LEÃO DA ESTRELA Blog sobre o Sporting CP: Vanessa e a miséria nacional

21-01-2011
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A medalha de prata de Vanessa Fernandes nos Jogos Olímpicos de Pequim foi capaz de me comover. Por uma razão fundamental: a sua chegada ao pódio foi o corolário do seu trabalho, de muito trabalho, e do apoio incondicional de uma família muito unida. Vanessa é uma atleta na acepção mais completa da palavra. Vive do desporto e para o desporto. Enquanto nós, pelas cinco da manhã, estamos em sono profundo, ela já está a preparar-se para os treinos diários. Merece, por isso, a medalha de prata. Como merecia a de ouro.Como Vanessa, já tivemos, entre outros, Joaquim Agostinho, no ciclismo, Carlos Lopes e Rosa Mota, no atletismo. Atletas completos. O que é triste para Portugal é que, apesar de milhões e milhões de euros vindos da União Europeia, nos últimos 20 anos, para a construção de equipamentos desportivos em todo o País, melhorando as condições de treino e criando condições para o fomento de modalidades mais técnicas, a verdade é que a dignificação da nossa presença numa edição dos Jogos Olímpicos continua, como há 30 anos, dependente de um ou outro atleta de eleição. Como agora, de Vanessa Fernandes. E isto deveria preocupar as federações desportivas e o Governo, que pagou 15 milhões de euros pela representação portuguesa em Pequim.Donde, a excitação que estamos a assistir nas televisões, para quem o mundo se resume a uma medalha de prata da atleta portuguesa, é a face visível da miséria desportiva nacional. Que alguns atletas, diga-se, fazem questão de publicitar da forma mais desabrida, como aquela do judo que se queixou da arbitragem ou aquele de outra modalidade que agora não me ocorre que, depois de ter sido eliminado, não teve pejo em revelar que as suas manhãs são para dormir. Em termos de medalhas conquistadas em Pequim, Portugal “disputa” um dos últimos lugares, ao lado de “potências” desportivas como o Chile, o Equador, Trinidad e Tobago, Singapura, Malásia e Vietnam - para mencionar aqueles que também registam uma medalha de prata. E países com a dimensão populacional de Portugal - e, já agora, da nossa Europa -, como, por exemplo, a Holanda, já ultrapassaram as dez medalhas conquistadas. E, se calhar, com menos estardalhaço mediático que a medalha solitária de Vanessa está a provocar… FOTO: Associated PressObs. - Contrariamente a algumas opiniões expressas nos últimos comentários, não me incomoda nada que o pai de Vanessa Fernandes - o antigo grande ciclista Venceslau Fernandes - tenha andado em Pequim com a camisola do Benfica. Se a atleta fosse do Sporting, certamente que o pai vestiria a camisola leonina. E nós, como sportinguistas, ficaríamos todos contentes.

A medalha de prata de Vanessa Fernandes nos Jogos Olímpicos de Pequim foi capaz de me comover. Por uma razão fundamental: a sua chegada ao pódio foi o corolário do seu trabalho, de muito trabalho, e do apoio incondicional de uma família muito unida. Vanessa é uma atleta na acepção mais completa da palavra. Vive do desporto e para o desporto. Enquanto nós, pelas cinco da manhã, estamos em sono profundo, ela já está a preparar-se para os treinos diários. Merece, por isso, a medalha de prata. Como merecia a de ouro.Como Vanessa, já tivemos, entre outros, Joaquim Agostinho, no ciclismo, Carlos Lopes e Rosa Mota, no atletismo. Atletas completos. O que é triste para Portugal é que, apesar de milhões e milhões de euros vindos da União Europeia, nos últimos 20 anos, para a construção de equipamentos desportivos em todo o País, melhorando as condições de treino e criando condições para o fomento de modalidades mais técnicas, a verdade é que a dignificação da nossa presença numa edição dos Jogos Olímpicos continua, como há 30 anos, dependente de um ou outro atleta de eleição. Como agora, de Vanessa Fernandes. E isto deveria preocupar as federações desportivas e o Governo, que pagou 15 milhões de euros pela representação portuguesa em Pequim.Donde, a excitação que estamos a assistir nas televisões, para quem o mundo se resume a uma medalha de prata da atleta portuguesa, é a face visível da miséria desportiva nacional. Que alguns atletas, diga-se, fazem questão de publicitar da forma mais desabrida, como aquela do judo que se queixou da arbitragem ou aquele de outra modalidade que agora não me ocorre que, depois de ter sido eliminado, não teve pejo em revelar que as suas manhãs são para dormir. Em termos de medalhas conquistadas em Pequim, Portugal “disputa” um dos últimos lugares, ao lado de “potências” desportivas como o Chile, o Equador, Trinidad e Tobago, Singapura, Malásia e Vietnam - para mencionar aqueles que também registam uma medalha de prata. E países com a dimensão populacional de Portugal - e, já agora, da nossa Europa -, como, por exemplo, a Holanda, já ultrapassaram as dez medalhas conquistadas. E, se calhar, com menos estardalhaço mediático que a medalha solitária de Vanessa está a provocar… FOTO: Associated PressObs. - Contrariamente a algumas opiniões expressas nos últimos comentários, não me incomoda nada que o pai de Vanessa Fernandes - o antigo grande ciclista Venceslau Fernandes - tenha andado em Pequim com a camisola do Benfica. Se a atleta fosse do Sporting, certamente que o pai vestiria a camisola leonina. E nós, como sportinguistas, ficaríamos todos contentes.

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