querem cavalgar a onda. Ainda por cima o pior já passou (economicamente falando) pelo que eles querem aproveitar para fazer um brilharete.

Para mim, há uma vantagem enorme, ingente, na não convocação de eleições. Qualquer primeiro-ministro nomeado pelo PSD será infinitamente melhor do que o Ferro Rodrigues (que não deveríamos desejar sequer aos nossos piores inimigos que o tivessem como primeiro-ministro). O evitar dessa hipótese justifica só por si o não às eleições antecipadas.

Como podem ver, não é uma argumentação lá muito constitucional (mas, também se formos a eleições, tudo farei para que a esquerda não ganhe. Não será muito, mas será de boa-vontade). Comentários: (3) Posted by r-j-oliveira at 12:13 AM

Gay Pride Parade em Telavive Acreditem que isto nunca poderia ter acontecido em Ramallah. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 11:57 PM

"The Swedenization of Europe" Artigo de leitura muito interessante este de Per Ahlmark (ex-vice primeiro-ministro sueco). O início anuncia logo o tom:

Anti-Semitism, anti-Zionism, and anti-Americanism are becoming linked and ever more rabid in today's Europe. They arise from a kind of blindness, combined with a strange mixture of alienation, guilt, and fear toward both Israel and America.

Penso que só os mais distraídos não notaram ainda que anti-semitismo e anti-americanismo andam de mãos dadas (e que dizer-se anti-sionista é apenas um disfarce hipócrita).

Mas o artigo toca um ponto que muitas elites europeias dão como axiomático: a Europa como uma "superpotência moral". O autor, que é sueco, conhece bem este complexo de superioridade moral, pois é a ideia que os suecos (ou a classes política sueca) têm deles próprios. O espalhar deste modo de pensar é aquilo que ele chama "swedenization" da Europa. Mas como o autor relembra:

Yes, today's EU is a miracle for a continent where two modern totalitarian movements - Communism and Nazism - unleashed rivers of blood. But what Europe forgets is how those ideologies were overcome. Without the US Army, Western Europe would not have been liberated in 1945. Without the Marshall Plan and NATO, it would not have taken off economically. Without the policy of containment under America's security umbrella, the Red Army would have strangled the dream of freedom in Eastern Europe, or brought European unity, but under a flag with red stars.

Mas, o melhor mesmo é ler todo o artigo. Pode ser esclarecedor para alguns. Já agora, o artigo conclui da seguinte forma:

The links between anti-Semitism, anti-Zionism, and anti-Americanism are all too real. Unless Europe's leaders roundly condemn this unholy triple alliance, it will poison Middle East politics and transatlantic relations alike.

Quem não quiser ver isto, nunca compreenderá nada do que se passa no mundo e, especialmente, no Médio-Oriente. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 11:42 PM

De novo a Idade Média Em 8 de Junho escrevi aqui um artigo em que falei do erro que é em considerar a Idade Média como a "idade das trevas".

Aliás, o próprio nome de "Idade Média" é, originalmente, pejorativo, pois implica a pressuposição de uma época de sombra entre duas culturas clássicas: a antiga (Antiguidade clássica) e a renascida (Renascimento e, a seguir, a Idade Moderna). No tempo do Iluminismo, pessoas como Voltaire ou Gibbon acentuaram o carácter sombrio desta época, acabando por lhe pôr o título de "idade das trevas".

Apenas com o advento do Romatismo, com tudo o que tinha de reacção anticlássica, a Idade Média começou a ser revalorizada, pois o nacionalismo romântico procurou enfatizar as origens nacionais que apenas se poderiam encontrar na Idade Média, não na cultura clássica, demasiado internacional e igual.

Se há algo que define intrinsecamente a Idade Média é a sua mundovisão teocéntrica, isto é, uma visão do Mundo à luz de Deus. Deste modo, as ciências naturais eram estudadas e sistematizadas à luz da Filosofia e da Teologia. A visão da realidade era assim compreendida num conjunto simultâneo e coerente. Isto teve como consequência uma certa demonização da ciência quando esta pretendia sair da órbita da Filosofia ou da Teologia, mas este defeito manteve-se para além da Idade Média, veja-se o caso de Galileu em pleno séc. XVII, muito por culpa, também da Inquisição - cuja influência, mais do que o número de pessoas que prendeu e torturou (houve ditaduras do séc. XX que torturaram e mataram, em poucos anos, muitas mais pessoas do que a inquisição em quatro séculos), se exerceu pelo completo fechamento dos países (neste caso Portugal, Espanha e Itália) a correntes modernas de pensamento e avanços científicos. O apertado controlo do pensamento retardou Portugal e Espanha (mais do que a Itália que devido a sua desunião era um caso diferente)e fez perder o comboio da modernidade a partir de meados do séc. XVI.

Mas todo este artigo foi-me inspirado por o que li num livro intitulado "Western Linguistics - An historical introduction" (Blackwell Publishers) de Pieter Sauren em que na pág. 39 diz o seguinte:

We will now look a little more closely at the way the medieval scholars were treated in the Renaissance linguistic literature. We will see that Renaissance authors simply refuse to refer to their medieval predecessors, even if they must known about them (as appears, inter alia, from the terminology used). Instead, they refer lavishly to the ancient grammarians, not just Priscian but many others as well. The price of this reversal to Antiquity, however, was an immediate dramatic impoverishment of linguistic thought. The most striking feature of Renaissance linguistics is the loss of the rich and creative insights of the Medieval philosophers of language, which were replaced with the somewhat dried up notions culled from ancient authors.

E o que aconteceu no campo da reflexão linguística aconteceu em muitos outros campos. Neste caso específico, algumas destas reflexões dos linguistas medievais foram retomadas no séc. XX, obviamente com outro aparato teórico.

Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 12:57 PM

Curiosidades linguísticas Uma colega que fez o mestrado comigo enviou-me um e-mail com o seguinte texto:

De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, nao ipomtra a odrem plea qaul as lrteas de uma plravaa etaso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo.

O rseto pdoe ser uma ttaol csãofnuo que vcoe pdoe anida ler sem gnderas pobrlmea. Itso é poqrue nós nao lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.

Cosiruo não?

Esta brincadeira é mais séria do que parece. Não sei se a teoria está correcta ou não (neste texto, penso que todos conseguem lê-lo), mas a linguagem humana, a sua produção e compreensão é algo de verdadeiramente complexo. Comentários: (2) Posted by r-j-oliveira at 10:44 AM

Euro 2004 Não há, efectivamente, palavras para aquilo que se passou ontem com a vitória de Portugal. As bandeiras e o cantar espontâneo do hino vai continuar, pelo menos, quase por mais uma semana.

Intelectuais, sociólogos e outros que tais, se não quiserem continuar a ver aquilo que eles chamam "nacionalismo bacoco e patrioteiro", só têm que emigrar até ao final do Euriopeu. E, já agora, alguns podiam ficar no estrangeiro que não fazem cá falta nenhuma. Comentários: (4) Posted by r-j-oliveira at 10:34 AM

S. João Hoje é S. João porque a Igreja escolheu este dia como o dia para festejar o nascimento de S. João Baptista (assim designado para o diferenciar do outro S. João, o Evangelista). A celebração do nascimento de João Baptista é muito antiga na Igreja e encontra-se já em África no tempo de Santo Agostinho (354-430).

No entanto, João Baptista é um caso particular entre os santos porque a Igreja celebra normalmente os seus santos nos dias em que estes morreram. Tal não se passa com João Baptista, nem aliás com a Virgem Maria, o que atesta a excepcionalidade deste santo. E porquê tal distinção?

