JORGE NUNO PINTO DA COSTA: Os palhaços do circo

03-08-2010
marcar artigo

O FC Porto, os comentadores, os árbitros, a Imprensa Destrutiva – tudo como num filme e no sítio do costumeQuanto mais põem em causa, de uma forma ou de outra, o FC Porto, mais esta instituição responde aos críticos, invejosos, detractores, mentirosos com carta de alforria no País do Vale Tudo (até o Azevedo, até a inamovível crosta de políticos de pacotilha que obscurece o sol iluminado de uma democracia não consolidada verdadeiramente).Zé LuísO FC Porto silencia-os de forma cabal, de mão cheia um estalo de luva azul-branca, abrindo-lhes a boca para mais sapos engolirem. Cria-lhes mais dificuldades para exprimirem a sua inconsciência abjecta, o seu carácter seboso, o seu espernear esquizofrénico, a cacofonia provinda da capital que não subjuga no futebol a urbe do Norte. Cerceia-lhes a capacidade de inspirarem outras dúvidas (mas estimulando, por outro lado, a sua “criatividade” para inventarem “factos políticos”, “fait-divers” até no campo social). Encurta, perigosamente, o espaço e o tempo para os comentadores encartados forjarem mais maquiavelismos, outras conspirações e várias tentativas de “golpe palaciano” na SAD azul-branca, com mais 6 pontos menos 6 pontos. O FC Porto responde dentro do campo com um futebol há anos a anos-luz da concorrência, cada vez com mais vitórias reduzidas a notas de rodapé, ou manchetes de ocasião do título consumado, com mais êxitos a que aludem anos de traficâncias de poder (“atenção, não confundamos o FC Porto actual com o Apito Dourado!”, ressalvava um dos aflitos do regime na sua brilhantina costumeira), com projecção que extravasa as comedidas páginas de jornal ou os mínimos resumos televisivos.O fenómeno FC Porto está imparável e impagável!RessentimentoA este propósito, uma interessante entrevista de Rui Reininho, ontem no Público, levou o cantor, neste ponto, a afirmar: “As pessoas sentem-se ressentidas. Tive a felicidade de ter estado no after-party da conquista do campeonato de futebol, com a equipa toda, e vi o que eles sentem contra aquela imprensa desportiva (…) Eles sentem-se feridos”.E como a segunda equipa (grosso modo) do FC Porto foi golear 5-0 ao campo do 2º classificado do campeonato, não há dúvida de que, além da estafada discussão imberbe sobre a “competitividade” (um mal dos outros, e não colhe a bondade de se aludir à eventual afectação da capacidade do FC Porto), por este andar só um terramoto pode lavar a face da terra portuguesa desta afronta futebolística que é a esmagadora superioridade portista. Ou uma revolução, cuja memória acabou de celebrar-se já com algum tom funesto pelas esperanças perdidas de regeneração do tecido social nacional e um porvir mais risonho. Venha outro 25 de Abril, que isto parece o tempo da outra senhora… Os “feridos”, agora, parecem ser outros, mas o orgulho prevalecente dos resquícios do Império Português fá-los dispararem entre si como agora é exemplo o “levar ao colo” que deixou o Berço de Guimarães nas últimas semanas e assentou arraiais na capital.Queixas de fazer rirDepois do jogo do esconde-esconde na semifinal da Taça, o Benfica já faz queixa de Lucílio Baptista a quem deve uma vitória no Jamor em 2004 frente ao FC Porto. Sim, essa força dominadora sob comando de Mourinho foi campeã europeia. E campeã nacional a 4 jornadas do fim, mas cujo empate em Aveiro ao módico preço de alegados 2500 euros, metendo em campo a segunda equipa azul-branca, deixa esse título em causa para muitos espíritos toldados de raiva e mau-humor: essa equipa, superior como é a actual, foi “colonizada” como nos velhos tempos pela arbitragem bafienta que sempre vagueou no futebol português mas cujo controlo passou, sem justificação plausível, sempre atribuído ao FC Porto.Entre muitos outros motivos de gozo, os portistas só podem rir, mais ainda, quando vêem os rivais queixarem-se de árbitros que há anos prejudicam o FC Porto e de cujo rol praticamente nenhum se salva. Do Bruno Paixão ao Lucílio Baptista, do Paulo Paraty ao Paulo Costa, o FC Porto já teve razões de queixa de todos, aos montes, e assiste agora a