PCP e BE afastados como sempre

30-01-2011
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"Uma das desgraças das esquerdas portuguesas é que sempre ficaram fechadas." A frase foi proferida pelo bloquista Francisco Louçã, no rescaldo da reeleição de Cavaco Silva, que juntou BE e PS no apoio à candidatura de Manuel Alegre. Ao contrário do PCP e Verdes, que avançaram com o seu próprio concorrente.

O resultado, contudo, voltou a ser o mesmo de há cinco anos. O nome apoiado pela direita foi eleito logo à primeira. E os partidos da esquerda ficaram a falar do futuro, já que o presente lhes fugira nas urnas.

Ainda que a avaliação oficial dos resultados esteja em modo de espera com as reuniões do Comité Central do PCP agendadas para hoje e a da comissão política para a noite de ontem, é já possível confrontar os dois partidos sobre as estratégias definidas e as consequências para o futuro próximo. E o que dali sai é a manutenção da convicção mútua de que fizeram o que estava certo. Partindo dos mesmos números, comunistas e bloquistas chegam a conclusões diferentes. Cada um assume a validade das suas razões.

"Acho que este resultado mostra que a diversidade dos pontos de vista à esquerda só beneficia, em termos de votação, em ter candidatos próprios", afiançou ontem Bernardino Soares, o líder parlamentar do PCP. Por seu turno, Francisco Louçã garante que "o Bloco ganhou muito ao mostrar ao país que é capaz de estender a mão, fazer uma aliança com uma pessoa como Manuel Alegre". E explicou ao PÚBLICO porquê: "O BE é um partido que disputa a liderança e tem que saber fazer alianças."

PCP e Bloco são dois partidos que disputam o mesmo eleitorado. Actualmente, e pela primeira vez, o Bloco está à frente do PCP no número de assentos parlamentares. São 16 contra 15 deputados. Mas o status quo não é imutável. E novas eleições legislativas podem trazer arranjos nos lugares em São Bento. Numa sondagem revelada pela TSF e Diário Económico as duas forças políticas surgem praticamente empatadas, com a CDU a chegar ao terceiro lugar, com 7,8 por cento das intenções de voto. O Bloco atingiu os seis por cento, mas, tendo em conta a margem de erro, pode assumir-se o empate técnico das duas forças políticas.

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Nem o falhanço da estratégia de ambas as forças - usando tácticas diferentes, queriam forçar Cavaco Silva a uma segunda volta - parece empurrar os partidos a repensar o distanciamento que sempre os caracterizou. Tudo indica que ambos seguirão fazendo política como sempre fizeram. Longe do PS e longe um do outro. Jorge Cordeiro, da comissão política do PCP, confirmou ao PÚBLICO o arranque de uma nova linha de propaganda de uma campanha que alerta para a importância de "Portugal a produzir". Os cartazes estarão na rua na próxima semana. "O BE vai forçar a sua oposição ao Governo, demarcar-se do Presidente eleito, para que em futuras eleições se perceba que há alternativas", explica Luís Fazenda. Sobre Francisco Lopes, Fazenda admite ter sido uma candidatura que "não valorizamos especialmente".

Francisco Lopes comentara a opção do Bloco logo na noite eleitoral para dizer que era "indiscutível" que o "carácter contraditório" da corrida de Manuel Alegre concorrera para o resultado final.

Ainda assim, o deputado bloquista João Semedo é mais diplomático. Sobre a opção de candidatura própria comunista, o médico reconhece que "não há modelos potencialmente melhores que outros". N.S.L. e M.J.O.

"Uma das desgraças das esquerdas portuguesas é que sempre ficaram fechadas." A frase foi proferida pelo bloquista Francisco Louçã, no rescaldo da reeleição de Cavaco Silva, que juntou BE e PS no apoio à candidatura de Manuel Alegre. Ao contrário do PCP e Verdes, que avançaram com o seu próprio concorrente.

O resultado, contudo, voltou a ser o mesmo de há cinco anos. O nome apoiado pela direita foi eleito logo à primeira. E os partidos da esquerda ficaram a falar do futuro, já que o presente lhes fugira nas urnas.

Ainda que a avaliação oficial dos resultados esteja em modo de espera com as reuniões do Comité Central do PCP agendadas para hoje e a da comissão política para a noite de ontem, é já possível confrontar os dois partidos sobre as estratégias definidas e as consequências para o futuro próximo. E o que dali sai é a manutenção da convicção mútua de que fizeram o que estava certo. Partindo dos mesmos números, comunistas e bloquistas chegam a conclusões diferentes. Cada um assume a validade das suas razões.

"Acho que este resultado mostra que a diversidade dos pontos de vista à esquerda só beneficia, em termos de votação, em ter candidatos próprios", afiançou ontem Bernardino Soares, o líder parlamentar do PCP. Por seu turno, Francisco Louçã garante que "o Bloco ganhou muito ao mostrar ao país que é capaz de estender a mão, fazer uma aliança com uma pessoa como Manuel Alegre". E explicou ao PÚBLICO porquê: "O BE é um partido que disputa a liderança e tem que saber fazer alianças."

PCP e Bloco são dois partidos que disputam o mesmo eleitorado. Actualmente, e pela primeira vez, o Bloco está à frente do PCP no número de assentos parlamentares. São 16 contra 15 deputados. Mas o status quo não é imutável. E novas eleições legislativas podem trazer arranjos nos lugares em São Bento. Numa sondagem revelada pela TSF e Diário Económico as duas forças políticas surgem praticamente empatadas, com a CDU a chegar ao terceiro lugar, com 7,8 por cento das intenções de voto. O Bloco atingiu os seis por cento, mas, tendo em conta a margem de erro, pode assumir-se o empate técnico das duas forças políticas.

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Nem o falhanço da estratégia de ambas as forças - usando tácticas diferentes, queriam forçar Cavaco Silva a uma segunda volta - parece empurrar os partidos a repensar o distanciamento que sempre os caracterizou. Tudo indica que ambos seguirão fazendo política como sempre fizeram. Longe do PS e longe um do outro. Jorge Cordeiro, da comissão política do PCP, confirmou ao PÚBLICO o arranque de uma nova linha de propaganda de uma campanha que alerta para a importância de "Portugal a produzir". Os cartazes estarão na rua na próxima semana. "O BE vai forçar a sua oposição ao Governo, demarcar-se do Presidente eleito, para que em futuras eleições se perceba que há alternativas", explica Luís Fazenda. Sobre Francisco Lopes, Fazenda admite ter sido uma candidatura que "não valorizamos especialmente".

Francisco Lopes comentara a opção do Bloco logo na noite eleitoral para dizer que era "indiscutível" que o "carácter contraditório" da corrida de Manuel Alegre concorrera para o resultado final.

Ainda assim, o deputado bloquista João Semedo é mais diplomático. Sobre a opção de candidatura própria comunista, o médico reconhece que "não há modelos potencialmente melhores que outros". N.S.L. e M.J.O.

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