Certamente devido à missão única que lhe foi confiada, pois foi ele aquele que anunciou Cristo e o apresentou ao mundo. É o profeta por excelência, o Precursor imediato de Cristo, aquele que com a sua palavra e com a sua vida aponta as condições necessárias para se receber a Salvação.

Esta solenidade celebra-se 6 meses antes do Natal e é precedida da Anunciação (a 25 de Março) em que o anjo diz a Maria que "a tua parente Isabel (nota: a mãe de João) concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril" (Lc 1, 36). Deste modo, o 25 de Março (Anunciação), o 24 de Junho (nascimento de S. João Baptista) e 25 de Dezembro (Natal do Senhor) mantêm entre si uma mútua relação. As presumidas influências pagãs do solstício de Verão para a criação da festa talvez não tenham nada que ver com o assunto (estou a preparar um texto sobre o Natal, lá para Dezembro, em que voltarei a este tema e procurarei explicitar o porquê desta minha afirmação).

Para mais informações sobre S. João Baptista poderão consultar este artigo da Catholic Encyclopedia . Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 11:02 AM

Justiça solidária e cúmplice No JN de hoje, na reportagem sobre o julgamento (entretanto suspenso) de três mulheres por prática de aborto, uma senhora chamada Regina Marques, do MDM (ainda existe?), sobre o incidente de recusa de juiz, diz o seguinte:

"devem ser feitas todas as diligências para garantir a imparcialidade".

Até aqui tudo bem, a imparcialidade dos tribunais é algo a que todos temos direito. Mas depois acrescenta, comentando a atitude da juíza Conceição Miranda:

"Não parece uma pessoa que esteja a ser simpática e que colha ternura junto das mulheres, com as quais poderia ser mais cúmplice e solidária".

Aqui é que ela borra a pintura toda. Percebemos que a juíza tem que ser imparcial mas, a seguir, ela afirma que a juíza teria que ser cúmplice e solidária. Ora bolas! Lá se foi a imparcialidade. Como de costume, para a esquerda as leis são podem funcionar para o lado dela. Imparcialidade sim, mas só se for a nosso favor, a juíza tinha que mandar a lei às malvas e fazer justiça social pelas suas próprias mãos.

Eu costumo dizer que não há uma coisa chamada "justiça", apenas há "lei" ou "direito". Se queremos ser um estado de direito temos que respeitar as leis que temos. Se estas são más, podem mudar-se. Agora o que não se pode é pedir aos juizes que ajam de acordo com uma determinada sensibilidade de "justiça social" (que é uma ideia perniciosa e que já matou muita gente). Os juizes devem cumprir as leis existentes, se não forem capazes de o fazer, devem vir-se embora.

Este caso é significativo do respeito que a esquerda em geral tem da lei e do estado de direito, que, para eles, devem estar subordinados ao elevados ideias utópicos que se propõem atingir (semeando, com ou sem quererem, a injustiça pelo mundo como foi o caso dos estados do socialismo real).

Post Scriptum. A imparcialidade e a objectividade absolutas são impossíveis de atingir pois tudo quanto vemos e fazemos está submetido ao olhar ou à reflexão de um sujeito que, por mais que queira, deixa marcas da sua subjectividade em tudo o que faz. Por isso, há um mito que nos quer fazer crer que os juizes, ou os jornalistas, são imparciais e objectivos naquilo que fazem. É mentira, é impossível, não é humano. As coisas não são a preto e branco, são mais em muitos tons de cinzento. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 01:06 PM

Afinal Rocard disse ou não disse... ... que a criação do estado de Israel foi um "erro histórico"?

A Proche-Orient.info (um sítio absolutamente imprescíndivel para se obter informações fiáveis sobre o Médio-Oriente), tentou obter o discurso original de Rocard, mas na falta deste, obteve uma transcrição completa em árabe que retraduziu em francês. Eis o resultado:

Au tout début de son discours, Michel Rocard explique les origines de la violence au Proche-Orient, « berceau des religions monothéistes ». « Ces origines remontent essentiellement à la période colonialiste dont, nous Français, en sommes en partie responsable. Je ne rentre pas dans les détails raciaux et religieux mais plusieurs facteurs historiques favorisent cette violence dont la succession des civilisations et des invasions au cours des millénaires. Il y a aussi la concentration du pétrole dans cette région qui attise les conflits ainsi que des facteurs dus essentiellement aux légendes qui font partie de la culture proche-orientale. Mais nous devons les respecter.

Comme vous le savez, l'origine du problème palestinien est la promesse donnée par les Anglais aux Juifs de fonder un État nationaliste, basée sur la conviction religieuse que les Juifs ont droit à cette terre qui a accueilli toutes les religions. Il est très dangereux d'impliquer les religions dans la politique. Ce fut une erreur historique de la part des Anglais de faire une telle promesse, mais ceci appartient désormais à l'histoire. ( ) Et comme vous le savez, la société juive a introduit des valeurs religieuses dans la politique ( ) Parmi les problèmes qui ont provoqué la discorde entre Ben Gourion et Golda Meir à la fin des années 60, il y a eu la fondation de l'État d'Israël sur une tendance raciste (le terme arabe « ounsourya » peut être traduit par « raciste » ou « raciale »). Ben Gourion avait retardé la création de l'État sachant qu'il était prématuré. Comme vous le savez, l'État d'Israël a été fondé depuis de longues décennies afin de rassembler la diaspora dans un seul lieu. Nous ne refaisons pas l'histoire, nous observons qu'Israël s'est fondé à partir une simple promesse que les Anglais se sont faite à eux-mêmes.

( ) Le plus étonnant dans tout cela, c'est l'insistance d'Israël à menacer ses voisins et la stabilité de la région. Israël représentait un cas exceptionnel, [qu'il a gâché] dans les années 50 en utilisant la menace militaire.

Afinal em que é que ficamos? Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 01:13 PM

A comissão "independente" do 9/11 No fim da semana passada a nossa comunicação social, bem como a estrangeira, anunciaram em grandes parangonas que a comissão que está a investigar o 11 de Setembro (para mim, não há grandes investigações a fazer, a culpa é mesmo dos terroristas, mas enfim) não tinha encontrado laços que ligassem o Iraque à Al-Qaeda.

Parace no entanto que a história está mal contada e que o dito relatório não passa de um relatório interno que nem sequer foi subscrito por a maioria dos membros da comissão.

William Safire explica tudo (destaques meus):

Panel Finds No Qaeda-Iraq Tie" went the Times headline. "Al Qaeda-Hussein Link Is Dismissed" front-paged The Washington Post. The A.P. led with the thrilling words "Bluntly contradicting the Bush Administration, the commission. . . ." This understandably caused my editorial-page colleagues to draw the conclusion that "there was never any evidence of a link between Iraq and Al Qaeda. . . ."

All wrong. The basis for the hoo-ha was not a judgment of the panel of commissioners appointed to investigate the 9/11 attacks. As reporters noted below the headlines, it was an interim report of the commission's runaway staff, headed by the ex-N.S.C. aide Philip Zelikow. After Vice President Dick Cheney's outraged objection, the staff's sweeping conclusion was soon disavowed by both commission chairman Tom Kean and vice chairman Lee Hamilton.

"Were there contacts between Al Qaeda and Iraq?" Kean asked himself. "Yes . . . no question." Hamilton joined in: "The vice president is saying, I think, that there were connections . . . we don't disagree with that" — just "no credible evidence" of Iraqi cooperation in the 9/11 attack.