este espectáculo despudorado dos queixinhas da capital.Pão e circoComo no circo, onde um par de irmãos faz de palhaços e sem maquilhagem vem a seguir domar leões e cujas irmãs se arriscam em voos acrobáticos sem rede antes de passearem cãezinhos amestrados como focas, o futebol português alimentou protagonistas como o presidente do Benfica ou árbitros do género de Lucílio Baptista. Qual rainha santa, distribuindo pão do seu regaço, cada qual foi contendo a esfaimada populaça. E a tão premente verdade desportiva esteve sempre em perigo por interesses obscuros, mas também recorrentemente associados ao FC Porto, mesmo distanciando-se voluntariamente dos cargos de poder a que muitos insistem em identificá-lo.Ao marcar uma grande penalidade inexistente para dar ao Sporting a hipótese de empatar com o Marítimo, no domingo, Lucílio Baptista fez apenas o que lhe está no sangue. Animar o circo do campeonato, atirar pão aos pobres disfarçando-o de rosas, entretê-los com um portentoso 2º lugar. De topete, o Benfica ameaça fazer uma queixa na Liga contra o árbitro, esquecendo que o mesmo árbitro que lhe deu a Taça de 2004 apitou uma grande penalidade inexistente sobre Simão, ainda há um ano, e retirou a vitória ao Beira-Mar (2-2) que era o bastante para evitar a despromoção dos aveirenses.O mesmo Lucílio Baptista que, a seguir, na penúltima jornada, negou dois penáltis à Académica quando o Sporting ganhava em Coimbra (ficou 0-2) e que poderia ter feito descer os estudantes… O árbitro que, logo na 1ª jornada, expulsou Ricardo Sousa ao cabo de 3’ em campo num Sporting-Boavista (3-2) com erros caseiros clamorosos – e por uma entrada de R. Sousa igual à que Miguel Veloso teve no domingo passado com Mossoró e que “varreu” até o próprio juiz de campo (?) mas sem qualquer cartão, nem falta!, para o jogador leonino…Trilho de LucílioDesde 1992 a apitar na I Divisão/Liga, Lucílio Baptista tinha até ao final da época passada 28 jogos do FC Porto, 31 do Benfica e 33 do Sporting. Com mais uma época no activo antes de se retirar pelo limite de idade (45), tem um rasto nefasto na arbitragem por diversas razões, mas sem aquela má fama que muitos outros, remontando ao tempo da sua estreia como Calheiros, Silvano, Bento Marques, Pratas, Coroado, Vítor Pereira, tiveram e sem tão fortes razões de suspeita como a resultante da actividade bancária no BES que patrocina os três grandes e representa um eventual conflito de interesses.É irónico, mas as boas tramas têm enredo difícil de escrutinar, que Lucílio tenha apitado a favor do V. Guimarães o seu único penálti e logo contra o Sporting. Por sinal, Alan falhou o tiro e os minhotos perderam (com o 2-0 final) ensejo de ficarem iguais no confronto directo com os leões (3-0 em Alvalade e um 1º golo com muito para contar).Jogo RascordMas como toda a trama no futebol português é tão intrincada apesar de extensa a perder de vista nos corredores do poder, a mim há muito faz espécie que alguns editoriais de O Jogo sejam tão cordatos e sensíveis aos problemas leoninos, com a tesouraria como pano de fundo. Bem sei que há interesses de accionistas de referência ligados à Imprensa. E nem a venda de património aliviou verdadeiramente a pressão da banca, o que condiciona a estruturação do plantel.É lógico que o sempre queixoso Sporting seja beneficiado, garantindo-lhe a Liga dos Campeões como balão de oxigénio? Nem que, para tal, volte a acumular penáltis (vão 9!), normalmente para gáudio da plebe em Alvalade (todos em casa), e faça do Sporting campeoníssimo nos últimos 16 anos em que há contabilidade registada com patente desta Bancada.Para a mancha nem existir, o Rascord do costume não titulou “Roubo” ou “Beneficiado”. Viciado em resultados, o pasquim alimenta ilusões na sua particular Liga da Falsidade onde, por exemplo, também não constou o 2-1 em fora-de-jogo de Liedson no Marítimo… E aí vão 5 pontos perdidos pelos madeirenses mas só ontem, na sua ilha, o presidente maritimista saiu a desancar Lucílio Baptista.Neste circo em que a existência de tantos palhaços não significa que é tudo só rir, a distracção pode ser a morte do artista. Devorado pelo leão.Portistas de Bancada

