Há pessoas especiais. Ao nosso lado.Algumas famílias e amigos juntaram-se num movimento cívico, de âmbito nacional, organizado em núcleos distritais e concelhios, com o objectivo de promover a realização e inclusão das pessoas especiais.Évora tem um destes núcleos desde 13 de Fevereiro.Os pais duma pessoa especial, empenhados na dinamização deste movimento, quiseram deixar aqui o seu testemunho. Trata-se de mostrar o que muitas vezes as dificuldades impelem a esconder.“Como todos os que são pais sabem, cada um dos nossos filhos é único e especial.A nossa primeira filha, a Inês nasceu a 25 de Abril de 1994, muito bonita, gordinha e com saúde graças a Deus. (…) A nossa segunda filha, a Sofia nasceu a 16 de Setembro de 2002, também muito desejada, uma gravidez igual à da Inês, (péssima nos primeiros 4 meses).(…) E começámos tudo de novo, as fraldas, as noites a dar de mamar, as cólicas, … e até aos quatro meses tudo muito parecido, até que começaram as desconfianças, o medo, a angústia de que algo estivesse menos bem com a Sofia!O pediatra dizia que os bebés não se comparam, mas que na verdade existem padrões considerados normais e fora do normal. A Sofia resvalava para os considerados fora do normal, não adquiria competências no tempo esperado, não pegava na chupeta, nem nos brinquedos, não interagia como os outros bebés! Aos 10 meses não ficava sentada sozinha, algo que a maioria dos bebés já faz aos 4, 5 meses. Era uma complicação para comer, e … começaram as consultas, os exames, alguns com uma espera de resultados de anos... junto com o medo e a angústia veio a revolta! Porquê connosco, porquê a nossa filha? E também a ansiedade... o que se passa, qual a causa, mas será que não há um diagnóstico?!O pediatra repetia que a única coisa a fazer era estimular, estimular, ... e nós... Ok, nós temos outra, porque é que o que estamos a fazer agora não chega e com a outra chegou? Onde estamos a falhar? E veio a culpa, o desespero, (…)Quando a Sofia fez 14 meses começou a ter fisioterapia e educadora do ensino especial e passamos a contar com o apoio delas também. (…) Existem em Portugal muitas crianças, jovens, adultos com desenvolvimento diferente ou fora dos parâmetros ditos normais, pessoas a que alguns chamam deficientes, outros chamam excepcionais, diferentes, … não interessa, são pessoas que precisam de mais, são famílias que precisam de mais, precisam de tudo o que a lei prevê e mais ainda, e essa lei existe, mas não é aplicada!A solução de um problema deve sempre partir de dentro. (…)O PAIS-EM-REDE têm como visão construir um mundo onde os deficientes sejam olhados como pessoas em toda a sua plenitude e o papel das suas famílias valorizado. Margarida e Manuel Rosário (Évora)"
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Há pessoas especiais. Ao nosso lado.Algumas famílias e amigos juntaram-se num movimento cívico, de âmbito nacional, organizado em núcleos distritais e concelhios, com o objectivo de promover a realização e inclusão das pessoas especiais.Évora tem um destes núcleos desde 13 de Fevereiro.Os pais duma pessoa especial, empenhados na dinamização deste movimento, quiseram deixar aqui o seu testemunho. Trata-se de mostrar o que muitas vezes as dificuldades impelem a esconder.“Como todos os que são pais sabem, cada um dos nossos filhos é único e especial.A nossa primeira filha, a Inês nasceu a 25 de Abril de 1994, muito bonita, gordinha e com saúde graças a Deus. (…) A nossa segunda filha, a Sofia nasceu a 16 de Setembro de 2002, também muito desejada, uma gravidez igual à da Inês, (péssima nos primeiros 4 meses).(…) E começámos tudo de novo, as fraldas, as noites a dar de mamar, as cólicas, … e até aos quatro meses tudo muito parecido, até que começaram as desconfianças, o medo, a angústia de que algo estivesse menos bem com a Sofia!O pediatra dizia que os bebés não se comparam, mas que na verdade existem padrões considerados normais e fora do normal. A Sofia resvalava para os considerados fora do normal, não adquiria competências no tempo esperado, não pegava na chupeta, nem nos brinquedos, não interagia como os outros bebés! Aos 10 meses não ficava sentada sozinha, algo que a maioria dos bebés já faz aos 4, 5 meses. Era uma complicação para comer, e … começaram as consultas, os exames, alguns com uma espera de resultados de anos... junto com o medo e a angústia veio a revolta! Porquê connosco, porquê a nossa filha? E também a ansiedade... o que se passa, qual a causa, mas será que não há um diagnóstico?!O pediatra repetia que a única coisa a fazer era estimular, estimular, ... e nós... Ok, nós temos outra, porque é que o que estamos a fazer agora não chega e com a outra chegou? Onde estamos a falhar? E veio a culpa, o desespero, (…)Quando a Sofia fez 14 meses começou a ter fisioterapia e educadora do ensino especial e passamos a contar com o apoio delas também. (…) Existem em Portugal muitas crianças, jovens, adultos com desenvolvimento diferente ou fora dos parâmetros ditos normais, pessoas a que alguns chamam deficientes, outros chamam excepcionais, diferentes, … não interessa, são pessoas que precisam de mais, são famílias que precisam de mais, precisam de tudo o que a lei prevê e mais ainda, e essa lei existe, mas não é aplicada!A solução de um problema deve sempre partir de dentro. (…)O PAIS-EM-REDE têm como visão construir um mundo onde os deficientes sejam olhados como pessoas em toda a sua plenitude e o papel das suas famílias valorizado. Margarida e Manuel Rosário (Évora)"