The Zelikow report was seized upon by John Kerry because it fuzzed up the distinction between evidence of decade-long dealings between agents of Saddam and bin Laden (which panel members know to be true) and evidence of Iraqi cooperation in the 9/11 attacks (which, as Hamilton said yesterday, modifying his earlier "no credible evidence" judgment, was "not proven one way or the other.")

But the staff had twisted the two strands together to cast doubt on both the Qaeda-Iraq ties and the specific attacks of 9/11: "There have been reports that contacts between Iraq and Al Qaeda also occurred after bin Laden had returned to Afghanistan, but they do not appear to have resulted in a collaborative relationship." Zelikow & Co. dismissed the reports, citing the denials of Qaeda agents and what they decided was "no credible evidence" of cooperation on 9/11.

That paragraph — extending doubt on 9/11 to all previous contacts — put the story on front pages. Here was a release on the official commission's letterhead not merely failing to find Saddam's hand in 9/11, which Bush does not claim. The news was in the apparent contradiction of what the president repeatedly asserted as a powerful reason for war: that Iraq had long been dangerously in cahoots with terrorists.

A imprensa está desejosa de desmentir Bush, de lhe encontrar erros , por isso, não lhe interessam os pormenores como este, apesar de, para mim, esta comissão ser um grande disparate e apenas uma tentativa dos democratas de fazerem chicana política, pois, é lógico, que os culpados do 11 de Setembro são os terroristas e mais ninguém. A administração terá tido falhas antes do atentado? Talvez sim, mas eu duvido que qualquer outra administração tivesse feito melhor (o engraçado é que na comissão se senta uma senhora que, na era Clintom ajudou a descapitalizar, humana e financeiramente, os serviços de segurança interna e externa dos EUA).

Enfim, a desinformação a que temos direito. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 09:56 AM

PORTUGAL! Não há muitas palavras para descrever a alegria que foi o jogo de ontem. Agora é só esperar o próximo adversário, depois se verá... Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 09:33 AM

Ainda Rocard... De Luxor, Michel Rocard desmentiu as afirmações que ontem lhe foram atribuídas por um jornal árabe editado em Londres e de que dei conta ontem aqui no blog.

Mas a nuance na afirmação também não é muito brilhante e não sei se alguém poderia, nos anos a seguir à declaração Balfour, prever o que se passaria a seguir... Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 04:54 PM

A barbárie continua O refém norte-americano Paul Marshall Johnson, raptado na semana passada na Arábia Saudita, foi decapitado, segundo informa o Le Figaro. No caso da Arábia Saudita, as causas normalmente invocadas para o terrorismo (pobreza, etc...) não pegam.

E se alguém tiver dúvidas, leiam a entrevista (será verdadeira? Seja ou não seja mostra no entanto o que está em questão e o que está em questão nada tem que ver com a pobreza) do comandante do massacre do passado dia 29 de Maio na Arábia Saudita. A descrição dos massacres é bastante elucidativa.

É contra a barbárie que se tem de lutar. Normalmente quem não vê isto, também não viu mal nenhum na ditadura soviética. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 08:12 PM

Presidência da Comissão Europeia Os europeus vão tentar escolher um presidente para a sua Comissão Europeia para substituirem o mais que medíocre Romano Prodi (na noite das eleições europeias, até a BBC disse que a esquerda tinha que escolher um líder melhor para mobilizar o eleitorado em Itália em 2006).

O nome de Durão Barroso tem sido falado, mas, é óbvio (penso eu), que nesta altura, é absolutamente impossível que ele aceite - mas, ouvi, na rádio, que falaram no nome dele, por ser de centro-direita e ter apoiado a coligação no Iraque (afinal a Europa não esteve contra a guerra? Ah, não, quem esteve contra a guerra foi só a Alemanha e a França e o cãozinho destimação que é a Bélgica) - pois seria abandonar uma tarefa que está a meio e, além disso, a coligação não sobreviveria a sua ida para Bruxelas.

Mas o que me preocupa são alguns dos nomes que são falados, principalmente, o primeiro-ministro belga e o inglês Chris Patten

O belga é demasiado federalista e, além disso, seria uma marionete de franceses e alemães. Quanto a Patten, parece que fez bom trabalho como como último governador de Hong Kong, mas, na CE, tem-se algumas atitudes estranhas. Por exemplo, tentou evitar o envio de uma comissão à Palestina na investigação dos desvios de fundos europeus por parte da Autoridade Palestianiana. Levantou todos os obstáculos que lhe eram possível para evitar a investigação. Seria sem dúvida uma má notícia para israel e, também, para a capacidade da Europa em intervir no conflito, pois Israel já não tem grande respeito pela Europa, com Patten à frente da comissão deixaria de ter qualquer respeito pela UE. Espero, sinceramente, que o PPE reconsidere e deixe cair o nome de Patten. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 04:34 PM

Mais um a tentar reescrever a história... Que dizer desta notícia Un discours de Michel Rocard en Égypte : « La Déclaration Balfour et l'instauration d'Israël étaient une erreur historique » ?

Segundo o diário Asharq Al Awsat, Rocard terá afirmado que « la promesse Balfour accordant le droit aux Juifs de créer leur État en Palestine était une erreur historique », negou a legitimidade do estado israleita « l'erreur historique que constitue la fondation d'Israël qui a été créé sur des critères racistes » e insistiu na deslegitimização « Israël est un cas exceptionnel né d'une erreur historique et qui s'est transformé en un État racial qui a rassemblé des millions de Juifs venus du monde entier. Pire il constitue une menace à ses voisins »

O PSF está a ser tomado pelo anti-semitismo (parece que Pascal Boniface fez escola). François Zimeray, eurodeputado socialista na anterior legislatura foi posto de lado nas recentes eleições europeias. Porquê? Pelas suas posições relativas ao Médio-Oriente onde nunca alinhou com a histeria anti-israelita da esquerda. Zimeray foi dos que quis investigar o desvio de fundos europeus por parte da Autoridade Palestiniana (aliás, foi o único socialista que o fez). O PS francês tratou de o pôr na rua agora. Assim vai a esquerda que, por mais do que diga, é, verdadeiramente, anti-semita. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 03:09 PM

Desnorte Já viram que o PS às vezes parece o Benfica. Acabam de ter uma estrondosa vitória e já estão a ver como podem desbaratar o capítal acumulado.

Primeiro, Ferro Rodrigues precipita-se a diz que é candidato em Novembro. A seguir, João Soares diz que também lá vai disputar a liderança e Lamego também. Agora, Pina Moura duvida das capacidades de Ferro.

Isto é, em vez de pensarem como é que o PS poderá fazer verdadeira oposição - ao contrário do que faz agora, em que se limita a andar a reboque da extrema-esquerda (para os mais distraídos, leia-se Bloco de Esquerda) -, divertem-se digladiando na praça pública em antecipação à reunião de Novembro.

Por este andar, em 2006, vão conitnuar na oposição. O país agradece. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 02:28 PM

L'Appel du 18 Juin Há 64 anos, o General Charles de Gaulle pronunciou na BBC o seu célebre apelo para a continuação da guerra contra a Alemanha, em resposta ao discurso do dia anterior do General Philippe Pétain (herói francês da 1.ª Guerra Mundial e então com 84 anos) em que este pedia à Alemanha as condições para pedir o Armísticio (que seria assinado a 22 de Junho em Compiègne, com cessar-fogo efectivo em 25 do mesmo mês) que poria fim à chamada Batalha de França.

