A Cinco Tons: A propósito de sexualidades, dos outros e da estranheza do desconhecido

05-08-2010
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Tienda de mujeres, Isabel Fiadeiro 2008"Eu estava numa aldeia muito bonita (na Mauritânia), onde há o hábito de ir passear às dunas. As pessoas vão para cima de uma duna, sentam-se e conversam.Os namorados também fazem isso. Um dia fui com algumas outras mulheres jovens, de cerca de vinte e poucos anos, passear a essas dunas. Conversávamos e elas queriam saber se em Portugal se fazia circuncisão. Eu disse-lhes que não é uma prática comum. Perguntaram-me então, muito espantadas, se eu não era cortada... foi aí que percebi que me falavam da excisão e disse-lhes que não. Elas riram muito e disseram: Então tens uma coisa muito comprida que se pendura entre as pernas... e riam, riam. Contaram-me a seguir que por ali, a todas as meninas é cortada uma pontinha. Por volta dos 40 dias de idade, ou às vezes mais tarde".Esta história é contada por Isabel Fiadeiro num filme de Ana Pissara sobre Portugueses em trânsito.A Isabel foi minha colega de turma durante vários anos no Liceu de Portimão. Já então a sua participação nos trabalhos de grupo a que pertencíamos resultava quase sempre em ilustrações originais, coloridas e inesperadas nas disciplinas de Humanidades. Hoje é pintora.No início de 2004 escolheu a Mauritânia como destino de viagem e por lá está. A desenhar os outros. Diz que ali começou a pintar como se fosse de início. Que o seu medo é cair no pitoresco, porque as pessoas dali querem ver desenhados os "seus camelinhos". Ela insiste em desenhar as pessoas. Em transmitir a força que lhes sente, já que a alegria diz não ser possível passar verdadeiramente.Este fim de semana foi inaugurada, em Torres Vedras, uma exposição de diários gráficos em que a Isabel participa com um conjunto de outros artistas para quem a vida se conta em traços surpreendentes.


Tienda de mujeres, Isabel Fiadeiro 2008"Eu estava numa aldeia muito bonita (na Mauritânia), onde há o hábito de ir passear às dunas. As pessoas vão para cima de uma duna, sentam-se e conversam.Os namorados também fazem isso. Um dia fui com algumas outras mulheres jovens, de cerca de vinte e poucos anos, passear a essas dunas. Conversávamos e elas queriam saber se em Portugal se fazia circuncisão. Eu disse-lhes que não é uma prática comum. Perguntaram-me então, muito espantadas, se eu não era cortada... foi aí que percebi que me falavam da excisão e disse-lhes que não. Elas riram muito e disseram: Então tens uma coisa muito comprida que se pendura entre as pernas... e riam, riam. Contaram-me a seguir que por ali, a todas as meninas é cortada uma pontinha. Por volta dos 40 dias de idade, ou às vezes mais tarde".Esta história é contada por Isabel Fiadeiro num filme de Ana Pissara sobre Portugueses em trânsito.A Isabel foi minha colega de turma durante vários anos no Liceu de Portimão. Já então a sua participação nos trabalhos de grupo a que pertencíamos resultava quase sempre em ilustrações originais, coloridas e inesperadas nas disciplinas de Humanidades. Hoje é pintora.No início de 2004 escolheu a Mauritânia como destino de viagem e por lá está. A desenhar os outros. Diz que ali começou a pintar como se fosse de início. Que o seu medo é cair no pitoresco, porque as pessoas dali querem ver desenhados os "seus camelinhos". Ela insiste em desenhar as pessoas. Em transmitir a força que lhes sente, já que a alegria diz não ser possível passar verdadeiramente.Este fim de semana foi inaugurada, em Torres Vedras, uma exposição de diários gráficos em que a Isabel participa com um conjunto de outros artistas para quem a vida se conta em traços surpreendentes.

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