O FC Porto, os comentadores, os árbitros, a Imprensa Destrutiva – tudo como num filme e no sítio do costumeQuanto mais põem em causa, de uma forma ou de outra, o FC Porto, mais esta instituição responde aos críticos, invejosos, detractores, mentirosos com carta de alforria no País do Vale Tudo (até o Azevedo, até a inamovível crosta de políticos de pacotilha que obscurece o sol iluminado de uma democracia não consolidada verdadeiramente).Zé LuísO FC Porto silencia-os de forma cabal, de mão cheia um estalo de luva azul-branca, abrindo-lhes a boca para mais sapos engolirem. Cria-lhes mais dificuldades para exprimirem a sua inconsciência abjecta, o seu carácter seboso, o seu espernear esquizofrénico, a cacofonia provinda da capital que não subjuga no futebol a urbe do Norte. Cerceia-lhes a capacidade de inspirarem outras dúvidas (mas estimulando, por outro lado, a sua “criatividade” para inventarem “factos políticos”, “fait-divers” até no campo social). Encurta, perigosamente, o espaço e o tempo para os comentadores encartados forjarem mais maquiavelismos, outras conspirações e várias tentativas de “golpe palaciano” na SAD azul-branca, com mais 6 pontos menos 6 pontos. O FC Porto responde dentro do campo com um futebol há anos a anos-luz da concorrência, cada vez com mais vitórias reduzidas a notas de rodapé, ou manchetes de ocasião do título consumado, com mais êxitos a que aludem anos de traficâncias de poder (“atenção, não confundamos o FC Porto actual com o Apito Dourado!”, ressalvava um dos aflitos do regime na sua brilhantina costumeira), com projecção que extravasa as comedidas páginas de jornal ou os mínimos resumos televisivos.O fenómeno FC Porto está imparável e impagável!RessentimentoA este propósito, uma interessante entrevista de Rui Reininho, ontem no Público, levou o cantor, neste ponto, a afirmar: “As pessoas sentem-se ressentidas. Tive a felicidade de ter estado no after-party da conquista do campeonato de futebol, com a equipa toda, e vi o que eles sentem contra aquela imprensa desportiva (…) Eles sentem-se feridos”.E como a segunda equipa (grosso modo) do FC Porto foi golear 5-0 ao campo do 2º classificado do campeonato, não há dúvida de que, além da estafada discussão imberbe sobre a “competitividade” (um mal dos outros, e não colhe a bondade de se aludir à eventual afectação da capacidade do FC Porto), por este andar só um terramoto pode lavar a face da terra portuguesa desta afronta futebolística que é a esmagadora superioridade portista. Ou uma revolução, cuja memória acabou de celebrar-se já com algum tom funesto pelas esperanças perdidas de regeneração do tecido social nacional e um porvir mais risonho. Venha outro 25 de Abril, que isto parece o tempo da outra senhora… Os “feridos”, agora, parecem ser outros, mas o orgulho prevalecente dos resquícios do Império Português fá-los dispararem entre si como agora é exemplo o “levar ao colo” que deixou o Berço de Guimarães nas últimas semanas e assentou arraiais na capital.Queixas de fazer rirDepois do jogo do esconde-esconde na semifinal da Taça, o Benfica já faz queixa de Lucílio Baptista a quem deve uma vitória no Jamor em 2004 frente ao FC Porto. Sim, essa força dominadora sob comando de Mourinho foi campeã europeia. E campeã nacional a 4 jornadas do fim, mas cujo empate em Aveiro ao módico preço de alegados 2500 euros, metendo em campo a segunda equipa azul-branca, deixa esse título em causa para muitos espíritos toldados de raiva e mau-humor: essa equipa, superior como é a actual, foi “colonizada” como nos velhos tempos pela arbitragem bafienta que sempre vagueou no futebol português mas cujo controlo passou, sem justificação plausível, sempre atribuído ao FC Porto.Entre muitos outros motivos de gozo, os portistas só podem rir, mais ainda, quando vêem os rivais queixarem-se de árbitros que há anos prejudicam o FC Porto e de cujo rol praticamente nenhum se salva. Do Bruno Paixão ao Lucílio Baptista, do Paulo Paraty ao Paulo Costa, o FC Porto já teve razões de queixa de todos, aos montes, e assiste agora a este espectáculo despudorado dos queixinhas