Eis a versão oficial do discurso (ligeiramente diferente daquele que foi verdadeiramente pronunciado):

«Les chefs qui, depuis de nombreuses années, sont à la tête des armées françaises, ont formé un gouvernement. Ce gouvernement, alléguant la défaite de nos armées, s'est mis en rapport avec l'ennemi pour cesser le combat.

Certes, nous avons été, nous sommes, submergés par la force mécanique, terrestre et aérienne, de l'ennemi. Infiniment plus que leur nombre, ce sont les chars, les avions, la tactique des Allemands qui nous font reculer. Ce sont les chars, les avions, la tactique des Allemands qui ont surpris nos chefs au point de les amener là où ils en sont aujourd'hui. Mais le dernier mot est-il dit ? L'espérance doit-elle disparaître ? La défaite est-elle définitive ? Non ! Croyez-moi, moi qui vous parle en connaissance de cause et vous dis que rien n'est perdu pour la France. Les mêmes moyens qui nous ont vaincus peuvent faire venir un jour la victoire.

Car la France n'est pas seule ! Elle n'est pas seule ! Elle n'est pas seule ! Elle a un vaste Empire derrière elle. Elle peut faire bloc avec l'Empire britannique qui tient la mer et continue la lutte. Elle peut, comme l'Angleterre, utiliser sans limites l'immense industrie des États-Unis.

Cette guerre n'est pas limitée au territoire malheureux de notre pays. Cette guerre n'est pas tranchée par la bataille de France. Cette guerre est une guerre mondiale. Toutes les fautes, tous les retards, toutes les souffrances, n'empêchent pas qu'il y a, dans l'univers, tous les moyens nécessaires pour écraser un jour nos ennemis. Foudroyés aujourd'hui par la force mécanique, nous pourrons vaincre dans l'avenir par une force mécanique supérieure. Le destin du monde est là.

Moi, Général de Gaulle, actuellement à Londres, j'invite les officiers et les soldats français qui se trouvent en territoire britannique ou qui viendraient à s'y trouver, avec leurs armes ou sans leurs armes, j'invite les ingénieurs et les ouvriers spécialistes des industries d'armement qui se trouvent en territoire britannique ou qui viendraient à s'y trouver, à se mettre en rapport avec moi.

Quoi qu'il arrive, la flamme de la résistance française ne doit pas s'éteindre et ne s'éteindra pas.

Demain, comme aujourd'hui, je parlerai à la Radio de Londres.»

De qualquer forma também é muito diferentes, aliás, não tem nada que ver, com o cartaz que um mês depois foi afixado em Londres e que, hoje em dia, está presente em todos os locais que assinalam o apelo de 18 de Junho. Eis o texto desta versão:

A TOUS LES FRANÇAIS

La France a perdu une bataille!

Mais la France n'a pas perdu la guerre!

Des gouvernements de rencontre ont pu capituler, cédant à la panique, oubliant l'honneur, livrant le pays à la servitude. Cependant, rien n'est perdu!

Rien n'est perdu, parce que cette guerre est une guerre mondiale. Dans l'univers libre, des forces immenses n'ont pas encore donné. Um jour, ces forces écraseront l'ennemi. Il faut que la France, ce jour-là, soit presente à la victoire. Alors, elle retrouvera sa liberté et sa grandeur. Tel est mon but, mon seul but!

Voilà pourquoi je convie tous les Français, où qu'ils se trouvent, à s'unir à moi dans l'action, dans le sacrifice et dans l'esperance.

Notre patrie est en peril de mort.

Luttons tous pour la sauver!

VIVE LA FRANCE!

Pode gostar-se ou não do General de Gaulle, do modo como chegou ao poder e implantou a 5.ª República em 1958, mas não podemos ter dúvida que, se não fosse de Gaulle, a França não teria emergido da 2.ª Guerra Mundial com o estatuto de potência vencedora, ou, então alcançado o direito de veto no Conselho de Segurança da ONU.

Porque, provavelmente, exagerando no seu patriotismo e nacionalismo (sempre a ideia du "grandeur de la France" numa altura em que esta já a tinha perdido), de Gaulle tinha uma coisa que falta à maior parte dos políticos actuais: uma ideia. Ele tinha "une certaine idée de la France". E foi por essa ideia que ele sempre se bateu. Comentários: (2) Posted by r-j-oliveira at 12:17 PM

Portugal x Rússia Demorou Scolari a perceber que Deco deve ser o patrão da equipa portuguesa. Demorou aperceber também que a base deveria ser a equipa do FC Porto (não se percebendo a saída do Paulo Ferreira, mas enfim...). Demorou a perceber que, com ou sem ilibação do caso de doping, o Rui Jorge já não é lateral-esquerdo para Portugal.

Por outro lado, hoje percebeu-se mais nitidamente que outros valores mais altos se levantam e que a chamada "geração de ouro" está prontinha a passar o testemunho (não quero dizer que eles devem sair, já pois alguns podem ser úteis ainda, mas já não são a base da selecção). A base da selecção têm que ser feita com alguns dos mais novos. Só é pena Scolari ter demorado 18 meses a perceber isto.

Não posso afirmar de que com esta equipa teríamos derrotado a Grécia (o futebol é ciência incerta), mas o mais provavél é de que não estivessemos agora na contigência de termos que ganhar à Espanha. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 12:11 AM

2 aniversários e 1 despedida Hoje faz um ano que Francisco José Viegas começou o seu excelente Aviz. Daqui os meus parabéns.

Outro aniversário é o do O Comprometido Espectador do Luciano Amaral. Mas, neste caso, o aniversário é acompanhado de uma despedida, pois o Luciano decidiu acabar o blog. É óbvio que as razões dadas são mais que poderosas e, por minha parte, compreendo-as bem. De qualquer modo é pena, pois era um blog que eu lia sempre. Espero de qualquer modo que ele arranje modo de ir intervindo. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 06:55 PM

Barragem no rio Sabor O Governo anunciou hoje a escolha do local para uma nova barragem, desta feita, no Rio Sabor , preterindo a hipótese do Alto Coa.

Não tardaram os inefáveis ecologistas em dizerem que iriam avançar com uma providência cautelar.

Bem, estes ecologistas são bem piores do que Velho do Restelo (até não deveria dizer isto, porque ao contrário da expressão popular, o Velho do Restelo não é um opositor do progresso, apenas é a expressão de uma ideia política diferente na Corte de D. Manuel, mas disso falarei um dia), pois para eles tudo se submete, fundamentalisticamente, à ditadura do ambiente (isto é, de uma certa ideia mítica de ambiente como muito bem explicou o Lomborg). Por este andar, não se pode construir nem mais uma barragem, pois todas elas, é claro, têm impacto no ambiente.

Nunca ouviram falar da palavra compromisso, neste caso, entre ambiente e desenvolvimento?

É que não há soluções perfeitas.

Post scriptum - Para quem quiser ir indagando mais sobre o que eu disse sobre o Velho do Restelo, veja, por exemplo a obra de Gil Vicente (Auto da Índia) ou Francisco Sá de Miranda (Carta a António Pereira, senhor de Basto) e verificará rapidamente que a oposição às descobertas era mais ideológica do que um qualquer conservadorismo contra o progresso. Havia, apenas, pressupostos de partida diferentes. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 11:44 PM

Notas soltas Algumas notas soltas sobre as eleições europeias.

Abstenção

A abstenção foi de 61%. Não é preciso ser um intelectual nem analista político para se perceber que, seja qual for a razão, uma maioria de portugueses esteve-se nas tintas para estas eleições. No entanto, eu acredito que não é por isso que se pode desvalorizar os resultados desta eleição, porque para mim "les absents ont toujours tort". Quem não vota arrisca-se a que alguém decida por si.

