A Ministra da Educação, Isabel Alçada, apelou à discussão sobre as regras da avaliação admitindo a possibilidade de virem a ser definitivamente eliminadas retenções ou "chumbos" no final de cada ano lectivo. Todos os partidos da oposição rejeitaram veementemente a ideia. Grande parte dos professores, senão mesmo a maioria, considera essa hipótese mais um passo para a promoção do facilitismo nas escolas. Mais um contributo para a desmotivação dos alunos. Mais uma razão para diminuir o investimento na aprendizagem. Um gesto despromotor do gosto e do empenho em aprender.
Para minha própria surpresa concordo com a proposta da Ministra. Em primeiro lugar tem o mérito de promover o debate sobre o assunto. Porque ainda são muitos os pais e alunos para quem "passar" ou "chumbar" é o mais relevante na escola. Há muitos pais jovens e informados que dão prendas aos filhos por estes terem "passado o ano". Nem sempre elogiam as aprendizagens conseguidas, os percursos educativos que frequentemente desconhecem ou conhecem mal, por várias ordens de razões. Mas premeiam a "passagem de ano".Este elemento é, a meu ver, contraproducente no sistema educativo actual.
Acabar com as retenções seria obrigar a comunidade escolar a compreender que a formação das pessoas não depende de "passar" ou "chumbar", mas sim do percurso individual e colectivo que se conseguir construir. Investir nesse percurso, que deverá ser original, criativo, cheio de oportunidades e experiências valorizadoras de cada individuo e dos grupos em que vivemos, eis a prioridade. Como fazer, em termos práticos, é o que deve concentrar os esforços da comunidade escolar (alunos, professores, pais, orgãos de gestão e administração, etc). "Passar ou chumbar" equivale à figura do papão que só serve aos que não encontram outros argumentos para explicar porque é que se pode, ou não, ir por este ou aquele caminho.
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A Ministra da Educação, Isabel Alçada, apelou à discussão sobre as regras da avaliação admitindo a possibilidade de virem a ser definitivamente eliminadas retenções ou "chumbos" no final de cada ano lectivo. Todos os partidos da oposição rejeitaram veementemente a ideia. Grande parte dos professores, senão mesmo a maioria, considera essa hipótese mais um passo para a promoção do facilitismo nas escolas. Mais um contributo para a desmotivação dos alunos. Mais uma razão para diminuir o investimento na aprendizagem. Um gesto despromotor do gosto e do empenho em aprender.
Para minha própria surpresa concordo com a proposta da Ministra. Em primeiro lugar tem o mérito de promover o debate sobre o assunto. Porque ainda são muitos os pais e alunos para quem "passar" ou "chumbar" é o mais relevante na escola. Há muitos pais jovens e informados que dão prendas aos filhos por estes terem "passado o ano". Nem sempre elogiam as aprendizagens conseguidas, os percursos educativos que frequentemente desconhecem ou conhecem mal, por várias ordens de razões. Mas premeiam a "passagem de ano".Este elemento é, a meu ver, contraproducente no sistema educativo actual.
Acabar com as retenções seria obrigar a comunidade escolar a compreender que a formação das pessoas não depende de "passar" ou "chumbar", mas sim do percurso individual e colectivo que se conseguir construir. Investir nesse percurso, que deverá ser original, criativo, cheio de oportunidades e experiências valorizadoras de cada individuo e dos grupos em que vivemos, eis a prioridade. Como fazer, em termos práticos, é o que deve concentrar os esforços da comunidade escolar (alunos, professores, pais, orgãos de gestão e administração, etc). "Passar ou chumbar" equivale à figura do papão que só serve aos que não encontram outros argumentos para explicar porque é que se pode, ou não, ir por este ou aquele caminho.