da capital.Pão e circoComo no circo, onde um par de irmãos faz de palhaços e sem maquilhagem vem a seguir domar leões e cujas irmãs se arriscam em voos acrobáticos sem rede antes de passearem cãezinhos amestrados como focas, o futebol português alimentou protagonistas como o presidente do Benfica ou árbitros do género de Lucílio Baptista. Qual rainha santa, distribuindo pão do seu regaço, cada qual foi contendo a esfaimada populaça. E a tão premente verdade desportiva esteve sempre em perigo por interesses obscuros, mas também recorrentemente associados ao FC Porto, mesmo distanciando-se voluntariamente dos cargos de poder a que muitos insistem em identificá-lo.Ao marcar uma grande penalidade inexistente para dar ao Sporting a hipótese de empatar com o Marítimo, no domingo, Lucílio Baptista fez apenas o que lhe está no sangue. Animar o circo do campeonato, atirar pão aos pobres disfarçando-o de rosas, entretê-los com um portentoso 2º lugar. De topete, o Benfica ameaça fazer uma queixa na Liga contra o árbitro, esquecendo que o mesmo árbitro que lhe deu a Taça de 2004 apitou uma grande penalidade inexistente sobre Simão, ainda há um ano, e retirou a vitória ao Beira-Mar (2-2) que era o bastante para evitar a despromoção dos aveirenses.O mesmo Lucílio Baptista que, a seguir, na penúltima jornada, negou dois penáltis à Académica quando o Sporting ganhava em Coimbra (ficou 0-2) e que poderia ter feito descer os estudantes… O árbitro que, logo na 1ª jornada, expulsou Ricardo Sousa ao cabo de 3’ em campo num Sporting-Boavista (3-2) com erros caseiros clamorosos – e por uma entrada de R. Sousa igual à que Miguel Veloso teve no domingo passado com Mossoró e que “varreu” até o próprio juiz de campo (?) mas sem qualquer cartão, nem falta!, para o jogador leonino…Trilho de LucílioDesde 1992 a apitar na I Divisão/Liga, Lucílio Baptista tinha até ao final da época passada 28 jogos do FC Porto, 31 do Benfica e 33 do Sporting. Com mais uma época no activo antes de se retirar pelo limite de idade (45), tem um rasto nefasto na arbitragem por diversas razões, mas sem aquela má fama que muitos outros, remontando ao tempo da sua estreia como Calheiros, Silvano, Bento Marques, Pratas, Coroado, Vítor Pereira, tiveram e sem tão fortes razões de suspeita como a resultante da actividade bancária no BES que patrocina os três grandes e representa um eventual conflito de interesses.É irónico, mas as boas tramas têm enredo difícil de escrutinar, que Lucílio tenha apitado a favor do V. Guimarães o seu único penálti e logo contra o Sporting. Por sinal, Alan falhou o tiro e os minhotos perderam (com o 2-0 final) ensejo de ficarem iguais no confronto directo com os leões (3-0 em Alvalade e um 1º golo com muito para contar).Jogo RascordMas como toda a trama no futebol português é tão intrincada apesar de extensa a perder de vista nos corredores do poder, a mim há muito faz espécie que alguns editoriais de O Jogo sejam tão cordatos e sensíveis aos problemas leoninos, com a tesouraria como pano de fundo. Bem sei que há interesses de accionistas de referência ligados à Imprensa. E nem a venda de património aliviou verdadeiramente a pressão da banca, o que condiciona a estruturação do plantel.É lógico que o sempre queixoso Sporting seja beneficiado, garantindo-lhe a Liga dos Campeões como balão de oxigénio? Nem que, para tal, volte a acumular penáltis (vão 9!), normalmente para gáudio da plebe em Alvalade (todos em casa), e faça do Sporting campeoníssimo nos últimos 16 anos em que há contabilidade registada com patente desta Bancada.Para a mancha nem existir, o Rascord do costume não titulou “Roubo” ou “Beneficiado”. Viciado em resultados, o pasquim alimenta ilusões na sua particular Liga da Falsidade onde, por exemplo, também não constou o 2-1 em fora-de-jogo de Liedson no Marítimo… E aí vão 5 pontos perdidos pelos madeirenses mas só ontem, na sua ilha, o presidente maritimista saiu a desancar Lucílio Baptista.Neste circo em que a existência de tantos palhaços não significa que é tudo só rir, a distracção pode ser a morte do artista. Devorado pelo leão.Portistas de Bancada

marcar artigo