Também para mim é claro que a abstenção prejudicou mais a coligação Força Portugal. É que, para além do mais, eu conheço vários casos de votantes habituais do PSD que não foram votar, porque não conseguiam votar numa coligação com o PP. Daí que eu concordo com Pacheco Pereira, os partidos do governo devem ir a votos em separado.

Por outro lado, é curioso notar que há muita gente a extrapolar, numas eleições com tão grande abstenção, possíveis resultados de putativas legislativas neste momento. Bem, mas esses são os mesmo que queriam negar os resultados do referendo sobre o aborto, porque não tinha tido 50% de participação eleitoral. Parace que há abstenção boa e abstenção má.

Agitação social

O PCP e a CGTP, nos seus comentários aos resultados, já prometeram agitação social. O PCP dá-se mal com a democracia e a CGTP, como sua correia de transmissão, também não prima pela democraticidade. Estes resultados parecem que dão alentos a estas organizações para prosseguirem a sua luta que não tem muito a ver com a defesa dos trabalhadores.

Bloco de Esquerda

Foi bom ver o Miguel Portas e companhia a cantarem A Internacional. Relembram a todos a velharia ideológica que compõe o BE. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 08:17 PM

Eleições europeias O PS ganhou, a Força Portugal perdeu. Só que estas eleições foram europeias e não legislativas. As pessoas sabem fazer a distinção. Se em 2006 entenderem que o governo deve ir embora, não tenham dúvida, os portugueses votarão em consequência.

De resto, por toda a Europa os governos foram, mais ou menos, penalizados (em Espanha o PSOE ganhou mas longe dos 10% das sondagens). O argumento de punição daqueles que participaram na guerra do Iraque também não pode ser invocado da forma como a nossa esquerda o faz, pois Schroeder levou uma autêntica abada. É lógico que o tema Iraque terá tido alguma influência em alguns países, mas é lógico que as questões nacionais foram as que mais influenciaram.

Logo, durante o dia, com um pouco mais de tempo, tenciono fazer algumas observações mais a frio sobre estas eleições. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 12:31 AM

Vive la France Posso ser um crítico feroz da França no que diz respeito à sua política internacional, nomeadamente, no mau papel que teve na questão iraquiana (a França ao ter assegurado a Saddam que bloqueria qualquer resolução norte-americana, deu ao ditador uma confiança de que nunca haveria ataque, o que impossibilitou qualquer resolução pacífica do conflito), posso até pensar que a França tem a esquerda mais arcaica do mundo (o próprio PSF é quase tão antiliberal como o PCF), mas gostei imenso do jogo de hoje, com a vitória francesa nos últimos minutos.

Se Portugal não for campeão, quero que seja a França. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 11:59 PM

Euro 2004 Não me admirou esta entrada portuguesa no Euro 2004. Depois dos jogos de preparação, parecia-me que esta selecção sofreria de uma espécie de complexo "Fernando Mamede": chega à altura de jogar a sério e, pumba!, falha-se...

Nem sequer falo daqueles jogadores que deveriam estar na selecção, mas não estão... O problema é que com estes mesmos seleccionados, podíamos ter feito masi, não andasse o Scolari a pôr toda a velha-guarda, deixando no banco o Ricardo Carvalho, o Nuno Valente, o Deco e o Cristiano Ronaldo. O Simão e o Rui Costa não estão em condições, o Fernando Couto é muito bom central, mas com o Ricardo Carvalho na equipa, os centrais seriam sempre o Carvalho + 1 (neste caso, privilegiaria o Jorge Andrade).

Mas, daquilo que padeceu Oliveira, pelo vistos, Scolari também padece: há intocáveis na equipa. E, enquanto assim for, nunca teremos a melhor equipa possível em campo.

Dito isto, continuo a pensar que temos capacidade de vencer os dois próximos jogos. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 10:59 PM

Israel e os seus vizinhos Quando se compara Israel com os seus vizinhos árabes percebemos facilmente, apesar de todo os barulho feito pela esquerda amiga de Arafat, que Israel é mesmo diferente dos restantes países, pois é uma democracia com instituições que funcionam. Para comprovar este facto está este artigo tirado da "brèves" do Proche-Orient.info :

Six supporters du Betar de Jérusalem inculpés de racisme anti-arabe Pour avoir crié « Mort aux Arabes » durant un match de football que disputait leur club du Betar de Jérusalem, six supporters israéliens ont été arrêtés par la police et inculpés pour racisme. Un exemple qu'il serait bon de méditer dans les pays arabes… . (8/6/2004)

Será que haverá um único país árabe que caso se gritasse "morte aos judeus" essas pessoas seriam acusadas de serem "anti-semitas"?

Aqueles que, mais do que a criação de um estado palestiniano, desejam a destruição de Israel, deveriam pensar se há alguma democracia no Médio-Oriente, essa só pode ser mesmo Israel e, se comete muitos erros, quem não haveria de os cometer para poder sobreviver no meio de inimigos?

Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 01:55 AM

O anti-americanismo explicado O ódio para com os Estados Unidos alimenta-se em duas origens distintas, mas na maior parte dos casos convergentes: os Estados Unidos são a única superpotência desde o fim da guerra fria, constituindo também o principal campo de acção e centro de expansão do Satanás liberal. Os dois temas de execração unem-se, pois é precisamente por cause de ser «hiperpotência» que a América espalha a peste liberal por todo o planeta. Daí o cataclismo vituperado sob o nome de globalização.

(Jean-François Revel [1999], A grande parada - porque sobrevive a utopia socialista, Lisboa: Editorial Notícias, p. 284)

Para aqueles que acham estranhas as alianças de esquerdistas radicais e islamitas - na Inglaterra, por exemplo, temos a coligação Respect, aliança entre a Muslim Association of Britain e o Socialist Workers Party, que candidataram o conhecido George Galloway, o amigo inglês de Saddam (mais informações podem ser lidas aqui ) - esta passagem do livro de Revel é bastante elucidativa do que pode unir extremos tão diferentes.

Aliás, o horror ao liberalismo é um característica comum aos esquerdistas radicais (lembrem-se da crítica do BE sempre com o papão do liberalismo na boca, e da negação do liberalismo ainda recentemente ouvida da boca de Luís Fazenda quando da morte de Champalimaud) aos islamitas (declarações de Khamenei acusando a democracia liberal de ser a fonte de mal no mundo ).

(...) o remédio para os males (...) seria que cada país criasse ou recriasse um economia estatizada e, por outro lado, se fechasse hermeticamente às trocas internacionais, nelas compreendidas (...). Encontramos então aqui, numa versão pós-marxista, a autarcia económica e cultural querida por Hitler.

(ib. p. 284)

Obviamente há um oceano de diferenças entre trotsquistas, maoístas et allii e os islamitas, mas o anti-americanismo e tudo o que a América representa faz, provisoriamente a ponte. É a estratégia do vale-tudo. Só que os esquerditas, desta vez, estão a ser manipulados pelos islamitas e quando chegar a hora do acerto de contas eles serão considerados infiéis como todos os outros. Oxalá nunca se chegue aí.

Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 03:57 PM

11 de Março, ainda Depois da prisão do militante islamita conhecido como "o egípcio", vem-se agora saber que os atentados de 11 de Março de Madrid foram planeados com mais de dois anos de antecedência, segundo esta notícia do ABC .

Desde un principio, en fuentes de la investigación, se consideró una «rutinaria justificación» el que los terroristas vincularan la barbarie del 11-M con el envío tropas españolas a Irak. La experiencia dice a los expertos en terrorismo islamista que Al Qaida, al igual que otras organizaciones terroristas, siempre encuentra un motivo en que justificar sus crímenes. Consideran, por tanto, que si en esta ocasión alegaron el despliegue de las tropas de nuestro país, en el caso de que no hubiera sido así los terroristas habrían esgrimido otra justificación, como la recuperación de «Al-Andalus» o la situación de Palestina.

Como dizem os investigadores, a justificação do atentado então avançada pelos islamitas foi apenas oportunística, para explorarem o sentimento anti-guerra de muitos espanhóis e a adesão dos bem-pensantes ocidentais. É sem dúvida pena que a nossa esquerda engula as mentiras islamitas sem reflectirem. Basta que atinja os americanos e seus aliados. Comentários: (3) Posted by r-j-oliveira at 03:21 PM

Dia de Portugal Neste Dia de Portugal, dois poemas de Fernando Pessoa, retirados da Mensagem:

O DOS CASTELOS

A Europa jaz, posta nos cotovelos:

De Oriente a Ocidente jaz, fitando,

E toldam-lhe românticos cabelos

Olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado;

O direito é em ângulo disposto.

Aquele diz Itália onde é pousado;

Este diz Inglaterra onde, afastado,

A mão sustenta, em que se apoia o rosto.

Fita, com olhar esfíngico e fatal,

O Ocidente, futuro do passado.

O rosto com que fita é Portugal.

OCIDENTE

Com duas mãos - o Acto e o Destino -

Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu

Uma ergue o facho trémulo e divino

E a outra afasta o véu.

Fosse a hora que haver ou a que havia

A mão que ao Ocidente o véu rasgou,

Foi alma a Ciência e corpo a Ousadia

Da mão que desvendou.

Fosse Acaso ou Vontade, ou Temporal

A mão que ergueu o facho que luziu,

Foi Deus a alma e o corpo Portugal

Da mão que o conduziu.

(Fernando Pessoa, Mensagem, Ática, 19ª edição) Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 11:10 AM

Sousa Franco A morte de Sousa Franco é uma situação dramática que só podemos lamentar. Goste-se ou não do homem, ninguém quereria este desfecho. Descanse em paz. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 11:32 AM

Inconsequências O Conselho de Segurança aprovou por unanimidade uma nova resolução que oficializa a transferência de poderes depois de 30 de Junho.

Para muitos que estão contra a invasão do Iraque, esta é uma má notícia, pois já não poderão invocar o estafado argumento de falta de legitimidade internacional.

O PS nesta matéria tem tido uma opinião ziguezagueante e, por isso, também não admira as declarações que ouvi hoje da Ana Gomes a dizer que Portugal deveria retirar gradualmente a GNR e dar cooperação técnica. Será que depois da resolução todos os problemas de segurança foram resolvidos? Como dar cooperação se não se conseguir estabilizar minimamente o país?

Como agora já não podem invocar a ilegitimidade da presença da GNR depois de 30 de Junho, fazem uma fuga para frente dizendo que o importante é a cooperação (embora esta já tenha começado, há técnicos iraquianos em Portugal).

Quando é que o PS aprende a ter uma linha coerente sobre o assunto. Ainda está a pensar em termos de há um ano atrás? Muito água correu já sob as pontes depois disso e a situação é diferente. Enfim, deste PS não se pode esperar muito. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 11:18 AM

"A Idade das Trevas" Estava eu a trabalhar e tinha a televisão ligada no canal História. Emitiam então um documentário chamado "Inside Islam". Um documentário normalíssimo, assim para o apologético (tem piada, nunca vi um documentário crítico para o islamismo, ao contrário do que acontece com o cristianismo).

Para além de algumas pequenas questões da versão portuguesa (pronúnica de "abássidas" mais próxima do inglês "abbasside" e de "omíadas" também mais próxima de "omayyad", parecendo desconhecer que estas palavras já existem em português há muito), havia numa parte do documentário uma idealização do império muçulmano com sede em Bagdad (atribuindo-lhe feitos científicos pelo menos discutíveis), comparando com a alegada "Idade das Trevas" da Europa Cristã.

Mais do que falar do documentários, queria comentar esta ideia de que a Idade Média foi a "idade das trevas". Esta ideia é uma criação dos humanistas da Renascença, um verdadeiro mito (por alguma coisa chamaram "gótico" ao estilo artístico tardo-medieval, isto é, identificando esse estilo com o facto de os godos serem bárbaros para os romanos).

Obviamente que quem chama "idade das trevas" à Idade Média nunca a estudou e limita-se a repetir uma cassete estafada. Na altura do nascimento de Bagdad temos, por exemplo, no império dos francos o chamado "renascimento carolíngio". Mas, poderíamos multiplicar o exemplos com obras de arte, arquitectura, literatura, etc.

A todos que têm dúvidas sobre o que digo, aconselho a leitura de um pequeno livrinho, já não muito recente, mas óptimo para uma introdução ao assunto. O livro chama-se O mito da Idade Média de Régine Pernoud, editado pela Europa-América (Colecção Saber). Penso voltar a este tema quando tiver um pouco mais de tempo.

P.S.: Ainda agora ouvi Sousa Franco (falando do PCP) a dizer que estes partido estava como nos tempos fechados da Idade Média. Bom, a mobilidade das pessoas durante a Idade Média era impressionante. Fechada, a Idade Média? O mito continua, como se vê. Comentários: (2) Posted by r-j-oliveira at 01:16 PM

Ideologias Diz Vasco Rato n' O Acidental (destaques meus):

Já repararam que quando alguém discorda de uma posição expressa neste blogue correm logo a adjectivá-la como “ideológica”? Aparentemente, as nossas posições são “ideológicas” quando a esquerda não concorda; quando concorda (o que é raro) são de “bom senso”, “lúcidas” ou “inteligentes”. Já não são “ideológicas”. Trata-se de uma forma de julgar posições sem se dar ao trabalho de as analisar e debater. Pode-se, portanto, definir uma regra simples: quando a esquerda nos elogia é necessário repensar aquilo que acabamos de escrever. Não é uma regra infalível: por vezes, aquilo que se escreve é apoiado pela esquerda. Significa apenas que, nesses casos, a esquerda acertou sem saber bem como.

Para além de concordar com a conclusão do Vasco Rato, queria apenas fazer um comentário sobre a "ideologia". R. Aron definiu-a como "un système global d'interprétation du monde social" (L'Opium des intellectuels). Mas a esquerda não reconhece o facto. Aplica a etiqueta de "ideológico" aos outros, não reconhecendo que o seu discurso também é ideológico. Mas será isso um pecado?

Tenho para mim, como verdade absoluta, que os discursos são produzidos com base em pontos de vista ideológicos. Qualquer discurso baseia numa ideologia. Querer acreditar que a linguagem é imparcial ou transparente é um mito. É por isso, que também considero que a imparcialidade jornalística é algo de absolutamente impossível de atingir. Por isso a linguagem nunca é neutra.

No entanto, a esquerda quer controlar o mundo através da línguagem; daí a "análise crítica do discurso" onde linguistas e afins tentam, em qualquer tipo de discurso, denunciar ideologias "sexistas", "racistas" ou "formas de dominação e opressão". Têm uma visão militante da análise de discurso, como aliás o confessa um dos seus mentores Teun van Dijk «... nous avons pensé que l'analyse de discours doit avoir aussi une dimension "sociale"» (De la grammaire de texte à l'analyse socio-politique du discours). É claro que os mentores desta ACD, também partem de uma ideologia, mas raramente a manifestam. Denunciam os outros, mas não mostram a sua. Daí também o "politicamente correcto", aliás também defendido por alguns dos mentores da ACD (por ex. Norman Fairclough ou Ruth Wodak), que procura controlar o que é aceitável ou não na sociedade, eliminando o debate e promovendo o totalitarismo.

Por tudo isto, a esquerda tem dificuldade em aceitar que o seu discurso é ideológico. Preferem antes atirar a palavra aos outros como se fosse um insulto de modo a impedir o debate. Também aqui, no domínio da linguagem, temos de dar combate a esquerda.

Comentários: (2) Posted by r-j-oliveira at 11:36 PM

D-Day Precisamente há 60 anos atrás o destino da Alemanha nazi ficou selado. Se é verdade que desde das batalhas de Estalinegrado e de Kursk (1943) os alemães estavam em grandes dificuldades na frente oriental, se é verdade que o Afrika Korps já tinha sido dizimado e que os Aliados tinham desembarcado em Itália (1943), o facto é que não havia uma verdadeira frente ocidental que levasse os Aliados a Berlim (a campanha de Itália era dificílima e também muito longe da Alemanha).

Com o sucesso da operação "Overlord", o destino do regime hitleriano ficou traçado. Por isso, este dia é tão importante para a Europa, pois foi um dia essencial para a democracia liberal. Também por este facto se compreende a dificuldade da esquerda em festejarem ou, apenas, falarem do dia D. É que o dia D impediu que a Europa tivesse ficado sob o jugo totalitário, quer nazi quer comunista. Por isso, devemos estar eternamente gratos a todos que combateram pela liberdade. Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 11:06 PM

Ronald Reagan (1911-2004) Morreu um dos grandes presidentes americanos do séc. XX. Obviamente detestado, diria mesmo, odiado pela esquerda (afinal acabou com a utopia comunista mostrando ao mundo, pelo menos aquele que se recusava a ver, a face monstruosa do comunismo).

Muitas das críticas que fizeram a Reagan são as mesmas que fazem actualmente a Bush: inculto, ignorante, etc., etc. Mas, de facto, o que incomoda os seus críticos é que Reagan viu mais e melhor de que muitos académicos famosos: nunca se deixou enganar pelo "sol da Rússia" (na imortal expressão do Dr. Cunhal).

Embora a sua morte não tenha sido surpresa (hoje de manhã já havia rumores na internet sobre o seu estado), é com tristeza que soube do facto, pois ele é, sem dúvida alguma, um homem a quem o Ocidente deve muito na sua luta pela liberdade.

Requiem aeternam dona ei Domine: et lux perpetua luceat ei. Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 10:40 PM

Dicionários Interessante série de artigo no My Moleskine sobre dicionários de língua portuguesa. Para mim o dicionário é um livro fascinante, mas sempre, sempre, muito incompleto. Porquê?

Bem, em primeiro lugar, penso que todos os tradutores têm essa ideia, pois são aqueles que sabem, por experiência própria, seja que tipo de dicionário for, nunca encontraremos (porque impossível) todos os sentidos de que precisamos para um determinado trabalho, porque, permitam-me a digressão teórica, a tradução extravasa em muito o plano linguísitco, tendo implicações extralinguísticas que nenhum dicionário pode resolver e, aqui para nós, ainda bem que assim é, pois senão, nós, os tradutores, já teríamos sido substituídos pela tradução automática (nos anos 60, pensou-se que isso era possível, agora, contentam-se com a tradução assistida por computador).

Segundo, tinha que ser incompleto pela sua própria essência. Um dicionário é o reflecto do léxico de uma língua numa determinada data. Ora a língua evolui continuamente e o novos sentidos semânticos vão sendo atribuídos a palavras já existentes. A língua não cristaliza e o dicionário é um produto cristalizado.

Por fim, uns dicionários são mais incompletos do que os outros devido à sua concepção. Eu tenho muitos dicionários (para aí uns 40, não falando dos técnicos e glossários especialziados, dos quais uns 15 são bilingues e os outros são monolingues de português, inglês, francês, alemão, falta-me um em castelhano), sendo o mais antigo de 1901 (alemão-português em caracteres góticos o alemão). Tenho várias edições de dicionários das mesmas editoras, com os mais antigos sendo dos anos 60 do séc. XX e os mais recentes deste ano.

Ora, numa análise mais atenta, verifica-se, por exemplo, nos de língua portuguesa, uma repetição dos verbetes, com poucas adições de novos sentidos. Adicionam-se é novas palavras. Noutro, português, que não nomeio, imita-se o Le Petit Robert com definições que são traduções directas do francês. Um de francês-português imita estritamente Le Petit Robert, conseguindo mesmo ter mais entradas através do artício de registar de modo independente os advérbios em 'ment'. A concepção de dicionários com base em "corpora", isto é, com base numa base informática de textos alargada de textos (como por exemplo o The Bank of English ) está ainda na infância em Portugal.

Mas, o dicionário é também fascinante e, apesar das suas limitações, de grande utilidade. Pela minha parte, no meu trabalho, os dicionários portugueses que mais utilizo são, por ordem de preferência, Houaiss, Academia, Cândido e Porto Editora. Há sempre qualquer coisinha em que diferem e que por vezes é aquele pormenor que faltava para resolver o problema. Quanto aos bilingues, aí a sua utilidade já é menor se não forem usados em conjunto com um bom monolingue da língua que se traduz. Mesmo assim, neste aspecto, nada substitui os conhecimentos linguísticos e, sobretudo, extralinguísticos do tradutor (por exemplo os seus conhecimentos sobre o tema que traduz eliminam muitos problemas de tradução), bem como a sua capacidade de utilização dos meios de informação e pesquisa à sua disposição (bem, aquilo que é tradução, as competências do tradutor, etc. dava pano para mangas e que poderei tratar no futuro, talvez num blog específico que estou a pensar criar para este tipo de assuntos).

Obviamente que, nesta perspectiva, não me consigo desligar do trabalho de tradutor. Mas, faz sempre jeito ter um bom dicionário em casa (de preferência mais de que um). Comentários: (2) Posted by r-j-oliveira at 04:21 PM

15 anos depois Passam hoje exactamente 15 anos que em Tiananmen as forças do exército chinês massacraram os manifestantes que se tinham concentrado nessa praça para reclamarem a democratização da China.

O dia de 4 de Junho de 1989 é um dia de ignomínia e mais um capítulo tenebroso na negra história do comunismo. É bom nunca esquercemos a sua faceta monstruosa. Comentários: (2) Posted by r-j-oliveira at 11:26 AM

Le bloc-notes Os meus leitores já sabem que eu, à sexta-feira, gosto de partilhar a leitura que faço de Ivan Rioufol e do seu Le bloc-notes . O de hoje é absolutamente fantástico, devem-mo ler integralmente. No entanto, vou aqui respigar algumas passagens para aperitivo (destaques meus).

Américanophile : la nouvelle insulte. A l'occasion du soixantième anniversaire du Débarquement, les sycophantes se bousculent pour rappeler que les Américains auront traîné des pieds avant d'entrer en guerre contre le nazisme, qu'ils auront limité leurs pertes, violé des Françaises, bombardé des villes à l'aveuglette, méprisé le pays au point d'avoir voulu l'assimiler à l'Allemagne hitlérienne en prévoyant son administration par une force d'occupation (l'Amgot) (1). «Nous sommes tous Irakiens», suggère le pilonnage médiatique, qui veut voir l'oppresseur derrière le libérateur. «US go home !» scandaient semblablement les communistes dans l'après-guerre.

Aussi faut-il plaider coupable : oui, je suis américanophile. Plus que jamais, depuis que George Bush et ses alliés se sont mis dans le pétrin irakien. Les États-Unis sont arrogants, égoïstes, brutaux ; soit. Mais je persiste et je signe, pour trois raisons : parce qu'ils ont entrepris de résister à l'expansionnisme coranique ; parce que les démocraties sont menacées par ce totalitarisme qu'elles regardent avec complaisance ; parce que l'Europe antiguerre et accommodante risque de s'offrir, demain, à l'ordre islamique .

(...)

L'idéologie islamiste, comparable au nazisme par bien des aspects (culte de l'homme supérieur, asservissement au dogme, haine du juif), peut gagner la troisième guerre mondiale, déclarée le 11 septembre 2001. L'Occident est prêt, en effet, à s'amender de fautes qu'il n'a pas commises. Quitte à renier ses racines chrétiennes. C'est parce que le monde arabo-musulman n'a pas voulu s'ouvrir à la modernité de la science, de la démocratie et du capitalisme qu'il s'est fait distancer au fil des siècles. L'Occident n'est pour rien dans sa régression, qui alimente chez les fanatiques des discours d'humiliés, puisant dans le Coran les raisons de faire la guerre.

O verdadeiro inimigo são os islamitas, não os Estados Unidos, que também cometeram erros e, na altura, ninguém se importou (Kosovo em 1999). Eu, como aqui já afirmei, sempre pensei que a intervenção do Kosovo foi errada e tive pena que em Portugal apenas o PCP e BE estivessem estado contra, embora não pelos motivos do que eu.

Alors que l'Europe fait partie des cibles désignées par ce totalitarisme, il est effarant de la voir se désintéresser de son adversaire, en affaiblissant le camp des démocraties par ses intransigeantes attaques anti-Bush. Ajoutons, d'ailleurs, qu'il fut pareillement effarant de voir en 1999 les États-Unis se tromper d'adversaires, en prêtant main-forte à l'islami-sation du Kosovo chrétien, sans l'aval du Conseil de sécurité de l'ONU, mais avec la bénédiction de la France et des médias moutonniers, proaméricains pour l'occasion.

Le répéter : le danger islamiste est réel, y compris en Europe et singulièrement en France, qui compte la plus forte communauté musulmane. Le dire n'est pas faire offense à la majorité des musulmans éclairés, qui sont les premières cibles de cette volonté de réislamisation de l'Oumma (la communauté musulmane). Le Mrap l'aurait-il enfin admis ? Il semble avoir renoncé à utiliser abusivement le terme «islamophobie» en admettant que «la critique de l'islam n'est ni un racisme antiarabe, ni un racisme antimusulman».

Bom, deixo o resto da leitura para o artigo original, que vale bem a pena.

Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 10:04 AM

Eu voto Apesar da campanha das eleições europeias ser quase nula no que diz respeito aos assuntos europeus, não é por isso que deixarei de ir votar. Nunca deixei de o fazer desde 1983, apesar de ter havido pelo menos uma eleição em que não tinha alternativas verdadeiramente viáveis. Foi em 1992, nas presidenciais, e as hipóteses eram: Mário Soares e Basílio Horta. Bem, como, por um lado, nunca votaria à esquerda e, por outro lado, o Basílio não ia a lado nenhum... enfim, lá votei.

Por isso é também necessário votar em todas as eleições. Os candidatos podem não ser os melhores, mas a vida também não é perfeita... Não quero que ninguém decida por mim! Comentários: (1) Posted by r-j-oliveira at 10:16 AM

Menorização O PS está convencido que se o governo der tolerância de ponto no dia 11, é porque quer que a abstenção aumente, segundo diz António Costa . Grande demagogia. Mas isto ainda me suscita dois comentários:

Em primeiro lugar, porque este ano o governo tem dado todas as pontes possíveis e imagináveis. É certo que este caso é um pouco especial, mas mesmo assim, alguém acredite que os funcionários públicos que não queiram mesmo trabalhar no dia 11, não vão arranjar maneira de não porem os pés nos serviços?

Em segundo lugar, passa um atestado de menoridade aos funcionários públicos. Acha-os incapazes de discernirem se é mais importante passar uns dias de férias do que votar para as eleições europeias.

Bom, este último aspecto não me surpreende nada. Desde os tempos da revolução francesa que a esquerda acha que o povo só por si não consegue encontrar o caminho correcto e por isso precisa de uma elite dirigente.

De qualquer modo, acho que os funcionários público deveriam considerar como insultuosa esta afirmação de António Costa.

Comentários: (2) Posted by r-j-oliveira at 10:04 AM

No Mundo da Lua Hoje tive a oportunidade de ver parte dos tempos de antena dos partidos franceses na France 5 . Bom, posso dizer já que o nível não é melhor do que o português.

Mas, o que posso dizer, também, é que os partidos de esquerda franceses estão para além de qualquer esperança de recuperação. Andam verdadeiramente na lua. Vi os partidos socialista, comunista e radical de esquerda.

Bom, os socialistas só falam da Europa social, da cultura, dos artistas, dos intelectuais, etc. Os comunistas querem a Europa, mas não esta (também não explicaram que europa queriam). Os radicais de esquerda são uns rapazes cheios de ideias, mas também não as especificaram. O cabeça de lista tem 24 anos, um verdadeiro piscar de olhos à juventude universitária (onde ouvi eu já isto?).

De resto, o vazio absoluto...

Dos socialistas aos radicais de esquerda, qualquer ligação à vida normal, àquilo que faz as pessoas ganhar dinheiro, à actividade económica e empresarial, nada...

Gostaria de saber como é que eles arranjam dinheiro para a Europa social, cultura e etc... Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 10:47 PM

Campanha e Insultos Vai quente a campanha eleitoral para as Europeias. Mas se pensam que é por a intensidade do debate sobre as questões europeias que verdadeiramente interessam, como, por exemplo, a chamada constituição europeia, então, desenganem-se. Não..., o problema são os "soi-disant" insultos.

Primeiro, foi Sousa Franco, agora o CDS-PP. Amanhã, quem será? Está toda a gente agora armada em virgens púdicas? No passado, já ouvi muitas afirmações bem mais fortes e insultuosas do que estas: "bokassa", "canalha", "cobarde", etc... Não digo que gostava que se voltasse aos tempos do fim da Monarquia, em que o insulto pessoal fazia parte do discurso político da época. E nesse campo, não havia quem batesse os republicanos. É só ler as publicações da época, que, provavelmente, muita gente ficaria abismada com a linguagem então utilizada. Mas, embora condenando os excessos, penso que os políticos não podem ser uns "vidrinhos" que à minima coisa se sintam logo ofendidos.

Não queria, no entanto, de deixar de notar que Sousa Franco ao apelidar de racista de extrema-direita o CDS-PP está a seguir uma táctica muito trotsquista e de extrema-esquerda, para além de estar a utilizar conceitos do politicamente correcto, para tentar calar desqualificar o adversário. Isto é, a faze o mesmo de que acusa os outros. O discurso de João Almeida foi apenas de mau-gosto, mas daí a qualificá-lo deste modo é o habitual recurso à má-fé.

E se passassem todos a discutir o que é verdadeiramente importante? Comentários: (0) Posted by r-j-oliveira at 10:02 AM

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